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1. O RACIONALISMO.
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- Não é universalmente válido, porque apesar de através de várias experiências termos verificado que
é assim, nada nos garante que em experiências futuras não venhamos a encontrar situações em que
isto não se verifique.
O facto de, para os racionalistas, o verdadeiro conhecimento não resultar da experiência, mas sim da
razão, leva-os a afirmar a existência de ideias inatas, isto é, de verdades fundamentais que surgem na
mente humana independentemente da experiência.
2. O Empirismo
De acordo com a doutrina empirista, não existem ideias, conhecimentos ou princípios inatos. O
entendimento ou razão assemelha-se a uma página em branco onde antes de
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qualquer experiência nada se encontra escrito ( ou como uma tábua rasa sem quaisquer
caracteres, vazia de ideia alguma) Assim, o Empirismo diz-nos que o conhecimento provém
fundamentalmente da experiência sensível e a esta se reduz, não podendo elevar-se acima dos
dados experimentais - por isso se diz que o conhecimento é "a posteriori"
A filosofia de Descartes emerge num contexto filosófico marcado por um intenso debate entre o
saber tradicional, herdado da escolástica medieval e fundado no princípio de autoridade, e o
crescente ceticismo que pretendia pôr em causa a possibilidade de o homem chegar a um
conhecimento verdadeiro, afirmando que as crenças humanas nunca poderiam, relativamente à
sua verdade, ultrapassar o estado de dúvida. A estratégia de pensamento cartesiano passa por
uma análise dos fundamentos do saber tradicional utilizando a dúvida como instrumento para
chegar a uma primeira crença evidente e indubitável. Percebe-se que a dúvida cartesiana é, desse
modo, diferente da dúvida dos céticos. Para estes, a dúvida era o resultado final das suas
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investigações e especulações filosóficas. Para Descartes, a dúvida é um instrumento que uma
razão finita e subjetiva tem para chegar à verdade. Poder-se-á caracterizar a dúvida usada por
Descartes nos seguintes pontos:
Carácter hiperbólico da dúvida (dúvida hiperbólica). Na sua aplicação, a dúvida toma uma
natureza hiperbólica. Descartes decide avaliar os conhecimentos recebidos do saber
tradicional. Não vai avaliar todos esses conhecimentos, mas apenas os fundamentos desses
conhecimentos (as crenças fundadas nos sentidos; a crença na existência de um mundo
externo; a crença nas evidências do entendimento). A natureza hiperbólica do uso da dúvida
reside na decisão que o sujeito (Descartes, no caso) toma ao considerar como falso aquilo
que é meramente duvidoso. É preciso ter em consideração que a dúvida pode ser produzida
inclusive por situações imaginárias (como a do génio maligno). Qualquer que seja a origem
da dúvida, esta implica que se tome por falso o conhecimento que for atingido por ela.
A natureza provisória da dúvida (dúvida provisória). Como se sabe, a dúvida não é o fim a
alcançar, mas um instrumento metodológico para chegar à evidência. Como tal, ela não é
uma dúvida céptica que se manteria como resultado da actividade do conhecimento. Por
isso, a dúvida é provisória. Encontrando-se os fundamentos do conhecimento (o cogito e a
veracidade divina), e estando os conhecimentos devidamente ordenados, segundo as regras
do método, a dúvida é superada.
A dimensão universal da dúvida (dúvida universal). A dúvida não visa testar apenas
conhecimentos particulares, mas a universalidade dos conhecimentos. Como é impossível
testar todos os conhecimentos disponíveis na época, Descartes assegura a universalidade da
aplicação da dúvida, aplicando-a apenas aos fundamentos sobre os quais esses
conhecimentos estariam construídos (as crenças fundadas nos sentidos; a crença na
existência de um mundo externo; a crença nas evidência do entendimento). Parte do
pressuposto de que se os fundamentos do conhecimento são abalados pela dúvida, então
todo o edifício do saber construídos sobre esses fundamentos será atingido e posto em
dúvida. Por isso, a dúvida, ao nível do conhecimento (mas não ao nível religioso e moral) é
universal.
