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Trabalho de literatura 2ºB

Henrique Zanon, Clara Kerber, Paola


Paveck e Rafael Godinho
A VIDA DE
ADÉLIA
PRADO
• Além de escritora, Adélia Prado foi também professora e formou-se em
Filosofia. Nasceu em Divinópolis, uma pequena cidade no interior de
Minas Gerais, em dezembro de 1935.
•Após a morte de sua mãe, em 1950, Adélia escreveu seus primeiros poemas.
Porém, foi apenas quando tinha cerca de quarenta anos de idade que se
reconheceu como escritora. Após a publicação de sua primeira obra, Bagagem, a
autora publicou inúmeras outras e recebeu diversos prêmios.
•Carlos Drummond de Andrade era grande admirador dos poemas de Adélia, assim
como ele foi uma das principais referências para a autora. Adélia também obteve
forte inspiração em Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Cecília Meireles e Vinicius
de Moraes.
•A obra de Adélia é de extrema relevância principalmente por ter inserido a
mulher na literatura brasileira a partir de um ponto de vista feminista. Além
de seu aspecto feminista, os poemas se destacam por falarem de nostalgia e
do cotidiano.
 literatura contemporânea.
 pespectiva da mulher.
 temas ligados a Deus, à família e,
Características principalmente, à mulher.
 Com vocabulário simples e linguagem coloquial.
 O papel da mulher em sociedades machistas.

Principais
 A identificação com mulheres comuns, dando voz
à elas.

temáticas  Caráter feminista, buscando um lugar igualitário


para a mulher na sociedade.
 A religiosidade.
SOBRE A OBRA:BAGAGEM
“Bagagem” é o livro de estreia de Adélia Prado, publicado em 1976 após recomendação do
poeta Carlos Drummond de Andrade. A obra se divide em seções: a primeira e maior delas é “o
modo poético”, que apresenta diversos poemas sobre a definição da linguagem e sobre o fazer
poético, além de mostrar o papel da Adélia como mulher e poetisa; “um jeito e amor”
apresenta grandes poemas amorosos; “a sarça ardente” apresenta poemas cujo principal tema
é a memória e o tempo e, no final, há a seção “alfândega”, composta por apenas um poema
homônimo.
OUTRAS OBRAS

-O coração disparado, Nova Fronteira – 1978- Poesia

-Solte os cachorros, Nova Fronteira – 1979- Prosa

-Cacos para um vitral, Nova Fronteira – 1980- Prosa

-Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira – 1981- Poesia

-Contos Mineiros, Ática - 1984- Antologia


Momento
Enquanto eu fiquei alegre, Neste poema, Adélia retrata a transitoriedade do
permaneceram um bule azul tempo e da vida. Para isso, a autora utiliza
com um descascado no bico, simbolismos como o “bule azul descascado” e a
uma garrafa de pimenta pelo
meio, “garrafa de pimenta pela metade” representando o
um latido e um céu desgaste do tempo, acometido pelo trabalho
limpidíssimo realizado por esses objetos, sendo estes aproveitados
com recém-feitas estrelas. em diversas ocasiões memoráveis, como servir
Resistiram nos seu lugares, bebidas para consumo e temperar refeições. O eu-
em seus ofícios,
constituindo o mundo pra lírico encerra o poema com otimismo ressaltando que
mim, anteparo a vida é feita com mais tempo de alegria do que
para o que foi um momentos tristes.
acometimento:
súbito é bom ter um corpo
pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é
mais tempo
alegre do que triste. Melhor
é ser.
Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,


desses que tocam trombeta,
anunciou: Em Com Licença Poética, obra inicial de Bagagem, a autora traz uma
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra temática autobiográfica, que fala de sua própria vida, tentando definir a
mulher, poetisa.
esta espécie ainda No título, “Com Licença Poética”, é feita uma relação com a autora
envergonhada. estar pedindo licença aos grandes mestres da literatura, e também aos seus
Aceito os subterfúgios que me
cabem, leitores,para escrever as suas poesias. Também é possível significar o título
sem precisar mentir. como uma declaração de que o poema foi escrito com a licença poética de
Não tão feia que não possa Adélia, ou seja,com a liberdade que ela tem de escrever suas próprias
casar, poesias.
acho o Rio de Janeiro uma
beleza e Nota-se que a autora faz uma referência a uma das obras de Carlos
ora sim, ora não, creio em Drummond de Andrade, “Poema de Sete Faces”, assim traçando um paralelo
parto sem dor. entre as duas obras. Faz também referência a Manuel Bandeira, expressando
Mas, o que sinto escrevo.
Cumpro a sina. Inauguro
que não tem as mesmas habilidades do autor.
linhagens, fundo reinos O traço feminista de Adélia Prado também está presente nesse poema,
— dor não é amargura. pois fala que embora aceite os “subterfúgios” de ser mulher, ela se
Minha tristeza não tem compromete a cumprir a sua sina de poeta, encarando as dores da vida.
pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida, é
maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


