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CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO

Epistemologia

A epistemologia ou teoria do
conhecimento tem como por objetivo
buscar a origem, a natureza, o valor e os
limites da faculdade de conhecer.

 Crença – conhecimento – justificação.


I – CONCEITUAÇÃO DE
CONHECIMENTO
CAMPO
O que DA TEORIA DO CONHECIMENTO
é conhecimento?

 a) Conhecimento é uma técnica para verificar


que tipo é um objeto. Ou seja, um
procedimento para descrever um objeto,
calculá-lo ou prevê-lo.
 b) Crença verdadeira acompanhada de
explicação racional (definição de Platão).
II – A POSSIBILIDADE
DO CONHECIMENTO
As CAMPO DA TEORIA
possibilidades do DO CONHECIMENTO
conhecimento
 Dogmatismo: Verdade absoluta que pode ser
acessada pelo intelecto.
 Ceticismo: Impossibilidade de verificar se se
pode ou não conhecer o objeto.
 Subjetivismo: a verdade está limitada ao
sujeito.
 Relativismo: Não há verdade universalmente
válida, é limitada.
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO

 Pragmatismo: a verdade se associa ao que é


útil.
 Criticismo: intermediário entre racionalismo e
empirismo. Tudo precisa ser rigorosamente
analisado pela razão.
III – TIPOLOGIA DO
CONHECIMENTO
CAMPO DA TEORIA
Conhecimento DO CONHECIMENTO
direto: Quando o sujeito
cognoscente tem contato com o objeto ou a
pessoa. Esse tipo de conhecimento depende de
uma experiência pessoal direta, independe de
descrição. Dispensa a necessidade de inferência
e a se apoia em registros sensoriais, lembranças
e vivências. Ex.: “Conheço Virgínia”, “Conheço
a estrada que vai para Belo Horizonte”. É
conhecido também como conhecimento
objetual. Na terminologia de Russell, knowledge
by acquaintance.
CAMPO DA TEORIA
Conhecimento DO CONHECIMENTO
competencial: Exige do sujeito
cognoscente uma habilidade ou competência
para a realização de ato. É um conhecimento por
aptidão, nem sempre depende de teorização. É o
know how (saber fazer), é a proficiência em
determinada arte ou técnica. Ex.: “Sei jogar
futebol”, “Leio grego”.
Conhecimento proposicional: Concretiza-se
no fato de alguém saber se uma proposição é
verdadeira. É um conhecimento por descrição,
crença verdadeira justificada. S sabe que p. Ex.:
“Sei que Roma é a capital da Itália”. “Sei que a
água doce está acabando no planeta”.
IV - FONTES BÁSICAS DO
CONHECIMENTO
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
1. Introdução

O sistema cognitivo humano envolve o


que os sentidos e o cérebro podem conhecer do
mundo, mas também as informações que
recebem das experiências dos outros.
Na história da filosofia, em muitos
momentos, houve uma tendência em acentuar
alguma fonte como principal meio de
produção do conhecimento. O racionalismo e o
empirismo representam os dois extremos
dessas teorias.
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
• As principais fontes de crenças e de
conhecimento são: a percepção, a memória, a
introspecção, as noções a priori, a indução e o
testemunho.
• Daí temos: A) Crenças perceptivas
• B) Crenças memoriais
• C) Crenças introspectivas
• D) Crenças a priori
• E) Crenças indutivas
• F) Crenças baseadas no testemunho
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
• Que resultarão em:

• A) Conhecimento perceptivo
• B) Conhecimento memorial
• C) Conhecimento introspectivo
• D) Conhecimento a priori
• E) Conhecimento indutivo
• F) Conhecimento testemunhal
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
• As diversas fontes concorrem para o processo
cognitivo:
• O contato básico e imediato com o mundo
ocorre através da percepção. A cognição pode
ser considerada um processo mental utilizado
para perceber e compreender o meio ambiente.
O sistema cognitivo funciona como um
processador que busca a informação, recolhe,
utiliza e a transforma.
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
• Neste processo, participam todos os sentidos
sob a coordenação do cérebro:

• Segundo a classificação de Brodmann, o lobo


occipital processa os estímulos visuais, o lobo
temporal processa os estímulos olfativos e
auditivos. O lobo frontal é responsável pela
linguagem e pela razão. O lobo parietal é
responsável pelos estímulos táteis.
OS SENTIDOS
CAMPO E CONHECIMENTO
DA TEORIA DO O CÉREBRO

