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O CONHECIMENTO

Quando estudamos o nascimento em que lhe possibilita fugir da


da filosofia na Grécia, vimos que os submissão à natureza. A ação dos
primeiros filósofos dedica- animais na natureza é
vam-se a um conjunto de biologicamente determi-
indagações principais: nada, por mais sofistica-
―porque e como as coisas das que possam ser,
existem, ―O que é mun- por exemplo, a casa do
do. Essas indagações co- joão-de-barro ou a orga-
locavam no centro a per- nização de uma col-
gunta: ―o que são as coi- meia, isso leva em con-
sas. De fato desde seus ta apenas a sobrevivên-
primórdios, a Filosofia se cia da espécie.
ocupou do problema do co- Confiantes de que so-
nhecimento. Os primeiros Os gregos se perguntavam mos seres capazes de
filósofos na Grécia que como era possível o erro, a conhecer o universo e
falsidade e a ilusão, já que
questionaram sobre o mun- não era possível falar sobre sua estrutura, os gregos
do (cosmos), sobre o ho- o Não Ser e sim somente se perguntavam como
mem, a natureza e etc., ten- sobre o Ser. era possível o erro, a
taram encontrar a verdade falsidade e a ilusão, já que não
em um prin- era possível falar sobre o Não Ser
cípio único e sim somente sobre o Ser. Foi
(arché) que preciso, pois, estabelecer a dife-
abarcasse renciação entre o mero opinar e o
toda a reali- conhecer verdadeiro, entre o que
dade, isto é, percebemos pelos sentidos e
sobre o Ser. aquilo que compreendemos pelo
Conhecimen- pensamento, raciocínio ou refle-
to é o ato ou xão, estabelecendo, assim, graus
efeito de co- de conhecimento e até mesmo
nhecer, é ter uma hierarquia entre eles. Isso
ideia ou a porque o conhecimento não era
Arvore do conhecimento, o motivo que levou o ho-
mem a ser expulso do paraíso. noção de entendido como a mera apreen-
alguma coi-
sa. É o saber, a instrução e a informa-
ção.
Conhecer é incorporar um conceito
novo, ou original, sobre um fato ou fe-
nômeno qualquer. O conhecimento
não nasce do vazio e sim das experiên-
cias que acumulamos em nossa vida.
O Conhecimento faz do ser humano
um ser diverso dos demais, na medida
são particular de objetos (pois isso seria O conhecimento humano tem
conhecimento de algo), mas pretendido dois elementos básicos: um sujeito
como o modo universal de apreensão e um objeto. O sujeito é o homem, o
(não o conhecimento de várias coisas, ser racional que quer conhecer
mas o que é realmente o conhecer). (sujeito cognoscente). O objeto é a
O conhecimento realidade (as coisas, os fatos, os
leva o homem a fenômenos, os processos) com que
apropriar-se da coexistimos. o homem só se torna
realidade e, ao sujeito do conhecimento quando
mesmo tempo a está diante do objeto a ser conheci-
penetrar nela, do. A realidade só se torna objeto do
essa posse con- conhecimento perante um sujeito
fere-nos a gran- que queira conhecê-la. Portanto só
de vantagem de haverá conhecimento se o sujeito
nos tornar mais conseguir apreender o objeto, isto é,
aptos para a ação consciente. A ignorân- conseguir representá-lo mentalmen-
cia dificulta as possibilidades de avanço te.
para melhor, mantém-nos prisioneiros
das circunstâncias. O co-
nhecimento tem o poder
de transformar a opacida-
de da realidade em cami-
nho iluminada, de tal for-
ma que nos permite agir
com certeza, segurança e
precisão, com menos ris-
cos e menos perigos.

LEITURA COMPLEMENTAR
O QUE É O CONHECIMENTO FILOSÓFICO?

O conhecimento filosófico é um conhecimento que tem a interrogação como base.


