Você está na página 1de 40

1

ENSINO MÉDIO

PROF. Me.: 2º ANO


HÉLIO DE ARAÚJO CARNEIRO AULA 1.1
2

Prof. Me.
HÉLIO DE ARAÚJO CARNEIRO

• Mestre em Filosofia
• Especialista em Educação
Profissional e Tecnológica
• Especialista em Gestão
Escolar
• Graduado em Filosofia
• Bacharel em Serviço Social
3

Objetos de Conhecimento do Componente


Curricular de Filosofia - 2º ano – Ensino Médio
UNIDADE I
φ O Conhecimento e a verdade
φ A possibilidade do conhecimento: Dogmatismo e
Ceticismo
φ A possibilidade do conhecimento: Criticismo e
Pragmatismo
φ A origem do conhecimento: o Racionalismo
φ A origem do conhecimento: o Empirismo
4

φ Ciência, tecnologia e valores


φ Ciência antiga
φ Ciência medieval
φ Idade Moderna: a Revolução Científica
φ Idade Moderna: o método das Ciências
Naturais
5

O CONHECIMENTO
E A VERDADE
φ Gnoseologia;
AULA φ O ato de conhecer: a relação
1.1 entre sujeito-objeto;

φ Modos de conhecer: a
intuição e o conhecimento
discursivo;

φ A verdade.
6
EA

Imagem do Freepik (com adaptações)


7

GNOSIOLOGIA
É o campo de estudos filosóficos que se dedica à questão do
conhecimento. Essa área também é conhecida como teoria do
conhecimento, epistemologia ou crítica do conhecimento.
COTRIM, 2016, p. 192 - adaptado

Conhecimento é uma palavra que tem vários


significados, mas é possível sintetizá-los em dois:

❑ Em um sentido amplo e geral (que se diz, em


filosofia, lato sensu), conhecimento é a
percepção ou consciência que se tem de algo.
COTRIM, 2016, p. 84 - adaptado
8

φ Em sentido mais específico e restrito (que se diz, em


filosofia, stricto sensu), conhecimento significa
consciência do que algo realmente é (ou seja, da
verdade), por oposição ao conhecimento ilusório ou
enganoso.

É a episteme dos gregos. As diversas áreas da


ciência buscam esse tipo de saber (aliás, o
termo ciência, em sua raiz epistemológica
latina, significa “conhecimento”).
COTRIM, 2016, p. 84 - adaptado
9

Desde a Antiguidade grega, grande parte dos


pensadores voltou-se para o problema do
conhecimento e das questões que o
envolvem, dando origem a diversas
gnosiologias.

Imagem do Freepik (adaptada)

Apesar dessa diversidade, podemos dizer que as


questões que concentraram a atenção desses teóricos
foram principalmente as seguintes:
COTRIM, 2016, p. 192 - adaptado
10

φ Relação sujeito-objeto – como é a atividade do sujeito do


conhecimento em relação ao objeto conhecido;
φ Fontes primeiras – qual é a origem ou o ponto de partida do
conhecimento;
φ Processo – como os dados se transformam em ideias, em
juízos etc.;
φ Possibilidades – o que podemos conhecer
φ de forma verdadeira.

Cada teoria do conhecimento constitui uma reflexão


filosófica que procura investigar as origens ou os
fundamentos, as possibilidades, a expressão e o
valor do conhecimento.
COTRIM, 2016, p. 192 - adaptado
11

Relação sujeito-objeto

De acordo com a visão tradicional e


representacionista do conhecimento,
há basicamente dois polos no
processo de conhecer:

https://pixabay.com/pt/illustrations/um-livro-treinamento-saber-escola-7010438/

φ O sujeito conhecedor (nossa consciência,


nossa mente);
φ O objeto conhecido (a realidade, o mundo, os
inúmeros fenômenos). COTRIM, 2016, p. 192 - adaptado
12

O HOMEM pode ser objeto de conhecimento de si mesmo?

