Educao literria e Leitura 1. Embora o Frade da ilustrao use um hbito, este no parece fazer dele um verdadeiro frade. Com efeito, a personagem apresenta-se com uma rapariga pela mo, parecendo danar, e com acessrios inadequados sua condio. 2.1. Os objetos com que o Frade se apresenta em cena so, desde logo, marcas de corteso: a espada, o escudo e o capacete. O Frade faz-se ainda acompanhar de Florena, a amante, evidenciando o seu carcter mundano e contrrio ao que seria de esperar de um membro do clero, que assim quebra os votos de pobreza e de castidade a que estava obrigado. 2.2. O Frade no esconde nenhum facto da sua vida mundana, pelo contrrio, h momentos em que os exibe orgulhosa- mente, pois acredita que o hbito que enverga garantia de salvao, isto , que sendo frade poderia fazer tudo o que quisesse. Cf. v. 392 E este hbito no me vale? e v. 406 No ficou isso na avena. (Ir para o Cu um direito garantido, por contrato, aos frades). 3. O cmico de situao est presente na forma como o Frade entra em cena, cantando e danando, com a moa pela mo, e na lio de esgrima que d ao Diabo. O cmico de carcter mani- festa-se na maneira como se veste e na sua prospia, j que se tem a si mesmo em alta considerao (cf. vv. 398-400 eu hei de ser condenado? / Um padre to namorado / e tanto dado virtude!...; v. 422 Sab que fui da pessoa!; vv. 470-473 H lugar c / pera Minha Reverena? / E a senhora Florena / polo meu entrar l!). 4.1. Por exemplo: Sendo membro do clero, e tendo, portanto, a obrigao de dar o exemplo, os pecados do Frade adquirem particular gravidade. Por isso, o Anjo, representante de Deus, nem sequer lhe dirige a palavra. 5. O Parvo acusa o Frade de no cumprir o voto de castidade. 6.1. Referimo-nos aos versos 383--385: E no vos punham l grosa, / no vosso convento santo? / E eles fazem outro tanto! Curiosidade: No deixa de ser curiosa a naturalidade com que se encara a questo de os frades terem amantes e, conforme se diz no texto de Antnio Jos Saraiva e scar Lopes, de terem at mulher e prole.