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Representação do contemporâneo
urbano;
oposições sociais;
degradação;
denúncia social ou política;
desumanização do homem;
retoma de temas tradicionais: amor, natureza, o sonho e a imaginação, a invocação do passado;
retoma de formas tradicionais: o verso de redondilha, a quadra e a quintilha, o soneto;
caracterização do poeta: a simbologia do corpo, a presença de animais, a ironia, o cómico e a provocação;
reflexão sobre o papel do poeta: no mundo, no poema e na vida;
meta poesia: reflexão sofre- o fazer poético, a criação poética, o poema e o poeta, o lugar da poesia;
liberdade: estrófica, métrica, ausência de rima/ presença de alguns versos rimados; transgressão na língua
(palavras, regras sintáticas, regras de pontuação, utilização da maiúscula).
Miguel Torga
Figurações do poeta:
Designação para o
Majestade rei, para o soberano
Análise:
A arte poética é um processo criativo em várias direções- a poesia precisa de inspiração de busca incessante.
Através da figura do rei, ele quer descrever o poeta.
Perguntas:
1. Recurso repetido ao travessão na 1ª e 2ª estrofe: O travessão, neste caso concreto, destaca orações com
características explicativas. O seu uso repetido enfatiza o papel do rei-poeta, cuja majestade se exerce pela “pena” e
pelo “manto”.
1.2. Relação de sentido entre o conteúdo da 1ª e 2ª estrofe a o título do poema: O título remete para a grandeza e
para o poder de um rei, mas verifica-se, depois, no decorrer do poema, que este rei é o poeta “pela graça mágica e
secreta/De imaginar” (vv. 3-4), que não dispõe dos símbolos tradicionais de poder.
2. Traços caracterizadores do poeta: O rei-poeta da composição mostra o seu poder “pela graça mágica e secreta/De
imaginar” (vv. 3-4), pela “pena” (v. 5), em substituição do “cetro” (v. 5), e cobre-se apenas com a sua “pele” (v. 7), em
vez do “manto” real (v. 7). É, “Por direito divino” (v. 12), “Um grande soberano/No seu triste destino/De ser um
monstro humano” (vv. 9-11).
2.1. Recurso expressivo que na última estrofe, contribui para a caracterização do poeta: A antítese em “grande
soberano” (v. 9) / “triste destino” (v. 10) e “monstro humano” (v. 11) / “direito divino” (v. 12).
vocativo, sujeito
poético, apostrofe
Poetas Contemporâneos
Comparação, possuído, louco,
Orfeu Rebelde ultrapassa os limites da realidade
o sujeito poético vai
1ª estrofe: o sujeito poético dirige -se
interpelar alguém; vem a Orfeu rebelde, canto como sou: ao Orfeu. O poeta encontra-se possuído
seguir uma enumeração
Canto como um possesso (“eu sou o meu maior carrasco”),
Que na casca do tempo, a canivete, encontra-se revoltado.
o canto é um Gravasse a fúria de cada momento; Temos uma caracterização do sujeito
instrumento de combate Canto, a ver se o meu canto compromete poético, um sujeito poético revoltado
A eternidade do meu sofrimento. Eternizar o momento: lutar contra a
ele é diferente dos outros; os morte e não cair no esquecimento.
outros poetas são românticos Outros, felizes, sejam os rouxinóis... associado a um canto feliz, mais lírico,
causal Eu ergo a voz assim, num desafio: sem intervenção, sem raiva, poesia mais
parte de cima e de baixo Que o céu e a terra, pedras conjugadas romântica e sentimentalista.
comparação Do moinho cruel que me tritura, Metáfora da vida: a força desses
Saibam que há gritos como há nortadas, elementos atormentar o sujeito
canto forte e apelativo Violências famintas de ternura. poético- pressão sob o sujeito poético.
ventos fortes A terra é a vida, mas ele procura a
Tem a certeza que a vida é efémera,
mas o seu corpo de poeta recusa Bicho instintivo que adivinha a morte eternidade. O canto leva à eternidade
esse fim, por isso canta. No corpo dum poeta que a recusa, e tal faz-se na terra.