Esse conhecimento usa o questionamento e o pensamento como base, ele é um
conhecimento do dia a dia, mas ao contrário do conhe-
cimento vulgar ou empírico, o conhecimento filosófico
se preocupa em questionar o relacionamento do indiví-
duo com o meio em que está inserido.
Esse conhecimento é racional e não se baseia em expe-
rimentações, que é o caso do conhecimento científico. O
conhecimento filosófico não se preocupa em verificar se
as conclusões tiradas são válidas cientificamente. Esse
conhecimento está em busca de conclusões sobre a vi-
da, o universo ultrapassando o limite imposto pela ciên-
cia.
O objeto de análise do conhecimento filosófico são as
O conhecimento filosófico é
ideias, elas são raciocinadas e dessa maneira os filóso-
um conhecimento que tem a fos buscam a verdade. A proposta do conhecimento filo-
interrogação como base. sófico é fornecer ideias e conteúdos que transformem a
realidade. Esse conhecimento questiona o homem e as
coisas da vida. É um conhecimento racional, sistemático, geral e crítico.
ATIVIDADES – CONHECIMENTO

1) Explique o que conhecimento filosófico

2) Quais eram os questionamentos dos primeiros filósofos?

3) O que é arché?

4) Segundo o texto o que diferencia conhecimento e ignorância?

5) Por que o conhecimento diferencia o ser humano dos outros animais?

6) A partir dos textos e vídeos apresentados, julgue os itens a seguir com C para certo e E para errado:

( E ) Tanto o ser humano quanto os outros animais possuem a mesma capacidade de produzir conhecimento.

( C ) A experimentação é uma das etapas do método científico.

( E ) O senso comum difere do conhecimento científico pelo fato de que a análise do senso comum possui um método
específico que pode ser reproduzido em situações diversas.

( E ) O conhecimento científico não pode estar associado com uma crença, pois esta diz respeito à religiosidade.

7) (Enem)

TEXTO I

Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem
já nos enganou uma vez.
René Descartes. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
TEXTO II

Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado,
precisamos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer
impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.
Adaptado de David Hume. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004.
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos
permite assumir que Descartes e Hume:

a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.


b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

8) (Enem 2021) No semiárido brasileiro, o sertanejo desenvolveu uma acuidade detalhada para a
observação dos fenômenos, ao longo dos tempos, presenciados na natureza, em especial para a previsão
do tempo e do clima, utilizando como referência a posição dos astros, constelação e nuvens. Conforme
os sertanejos, a estação vai ser chuvosa quando a primeira lua cheia de janeiro “sair vermelha, por detrás
de uma barra de nuvens”, mas “se surgir prateada, é sinal de seca”.
MAIA, D.; MAIA, A. C. A utilização dos ditos populares e da observação do tempo para a climatologia
escolar no ensino fundamental I1. GeoTextos, n. 1, jul. 2010 (adaptado).

O texto expõe a produção de um conhecimento que se constitui pela:

A. Técnica cientifica.
B. Experiência perceptiva.
C. Negação das tradições.
D. Padronização das culturas.
E. Uniformização das informações.
9) (Albert Einstein) Leia o trecho inicial do ensaio “Saber para quê?”, do neurocientista Sidarta Ribeiro,
para responder à questão.

Vem da Antiguidade a metáfora de que o conhecimento se acumula como o volume de uma esfera em
expansão. Por meio da observação e da experimentação ampliamos nosso saber sobre o universo. A
superfície da esfera representa os pontos de contato com o desconhecido. À medida em que ela se
expande, surgem as novas perguntas que vamos formulando. Por essa razão, o incógnito — aquilo que
sabemos que ignoramos — cresce junto com o conhecimento. Lá fora, além da superfície da esfera, jaz
o insabido verdadeiro: todas as coisas que nem sabemos que não sabemos. Mas saber para quê?
Parafraseando o dito popular, pouca ciência com sabedoria é muito, muita ciência sem sabedoria é nada.

(Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.)

De acordo com o autor, o verdadeiro insabido seria

A. O conhecimento de nossa própria ignorância.


B. A ignorância de nossa própria essência.
C. A ignorância daquilo que não sabemos.
D. O desprezo pela sabedoria resultante da ciência.
E. O desprezo por aquilo que não sabemos.

10) (Enem/2012)

TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e
que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo
que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais
condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e
quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do
mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as
especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro
elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão impressão
de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.”
GILSON, E.: BOEHNER, P. Historia da Filosofia Crista. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir
de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo
medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que

a) eram baseadas nas ciências da natureza.


b) refutavam as teorias de filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

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