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Ensaio filosófico – O conhecimento

O conhecimento é definido como uma relação estabelecida entre um sujeito


que conhece (cognoscente) e um objeto que é conhecido (cognoscido) e
designa tanto a atividade do espírito, o ato de conhecer ou a atividade
cognitiva, como o resultado dessa atividade. Conhecer, é assim, tornar
presente um objeto e formar uma representação dele. Apesar desta definição
ser estabelecida, sucederam-se várias questões, de entre as quais, onde reside
a origem do conhecimento? ou qual é a possibilidade do conhecimento?. Estas
questões provocaram uma divergência entre dois géneros de filósofos que
abordaram a problemática da origem do conhecimento: os empiristas e os
racionalistas e mais tarde por Kant, que apresentou uma nova proposta.

Os racionalistas, entre os quais se inclui René Descartes, pensam que, só


recorrendo à razão ou ao pensamento e ás ideias inatas, é que se pode obter
conhecimento verdadeiro, logicamente necessário e universalmente válido.
Deste modo, eles contradizem o argumento cético da regressão infinita, que
reconhece ser impossível justificar uma crença, pois afirmam que a razão, sem
o auxilio da experiencia, consegue garantir a aquisição e justificação do
conhecimento.
Como procede o espírito para construir um conhecimento verdadeiro?
Descartes instituiu a dúvida como um instrumento de trabalho na busca das
verdades indubitáveis sobre as quais seja possível fundar um conhecimento
seguro. Esta, por ser metódica, provisória, universal e hiperbólica, conseguiu
fazer surgir a primeira verdade indubitável, ou seja, o cogito (penso, logo
existo).
Qua o critério que permite identificar um conhecimento como verdadeiro e
quem o garante? Descartes procurou encontrar um critério que permitisse
identificar os fundamentos seguros para o conhecimento verdadeiro e foi a
partir da clareza e distinção das ideias que chegou a uma conclusão. Para este
as ideias de cada individuo podem ser adventícias ( que nos chegam a partir
dos sentidos), factícias ( as que são provenientes da imaginação) e inatas ( as
que possuímos á nascença). As ideias inatas são claras e distintas, porque já
nascemos com elas, sendo assim, não podemos duvidar da sua verdade. Deste
modo, Descartes definiu que todo o conhecimento para ser considerado
verdadeiro deve ser claro e distinto. Este critério é garantido por Deus, pois é
um ser perfeito e consequentemente incapaz de enganar.
Os racionalistas defendem que só a partir do cogito é que se pode construir
conhecimento absolutamente seguro. Deste modo, são criticados, por gerarem
uma confiança desmesurada no poder da razão, que conduz ao dogmatismo.

Por outro lado, os empiristas, entre os quais se inclui David Hume, pensam
que todo o conhecimento factual é a posteriori ou empírico.
Para estes, todo o conhecimento do mundo deriva da experiência e
todas as ideias têm uma base empírica; não existem ideias inatas e a
razão assemelha-se a uma "tábua rasa" onde, antes de qualquer experiência,
nada se encontra escrito.
De onde provém o conhecimento? Hume fala de perceções para se referir
aos conteúdos da nossa mente. De acordo com a sua perspetiva, as
impressões e as ideias são as duas únicas espécies de perceções. As
impressões são mais vívidas e intensas do que as ideias, são sentidas e
abrangem as nossas sensações externas bem como os nossos sentimentos
internos. As ideias são as perceções que constituem o nosso pensamento e são
menos vividas e intensas que as impressões.
Como procede o espirito ao raciocinar e construir o conhecimento? Para
Hume, o nosso raciocínio funciona por associação de ideias e existem leis que
dirigem essa combinação de ideias. A semelhança diz que se dois objeto se
assemelham, então a ideia de um conduz o pensamento do outro, a
contiguidade no espaço ou tempo, diz que se dois objetos são contíguos no
espaço ou tempo, a ideia de um leva á ideia de outro, a causa e efeito diz que a
causa traz-nos ao pensamento o efeito e que o efeito transporta o
pensamento para a causa.
O que nos leva a estabelecer uma relação de causa e efeito? Segundo Hume,
aquilo que é essencial na causalidade é a existência de uma conexão
necessária entre causa e efeito. Esta conexão entre dois objetos decorre do
hábito, que uma espécie de sentimento psicológico ou mental, que, como tal,
não existe na realidade e que é o guia da vida.
Os empiristas foram criticados por serem céticos, porque se todos os
conteúdos do conhecimento proveem da experiencia, o conhecimento
suprassensível torna-se impossível. E também por serem reducionistas ,
porque ao fazerem da experiencia a única fonte do conhecimento, o
empirismo cai no oposto, e substitui um extremo pelo outro.

Em relação á minha opinião, eu concordo mais com a teoria empirista, pelo


simples facto de que para obter conhecimento é essencial captar os dados
através dos sentidos e experienciar, pois é a melhor forma de aprender mais e
com maior facilidade, no entanto apenas não concordo com o facto de que
todo o conhecimento se reduz á experiencia, porque a razão também tem de
estar sempre presente para termos sentido crítico e raciocínio.

De maneira a tentar alcançar um consenso e ultrapassar a dicotomia, Kant


chegou á conclusão que ambas as teorias defendiam ideias fundamentais na
construção do conhecimento. Assim, defendeu que a sensibilidade, que recebe
as representações através dos sentidos e o entendimento, que conhece
através dos conceitos que produz espontaneamente, é que estavam na origem
do conhecimento.

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