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Mas foi sobretudo a partir do séc. XVII, com filósofos como Descartes, Leibniz,
Locke, Hume, Kant, que o problema do conhecimento passou a ocupar o primeiro
plano na reflexão filosófica e se constituiu como questão prévia ao tratamento de
qualquer outro problema filosófico, fosse de natureza metafísica ou de natureza
moral. O racionalismo e o empirismo dos séculos XVII e XVIII têm essa
característica comum de fazerem depender da solução do problema do
conhecimento a solução de qualquer outra questão filosófica e, em última análise, o
próprio estatuto da realidade ou do ser. De facto, na filosofia clássica e medieval, o
problema do conhecimento esteve sempre subordinado ao problema do ser e por
ele suportado. O ser determinava o estatuto do conhecimento e da verdade. A
verdade concebia-se como adequação entre o conhecimento e o ser. Aristóteles
dizia: “não é por pensarmos de uma maneira verdadeira que tu és branco; mas é
por seres branco e pelo facto de assim o afirmarmos que dizemos a verdade”.
CONHECIMENTO E REALIDADE
O que é a verdade?
Por ela se morre, por ela se mata. Em nome da verdade trabalham a religião, se
faz a ciência e a filosofia. Para fundar e legitimar a verdade se invocam ora a
ordem divina, ora a ordem das coisas e da natureza, ora a ordem da razão, ora o
testemunho, ora, enfim, a ordem da vontade e do desejo dos homens.
À primeira vista, nada parece ser mais evidente para os homens do que a noção de
verdade. E, todavia, quando invocam a verdade, sobretudo quando se obstinam
ferreamente na sua verdade, parece ser precisamente o sentimento da sua
carência e da insegurança daí resultante o que os move e determina, mais do que
uma especial certeza a seu respeito. A verdade é, no entanto, uma noção obscura.
Verdade e juízo
Vejamos, antes de mais, alguns dos principais sentidos em que se usa a expressão
para, finalmente, considerarmos, mais em pormenor, aquele sentido em que a
verdade constitui problema para a filosofia e para a ciência.
Considerando a noção de verdade tal como ela é exposta nas obras dos filósofos,
deparamo-nos com uma variedade de significados.
Muito embora o objecto da inteligência seja a verdade, esta nem sempre lhe
aparece clara e, por vezes, só passando por diversos estados é que chega a
adquiri-la e mesmo assim com grande esforço.