O homem só se torna objeto


do conhecimento perante um
sujeito que queira conhecê-lo:

https://pixabay.com/pt/illustrations/reuni%c3%a3o-
conversa%c3%a7%c3%a3o-entretenimento-1002800/

O próprio HOMEM pode ser objeto de


conhecimento humano.
https://ejafilosofando.blogspot.com/2016/12/relacao-entre-sujeito-objeto-e.html
13

MODOS DE CONHECER: A INTUIÇÃO E


O CONHECIMENTO DISCURSIVO
De que maneira apreendemos o real? É comum
https://pixabay.com/pt/vectors/garoto-
inteligente-id%c3%a9ia-luz-1454054/

dizermos que o conhecimento é um ato da razão,


por meio do qual encadeamos ideias e juízos
para chegar a uma conclusão.

Essas etapas compõem o nosso


raciocínio.

É possível conhecemos o real também pela intuição.


ARANHA 2016, p. 75 (adaptado)
14

https://pixabay.com/pt/vectors/garoto-
inteligente-id%c3%a9ia-luz-1454054/
Mas qual a diferença entre intuição e
conhecimento discursivo?
A INTUIÇÃO

É um conhecimento imediato, uma espécie


de pensamento direto ou de visão súbita.

A intuição é inexprimível - Como poderíamos


explicar em palavras a sensação do vermelho? E a
intensidade do amor ou do ódio?

A intuição é um tipo de conhecimento que não se


demonstra.
ARANHA 2016, p. 75 (adaptado)
15

A intuição se expressa de diversas maneiras:

Empírica Inventiva Intelectual

Intuição empírica é o conhecimento imediato apoiado em uma


experiência que independe de qualquer conceito. Ela pode ser:

⮚ Sensível: quando percebemos por meio dos


órgãos dos sentidos: o calor do verão, as cores da
primavera, o som do violino, o odor do café etc.
⮚ Psicológica: quando temos a experiência interna
e imediata de nossas percepções, emoções,
sentimentos e desejos. ARANHA 2016, p. 75 (adaptado)
16

A intuição inventiva é a do sábio, do artista, do cientista,


quando descobrem soluções súbitas, como uma hipótese
fecunda ou uma inspiração inovadora.

Na vida diária enfrentamos situações que exigem verdadeiras


invenções súbitas. Exemplo: o diagnóstico de um médico ou a
solução prática de um problema do dia a dia.

Para o matemático e filósofo Henri Poincaré,


enquanto a demonstração lógica só pode ser
realizada com o auxílio do raciocínio, a invenção só
pode existir com a ajuda da intuição.
ARANHA 2016, p. 75 (adaptado)
17

A intuição intelectual capta diretamente a essência do objeto.

René Descartes (1596-1650), quando chegou a conclusão do


cogito – o “eu penso” -, considerou tratar de uma primeira verdade
que não podia ser provada, mas da qual não se poderia duvidar:

“Cogito ergo sum”, “Penso, logo existo”.

Com base nessa primeira intuição, o filósofo


construiu sua teoria.

ARANHA 2016, p. 75 (adaptado)


18

CONHECIMENTO DISCURSIVO

É o conhecimento imediato que se dá por intermediação.


Opera por etapas, por encadeamento de juízos e raciocínios,
levando a demonstrações e conclusões.
O conhecimento discursivo precisa do uso da
palavra, da linguagem. Ele é um conhecimento
abstrato.
Abstração é o ato de “isolar”, “separar de”:
abstraímos ao isolarmos um elemento que não se
encontra separado da realidade. ARANHA 2016, p. 75-76 (adaptado)
19

Temos a imagem do copo, que é uma representação


mental de natureza sensível, concreta e particular

https://cdn.pixabay.com/photo/2012/04/2
6/14/06/juice-42560_960_720.png

A ideia de copo é abstrata, porque não se


refere a este copo particular.
ARANHA 2016, p. 76 (adaptado)
20

A VERDADE O desejo da verdade

O desejo da verdade aparece muito


cedo nos seres humanos e se
manifesta como desejo de confiar nas
https://pixabay.com/pt/illustrations/nariz- coisas e nas pessoas.
s%c3%a1bio-filho-assistir-me-meter-2053641/