Canto como quem usa Céu- eternidade.
reforça a rebeldia e os
valores que defende Os versos em legítima defesa. inspiração do poeta
Canto, sem perguntar à Musa
oscilação entre o canto e o amor;
Se o canto é de terror ou de beleza.
O sujeito poético é rebelde só, por si, por
escrever o que sente, Orfeu foi rebelde
por desafiar os deuses para ir salvar a sua
amada. Então ele escreve o que sente e é
isso que vai ficar para a eternidade.
Análise:
Orfeu rebelde- músico que tinha efeito na natureza, colocava-a calma. A mulher morreu por causa de uma serpente e ele
foi ao Há-des busca-la; o irmão dela resgatou-a por metade, dando origem às estações do ano. É uma poesia de
introversão, a poesia é uma arma;
Ser poeta é uma forma de enfrentar a morte;
O poeta não se conforma com a morte tentando sempre contrariá-la, com o seu canto.
Modo como se concretiza, a nível vocabular, a ideia de rebeldia anunciada no título do poema: A ideia de rebeldia
concretiza-se pelo uso de palavras conotadas com ações intensas, fortes e revoltadas: “possesso” (v. 2); “fúria” (v. 4);
“desafio” (v. 8); “gritos” (v. 11); “violências” (v. 12).
O que diferencia o “Eu” (v8) dos “outros” (v7) poetas: O “eu” poético estabelece o contraponto entre a sua poesia e a dos
outros poetas – “felizes, sejam rouxinóis”(v. 7) – de canto suave, descomprometidos da realidade.
Expressividade do recurso à comparação nas 1ª e 3ª estrofe: As comparações reforçam a assunção da rebeldia do “eu”
poético, e enfatizam que o canto do sujeito poético é baseado na fúria, chegando a se aproximar de “um possesso” (v. 2) e
de “quem usa/Os versos em legítima defesa” (vv. 15-16).
Explicação do conceito de poesia apresentado ao longo do texto: O conceito de poesia remete-nos para o refúgio e
fingimento por parte do sujeito poético e aponta para a ação catártica dos versos: o sujeito poético canta para agir sobre o
(seu) tempo, assumindo uma posição interventiva, tal como em Freis Luís de Sousa.
Momentos de organização interna do poema:
1.a estrofe: autocaracterização do sujeito poético, identificando-se com o Orfeu, pois têm em comum a rebeldia;
2.a estrofe: caracterização da poesia, sendo esta comparada aos outros poetas (românticos). Oposição Eu/outros;
3.a estrofe: Assunção da função interventiva da poesia. A poesia é a arma do sujeito poético para a eternidade,
tendo um papel interventivo na vida.
Descrição formal da composição: Três sextilhas, com versos decassilábicos e dois hexassílabos (vv. 2 e 15). Rima cruzada
em todas as estrofes e emparelhada, na 3.a estrofe. Rima rica e rima pobre.
Análise:
O título sintetiza a sátira feita à menina e apresenta a critica das cantigas medievais.
Perguntas:
Objeto de atenção do sujeito poético: A atenção do sujeito poético centra-se numa “menina” (v. 1) que afirma conhecer.
Traços do caracter da menina evidenciados pelas aproximações à “rosa dos ventos” e ao “fruto maduro”: Pela
comparação com a “rosa dos ventos” (v. 2) e com um “fruto maduro” (v. 9), esta menina é apresentada como indecisa e
Poetas Contemporâneos
inconstante. [A rosa dos ventos indica a direção dos ventos que, pela sua própria natureza, são inconstantes. [...] Assim
acontece com a menina que pede ajuda quando alguém procura namorá-la e não aceita a pretensão do pai que a quer
guardar num convento. Acontece algo semelhante com a comparação com um “fruto maduro”, na indefinição do seu medo
quer de ser comido quer de permanecer na árvore até cair.].
