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Renascimento Classicismo
Sublimidade do canto
Mitificação do herói
“puras
verdades”
Matéria Épica
Viagem de Vasco da Gama
Exploração e conhecimento dos mares.
Vitória relativamente aos inimigos e às forças
da Natureza.
Feitos históricos dos portugueses
Narração de feitos passados (analepse): por
Vasco da Gama ao rei de Melinde (Cantos III,
IV e V); por Paulo da Gama ao Catual (Canto
VIII). Narração de feitos futuros (prolepse): profecias de Júpiter (Canto II), do Adamastor
(Canto V), de uma ninfa e de Tétis (Canto X).
Sublimidade do canto
Narração dos feitos dos portugueses através de um “som alto e sublimado” /” estilo
gandíloco e corrente”, adequado à matéria épica com recurso a:
Superação dos
Ilha dos Amores Imortalização
modelos antigos.
(recompensa dos
Ascensão ao estatuto Divinização
portugueses)
de heróis.
A obra Os Lusíadas é uma epopeia que narra a coragem e a glória dos feitos
portugueses no mar e no além-mar. Baseados nas estruturas clássicas da Antiguidade
(a Odisseia e a Ilíada), Os Lusíadas caracterizam-se por um estilo grandioso que
procura captar a admiração do leitor. Trata-se de uma visão heroica do mundo que tem
como matéria épica a viagem de Vasco da Gama à Índia e os feitos dos Portugueses.
Contudo, Luís de Camões não deixa de tecer algumas críticas ao preço humano da
aventura quinhentista. Sobretudo nos finais dos Cantos, o poeta deixa entrever algumas
reflexões pessoas que constituem aquilo que poderemos apelidar de matéria antiépica.
Fragilidade da vida
humana
Desvalorização da
arte / Exortações a Desprezo pelas
D. Sebastião artes e pelas letras
Reflexões
do poeta
(tom
antiépico)
Queixas do poeta /
Imortalização do critérios de seleção
nome dos merecedores
Poder do dinheiro do canto
Fragilidade da vida humana (l, 105-106)
Consciencialização do carácter terreno/mortal/efémero da vida humana e da pequenez
e fraqueza do ser humano (em oposição à força dos perigos envolventes).
Desprezo pelas artes e pelas artes (V, 92-100)
Crítica à falta de cultura dos portugueses que leva à desvalorização da arte.
Constatação de que a ausência de quem divulgue literariamente os feitos heroicos
levará ao desaparecimento dos heróis. Censura ao facto de os portugueses serem
dominados pela austeridade, pela rudeza e pela falta de “engenho”.
Queixas do poeta/Critérios de seleção dos merecedores do canto (VII, 78-87)
Expressão dos infortúnios pessoais (vida de perigos diversos, de guerras, de viagens
atribuladas por mar e por terra, errância, pobreza, desterro, incompreensão por parte
dos contemporâneos). Apresentação de critérios de seleção dos que merecem e dos
que não merecem ser cantados.
Poder do dinheiro (VIII, 96-99)
Crítica aos efeitos gerados pela ambição do dinheiro (rendição de fortalezas,
transformação de nobres em pessoas vis, promoção da deslealdade, corrupção do que
é puro, deturpação da justiça e da ciência).
Imortalização do nome (IX, 88-95)
Considerações sobre o caminho a percorrer para alcançar a fama/imortalidade
(renúncia ao ócio, à cobiça, à ambição desmedida e à tirania; promoção da justiça e
igualdade, da defesa da fé cristã e da pátria).
Desvalorização da arte/Exortações a D. Sebastião (X, 145-156)
Desalento face a uma pátria decadente que despreza as artes e menospreza a obra do
próprio Camões. Apelo a D. Sebastião para liderar Portugal na realização de novos
feitos gloriosos.
Epopeia
Genéro de texto da
tradição literária
Conteúdo - exaltação
de um acontecimento
Forma - poema narrativo Estilo - estilo solene /
memorável com
extenso elevado
interesse nacional -
visão heroica do mundo
Estrutura externa
10 cantos, com número variável de estrofes. Estrutura estrófica: oitavas.
Estrutura métrica: decassílabo (Vós/po/de/ro/so/rei/cu/jo al/to im/pé (rio))
Estrutura rimática das estrofes: abababcc. Rima cruzada nos seis primeiros versos e
emparelhada nos dois últimos.
Estrutura interna
Proposição – explicitação do propósito e do assunto da obra.
Invocação – pedido de inspiração às ninfas do Tejo.
Dedicatória – oferecimento da epopeia a D. Sebastião.
Narração – relato da ação, iniciada in media re, em quatro planos interligados.
Assunto
Exaltação de um acontecimento memorável e extraordinário, com interesse nacional ou
universal, a viagem de Vasco da Gama e dos navegadores portugueses até à Índia, que
constitui a ação centra da epopeia.
In media re
A expressão latina in media re significa no meio das coisas, no meio dos
acontecimentos. Neste contexto, refere-se a uma técnica segundo a qual se começa a
narrar a ação não desde o início, mas a meio da história (no momento crucial), com o
objetivo de captar a atenção do leitor.
Esta técnica narrativa é utilizada em epopeias (por exemplo, na Ilíada, na Eneida, em
Os Lusíadas).