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Teorias explicativas do

conhecimento
CONHECIMENTO COMO PROBLEMA CENTRAL DA FILOSOFIA

Descrição Interpretação

Perspectiva
Perspectiva
Fenomenológica
Gnoseológica

Quais os problemas com que


Processo de Produto de a gnoseologia se depara?
apreensão apreensão

1. Conhecemos realmente as coisas ou só


O que é Representação as suas representações?
conhecer? ou imagem
A. Realismo Natureza do
B. Idealismo Conhecimento

2. Conhecemos com os sentidos, com a


Razão ou com ambas?
Relação Sujeito/Objecto como o
momento chave para surgir o
A. Empirismo Origem
conhecimento
B. Racionalismo ou fonte do
C. Apriorismo conhecimento

3. Será que podemos conhecer


verdadeiramente alguma coisa?

A. Dogmatismo Possibilidade,
B. Cepticismo valor e limite do
C. Criticismo Conhecimento

2
Natureza ou essência do
conhecimento
 O problema da natureza do conhecimento procura
responder à questão:
 O que é conhecer?
 Conhecer é apreender intelectualmente as coisas em si
ou
 Nunca saberemos o que as coisas são e apenas
podemos conhecer as representações /imagens das
coisas?
 Para responder a estas questões existem 2 teorias
explicativas: o realismo e o idealismo
Natureza ou essência do
conhecimento - Realismo
 A tese de partida é a seguinte:
 Aquilo que o sujeito conhece é a própria realidade
 As ideias que possuímos a respeito da realidade coincide com
os objectos existentes na realidade
 2 tipos de realismo:
 1. Ingénuo – atitude natural do homem que acredita que as
coisas são como as conhecemos. Há uma relação de
identidade
Ideia = objecto
 2. Critico – admite o conhecimento da própria realidade mas
a relação entre as coisas e as ideias é uma relação de
correspondência e não de identidade

Ideia Objecto
Natureza ou essência do
conhecimento - Idealismo
 A tese de partida é a seguinte:
 Os objectos não são independentes do Sujeito, isto é, o objecto é
uma realidade interior, imanente. A consciência é uma espécie
de palco onde as coisas se mostram sob a forma de representações
ou ideias.

 O conhecimento para eles consiste na relação entre o sujeito e


as representações ou ideias dos objectos e que se manifestam
na mente
 As representações são construções do Sujeito. O Sujeito é
determinante no conhecimento
 O Objecto só existe para nós enquanto pensado.
Possibilidade, valor e limites do
conhecimento
 O problema é o de saber se ao homem é possível
conhecer alguma coisa com verdade.

 Qual o valor do conhecimento humano?


 Poderá o homem conhecer toda a realidade?
 Quais são limites do conhecimento?:
 Para responder a estas questões existem 2 teorias
explicativas antagónicas:
 o dogmatismo e o cepticismo
Possibilidade, valor e limites do conhecimento

Possibilidade do conhecimento

Será que o sujeito apreende efetivamente o objeto?


Será que o conhecimento é possível?

SIM NÃO

DOGMATISMO CEPTICISMO
Possibilidade, valor e limites do
conhecimento - Dogmatismo
 Parte dos seguintes pressupostos:
1. A realidade existe.
2. O homem pode conhecer toda a realidade.
3. Não há limite para a capacidade cognoscitiva do sujeito.

 Em grego significa “que se funda em princípios” ou “ é


relativo a princípios”. O Dogmatismo corresponde à
atitude de todo aquele que crê que o Homem tem meios
para atingir a verdade.
 Para o Dogmatismo o sujeito apreende efectivamente o
objecto.
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
DOGMATISMO

QUATRO ACEPÇÕES DO TERMO

Posição própria Confiança de Submissão, sem Exercício da razão,


do realismo que a razão exame pessoal, em domínios
ingénuo – pode atingir a a certos metafísicos, sem
ausência de certeza e a princípios ou à uma crítica prévia
exame crítico verdade. autoridade de da sua capacidade.
das aparências. que provêm.

