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ÍNDICE

• INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 2
• GNOSIOLOGIA ......................................................................................................... 3
❖ Teorias do Conhecimento ...................................................................................... 4
❖ Teorias quanto á natureza ...................................................................................... 4
❖ Teorias quanto aos valores ou limites ................................................................... 4
• EMPIRISMO ............................................................................................................. 5
❖ Formas de adquirir conhecimento ......................................................................... 5
❖ Principiais defensores do empirismo: .................................................................... 6
• RACIONALISMO .................................................................................................... 7
• APRIORISMO .......................................................................................................... 9
❖ Fontes de conhecimento ...................................................................................... 10
❖ O Real: Fenómeno e Númeno ............................................................................. 12
• CONCLUSÃO ........................................................................................................ 14
• BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 15

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INTRODUÇÃO

No âmbito da disciplina de filosofia vamos abordar a perspectiva de Immanuel Kant sobre o


problema da origem do conhecimento.
O Apriorismo é uma das três teorias da origem do conhecimento, uma espécie de junção/
conciliação do empirismo com o racionalismo.
Ao longo do trabalho teremos uma das mais noções sobre a gnosiologia, e as críticas que Kant fez
ás duas teorias (empirista e racionalista).
Immanuel Kant (1724 - 1804) é um dos principais pensadores do Iluminismo. Inicialmente Kant
acreditava no racionalismo, que a razão era a fonte do conhecimento absoluto, mas ao entrar em
contacto com a filosofia de Hume não podia continuar a acreditar no racionalismo de Descartes.
Ele descobriu que a experiência também tinha um papel muito importante na construção do
conhecimento.
Ele concordava com os racionalistas por afirmarem que a razão é a fonte do processo do
conhecimento, no entanto, não concordava quando estes afirmavam que poderiam chegar a certezas
sem a utilização da experiência. E ele também concordava com os empiristas, quando estes diziam
que era possível conhecimento do mundo sem a ajuda da experiência. No entanto, discordava
destes, pois davam à Razão um papel passivo no ato de conhecer.
A teoria do conhecimento de Kant foi consequência do seu esforço para salvar a ciência do
ceticismo de David Hume e teve como objetivo justificar a possibilidade do conhecimento científico
do século XVIII

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GNOSIOLOGIA

Gnosiologia vem do grego e é formada por “gnosis” que significa conhecimento e


“logos” significa teoria, reflexão. É a parte da filosofia que estuda o conhecimento e está
voltada para a compreensão da origem, natureza e a forma que o ser humano utiliza para
obter o conhecimento. Surgiu com John Locke na idade Moderna.

A Gnosiologia utiliza como método a fenomenologia que é a relação que existe entre o
sujeito (cognoscente) e o objeto (cognoscível). O cognoscente é aquele que conhece, que
adquire o conhecimento, enquanto que cognoscível é aquilo que é conhecido. Há uma
relação de interdependência entre o cognoscível e o cognoscente, um não existe sem o
outro. O Homem necessita de objetos para obter o conhecimento e os objetos existem
exatamente para isso dar conhecimento ao Homem.

Esses dois intervenientes no processo do conhecimento têm também uma relação de


transcendência, não podem trocar de lugar, ou seja, o cognoscente não pode exercer a
função do cognoscível, nem o cognoscível pode exercer a função do cognoscente.

E neste processo do conhecimento existem 3 momentos:

❖ O Sujeito sai de si;


❖ O Sujeito está fora de si;
❖ O Sujeito regressa a si.

Podemos dar um exemplo prático para a compreensão desses momentos:

-Uma pessoa pega um livro e começa a ler, através do livro vai adquirir o conhecimento.
O cognoscente é a pessoa que lê e o cognoscível é o livro. O primeiro momento que é
quando o sujeito sai de si é quando a pessoa pega no livro e começa a ler, ela está fora de
si enquanto está a ler o livro, pois está a adquirir o conhecimento, e regressa a si quando
termina de ler o livro, a pessoa já tem o conhecimento que estava no livro na sua
consciência.