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O carácter radical da dúvida (dúvida radical). Como se salientou no ponto anterior, a dúvida
é aplicada aos fundamentos das diversas crenças que existiam (as crenças fundadas nos
sentidos; a crença na existência de um mundo externo; a crença nas evidência do
entendimento). Ao submeter esses fundamentos ao teste da dúvida, esta toma um carácter
radical, pois visa a raiz, os fundamentos, das diversas áreas do saber. Essa radicalidade da
dúvida é acentuada pela sua natureza hiperbólica. A radicalidade da dúvida leva ao
desmoronar dos fundamentos (alicerces ou raízes) do saber tradicional, libertando um
espaço para a emergência de um novo fundamento do saber (o cogito fundado, por sua vez,
na veracidade divina).
A dúvida assim caracterizada é diferente da dúvida dos céticos, que é definitiva, pois é o
resultado a que chegam na sua especulação, e sistemática, pois não usam a dúvida como método
mas como resultado final que dá sentido e organiza o sistema do seu pensamento.
A dúvida cartesiana é a expressão do homem moderno que descobre na sua subjetividade
(cogito garantido pela veracidade divina) o fundamento da verdade. Só a razão crítica (no caso de
Descartes, a crítica é assegurada pela dúvida) deve estabelecer quais os conhecimentos que são
verdadeiros, usando um método adequado. Qualquer conhecimento fundado num argumento de
autoridade deixa de ter legitimidade. Só são aceitáveis os conhecimentos que passam o teste da
dúvida que a razão, voluntariamente, construiu para os testar.
R: Sim. Descartes considera que a experiência, dados os erros dos sentidos, não pode ser fonte
credível de conhecimentos, melhor dizendo, as suas informações não podem constituir (dado que
muitas vezes são enganadoras) crenças básicas que possam conduzir a outros conhecimentos. O
saber constrói-se com base em ideias inatas e, desde que siga um método correto e Deus garanta
o normal funcionamento da nossa razão, podemos alcançar verdades objetivas sobre o mundo.
Esta rejeição dos sentidos é uma convição fundamental de Descartes e marca a sua orientação
claramente racionalista inspirada no modelo dedutivo das matemáticas. Partindo de um ceticismo
metódico, Descartes liberta a razão da dependência em relação à experiência e, tornando o seu
funcionamento dependente da garantia de Deus, conclui que podemos alcançar conhecimentos
objectivos acerca do mundo.
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2.Mostre que relação se estabelece entre exercício da dúvida e procura da verdade em
Descartes.
R: Descartes procura um conhecimento certo e seguro sobre o qual possa construir de forma
ordenada e correta um conjunto de conhecimentos a que se chama sistema do saber. Esse
conhecimento fundacional terá de ser indubitável, ou seja, de tal modo distinto e claro – evidente
– que dele não se possa duvidar. Será uma crença básica, um conhecimento verdadeiro que a si
mesmo se justifique pela sua clareza intrínseca. Como encontrar um tal conhecimento primeiro
e inabalável ?
Submetendo todos os conhecimentos que constituam crenças básicas do saber tradicional ao
exame da dúvida. Como vai ser aplicada a dúvida? Seguindo a regra do método que manda
considerar falso o que não for indubitável. Assim, a dúvida é metódica – segue uma regra do
método – e hiperbólica – o que parecer, por pouco que seja, duvidoso será considerado falso.