É o dogmatismo Expressando uma


ingénuo. Não O conhecimento ausência de Opõe-se ao
coloca o problema é possível. Esta espírito crítico, o criticismo
do conhecimento. perspectiva termo adquire (Kant).
Não ocorre opõe-se ao aqui um sentido
propriamente na cepticismo. pejorativo.
filosofia.
Possibilidade, valor e limites do
conhecimento - Cepticismo
Segundo o cepticismo, o sujeito não pode apreender o objecto. O conhecimento, no sentido de uma
apreensão real do objecto, é impossível para ele. Portanto, não devemos formular qualquer juízo, mas
sim abster-nos totalmente de julgar.
Enquanto que o dogmatismo desconhece de certo modo o sujeito, o cepticismo não vê o objecto
(…) A sua atenção dirige-se inteiramente aos factores subjectivos do conhecimento humano. Observa
a forma como todo o conhecimento sofre a influência da índole do sujeito e dos seus órgãos do
conhecimento assim como das circunstâncias exteriores. Desta forma escapa à sua vista o objecto,
que é, sem dúvida, necessário para que tenha lugar o conhecimento, pois este representa uma relação
entre um sujeito e um objecto. (...)
O cepticismo encontra-se, principalmente, na antiguidade. O seu fundador é Pirro de Eleia e,
segundo ele, não se consegue chegar a um contacto do sujeito com o objecto. À consciência
cognoscente é impossível apreender o seu objecto. Não há conhecimento. (...) Como não existem
conhecimento nem juízo verdadeiros, Pirro recomenda a abstenção de todo o juízo. (…)
É evidente que o cepticismo radical ou absoluto se anula a si próprio. Afirma que o conhecimento é
impossível. Mas com isto exprime um conhecimento. O Cepticismo cai em contradição consigo próprio.
O céptico poderia formular o juízo: «o conhecimento é impossível» por duvidoso, dizendo, por
exemplo: «não há conhecimento e mesmo isto é duvidoso» Mas também da mesma forma exprimia
um conhecimento: o de que é duvidoso que haja conhecimento. (…)
O céptico não pode levar a cabo qualquer acto do pensamento. Logo que o faça, supõe a
possibilidade do conhecimento e, portanto, envolve-se nessa contradição consigo próprio.

 J. Hessen, Teoria do conhecimento, Arménio Amado Editora, 1987, pp. 42 e 43


Possibilidade, valor e limites do
conhecimento - Cepticismo
Os cépticos sustentam a tese de que é impossível atingir
qualquer certeza e por isso não se pode afirmar nenhum
conhecimento como infalivelmente verdadeiro:

Nunca podemos ter a certeza pois existe sempre razões para


duvidarmos, mesmo daquilo que parece evidente.

PIRRO foi o principal filósofo céptico da Grécia Antiga.


Afirmou que nós não nos devemos pronunciar acerca das
coisas, ou seja, nós devemos “suspender o juízo”. Daí a
atitude de ataraxia. – Tranquilidade absoluta do espírito
correlativa da indiferença perante as coisas
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
CEPTICISMO

Não é possível ao sujeito apreender, de um


modo efectivo ou então de um modo
rigoroso, o objecto.
Cepticismo Cepticismo
absoluto mitigado
Pode haver apenas um ou radical ou moderado
cepticismo localizado,
que incide sobre um
conhecimento
determinado: por
exemplo, o
conhecimento
metafísico –
cepticismo metafísico. Pirro de Élis Arcesilau
(c. 365-275 a. C.) (c. 315-241 a. C.)
Sexto Empírico Carnéades
(séculos II-III d. C) (c. 213- c. 128 a. C.)
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
CEPTICISMO RADICAL Estado de
neutralidade em
- É impossível ao sujeito apreender o objeto. que nada se afirma
- O conhecimento não é possível. e nada se nega.
- Nega-se que haja justificações suficientes
para as nossas crenças.
Conduz à ataraxia
ou ausência de
Argumentos para a suspensão do juízo perturbação.