Título do poema: O título do poema sintetiza a sátira feita à “menina”, remetendo para a crítica presente nas cantigas de
maldizer medievais.
Classificação dos versos da composição de acordo com o número de sílabas métricas que os constituem: Os versos
apresentam sete sílabas métricas (redondilha maior).
Relação do recurso à redondilha maior com a tradição literária portuguesa: Medida tradicional, ligada às construções
poéticas de origem popular portuguesa, muitas vezes recuperada pelos poetas.
Perguntas:
Tempo representado no poema: O tempo representado no poema é o da ditadura e caracteriza-se pelo medo, pelo
sofrimento e pela falta de liberdade (“Um fantasma levanta/A mão do medo sobre a nossa hora.”, vv. 3-4; “Oh! maldição
do tempo em que vivemos, / Sepultura de grades cinzeladas”, vv. 13-14).
Efeito de sentido produzido com o recurso ao paralelismo ao longo da composição: O paralelismo salienta, nos dois
primeiros versos das três primeiras quadras, a oposição existente entre aquilo que “Apetece” e o que efetivamente
acontece e que é distinto, como sugere a conjunção, “mas”. Nos dois últimos versos dessas estrofes, o paralelismo
apresenta a justificação para as situações referidas, impostas pela opressão do “fantasma” que determina o medo e a
limitação da liberdade.
Relevância da última estrofe, de acordo com o assunto do poema: A última estrofe corresponde ao lamento conclusivo do
sujeito poético sobre o seu presente, uma “Sepultura de grades cinzeladas” (v. 14), uma prisão que deixa vislumbrar uma
Poetas Contemporâneos
vida inexistente (“a vida que não temos”, v. 15) e que não permite qualquer ação em relação à angústia sentida (“as
angústias paradas”, v. 16), por imposição do “fantasma” repetidamente mencionado.
preocupa-se com toda a gente Universal e aberto, o meu instinto acode preocupa-se principalmente
A todo o coração que se debate aflito. com os que sofrem
tudo o que é luz é motivo E luta como sabe e como pode:
para tudo o que expressa Dá beleza e sentido a cada grito.
Perguntas:
Evidencia as 2 conceções de poesia presentes na 1ª estrofe: Na 1ª estrofe, existem 2 conceções de poesia: por um lado,
uma poesia mais romântica, mais vaga e abstrata, marcada pela ambiguidade e convencionalismo; por outro lado, uma
poesia que é forma de expressão real das emoções do poeta, ou seja, mais autêntica.
Sentido dos versos “Universal e aberto, o meu instinto acode/ A todo o coração que se debate aflito”: Nestes versos, a
atenção do eu poético recai na condição humana com efeito, revela a sua preocupação, sobretudo, por todos quantos
sofrem. Nesta perspetiva, mostra que a sua poesia está ao serviço da solidariedade e da humanidade. É também visível,
uma consciência ética e social neste poema.
Justificação do título do poema: O título do poema mostra no fundo a forma como o eu poético se identifica com os seus
poemas, já que através deles realça preocupações humanas, mas também o seu inconformismo, a sua rebeldia contra o
mundo que, aparentemente, pouca importância dá à condição humana. Há, portanto, uma identidade entre a construção
do seu poema e na forma como pensa.
