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MANUAL PÁG.

15 à 20 - EPISTEMOLOGIA

1. A Possibilidade
(validade) do
conhecimento
Poderemos alguma vez ter
um conhecimento
verdadeiro, objetivo e
absoluto das coisas em geral, ou apenas um
conhecimento aproximado? Ou será que podemos
conhecer umas coisas e outras não? Ou será que o
conhecimento nem sequer é possível?
Perguntar pela possibilidade ou validade do
conhecimento equivale a perguntar se o sujeito
apreende efetivamente o objeto.

Dogmatismo:
Dogmatismo ingénuo ou realismo ingénuo

O dogmático não se apercebe de que o


conhecimento é, acima de tudo, uma relação entre o
sujeito e o objeto, partindo, por isso, do pressuposto de
que o sujeito apreende efetivamente o objeto.
Ao não se aperceber do carácter relacional do
conhecimento, o dogmático não coloca em dúvida a sua
possibilidade, acreditando que os objetos nos são dados
diretamente de um modo absoluto, tal como são em si
mesmos.
Podemos conhecer tudo porque nem se coloca a
hipótese de não conhecer.
É possível conhecer e nós conhecemos.

Dogmatismo racionalista
O dogmatismo racionalista ou otimista racionalista:
acredita que é possível conhecer, mas antes disso temos
de analisar criticamente usando a razão.
A razão consegue conhecer a realidade de uma
forma absoluta, universal e necessária.
No dogmatismo ingénuo não há espírito crítico,
submetemo-nos a uma autoridade que o diz, ou a
princípios que achamos verdadeiros.
O dogmatismo ingénuo não ocorre propriamente
na filosofia, uma vez que todo o filósofo procede a um
exame crítico daquilo que lhe é fornecido pelos sentidos.
O filósofo é aquele que, depositando confiança na
razão, considera que é possível chegar à certeza e à
verdade, entendendo-se aqui o conceito de certeza
como sendo a consciência de que se possui a verdade,
associada a uma adesão sem reservas a isso que se julga
ser verdadeiro. (Descartes, Leibniz, Espinosa e Platão)

Ceticismo (Manual pág. 16 à 19)


O ceticismo afirma que não é possível ao sujeito
apreender, de um modo efetivo e rigoroso, o objeto.
Ninguém possui a verdade absoluta.
Ceticismo radical ou pirrónico: é impossível ao
sujeito apreender o objeto, não havendo, por
conseguinte, qualquer conhecimento verdadeiro. O
ceticismo radical ou absoluto anula-se a si próprio.
Afirma que o conhecimento é impossível. Mas com isto
exprime um conhecimento. Considera o conhecimento
como possível de facto e, no entanto, afirma
simultaneamente que é impossível.
Argumentos céticos:
. Argumento da regressão infinita da justificação
(pág.17)
. Argumento dos enganos sensoriais

Ceticismo mitigado ou moderado: não estabelece a


impossibilidade do conhecimento, mas sim a
impossibilidade de um saber rigoroso.
Não podemos afirmar se este ou aquele juízo é ou
não verdadeiro, apenas podemos dizer se é ou não
provável.
Não há verdade nem certeza, apenas probabilidade.
Não podemos nunca ter a pretensão de que os nossos
juízos sejam verdadeiros, mas apenas de que sejam
prováveis.
Este ceticismo tem duas contradições: a anunciada
para o ceticismo absoluto e o conceito de probabilidade
pressupõem o de verdade; provável é aquilo que se
aproxima do verdadeiro, quem renuncia ao conceito de
verdade tem, pois, de abandonar também o de
probabilidade.

Ceticismo metafísico: destaca a impossibilidade de


conhecermos aquilo que ultrapassa a nossa experiência
sensível. Deus, a alma e todo o mundo espiritual não são
realidades acessíveis ao conhecimento humano.
Devemos limitar à experiência. (David Hume)
Distinção entre ceticismo metódico e sistemático
O ceticismo adquire um papel importante no nosso
desenvolvimento intelectual e até espiritual. É quando
se começa por adotar uma postura cética perante
determinado problema que se procede com maior
prudência na resolução de tal problema.
Quando faz parte do espírito crítico e autónomo, o
ceticismo adquire um carácter metódico. É um meio
para alcançar a verdade. Com a dúvida liberta-se a
razão, para se poder alcançar o verdadeiro
conhecimento.
Este ceticismo metódico opõe-se ao ceticismo
sistemático, que se fica pela dúvida como princípio
definitivo.