A existência, O facto de os A existência O facto de nada se


relativamente objetos, pelas de opiniões compreender por si
ao mesmo diversas divergentes a e o facto de nada
objeto, de formas como respeito dos poder ser
sensações e se nos mais variados verdadeiramente
perceções apresentam, assuntos compreendido com
diferentes, e desencadeare base noutra coisa:
até m ilusões e regressão infinita
incompatíveis. aparências (os da justificação.
sentidos
enganam-nos).
CONTRADIÇÃO: exprime o conhecimento de que o conhecimento não é possível.
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
CEPTICISMO MITIGADO

Não estabelece a impossibilidade do


conhecimento, mas sim a
impossibilidade de um saber rigoroso.

Não podemos afirmar se este ou aquele juízo é ou não


verdadeiro, se corresponde ou não à realidade, apenas
podemos dizer se é ou não provável ou verosímil.

CONTRADIÇÃO: o conceito de «probabilidade»


pressupõe o de «verdade».
Possibilidade, valor e limites do conhecimento
CEPTICISMO

Importante no nosso desenvolvimento intelectual.

Inconformismo perante as soluções


apresentadas e busca de novas soluções.

Cepticismo Cepticismo
metódico sistemático

É um meio para Adopta a dúvida como


alcançar a verdade. um princípio definitivo
ORIGEM DO CONHECIMENTO

RACIONALISMO EMPIRISMO
(Racionalismo do (Empirismo inglês do
século XVII) século XVIII)

Será que todo o nosso


Filósofos: conhecimento provém
Filósofos:
René Descartes da experiência?
(1596-1650) John Locke
Ou será que provém
(1632-1704)
Gottfried Leibniz também da razão?
(1646-1716) George Berkeley
Ou procederá de ambas
(1685-1753)
Bento de Espinosa estas fontes, mas tem
(1632-1677) maior importância David Hume
(1711-1776)
Nicolas quando provém de uma
Malebranche do que de outra?
(1638-1715)
RACIONALISMO

A razão (entendimento) é
a fonte principal do
conhecimento.

Optimismo Desconfiança
A razão é fonte de um
racionalista: conhecimento totalmente dos sentidos:
Há uma independente da Eles são fonte de
correspondência experiência sensível – crenças confusas e,
entre pensamento e necessário e universal. A muitas vezes,
realidade. Toda a matemática constitui o incertas.
realidade pode ser modelo do conhecimento.
conhecida

O sujeito impõe-se ao objecto.


EMPIRISMO

A experiência é a fonte
principal do conhecimento.

Rejeição do Todas as ideias têm uma Significado da


inatismo: base empírica, até as experiência:
Não existem ideias mais complexas. O É nela que o
inatas. O conhecimento do conhecimento tem o
entendimento mundo obtém-se seu fundamento e os
assemelha-se a através de impressões seus limites
uma página em sensoriais.
branco

O objecto impõe-se ao sujeito.


Platão - Alegoria da caverna
Análise da Alegoria da Caverna
Análise dos elementos
•O que é a caverna?
• O mundo de aparências em que vivemos.
•Que são as sombras projetadas no fundo?
• As coisas que percebemos.
•Que são os grilhões e as correntes?
•Os nossos preconceitos e opiniões, a nossa crença de que o que
vamos percebendo é a realidade.
•Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna?
•O filósofo.
•O que é a luz do Sol?
•A luz da verdade.
•O que é o mundo iluminado pelo sol da verdade?
• A realidade.
•Qual o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e com o
qual ele deseja libertar os outros prisioneiros?
• A filosofia.
Análise da Alegoria da Caverna

Interpretação da metáfora

A metáfora de Platão define a realidade como sendo composta


de dois domínios, os quais são o domínio das coisas sensíveis
e o domínio das ideias. Para ele a maioria da humanidade vive
na infeliz condição da ignorância, ou seja, vive no mundo
ilusório das coisas sensíveis, as quais são mutáveis, não são
universais e nem necessárias e, por isso, não são objetos de
conhecimento.