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A filosofia desde o início vem refletindo sobre o que é o conhecimento e já foram
várias as explicações dadas pelos filósofos.

❖ Teorias do Conhecimento
➢ Racionalismo - acredita que o verdadeiro conhecimento é dado só pela razão;
➢ Empirismo - o conhecimento é adquirido pelos órgãos dos sentidos;
➢ Apriorismo - defende que o conhecimento pode ser dado tanto pela razão, como
pelos órgãos dos sentidos. Para essa teoria acredita-se que existem conhecimentos
que adquirimos utilizando somente a razão e outros que adquirimos utilizando os
órgãos dos sentidos.
❖ Teorias quanto á natureza
➢ Realismo – defende que o objeto predomina em relação ao sujeito. As perceções
que temos dos objetos são reais, ou seja, correspondem de facto às caraterísticas
presentes nesses objetos;
➢ Idealismo – defende que é o sujeito quem predomina em relação ao objeto. O
importante é a perceção da realidade, produzida pelas nossas ideias, pela nossa
consciência.
❖ Teorias quanto aos valores ou limites
➢ Dogmatismo – afirma a capacidade do Homem de atingir a verdade absoluta e
indiscutível;
➢ Ceticismo – afirma que não se pode obter nenhuma certeza absoluta a respeito da
verdade, prioriza sempre o conhecimento científico;
➢ Criticismo – critica as duas outras teorias, tendo concilia-las.

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EMPIRISMO

O Empirismo é uma corrente filosófica que enfatiza a importância da experiência


sensorial como base para o conhecimento.

Segundo essa perspetiva, todo o nosso conhecimento é adquirido por meio da observação
e da experiência direta do mundo ao nosso redor, ou seja, acreditamos que as informações
que obtemos por meio dos nossos sentidos são essenciais para a construção do nosso
entendimento sobre o mundo.

Surgiu na Inglaterra no século XVII/XVIII valorizando a experiência humana, a realidade


concreta, a atividade do indivíduo e contrapondo a metafísica especulativa e os sistemas
teóricos.

Os empiristas descartam as experiências internas (os sonhos, a imaginação, a emoção e o


raciocínio lógico utilizado em cálculos matemáticos), exaltando as experiências
sensoriais, sendo a fonte de conhecimento adquirido pelos nossos sentidos como: tato,
visão, audição, paladar e olfato.

Segundo os empiristas nada existe em nossa mente que não tenha sua origem nos sentidos,
não acreditando então em ideias inatas, ou seja, ideias que acreditamos que nascemos com
elas ou estão inerentes a nossa natureza.

“Nada existe no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”

❖ Formas de adquirir conhecimento


➢ Ideias do Sentido- ideias da sensação que são simples e moldadas pelas
qualidades próprias dos objetos externos.

Exemplo: A cor é algo que desenvolvemos através da capacidade de enxergar.

➢ Ideias da reflexão- ideias mais complexas que resultam da combinação e


associação das sensações por um processo de reflexão.

Exemplo: A justiça é algo que podemos refletir e desenvolver através da nossa capacidade
de analisar situações e tomar decisões baseadas em princípios éticos.

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❖ Principiais defensores do empirismo:
✓ John Locke

Filósofo inglês que acreditava que todo o conhecimento humano deriva da experiência
sensorial, isto é, a mente humana é uma “tábula rasa” na qual nada foi escrito nem
gravado, uma folha em branco pronta para ser preenchida com experiências que
adquirimos por meio da observação e da interação como mundo ao nosso redor.

✓ David Hume

Filósofo escocês que argumentava que todas as ideias são baseadas em impressões
sensoriais imediatas e que não podemos ter conhecimento absoluto sobre o mundo além
daquilo que podemos experimentar. Ele via a mente humana como passiva, sendo
moldada pelas experiências.