Poetas Contemporâneos
Calhou num teste da leya
/puro- sugere a vida no campo e a
paz que a Natureza proporciona
vida é um conjunto de realidades Bucólica
aparentemente insignificantes que nos
rodeiam, e que serão, um dia mais tarde, A vida é feita de nadas: “Nadas” a que o sujeito poético se refere
histórias e emoções que permanecerão na De grandes serras paradas
memória de cada um de nós À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
símbolos do espaço habitado no Caiadas e com sinais
passado, suspenso e guardado na De ninhos que outrora havia
memória do sujeito poético o sujeito poético sente admiração pelo pai
Nos beirais; e pelo seu gesto de cultivo, pelo ato de
plantar algo que perdurará além da vida,
a comparação põe em evidência a forma De poeira; como a memória deste momento e dos
como o pai do sujeito poético podava a De sombra de uma figueira; seus protagonistas
videira, com o mesmo cuidado e dedicação De ver esta maravilha:
com que uma mãe faz uma trança no cabelo Meu Pai a erguer uma videira
da filha. Esta comparação valoriza o afeto Como uma mãe que faz a trança à filha.
do homem pela terra natal e o amor
maternal, que recorda
Perguntas:
“A vida é feita de nadas”
Procede a um levantamento dos “nadas” a que se refere o sujeito poético: os “nadas” a que o sujeito poético se refere
são: “grandes serras paradas” (v2); “searas onduladas” (v4), “casas de moradia” (v6); “poeiras” (v10); “sombra de uma
figueira” (v11); “ver (…)/ Meu pai a erguer uma videira” (v12-13).
Esclarece o sentido do verso acima transcrito: o verso significa que a vida é um conjunto de realidades aparentemente
insignificantes que nos rodeiam, e que serão, um dia mais tarde, histórias e emoções que permanecerão na memória de
cada um de nós.
Explica a importância que os «sinais/ De ninhos que outrora havia / Nos beirais » (v7-9) assumem no poema: os «sinais /
De ninho que outrora havia / Nos beirais » (vv7-9) surgem como símbolos do espaço habitado no passado, suspenso e
guardado na memória do sujeito poético.
Explica o sentimento expresso pelo «eu» poético ao ver o pai «a erguer uma videira» (v13): o sujeito poético sente
admiração pelo pai e pelo seu gesto de cultivo, pelo ato de plantar algo que perdurará além da vida, como a memória deste
momento e dos seus protagonistas.
Refere o valor expressivo da comparação «Como uma mãe que faz a trança à filha» (v14), considerando o contexto em
que se integra: a comparação põe em evidência a forma como o pai do sujeito poético podava a videira, com o mesmo
cuidado e dedicação com que uma mãe faz uma trança no cabelo da filha. Esta comparação valoriza o afeto do homem pela
terra natal e o amor maternal, que recorda.
Justifica o título do poema, tendo em atenção o respetivo conteúdo: a palavra bucólica sugere a vida no campo e a paz
que a Natureza proporciona, pelo que a opção por este título está perfeitamente em consoância com os anseios do sujeito
poético, que evoca o passado vivido num harmonioso espaço rural, como podemos constatar nas referências a «serras
paradas» (v2), «searas onduladas» (v4), «ninhos que outrora havia / Nos beirais (vv8-9) e «sombra duma figueira» (v11).
Poetas Contemporâneos
Calhou num teste da “LEYA” Metáfora- percurso da vida humana
Perguntas:
Explicita a adequação do título ao poema: Este poema fala da vida humana e, por isso, num plano metafórico, a «Viagem»
reporta-nos para esse percurso, que nos é comum.
Identifica os diferentes momentos da «Viagem» a que o título se reporta: Os momentos dessa viagem correspondem aos
preparativos para o embarque, com o aprontar do barco («Aparelhei o barco», v11) e ao reforço da tomada de decisão por
parte do sujeito poético («E reforcei a fé de marinheiro», v2); a partida («larguei a vela», v11); a despedida de quem fica
( «E disse adeus ao cais», v12) e, por fim, à navegação («corto as ondas sem desanimar», v17).