Classificação de Brodmann
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
Algumas correntes na história da filosofia quanto
às fontes:

 Racionalismo: A fonte do conhecimento é o


pensamento, a razão. Conhecimentos
verdadeiros devem ser lógicos e
universalmente válidos.
 Empirismo: A fonte é a experiência, não há
conteúdos a priori na mente do cognoscente.
Todos os conceitos gerais e abstratos procedem
da experiência.
CAMPO DA TEORIA DO CONHECIMENTO
 Intelectualismo: Admite a participação da
razão e da experiência na produção do
conhecimento. Há juízos logicamente
necessários e universalmente válidos. O
conhecimento é tirado da experiência, mas
julgados com conteúdos da razão.
 Apriorismo: Admite também a participação
da razão e da experiência na produção do
conhecimento, mas a mente possui elementos a
priori, independentes. A experiência preenche
essas formas.
V - AS FONTES DO
CONHECIMENTO:
RACIONALISMO E EMPIRISMO
1. Introdução

A nossa mente é repleta de crenças


(MOSER, 2004). Temos crenças científicas,
morais, políticas e teológicas. A crença é a
condição para o conhecimento. Uma crença
é um assentimento a um determinada
informação ou declaração sobre o mundo.
As crenças têm um lado lógico e um lado
psicológico. Ora a nossa confiança parte de um
critério lógico, ora apenas de uma sensação de que
isso faz sentido. Há conhecimentos que provêm da
razão e há aqueles que provêm da experiência. A
partir disso pode-se introduzir as duas respostas
sobre a origem do conhecimento: racionalismo e
empirismo.
2. Razão x Percepção
O racionalismo e o empirismo marcam duas
direções opostas na busca do conhecimento. Elas
podem ser confrontantes, se apresentadas, de
modo radical. Porém, podem ser complementares
através de uma abordagem crítica. Neste estudo,
buscaremos as heranças no mundo antigo a partir
de Platão e de Aristóteles, passaremos pelo
pensamento cristão e focaremos o racionalismo de
Descartes e o empirismo dos filósofos ingleses.
3. Racionalismo
• Desde Platão toda a história da filosofia
tentou resolver o problema da principal
fonte do conhecimento: Seria ela a razão
ou a sensibilidade?
• Temos duas principais respostas: O
racionalismo e o empirismo.
• Mais Kant irá propor uma solução que
não se prende totalmente no empirismo e
nem no racionalismo.
a. Teses racionalistas de Platão

• Teoria da reminiscência - ele acredita que


existem ideias inatas.
• O conhecimento não pode ser adquirido
na experiência do sensível porque o
mundo está em incessante mudança.
• As verdadeiras ideias têm de ser
imutáveis e elas existem no mundo
inteligível.
b. Teses racionalistas de Agostinho

• A evidência da percepção sensorial não


satisfaz o critério de verdade.
• As proposições da lógica satisfazem esses
critérios. O conhecimento é impresso na
mente a priori.
• As formas eternas são os pensamentos de
Deus. Conhecimento é um exercício de
atualizar o que está na mente pelo
processo de concentração.
• Agostinho é o autoconhecimento e é
através da fé que o homem desenvolve
sua faculdade de conhecer. A fé se torna
condição para o conhecimento.
• A razão é a verdade mais elevada no
homem: “O que denominamos saber não
vem a ser nada mais do que se perceber
pela razão”.
• Acima da razão: Está a verdade que julga
e não é julgada. Deus é o fundamento da
verdade.
INTELIGÊNCIA /
RAZÃO
SENTIDO
INTERNO

MEMÓRIA SENTIDOS
EXTERNOS

REALIDADE
c. Teses racionalistas de Descartes

• O conhecimento confiável é o do tipo


matemático e da possibilidade de
dedução de um princípio epistemológico
seguro.
• A ideia fundamental da qual não
podemos duvidar é da nossa existência:
Cogito ergo sum.
DESCARTES
4. Empirismo
• Para John Locke, as fontes do conhecimento são
a experiência sensível e a reflexão. Os princípios
de todo conhecimento são as ideias, e por elas,
Locke entende como todo objeto do processo
cognitivo. Portanto, a expressão “idéia” envolve
imagens, lembranças, noções e conceitos
abstratos.
a. Teses empiristas de Aristóteles