Mesmo tendo vários argumentos, o empirismo foi bastante criticado e levado ao


erro.

❖ Não consegue explicar completamente certos tipos de conhecimento, como o


matemático e lógico que dependem muitas vezes das experiências sensoriais, isto
porque a matemática e a lógica envolvem aplicações de princípios abstratos como o
raciocínio lógico e também podem ser derivadas de regras que não são diretamente
provenientes da observação do mundo físico.
❖ Certos conceitos e princípios universais são inatos e não podem ser explicados apenas
pela experiência como a noção de moralidade que pode variar de pessoa a pessoa e é
uma questão complexa de se responder.
❖ Não oferece uma explicação satisfatória para a criatividade e a capacidade humana de
fazer inferências e generalizações, porque ele enfatiza a importância da experiência
sensorial na aquisição do conhecimento, mas eles são processos cognitivos complexos
que vão além da simples observação do mundo.
❖ Leva a uma visão limitada do conhecimento, pois se baseia apenas nas experiências
sensoriais individuais, não dando importância as interações sociais, a influência da
cultura e até mesmo da linguagem na formação do conhecimento levando a ideia de
que não existem verdades objetivas, apenas perceções subjetivas
❖ Ele tem dificuldades em lidar com questões filosóficas mais abstratas, como a
natureza da mente e da consciência, sendo que elas exigem uma abordagem mais

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ampla, considerando aspetos como a razão, intuição, espiritualidade e uma reflexão
mais profunda sobre o que somos como seres humanos.

RACIONALISMO

As raízes do racionalismo remontam a filósofos antigos como Platão e Aristóteles, mas a


tendência atingiu o seu auge durante o século XVII com figuras como René Descartes,
Baruch Spinoza e Gottfried Wilhelm Leibniz.

Esses filósofos defendiam o uso da razão e da dedução como meios para alcançar
verdades universais e irrefutáveis.

A rutura entre mito e razão e o contexto histórico de advento da Filosofia se orientaram a


uma busca da “Verdade” e de uma realidade última do mundo, moldando e originando o
pensamento “racional” desde a Antiguidade.

Para a racionalidade, todo o conhecimento é falível e corrigível, virtualmente provisório.


O conhecimento científico é criado, construído e não descoberto em conjuntos de dados
empíricos. A refutabilidade demarca a ciência da não-ciência e a atitude de colocar sob
crítica toda e qualquer teoria permite o aprimoramento do conhecimento científico.

Um elemento central do racionalismo é o método dedutivo, que envolve partir de


princípios gerais para chegar a conclusões específicas. René Descartes, por exemplo, é
conhecido por sua famosa afirmação “Cogito, ergo sum” (Penso, logo existo), que
enfatiza a certeza da existência por meio do processo de pensamento.

Embora o racionalismo tenha sido proeminente na filosofia do século XVII, a sua


influência perdura em diversas áreas, como a ciência, a ética e a teoria política,
contribuindo para o desenvolvimento do Iluminismo e moldando a forma como
compreendemos e perseguimos o conhecimento hoje.

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Em contraste com o empirismo, que enfatiza a importância da experiência sensorial na
aquisição de conhecimento, o racionalismo sustenta que certos princípios e verdades são
conhecidos inaptamente e não dependem da observação do mundo externo.

Mesmo tendo vários argumentos, o empirismo foi bastante criticado e levado ao


erro.