Explicita o valor simbólico que os elementos «barco» e «marinheiro» adquirem no contexto deste poema, na 1ª estrofe:
Estes elementos, associados aos vocábulos «ilusão» e «fé», constituem uma metáfora, através da qual o sujeito poético dá
conta do seu caracter sonhador e da sua determinação em enfrentar as vicissitudes da vida. Esta ideia é reforçada pelo
facto de o sujeito poético se assumir como o comandante do seu barco. É, assim, representada a luta sem tréguas do
Homem pela conquista da felicidade.
Esclarece a possível intenção da utilização das reticências e dos parênteses na 1ª estrofe: As reticências, que marcam uma
interrupção na frase, mostram que a ideia que o sujeito poético estava a exprimir, a dos preparativos para uma viagem, não
ficou completa. Cabe, por isso, ao interlocutor o papel de inferir o que terá ficado por dizer. Esta descontinuidade do
discurso justifica-se, ainda, por uma necessidade do sujeito poético fazer uma reflexão, um pouco à margem do tema que
tinha sido iniciado: o reato da «Viagem». As reticências introduzem uma pausa discursiva que suspende esse relato. Numa
atitude cúmplice com o interlocutor, o sujeito poético explicita os fundamentos da sua atitude, apresentando-os como uma
regra de conduta que ele propõe para a humanidade: o Homem, durante a sua breve existência terrena, a única que «nos é
concedida» (v5), deve ter como ideal a busca e a (re)conquista da felicidade do «velho paraíso».
Poetas Contemporâneos
Aponta os traços caracterizadores do sujeito poético, presentes na 2ª estrofe: Para além do seu carácter sonhador,
expresso na 1ª estrofe («Aparelhei o barco da ilusão», «o meu sonho», «Procurar / o velho paraíso»), o sujeito poético
revela-se insatisfeito ao rejeitar um modelo de vida limitado, expresso em «paz tolhida» (v12), e, deste modo,
determinado, persistente na concretização do seu objetivo, apesar das adversidades («traiçoeiro / o mar», vv3-4, «corto as
ondas sem desanimar», v17). Revela, ainda lucidez, uma clara consciência de que nem mesmo a ilusão pode alterar a
precariedade da existência humana e, finalmente, declara o gosto pela aventura: «Em qualquer aventura / O que importa é
partir, não chegar.» (vv18-19).
Indica o recurso expressivo presente na 2ª estrofe, explicitando o respetivo valor contextual: A metáfora presente nos
versos «Transforma dia a dia a embarcação /Numa errante e alada sepultura… / Mas corto as ondas sem desanimar. »
(vv15 a 17) enfatiza a fragilidade da existência humana e a revolta do sujeito poético face às forças que provocam uma «paz
tolhida» (v12).
Sentido da inspiração
Ressurreição
Falta de inspiração
Porque a forma das coisas lhe fugia,
Não lhe apetecia ter O poeta deitou-se e teve sono.
ilusões e ter corações, Mais nenhuma ilusão lhe apetecia,
quer desistir da vida Mais nenhum coração era seu dono.
O sujeito poético tinha conceitos/ ideias
Cada fruto maduro apodrecia; mas não lhes conseguia dar forma, por
Cada ninho morria de abandono; isso “apodreciam”
Não tinha forças para lutar e resistir Nada lutava e nada resistia,
Estação do ano em que não há
Porque na cor de tudo havia Outono.
tanta vida (as flores morrem e as
folhas caem)
Só a razão da vida via mais:
Enumeração de elementos da Natureza:
Terra, sementes, caules, animais,
Neles tudo vai renovando;
Descansavam apenas um momento.
Contrários aquilo que o sujeito
poético sente;
Metáfora- o sujeito poético sonhou E o vencido poeta despertou Ideia de ciclo de vida.
com o poema, estando esta Vivo como a certeza de um rebento
idealização dentro de si mesmo Na seiva do poema que sonhou.
