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PEDROUÇOS1
Eu era assim
10 E todas as crianças deste mundo
Assim foram antes de mim.
1. Explica o modo como o sujeito poético perceciona a infância, de acordo com o conteúdo das duas
primeiras estrofes.
2. Comenta o sentido do dístico final enquanto conclusão do texto, relacionando-o com a apóstrofe
presente na quinta estrofe.
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Educação Literária – Fernando Pessoa ortónimo
Cenários de resposta
1. O sujeito poético perceciona a infância como um tempo de ignorância, em que se toma por verdade
o que se sente (“não o sentia”, v. 3, “E quando se sente tristeza / Está tristeza”, vv. 7-8) e não se
concebem construções abstratas como a ideia de tempo (“Naquela idade o tempo não existe”, v. 4)
ou as reflexões e análises pessoais subjetivas (“não se está triste”, v. 8). Sugere, também, que é um
período marcado pela simplicidade e pela rotina (“Cada dia é a mesma mesa / Com o mesmo quintal
ao fundo”, vv. 5-6).
2. No dístico com que termina o poema, o sujeito poético, dirigindo-se ao “Tempo” apostrofado no
verso 18, sugere-lhe que, ainda que seja impossível suster o seu “frio curso” (v. 20), ele é “inútil”
(v. 20), pois a sua “visão” (v. 17), a sua capacidade de recuperar pela memória o passado (v. 21), com
a recordação de momentos como os descritos no poema, permite-lhe atingir momentos de
“felicidade” (v. 19). Assim, como alguém que “das lembranças se acarinha” (v. 21), num tempo em
que o seu “coração anda esquecido” (v. 16), o “eu” recusa ceder ao esquecimento da época em que
ainda era “feliz” (v. 18).
3. O título pode remeter para um dos locais associados ao “quadro onde o feliz” (v. 18) era o sujeito
poético na infância e que o mesmo descreve nas quatro primeiras estrofes.