❖ Os empiristas, como John Locke e David Hume, criticaram o racionalismo


argumentando que a experiência sensorial é a única fonte legítima de
conhecimento. Eles contestaram a ideia de que a razão sozinha pode fornecer
conhecimento substancial e sustentaram que todas as ideias derivam da
experiência sensorial;
❖ Alguns críticos apontam que a razão humana tem suas limitações. Argumentam
que a mente humana é suscetível a erros, preconceitos e ilusões, o que pode
comprometer a confiabilidade do conhecimento baseado apenas na razão;
❖ Alguns críticos afirmam que a realidade é muito complexa para ser totalmente
compreendida pela razão. Argumentam que alguns aspetos do mundo,
especialmente nas ciências sociais e humanas, não podem ser totalmente
explicados apenas por meio da razão, requerendo abordagens mais holísticas e
contextuais;
❖ Algumas críticas destacam a importância da intuição e do sentimento na formação
do conhecimento. Afirmam que, em algumas situações, as emoções e a intuição
podem fornecer insights valiosos que a razão sozinha não seria capaz de oferecer;
❖ Filósofos céticos questionam a capacidade da razão de chegar a verdades
absolutas. Argumentam que a busca pela certeza absoluta pode ser ilusória e que
o ceticismo é uma abordagem mais apropriada diante das incertezas inerentes à
busca do conhecimento.
❖ Alguns críticos apontam para a influência das condições culturais e históricas na
formação do pensamento humano. Sustentam que o racionalismo pode refletir as
perspetivas específicas de determinadas culturas e épocas, e, portanto, não é uma
abordagem universalmente válida.
❖ Alguns argumentam que o racionalismo muitas vezes negligencia a importância
das emoções na tomada de decisões e na compreensão do mundo. Eles destacam
a necessidade de considerar as dimensões emocionais e afetivas na busca do
conhecimento.

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É importante notar que essas críticas não invalidam completamente o racionalismo, mas
destacam suas limitações e sugerem a importância de abordagens complementares para
uma compreensão mais completa do conhecimento e da realidade.

APRIORISMO
O apriorismo de Immanuel Kant é uma teoria filosófica do conhecimento que sustenta
que o conhecimento não é apenas derivado da experiência, mas também influenciado por
estruturas a priori da mente.

Segundo Immanuel Kant, para obter o conhecimento era necessário tanto a experiência
como a razão. Através dos sentidos se obtém a informação, e a mente organiza essa
informação, formando assim o conhecimento.

Sem sensibilidade, nenhum objeto nos seria dado; sem o entendimento, nenhum
seria pensado. Pensamentos sem conteúdos são vazios; intenções sem conceitos são
cegas. (Kant, 1994, p.89)

A mente sem as categorias da mente não teria capacidade de pensar. Da mesma forma
que uma mente com conceitos, porém sem dados obtidos pela experiência não teria nada
com o que pensar.

Então para Kant era necessária a experiência para obter o conhecimento, porém o que
determinava era a razão. Através da experiência o sujeito adquire os dados e para concluir
o processo do conhecimento se faz necessário que o sujeito organize e sistematize em sua
mente esses dados da experiência.

Para ele, os homens carregam dentro da mente categorias que funcionam como uma
espécie de processador de computador. Essas estruturas, a priori, são condições
necessárias para a experiência, mas não são derivadas dela. A palavra latina, a priori,
significa "anteriormente" ou "antes". O conhecimento, a priori, é aquele que não depende
da experiência. O conhecimento posteriori é aquele que depende da experiência.

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Como por exemplo um lápis. Para conhecer o lápis é necessário o vê-lo o, ou seja, são
necessários os sentidos, a experiência. No entanto, para transformar o que foi observado
em conhecimento são necessárias as categorias da mente para processá-la e transformá-
la em conhecimento.

❖ Fontes de conhecimento
➢ Impressões sensíveis

Tudo aquilo que recebemos pelos nossos sentidos.