• A percepção sensorial tem o papel de iniciar o


processo cognitivo na epistemologia de
Aristóteles.
• O homem reconhece e distingue os objetos
através da sensação e possui a faculdade de
guardar na memória a aquilo que foi percebido
quando o objeto já não está mais presente.
• Com o acúmulo das observações, formulamos
um juízo geral que pode ser aplicável ao
conjunto de casos semelhantes.
• As sensações são instrumentos somente
de conhecimentos particulares, não
garantem a explicação das causas.
• O intelecto ativo age sobre o passivo
tornando-o capaz de conhecer as coisas.
O intelecto ativo atualiza as formas
inteligíveis contidas nas formas sensíveis
contidas e conhece por intuição direta as
ideias puras.
ARISTÓTELES
b. Teses empiristas de Epicuro

• Epicuro desenvolveu o empirismo a partir da


doutrina dos átomos. O influxo dos átomos
agem sobre os sentidos geram as sensações.
• Por meio da inferência e da similitude, a
percepção forma os pré-conceitos (prolepses).
• As prolepses mediante a análise racional
(epilogismo) produzem o conhecimento.
ARISTÓTELES
c. Teses empiristas de Tomás de Aquino

• A ciência de acordo com Tomás de


Aquino está no intelecto, porém, se este
não conhece os corpos não tem ciência
sobre a natureza.
• O conhecimento dependerá das
operações sensitivas e da iluminação
intelectual que garantem a participação
nas razões eternas.
• A operação intelectual é causada pelos
sentidos porque estes oferecem a matéria
do conhecimento. O intelecto se serve
dos phantasmata para inteligir.
d. Teses empiristas de John Locke

• O conhecimento ocorre sem quaisquer


impressões inatas.
• Se houvesse conhecimento inato, as
crianças e algumas pessoas com deficiência
(como a cegueira congênita) teriam
conhecimentos específicos.
• As ideias simples são formadas pela
impressão dos sentidos. Essas ideias são
todo o material do conhecimento e provêm
da sensação e da reflexão.
• O conhecimento ocorre sem quaisquer
impressões inatas.
• Se houvesse conhecimento inato, as
crianças e algumas pessoas com
deficiência (como a cegueira congênita)
teriam conhecimentos específicos.
• A mente pode repetir, comparar e unir as
ideias formando novas ideias. Ela não é
capaz de inventar uma ideia simples
nova.
JOHN LOCKE
e. Teses empiristas de David Hume

• O pensamento está condicionado à matéria


fornecida pelos sentidos.
• Hume divide as percepções em impressões
(fortes) e ideias (fracas). Elas distinguem
entre si pela vivacidade.
• As impressões são as causas das ideias. A
associação de ideias gera outras ideias.
• As questões de fato se fundamentam na
relação de causa e efeito e vêm da
experiência.
5. Criticismo ou transcendentalismo
• Immanuel Kant admite que o conhecimento
começa pela experiência, porém, existem
algumas condições a priori para que as
impressões sensíveis se tornem conhecimento.
Ele se posiciona acolhe as teses do empirismo e
do racionalismo. A dicotomia entre as duas teses
é problemática. O filósofo argumenta que
“pensamentos sem conteúdo são vazios;
intuições sem conceitos são cegas”. (KANT,,
1987, p. 75.)
• Os objetos dos sentidos são regulados pela
faculdade da intuição. A razão impõe alguns
conceitos a priori aos objetos.
• As observações da natureza sem um plano
estabelecido previamente pela razão não
formulariam juízos necessários. Os princípios
racionais acompanham a experiência para que se
possa produzir conhecimento.
• Os juízos sintéticos a priori são aqueles conteúdos
cognitivos que independem de qualquer
experiência. Os conhecimentos a posteriori
dependem da experiência ou resultam dela.
CAMPO DAREFERÊNCIAS:
TEORIA DO CONHECIMENTO
AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy.
Cambridge: Cambridge University Press, 1999.
DANCY, Jonathan; SOSA, Ernest; STEUP, Matthias. A
Companion to Epistemology. Oxford: Blackwell Publishing,
2010, p. 476-479.
LEMOS, Noah. An Introduction to the Theory of Knowledge.
Cambridge: The Cambridge University Press, 2007.
PEREIRA, Ana Margarida Mano Silva. Estudo sobre a relação
entre os sistemas cognitivo e motor no Homem. Dissertação.
Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia, 2012.
PLATÃO. “Teeteto”. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém:
Editora UFPA, 2001.

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