A Formalística:

“O poeta cerebral
tomou café sem açúcar Neste poema, a poetisa tece uma crítica aos “poetas
e foi pro gabinete cerebrais”, por meio da ironia e da meta-poesia
concentrar-se. (conhecimento do fazer poético), que se baseiam
Seu lápis é um bisturi em “fórmulas” pré-estabelecidas por grandes sábios
que ele afia na pedra, da língua portuguesa, transformando os poemas
na pedra calcinada das desses, completos em aspectos técnicos e vazios em
palavras, mensagem. Em contraposto, Adélia se norteia em
imagem que elegeu um estilo mais simples e das vivências do cotidiano
porque ama a tornando suas obras mais palpáveis para um público
dificuldade, mais singelo.
o efeito respeitoso que
produz
seu trato com o
dicionário.
Faz três horas que já
estuma as musas.
O dia arde. Seu prepúcio
coça.”
Grande desejo

Não sou matrona, mãe dos


Gracos, Cornélia, sou é mulher
do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como. Aos Percebe-se uma grande aproximação do eu-lírico
domingos bato o osso no prato
pra chamar o cachorro e atiro com a figura da mãe, e essa aproximação não se dá
os restos. Quando dói, grito ai, somente pelo fato dela se declarar assim, mas
quando é bom, fico bruta, as também pela apresentação de fatos que ocorrem no
sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
cotidiano de muitas mulheres e mães, além de expor
claridades atrás do meu sentimentos, como dor, prazer, tristeza e felicidade.
estômago humilde e fortíssima Adélia se apresenta como uma mulher comum, que é
voz pra cânticos de festa. mulher do povo, que cozinha, que cuida da casa e
Quando escrever o livro com o
meu nome e o nome que vou dos filhos e, também, uma escritora buscando
pôr nele, vou com ele a uma realizar seus sonhos. E ela faz tudo isso como uma
igreja, a uma lápide, a um dama.
descampado, para chorar,
chorar e chorar, requintada e
esquisita como uma dama.
Um jeito

Meu amor é assim, sem


nenhum pudor. Quando
aperta eu grito da janela -
ouve quem estiver Ao longo dos versos o eu-lírico vai nos contando o
passandoô fulano, vem seu jeito de amar: urgente, repleta de desejo,
depressa. Tem urgência, pressa e medo. Para mostrar o modo de amar ideal
medo de encanto ela usa exemplos cotidianos, como dividir a cama, o
quebrado, é duro como cafuné no cabelo e a mania de espremer as espinhas
osso duro. Ideal eu tenho das costas um do outro. Ela nos apresenta duas
de amar como quem diz
formas de amar: a que o eu-lírico sente e a que ele
coisas: quero é dormir com
você, alisar seu cabelo, gostaria de sentir. Ele gostaria de um amor calmo,
espremer de seus costas as com segurança, estabilidade e afeto, e o que ele
montanhas pequenininhas sente é um amor desengonçado e afobado, que
de matéria branca. Por “pouca gente gosta”.
hora dou é grito e susto.
Pouca gente gosta.
Janela

Janela, palavra linda.


Janela é o bater das asas
da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas
de madeira à toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e A janela é um objeto que divide o lado de fora e o
pra fora, monto a cavalo
lado de dentro de um espaço, permitindo que eles
em você,
Meu pé esbarra no chão. sejam vistos. É da janela que o eu-lírico vê o
Janela sobre o mundo mundo. Assim, o eu-lírico relembra os momentos
aberta, por onde vi que observou através da janela, incluindo a ocasião
o casamento da Anita em que seu amado pediu a sua mão em casamento
esperando neném, a mãe para seu pai, trazendo uma rememoração de fatos
do Pedro Cisterna urinando do passado.
na chuva, por onde vi
meu bem chegar de
bicilceta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua
filha são as melhores
possíveis.
Ô janela com tramela,
brincadeira de ladrão,
claraboia na minha alma,
olho no meu coração.

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