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GÊNEROS

LITERÁRIOS

Prof. Sandro Teles


GÊNERO LÍRICO
É a manifestação literária em que predominam
os aspectos subjetivos do autor. É, em geral, a
maneira de o autor falar consigo mesmo ou com
um interlocutor particular (amigo, amante, fantasia,
elemento da natureza, Deus...)
1ª pessoa. Função emotiva
Não confundir “eu-lírico” com o autor. O “eu-
lírico” ou “eu-poético” é uma espécie de
personalidade poética criada pelo autor que dá
vazão a sensações e/ou impressões.
O étimo da palavra lírica está ligado a Lyra –
instrumento de cordas, usado na Grécia antiga.
Eu-lírico (eu-poético)
É a voz que fala no poema e nem
sempre corresponde à do autor

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
(Fernando Pessoa)
O eu-lírico pode aparecer na
forma feminina, mesmo o autor
sendo do sexo masculino

“(...)E tantas águas rolaram


Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer(...)”
(Chico Buarque de Holanda)
Não te amo mais
Clarice Lispector

Não te amo mais.


Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase:
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada


Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada


Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste


Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Luz Dos Olhos (Nando Reis)
 Faço as pazes lembrando
Ponho os meus olhos em você Passo as tardes tentando
Se você está
Dona dos meus olhos é você Te telefonar
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar Cartazes te procurando
Liga o rádio à pilha, a Tv Aeronaves seguem pousando
Só pra você escutar Sem você desembarcar
A nova música que eu fiz agora Pra eu te dar a mão nessa hora
Lá fora a rua vazia chora... Levar as malas pro fusca lá fora....
Pois meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par E eu vou guiando
Pus nos olhos vidros pra poder Eu te espero, vem...
Melhor te enxergar Siga aonde vão meus pés
Luz dos olhos para anoitecer Que eu te sigo também
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
E eu te amo!
A sua boca é minha... E eu berro: Vem!
Grita que você me quer
Que a nossa música eu fiz agora Porque eu te quero também!
Lá fora a lua irradia a glória Hei! Hei!...
E eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também!
Gênero Épico

É uma criação literária, geralmente em verso,


de fundo narrativo. (Do grego epos = canto,
narrativa). Desde os tempos antigos, a epopeia
tem a finalidade de exaltar os heróis nacionais e
cantar os grandes feitos dos povos.
POESIA em 3ª pessoa.
Conta uma história com dose de objetividade. O
épico não fala de si, mas apresenta o outro como
objeto narrado. Ao contrário do lírico que fala de
si, o épico mesmo quando fala da amada – sua
emoção está lá, nela no outro objeto.
Gemia a grã cidade, e pelas praias
Do alto Helesponto às naus se encaminhavam.
Sem dispersar os Mirmidões, Aquiles:
“Équites caros, disse, os corredores
Não soltemos; de coche, ao morto vamos
O tributo de lágrimas pagar-lhe.
Assim que em ais ali desafogarmos,
Desatem-se os cavalos e ceemos.”
Após ele, os Aqueus nas crinipulcras
Bigas circundam vezes três Patroclo,
E Tétis exacerba o luto e o pranto;
Do afugenta-esquadrões saudosos todos,
O chão regam do choro, as armas regam.
Em soluços Aquiles, urra impondo
As homicidas mãos do sócio aos peitos:
“Salve, Patroclo, na Plutônia estância!
Gênero narrativo - moderno
Textos longos que narram histórias quaisquer e
ficcionais;
• . Manifestação do Narrador;.
• . PROSA em 1ª ou em 3ª pessoa
• Romance, conto, crônica, fábula, novela e a
epopéia.
1- Romance

É a modalidade narrativa de maior vulto, onde a


visão do mundo do autor se manifesta pelo forte
conflito das personagens. O romance aborda os
mais variados assuntos. Assim, podem ser
históricos, psicológicos, experimentais, científicos,
policiais etc.
São exemplos de romances: Iracema, de José de
Alencar; Quincas Borba, de Machado de Assis; O
mulato, de Aluísio Azevedo;
Há ainda romances que são classificados como
verdadeiras epopeias em prosa. Entre eles estão: O
sertões, de Euclides da Cunha e Grande sertão:
veredas, de Guimarães Rosa.
2. Novela

É a modalidade narrativa que se caracteriza pela


sucessividade dos episódios, muitas vezes das
personagens e dos cenários. O tempo e o espaço
conjugam-se dentro dessa estrutura. Assim; a novela
condensa os elementos do romance. Os diálogos são
mais rápidos, as narrações são diretas e sem
circunlóquios, tudo favorecendo a precipitação da
história’ para o seu desfecho.
Como exemplo de novelas, podemos citar: Noite,
de Érico Veríssimo; A vida real, de Fernando Sabino;
Uma vida em segredo, de Autran Dourado; A morte e a
morte de Quincas Berro d’Água, de Jorge Amado etc.
A televisão atual explora essa espécie de narrativa com
muito sucesso.
3. Conto

É a modalidade narrativa de maior brevidade. Se


o romance é a vida, o conto é o caso, a anedota.
Com economia de cenários e personagens, a
solução do conflito é narrada perto do seu desenlace.
Eis alguns exemplos de contos já clássicos: O
enfermeiro, de Machado de Assis; Machado; O
peru de Natal, de Mário de Andrade, Noites na
taverna – Álvares de Azevedo.
4. Crônica

É uma espécie de narrativa curta e condensada


que capta um flagrante da vida, pitoresco e atual,
real ou imaginário, com uma ampla variedade
temática.
GÊNERO DRAMÁTICO

São textos para serem representados no palco. Os


atores devem transformar em atos as ideias e os
sentimentos das personagens.
A palavra drama significa ação. O gênero dramático
se dirige para o espetáculo, para o palco e para o
público. Contém força e paixão, é patético, desperta s
mais fortes emoções.

Tragédia: Grécia antiga. Fato trágico que provoca


reação de medo ou compaixão
Etimologia: Tragos (bode) e oidé (canto). Homenagem
a Dionísio. Ditirambos – Hino religioso em que um coro
com 12 pessoas (coreutas) cantava a façanha do deus.
.
Ex. “Édipo Rei”, de Sófocles. Medéia, Eurípedes.
Releitura moderna de Medéia: Gota D´Água,
Chico Buarque.

Comédia: satirização dos costumes sociais. Ex.


“O Rei da Vela”, de Oswald de Andrade.

Farsa: pequena peça que critica a sociedade e


seus costumes. Ex. A Farsa de Inês Pereira”, de
Gil Vicente.

Auto: peça breve, de tema religioso ou profano,


de aspecto moralista. Ex. Auto da Barca do
Inferno, de Gil Vicente.

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