Perguntas:
Apresenta, com base nas 2 quadras, 4 razões que justifiquem o sono do poeta: Com base nas 2 quadras, o “sono” (v2) do
sujeito poético justifica-se pelo facto de no momento presente, nada o motivar ou servir de inspiração para a sua produção
poética. Tal como refere, sentia-se vazio de sentimentos (v4), não lhe apetecia viver ilusões (v3), além de que tudo à sua
volta estava envolto no ambiente de decadência e abandono (vv5 e 6). Assim, tudo parece apontar para a “morte” do
poeta.
Estabelece uma relação entre o 1º terceto e o «despertar» do poeta: Na Natureza observa-se a renovação, o ritmo das
estações, mostrando o poeta que, após um ciclo de vida menos ativo, no outono e no inverno, tudo volta a ganhar vida na
primavera e no verão. Neste sentido, o sujeito poético parte da imagem da Natureza para nos mostrar que após ter
adormecido, algo despertava a sua atenção (v12). Por isso, sente-se de novo vivo e capaz de dar nova expressão o seu
poema (v13).
Poetas Contemporâneos
Analisa a expressividade da metáfora final do poema, relacionando-a com o título: No final do poema, o sujeito poético
faz uso de uma metáfora (v14) através da qua expressa a sua atividade poética. Tal como o que observa à sua volta, há
também algo que faz parte de si e que, neste momento, voltou a ter sentido, como se de uma ressurreição se trata-se.
Poetas Contemporâneos
Eugénio de Andrade
Eugénio de Andrade insere-se justamente na tradição dos poetas artesãos (faz tudo com as suas próprias mãos), estatuto que
explicitamente para si mesmo reivindica: “não sou um poeta inspirado, o poema é em mim conquistado sílaba a sílaba” (ele
trabalha a sua obra).
As mãos e os frutos
Análise:
Metáfora da vida- percurso do homem, deixar frutos/filhos na descendência.
Análise:
O sujeito poético gastou a manhã toda à procura da sílaba ideal para o seu poema.
Temática: criação poética- processo trabalhoso; o poeta começa com uma folha em branco.
Perguntas:
Evidências que o poema se constrói silaba a silaba: O poeta passa a manhã toda à procura de uma sílaba, pois tal como
podemos verificar no verso 2, apesar da silaba ser “pouca coisa”, alias, só ele sabe a falta que lhe faz (v4 e 5).
Comprova que a poesia para Eugénio de Andrade é o resultado de um “oficio artesanal” da paciência e pormenor: A
poesia para Eugénio de Andrade é resultado de paciência e pormenor, pois ele procura, lenta e cuidadosamente durante
toda a manhã, somente uma silaba que faz falta no poema.
Poetas Contemporâneos
Indica a relação que se estabelece entre a escrita e o fluir inexorável do tempo: As expressões “frio de janeiro” (v8) e
“estiagem/de verão” (v8/9) configuram uma referencia concreta à passagem do tempo. Para se defender desta passagem
do tempo o poeta terá de encontrar a sílaba certa, isto é, o poema. Esta silaba procurada abriga o segredo da salvação, isto
é, o segredo da sobrevivência à passagem do tempo.
«Essa folha aí. Tão branca que nem a neve é assim fria. Aproximo os dedos numa espécie de carícia, tentando
atenuar, diluir tanta hostilidade, mas logo recuam tocados pelo medo. É tão difícil. Porque essa brancura
queima, arde silenciosa num fogo que ninguém vê. Durante muito tempo só os olhos a procuram, a
contemplam. Imóveis, sem afrouxarem de intensidade. Ouvem-se quase os latidos do pulso. De súbito, os dedos
distendem-se, saltam; no seu movimento de falcão já não acariciam, antes rasgam, dilaceram, perseguem a
presa numa luta onde não há tréguas, vão deixando na neve sinais da sua presença, ora triunfante ora aflita, por
vezes quase morta.» medo de não encontra ou errar na metáfora
surge quando surge a sílaba certa, pois o poeta tem que nervosismo e ansiedade
inspiração e aí começa transmitir o que lhe vai na alma. há sempre a incerteza, pois pode
a preencher a folha não ser a palavra ou a sílaba certa
Análise:
Temática: criação poética.