Quando crianças, estamos sujeitos a duas


decepções:
φ a de que os seres, as coisas, os mundos
maravilhosos não existem “de verdade”;
φ e a de que os adultos podem nos enganar.
CHAUÍ 2013, p. 102 (adaptado)
21
A verdade
Essa dupla decepção pode acarretar dois resultados opostos:
φ Ou a criança se recusa a sair do mundo
imaginário e sofre com a realidade como algo ruim
e hostil a ela;
φ Ou, dolorosamente, aceita a distinção, mas se
torna atenta e desconfiada diante da palavra dos
adultos.
Nesse segundo caso, ela
também se coloca à
disposição da busca da
verdade.
Imagem do Freepik
CHAUÍ 2013, p. 102 (adaptado)
22

Dificuldades para a busca da verdade


Em nossa sociedade é muito difícil despertar nas pessoas o desejo
de buscar a verdade.

Ainda mais que existe uma enorme quantidade de veículos e formas


de informação que torna tão difícil a busca da verdade, pois todo
mundo acredita que essas informações são verdadeiras.

Ler jornais diferentes, ouvir notícias diferentes sobre


o mesmo assunto, fazer pesquisas na internet sobre
o mesmo assunto, ver os noticiários da TV em mais
de uma emissora, faz com que as informações se
tornem desinformações devido as fontes.
CHAUÍ 2013, p. 103 (adaptado)
23

Descartes e a busca filosófica da verdade

René Descartes começa sua obra Meditações fazendo um balanço de


tudo o que sabia: o que lhe fora ensinado pelos preceptores e
professores, pelos livros, pelas viagens, pelo convívio com outras
pessoas.

Ao final, concluiu que tudo quanto sabia e tudo


quanto conhecera pela experiência era duvidoso e
incerto. Decide, então, não aceitar nenhum desses
conhecimentos, a menos que pudesse provar
racionalmente que eram certos e dignos de
confiança.
CHAUÍ 2013, p. 104 (adaptado)
24

Para isso, submete-os a um exame crítico conhecido como


dúvida metódica, declarando que só aceitaria um
conhecimento, uma ideia, um fato ou uma opinião caso,
passados pelo crivo da dúvida, eles se revelassem indubitáveis
para o pensamento puro.

Descartes submete todos os seus conhecimentos à análise e ao


raciocínio, demonstrando que possuímos razões fortes
para duvidar da existência de nossos corpos e do
mundo.

Ora, se penso, o pensar existe e aquele que pensa


existe, donde a célebre afirmação de Descartes:
“Penso, logo Existo”.
CHAUÍ 2013, p. 104-105 (adaptado)
25

REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofar com textos: temas e história da filosofia: volume único / Maria Lúcia de
Arruda Aranha. São Paulo: Moderna, 2012.
______. Filosofando: introdução à filosofia. Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. 5 ed. São
Paulo: Moderna, 2013.
______. Filosofando: introdução à filosofia. Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. 6 ed. São
Paulo: Moderna, 2016.
CHAUÍ, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio, volume único. Marilena Chauí. 2 ed. São Paulo: Ática, 2013.
CORDI, Cassiano et alli, Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2000.
COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos de filosofia. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2013. p.195
JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário básico de filosofia / Hilton Japiassú e Danilo
Marcondes. – 4 ed. Atual. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.
SOUZA, Sônia Maria Ribeiro de, Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.
26

ENSINO MÉDIO

PROF. Me.: 2º ANO


HÉLIO DE ARAÚJO CARNEIRO AULA 1.2
27

O CONHECIMENTO
E A VERDADE
28

GNOSIOLOGIA
É o campo de estudos filosóficos que se dedica à questão do
conhecimento.

Conhecimento é uma palavra que tem vários significados, mas é


possível sintetizá-los em dois:

Em um sentido amplo (lato sensu), conhecimento é


a percepção ou consciência que se tem de algo.