Esta forma de exercer a dúvida deve-se ao facto de Descartes visar separar absolutamente o
verdadeiro do falso. Entre verdadeiro e falso não há meio-termo. Verdadeiro é igual a
absolutamente verdadeiro – indubitável – e provavelmente verdadeiro é igual a falso. Se algum
conhecimento superar o teste da dúvida, será um conhecimento que não suscitará a mínima
dúvida.O primeiro conhecimento que superar a dúvida será a crença básica do sistema cartesiano
– o Cogito –, a verdade da qual dependerá a descoberta de outras verdades, mas que não se
deduz de nenhuma outra.
3. O que significa dizer que a dúvida é hiperbólica? Por que razão Descartes decide aplicar a
dúvida de forma hiperbólica?
R: A dúvida é hiperbólica porque, em termos gerais, se baseia no princípio metodológico de
que falso é igual a aparentemente duvidoso. O que parece duvidoso não é provavelmente
verdadeiro, mas sim falso. Entre verdade e falsidade não há meio-termo, ou seja, não há
compromisso possível.
Em termos mais específicos, a dúvida é hiperbólica porque ordena que:
1 – Se considere falso o que for minimamente duvidoso.
2 – Se considere sempre enganador o que algumas vezes engana.
Descartes decide aplicar a dúvida hiperbólica para ficar seguro de que, quando descobrir uma
crença que lhe resista, essa crença seja absolutamente verdadeira. A função da dúvida é separar o
verdadeiro do falso abrindo o caminho para uma verdade indubitável a partir da qual se
reconstruirá um sistema de conhecimentos verdadeiros e bem organizados.
R: No primeiro nível de aplicação da dúvida, o argumento dos erros perceptivos, Descartes põe
em causa as informações dos sentidos sobre as propriedades e qualidades dos objetos sensíveis
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que existem no mundo. No segundo nível de aplicação da dúvida, o argumento da
impossibilidade de encontrar um critério que nitidamente distinga sonho de realidade põe em
causa a própria existência do mundo físico. Em ambos os casos, mostra-se que não se pode
confiar na experiência sensível ou, pelo menos, que não podemos obter conhecimentos seguros
acerca da existência do mundo e das propriedades das coisas que nele existem se nos fiarmos
somente nos nossos sentidos. A palavra de ordem em relação aos sentidos é esta: não podemos
saber quando nos estão a enganar e por isso devemos deles desconfiar completamente. Vê-se
aqui que Descartes rejeita completamente uma conceção empirista do conhecimento.
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chega à primeira verdade fundamental: um sujeito que duvida de tudo, mas que não pode
duvidar de que existe. Essa existência é a condição sem a qual não se pode exercer o acto de
duvidar. A partir daqui, Descartes terá uma base firme – puramente racional – para descobrir
novas verdades sobre si e sobre a realidade em geral.
Definição de conhecimento (definição clássica) apresentada e analisada por Platão na sua obra
intitulada Teeteto.
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que aquele que a possui julgue deter o conhecimento. Como tal, a crença embora seja uma
condição necessária para o conhecimento, não é uma condição suficiente. Para haver
conhecimento é necessário não só que uma pessoa acredite em algo, como também que isso
seja verdadeiro. Sendo assim, para além da crença, a verdade é também uma condição necessária
do comhecimento.
Mas o conhecimento não se reduz à mera crença verdadeira. Suponhamos que alguém em
matéria futebolística possui uma crença verdadeira acerca de um resultado final de um jogo
disputado entre dois clubes que lhe são totalmente desconhecidos. Essa pessoa, embora acerte de
facto, no resultado final do encontro, não dispõe de qualquer justificação racional para acreditar
em tal desfecho. Para que a que a crença fique totalmente justificada é necessário esperar pelo
fim do desafio.
Ninguém possui conhecimento se não justificar cabalmente a sua crença. Por conseguinte, a
justificação é também uma condição necessária do conhecimento.
Segundo a análise de Platão o conhecimento proposicional define-se como sendo uma crença
verdadeira justificada. Isto significa que uma proposição do tipo “Eu sei que a Terra é um planeta”
para ser conhecimento exige três condições fundamentais.