Sentimentos contraditórios de quem escreve.
Perguntas:
Relação do sujeito poético com as palavras no presente: O sujeito poético refere um presente de relação difícil com as
palavras, que lhe obedecem muito menos (“Obedecem-me agora muito menos, / as palavras”, vv. 1-2), que resmungam e
que não demonstram respeito.
Relação do sujeito poético com as palavras no passado: No passado, as palavras terão gostado dele, a relação entre
ambos terá sido harmoniosa (“e elas durante muitos anos/também gostaram de mim: dançavam/à minha roda quando as
encontrava.”, vv. 11-13).
Recurso expressivo utilizado na apresentação das palavras e seu valor: Através da personificação, as palavras são-nos
apresentadas com características humanas (“resmungam, não fazem / caso do que lhes digo”, vv. 3-4), o que lhes atribui,
no processo de criação artística, uma dimensão independente e dinâmica, longe de constituírem uma realidade inerte. As
palavras sentem, reagem e debatem-se com o sujeito poético.
Importância dos versos 6 a 9 para a caracterização do “eu” enquanto poeta: Estes versos afirmam um processo de criação
meticuloso e rigoroso do sujeito poético, que procura as palavras certas, numa perspetiva intransigente do seu uso.
Recurso aos 2 pontos no verso 12: Os dois pontos marcam uma pausa que introduz uma explicação, uma especificação.
Nela, o sujeito poético explicita o tipo de relação existente entre ele e as palavras.
Expressividade da interrogação com que termina o poema: A interrogação parece apontar uma justificação alternativa
para a desobediência das palavras, assente na possibilidade de ter sido o poeta quem mudou, uma vez que passou a
procurar as palavras mais difíceis.
Relação do título com o assunto da composição: O título do poema remete exatamente para o presente da relação do
sujeito poético com as palavras, que descreve, depois, ao longo do texto.
Poetas Contemporâneos
sensação visual
Rapariga Descalça observada a partir dos pés, parece
que baila, tem uns pés leves.
Chove. Uma rapariga desce a rua. a leveza da moça traduz-se através
observação, para Os seus pés descalços são formosos. de sensações táteis
uma reflexão São formosos e leves: o corpo alto sensação gustativa e tátil- sinestesia-
parte dali, e nunca se desprende. mistura de vários sentidos
remete-nos para um tempo passado
personificação; sensação auditiva do
A chuva em abril tem o sabor do sol:
barulho das gotas a cair nas folhagens
este dia; momentos felizes
cada gota recente canta na folhagem.
O dia é um jogo inocente de luzes, reflete sobre as condições
a gaivota vai voltar a reposicionar de crianças ou beijos, de fragatas. atmosféricas: o dia de chuva de abril.
o sujeito poético na realidade, Não incomoda o sujeito poético, pois
retoma o foco do sujeito poético Uma gaivota passa nos meus olhos. ele associa o dia a memorias felizes.
Análise:
Recriação de um instante do quotidiano.
A rapariga parece que faz parte da natureza em sua volta.
É uma rapariga feliz.
Perguntas:
Elementos que caracterizam o “dia” (v7): 1. Um dia de chuva que é “um jogo inocente de luzes, / de crianças ou beijos, de
fragatas” (vv. 7-8).
Traços que compõem a figura da “rapariga” (v1): A rapariga tem pés “formosos” (v. 2) e “leves” (v. 3), que lhe conferem
uma dimensão de leveza quase angelical. Dos pés nasce um corpo que não se desprende deles, como se eles fossem a
origem e o fim da sua imagem.
Sensações apresentadas no poema: Sensações visuais (vv. 1, 7-8, 9), tácteis (“leves”, v. 3), gustativas/tácteis (“sabor do
sol”, v. 5) e auditivas (“canta na folhagem”, v. 6).