Em sentido restrito (stricto sensu), conhecimento


significa consciência do que algo realmente é (ou
seja, da verdade), por oposição ao conhecimento
ilusório ou enganoso.
29
O ATO DE CONHECER: A RELAÇÃO ENTRE
SUJEITO-OBJETO

⮚ O sujeito conhecedor (nossa consciência, nossa mente);


⮚ O objeto conhecido (a realidade, o mundo, os fenômenos).

O homem pode ser objeto de conhecimento de si mesmo perante um


sujeito que queira conhecê-lo.

MODOS DE CONHECER
Intuição
É um conhecimento imediato, um pensamento direto ou
de visão súbita, que não pode ser demonstrado.
30

A intuição se expressa de diversas maneiras:


Empírica Inventiva Intelectual

Conhecimento discursivo

É o conhecimento mediato, que opera por etapas, por encadeamentos


de juízos e raciocínios, levando a demonstrações e
conclusões. Ele se dá através da linguagem.

VERDADE
O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres
humanos e se manifesta como desejo de confiar nas
coisas e nas pessoas.
31

Dificuldades para a busca da verdade

René Descartes faz um balanço de tudo o que sabia: o que lhe fora
ensinado pelos preceptores e professores, pelos livros, pelas viagens,
pelo convívio com outras pessoas. Surge a “dúvida metódica”.

Concluiu que tudo quanto sabia e tudo quanto conhecera pela


experiência era duvidoso e incerto. Decide não aceitar
nenhum desses conhecimentos, a menos que
pudesse provar racionalmente que eram certos e
dignos de confiança.
Ora, se penso, o pensar existe e aquele que pensa
existe, donde a célebre afirmação de Descartes:
“Penso, logo Existo”.
32

ATIVIDADE DE SALA
33
34

Questão 01 - Imagine que você durante a semana, esteja utilizando


o seu celular, abre uma rede social e se depara com uma
determinada notícia. Logo mais, abre outro aplicativo com uma outra
rede social e verifica a mesma notícia, mas com conteúdo distinto da
anterior. Logo à noite, você abre uma terceira rede social para
interagir e se depara com a mesma notícia, mas com resultados
totalmente diferentes daqueles que você viu nas duas redes sociais
anteriores. A partir dessa experiência você coça a cabeça e se
pergunta: - E agora?
Mas você chega a conclusão que, existem
várias sociedades com pessoas pensando
distintamente umas das outras.
35

Uma experiência como essa criaria perplexidade, dúvida


e incerteza, por provocar na pessoa
a) o desenvolvimento de teorias baseadas em
argumentos válidos.
b) diversas informações verdadeiras oriundas dos
vários veículos de informação.
c) a certeza de que ela absorveu várias informações
verdadeiras em um único dia.
d) dificuldades para se buscar a verdade.
e) o ânimo e o desejo de se obter mais
conhecimento.
36

Questão 02 - A intuição é um conhecimento imediato, uma


espécie de pensamento direto ou de visão súbita. Ela é
inexprimível - Como poderíamos explicar em palavras a sensação
do vermelho? E a intensidade do amor ou do ódio?
Logo, conclui-se que a intuição é
a) o mundo das coisas sem sentido.
b) um tipo de conhecimento movido pelos
cálculos.
c) um tipo de conhecimento que não se
demonstra.
d) um tipo de conhecimento que se demonstra
em nada.
e) ser e não ser ao mesmo tempo.
37
38

Questão 03 - (Enem 2016 – adaptado) Nunca nos tornaremos


matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as
demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de
resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos,
por ter lido todos os raciocínios de Platão e
Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido
sobre o que nos é proposto. Assim, de fato,
parecíamos ter aprendido, não ciências, mais
histórias.

DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo:


Martins Fontes, 1999.
39

Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera


o conhecimento, de modo crítico, como resultado da

a) investigação de natureza empírica.


b) liberdade do agente moral.
c) retomada da tradição intelectual.
d) imposição de valores ortodoxos.
e) autonomia do sujeito pensante.
40

Questão 04 - O HOMEM pode ser objeto de conhecimento de si


mesmo? Justifique sua resposta.

Você também pode gostar