Este mundo das ideias, percebido pela razão, está acima do


sensível (dominado pela subjetividade) que só existe na
medida em que participa do primeiro, sendo apenas sombra
dele.
O filósofo e as etapas da libertação

O filósofo é aquele que, através de um processo dialético, se


liberta das correntes, saindo assim da ignorância para a opinião
e, depois, para o conhecimento. Estabelece portanto, etapas
bem definidas e dolorosas.
A primeira etapa é chegar à opinião (doxa), ilustrada pela
subida do fundo da caverna até às imagens exteriores, tentando
superar a inércia da ignorância (agnosis). O sujeito é ofuscado
pela luz da fogueira sendo esta (a luz) a representação da
verdade a qual lhe causa dor aos olhos que representam o órgão
do conhecimento. Neste primeiro instante, ele não consegue
distinguir muito bem o que está a ver mas com persistência e
olhar investigativo contempla as formas bem definidas dos
objetos que geram as sombras do fundo da caverna. Então ele
atinge o conhecimento (episteme).
O filósofo e as etapas da libertação

Mas a investigação não acaba por aí. A busca pelas ideias gerais,
unas e imutáveis é ilustrada pela saída até à luz do Sol que
simboliza o bem (alegoria do Sol) que está no topo da
hierarquia das idéias universais das quais também fazem parte o
belo e a justiça.
Estas etapas são representadas também por outra metáfora em
que o sujeito olha primeiro para a sombra dos objetos, depois
para a imagem deles refletida na água e, por último, para os
próprios. Note-se a passagem da ignorância para a
opinião e depois para o conhecimento. Então ele passa a
ser capaz de contemplar o que há no céu e o próprio céu à noite
representando a contemplação das idéias imutáveis.
Finalmente ele torna-se apto a olhar para o Sol e o seu brilho de
dia ilustrando o descobrimento da ideia do bem.
Platão - Alegoria da caverna
Origem do conhecimento
 Forma mais antiga de racionalismo – Platão (Racionalismo
transcendente)
 Admite a existência de 2 mundos:
 MUNDO SENSÍVEL (Interior da caverna)
 Mundo visível da percepção quotidiana, o qual só temos
acesso através dos sentidos;
 Está em constante transformação. É o mundo das coisas
perecíveis e mutáveis;
 Mundo das aparências e os objectos corpóreos, que nos
cercam são sombras/cópias imperfeitas das ideias;
 Neste mundo o conhecimento é ilusório (Doxa- opinião).
É este conhecimento aparente e enganador que é
característico da retórica sofística
Origem do conhecimento
 MUNDO INTELÍGIVEL (exterior da caverna)
 Mundo real das coisas, tais como elas são em si mesmas;
 É constituído por entidades perene, imutáveis, eternas;
 É o mundo da verdadeira realidade. É o Mundo das Ideias
/Arquétipos, só captável através do pensamento/razão;
 Conhecimento verdadeiro (Epistéme/Saber). Só ela possui
a dignidade de verdadeiro conhecimento e permite aceder à
verdade objectiva e absoluta.

 O conhecimento consiste na recordação desta Ideias que nós


previamente já contemplámos.
Origem do conhecimento
 Para Platão o mundo da experiência está em constante
mutação e, como tal, não pode ser considerado
verdadeiro. Não podemos confiar nos dados oriundos dos
sentidos.

 Os conteúdos da nossa consciência só podem vir de um


mundo imutável, transcendente, onde se encontram as
Ideias, que são a verdadeira realidade.

 A ascensão do prisioneiro que se liberta e empreende a


subida rude e íngreme é como o filósofo que se liberta do
falso conhecimento e conhece a diferença entre o falso e o
verdadeiro conhecimento.

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