Funcionalidade do verso 9 na evolução de sentido do poema: No verso 9, o “eu” poético refere “Uma gaivota” que parece
despertá-lo (“passa nos meus olhos”) da deambulação poética anterior e o faz retomar a imagem da rapariga descalça,
transfigurando-a.
Recursos expressivos nos excertos e seu valor:
“A chuva em abril tem o sabor do sol”- Sinestesia. Destaca a sensação agradável produzida pela chuva;
Poetas Contemporâneos
“canta, corre, voa, é brisa” - Gradação. Cria uma evolução crescente de poetização, na qual a rapariga perde
progressivamente a sua fisicalidade e passa a fundir-se com o ambiente sensorial.
Relação da estrutura estrófica do poema com o desenvolvimento do tema: As três quadras correspondem ao
desenvolvimento tripartido do tema. Na 1.a, o “eu” poético, num dia de chuva, fixa-se numa rapariga descalça. Transpõe
depois a sua reflexão para a chuva e a luminosidade do dia, na 2.a. Na última, retoma a imagem da rapariga em ambiente
de deslumbramento poético.
Canção
Análise:
Paralelismo imperfeito, o que lembra as cantigas de amigo.
A donzela está sempre com a mãe, ambas ficam a cuidar da casa.
Perguntas:
Descrição da situação representada no poema: Um rapaz procura envolver-se amorosamente com uma donzela, que pede
a opinião da mãe.
Relações de sentido entre a estrofe final no texto e as duas anteriores: Nas duas primeiras estrofes, o sujeito poético
feminino refere que tinha um “cravo” e um “lenço de mão”, que um rapaz lhe pediu. Sem resposta expressa da mãe nas
duas primeiras estrofes, na terceira verifica-se que a rapariga acedeu ao pedido, dando-lhe o cravo e o lenço. Pergunta,
então, à mãe se deverá dar ao rapaz o seu coração, caso ele lho peça.
Justificação para o título do poema, considerando os recursos formais envolvidos na sua composição: O título do poema,
“Canção”, confirma-se na composição pela estrutura paralela e pela presença de refrão (“– mãe, dou-lho ou não?”),
fazendo lembrar a lírica trovadoresca no que diz respeito ao ritmo e à construção.
Poetas Contemporâneos
Vasco Graça Moura
A partir dos anos 70, contudo, cresce na sua poesia a importância de alguns temas clássicos: a passagem do tempo, a
fugacidade e a finitude da existência ou o espetro da morte como sombra tutelar de qualquer obra humana.
A poesia de Vasco Graça Moura conjuga um registo coloquial, uma vocação meditativa e humanistica herdada do século XVI
e acentua um pendor narrativo que exibe sinais da atual atmosfera pós-moderna, deixando-se contaminar de modo quase
omnívoro por estilos e tradições que se mesclam numa difusa rede citacional.
Texto A
na cidade adormecida
Finitude da existência, espetro da
a noite tornou-se enorme morte; Camões, Ricardo Reis
cabe nela a curta vida
mas sente que é mais comprida
esta errância que não dorme
Análise:
À medida que vai deambulado vai entrando em zonas mais perigosas ao longo da noite.
Representação do contemporâneo através da utilização de falas banais do dia a dia;
Tradição literária: intertextualidade; tema tratado por Cesário Verde, Camões e Ricardo Reis.
Não tem muita pontuação, o narrador faz as suas respetivas pausas;
Semelhante a Cesário Verde, pois há deambulação pela cidade de Lisboa;
7 silabas métricas, redondilha maior, rima;
Vida, sentimento.
Lembra Camões
Texto B
Voltas a mote
forma clássica
Texto C
baço, sem brilho
Soneto pardacento
está no parlamento
forma clássica
Texto D
fala sobre a construção do soneto
Soneto do soneto