2. Origem do conhecimento

a) Racionalismo – o racionalismo considera a razão a


fonte principal do conhecimento, a fonte do
conhecimento verdadeiro.
Só através da razão é que se pode encontrar um
conhecimento seguro, o qual é totalmente
independente da experiência sensível.
Tal conhecimento só existe quando é logicamente
necessário e universalmente válido.
Exemplo: matemática. Isto não significa que os
racionalistas neguem a existência do conhecimento
empírico. Esse conhecimento existe, mas não pode
ser considerado verdadeiro.
Portanto:
O Racionalismo defende que a razão é a fonte do
conhecimento humano, ou seja, que o pensamento
funciona de modo independente relativamente à
experiência.
■ Como tal, podem ser comparados com as aranhas, que
extraem de si mesmas o que lhes serve para construir a
teia.
■ Os racionalistas geralmente não negam que exista
conhecimento empírico, mas pensam que, recorrendo
unicamente à razão ou ao pensamento, podemos obter
conhecimento factual genuíno. Supõem frequentemente
que o conhecimento a priori, por oposição ao
conhecimento empírico (a posteriori), assenta em
justificações certas ou infalíveis.
O Racionalismo valoriza, sobretudo a razão, que
organiza, unifica e dá sentido aos dados recebidos
espontaneamente da consciência.
O Racionalismo, não encontrando na experiência,
singular e concreta, explicação para o caráter geral e
abstrato do conhecimento, afirma que a razão recebe
certas ideias gerais que lhe servem para conhecer a
realidade, ou cria certos dados chamados apriorísticos,
com os quais organiza e interpreta a experiência - por
isso se diz que o conhecimento é "a priori".

A razão é a origem do conhecimento verdadeiro; as


ideias fundamentais do conhecimento são inatas; o
sujeito impõe-se ao objeto através das noções que
traz em si. (Descartes)

b) Empirismo – teoria segundo a qual todo o nosso


conhecimento provém da experiência.
O empirismo considera que o conhecimento parte dos
dados dos sentidos e que a razão humana não tem
capacidade para o construir sozinha, atribuindo à
experiência sensível um papel fundamental e
determinante no processo de formação do
conhecimento, uma vez que as ideias que temos das
coisas partem inevitavelmente da experiência. No
entanto, ao reconhecer a falibilidade da informação
sensorial, não atribui ao conhecimento o valor de
verdade absoluta e de certeza que o racionalismo lhe
concede, inclinando-se para posições mais ou menos
céticas relativamente à possibilidade de conhecer. O
ceticismo coloca em dúvida a possibilidade de o ser
humano atingir conhecimentos absolutamente certos
e evidentes.
No empirismo não existem ideias, conhecimentos
ou princípios inatos.
O entendimento assemelha-se a uma página em
branco onde, antes de qualquer experiência, nada
se encontra escrito. Nega a existência de
conhecimentos inatos, afirmando que todo o
conhecimento humano deriva da experiência.
– A experiência é a origem de todo o nosso
conhecimento; todas as ideias têm uma base
empírica, até as mais complexas, não existindo
ideias inatas; o objeto impõe-se ao sujeito.
David Hume, John Locke

David Hume (empirista/ceticismo mitigado)

KANT (apriorismo)

Kant vai no sentido de tentar conciliar as correntes


filosóficas do empirismo e do racionalismo.
Com os empiristas Kant defende que sem
experiência não pode existir conhecimento. Mas
com os racionalistas concorda que a razão é
determinante no processo do conhecimento.

3. Natureza do conhecimento
Realismo ingénuo – As coisas são, segundo eles
exatamente tais como as percebemos. O conhecimento
atinge a realidade objetiva.

Realismo Crítico – Admite que o conhecimento


atinge o real, conhecer é conhecer uma realidade
objetiva. Mas afirma que as coisas não têm todas as
propriedades que nelas percebemos. O realismo crítico
apercebe-se que existe uma diferença entre perceção e
objeto percebido.

Idealismo - afirma que a realidade, ou a realidade


como os humanos podem conhecê-la, é
fundamentalmente mental (mentalmente construída) .

Epistemologicamente ou gnosiologicamente, o
idealismo manifesta-se como um ceticismo quanto à
possibilidade de conhecer qualquer coisa independente
da mente.

O idealismo afirma a primazia da consciência em


relação ao objeto.

De acordo com essa visão, a consciência


existe antes e é a pré-condição da existência material. A
consciência cria e determina o material e não vice-versa.

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