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APOSTILA DE LÍNGUA PORTUGESA E LITERATURA LUSO-BRASILEIRA – POEMA 1

Prof. Venceslau

Conteúdos

1. Intertextualidade.
2. Estrutura do gênero poema.
3. Análise do poema “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias.

Objetivos

Analisar o funcionamento da estrutura do gênero poema para reconhecer diferentes formas de


tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, como paródias.

Para começar

Você já se mudou de bairro ou de escola? Converse com o colega ao lado sobre o assunto: você
sentiu saudade? O que fez para que a saudade fosse amenizada?

Foco no conteúdo

O tema da saudade está presente no famoso poema “Canção do Exílio”. Publicado no século XIX
no livro Primeiros Cantos, é um dos poemas líricos mais conhecidos do poeta romântico brasileiro
Gonçalves Dias. Leia o poema:
I Em cismar – sozinho, à noite
Minha terra tem palmeiras, – Mais prazer encontro eu lá;
Onde canta o Sabiá; Minha terra tem palmeiras,
As aves, que aqui gorjeiam, Onde canta o Sabiá.
Não gorjeiam como lá.
II IV
Nosso céu tem mais estrelas, Não permita Deus que eu morra,
Nossas várzeas têm mais flores, Sem que eu volte para lá;
Nossos bosques têm mais vida, Sem que desfrute os primores
Nossa vida mais amores. Que não encontro por cá;
III Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Minha terra tem primores, Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá;

Pertencente à primeira geração romântica, Gonçalves Dias escreveu a “Canção do Exílio” no


século XIX. Esse período literário foi caracterizado pela busca da construção de uma identidade
nacional, com a valorização dos elementos naturais do país. Apesar de ser um texto que traz grande
exaltação à pátria, o poema tem total ausência de adjetivos qualificativos. São os advérbios “lá, cá,
aqui” que nos localizam geograficamente no poema. Formalmente, o poema apresenta redondilhas
maiores (sete sílabas em cada verso) e rimas oxítonas (lá, cá, sabiá), menos na segunda estrofe.
Muitos autores parodiaram a “Canção do Exílio”. Têm destaque as versões dos escritores
modernistas Murilo Mendes, Oswald de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. A paródia é um
tipo de intertextualidade, geralmente de caráter crítico, humorístico e irônico, com intuito de recriar
um novo texto, com base num texto conhecido já existente. É possível haver intertextualidade entre
textos não verbais. Isso acontece quando uma imagem faz referência à outra.
O poema é composto por cinco estrofes, sendo três quartetos (quatro versos na estrofe) e dois
sextetos (seis versos na estrofe). Nele é possível perceber a admiração e o patriotismo que o autor
tinha em relação ao Brasil. Em um dos trechos do poema, Gonçalves deixou transparecer um pouco
da saudade que sentia do seu país de origem. O sentimento de retornar era tamanho que ele
escreveu: “Não permita Deus que eu morra / Sem que eu volte para lá”. Além disso, na composição
do Hino Nacional Brasileiro, realizada em 1822, foram usados dois versos do poema “Canção do
Exílio”. Este é o trecho do hino: “Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida, (no teu seio) mais
amores”.

Referências
1
● DIAS, Gonçalves. Canção do Exílio. Disponível em: https://cutt.ly/w8yeB3R. Acesso em: 24 fev.
2023.
● DIANA, Daniela. Canção do Exílio, de Gonçalves Dias.
● Toda Matéria. Disponível em: https://cutt.ly/23LktOE. Acesso em: 17 fev. 2023.
● SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo em Ação – Língua Portuguesa. São
Paulo, 2022.
● SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo Paulista do Ensino Médio. São Paulo,
2020.

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