✓ Experiência a posteriori- o conhecimento acontece mediante/após a


experiência, ou seja, baseada na experiência;
✓ Juízos sintéticos-são juízos que fornecem novas informações. Por exemplo, a
bola é branca, ou a maçã é vermelha; são exemplos de afirmações com base
naquilo que o sujeito observou na experiência;

➢ Capacidade de conhecer
✓ Razão a priori- o conhecimento da razão a priori é aquele que não depende
da experiência. É um conhecimento que é independente da experiência
sensível, e que é justificado por meio da razão pura.
✓ Juízos analíticos- são juízos que são analíticos, isto é, não fornecem novas
informações. Por exemplo, um triângulo tem três lados, ele é um polígono com
três lados. Portanto, o fato de todos os triângulos terem três lados é uma
verdade lógica que pode ser conhecida a priori.
✓ Formas puras- são ferramentas que estão na nossa mente, e nos permite
conhecer o mundo melhor.

Kant ainda argumentou que a mente humana tem duas faculdades cognitivas
fundamentais: a sensibilidade e as categorias inatas ou de entendimento.

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➢ Sensibilidade

A sensibilidade é a faculdade de receber impressões dos objetos do mundo. Kant dividiu


a sensibilidade em duas formas puras: o espaço e o tempo.

O espaço é a forma da intuição externa, que nos permite representar os objetos como
existentes no espaço. O tempo é a forma da intuição interna, que nos permite representar
os objetos como existentes no tempo.

Uma vez, que não são derivadas da experiência, elas são condições necessárias para a
experiência, pois são o que nos permite representar os objetos como existentes no espaço
e no tempo.

➢ Categorias inatas ou entendimento

Kant vai afirmar que, para organizar a nossa experiência, nós precisamos dessas
categorias que a razão tem. Ele também dividiu o entendimento em doze categorias. As
categorias são conceitos como a causalidade, unidade, totalidade, possibilidade,
qualidade, negação, realidade. Sem a influência dessas categorias inatas não
conseguíamos fazer certas preposições.

Por exemplo, quando alguém diz que "todos os homens são iguais", só é possível
generalizar porque a pessoa está utilizando a categoria a priori de "Totalidade". Quer dizer
que com base em um conjunto limitado de ideias ela generaliza para toda uma classe de
evento. Só que essa generalização não está baseada em experiências, pois é impossível
conhecer todos os homens, mas mesmo assim somos capazes de pensar nessa totalidade.
Isso significa que o conceito de todo ou totalidade é inato, ele não depende de experiência
segundo Kant.

O seja, a experiência nos dá informações, coleta os dados. Pelos sentidos recebo


informações da realidade, e através das categorias de entendimento e as formas de
sensibilidade (tempo e espaço), organizo o meu conhecimento.

❖ Idealismo Transcendental

O Idealismo Transcendental ou subjetivismo Transcendental é uma conceção


epistemológica e metafísica proposta por Immanuel Kant no século XVIII.

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Esta ideia estabelece que existe o sujeito (aquele que conhece) e o objeto (aquilo que é
conhecido). Antes havia a ideia de que o conhecimento advém do objeto, porém Kant
defende, com esta teoria, que o conhecimento advém do sujeito.

O protagonista no processo de conhecimento é o sujeito e não o objeto. É o sujeito quem


recebe as caraterísticas sensíveis do objeto e usa a razão para atribuir um significado ao
objeto. O foco no processo de conhecimento é o sujeito, pois é ele quem atribui
significado ao objeto. E a partir da sua perceção é que ele atribui um valor ao objeto (o
objeto só possui um significado/valor, porque o sujeito o atribui).

❖ O Real: Fenómeno e Númeno

Segundo Kant, o real se dividia em dois: o fenómeno e o númeno.

Esses conceitos são fundamentais para a compreensão da teoria do conhecimento


kantiana, que afirma que o conhecimento humano é limitado pela nossa capacidade de
perceção.

✓ O Númeno é a realidade em si, aquilo que eu não consigo conhecer. É


independentemente da interpretação humana ou de outros filtros de entendimento
da realidade (sensibilidade e categorias de entendimento).

Kant afirmava que a razão humana não tem capacidade de alcançar puramente as coisas
do jeito que elas são. Não é possível determinar o que as coisas são em si mesmo, o que
chega até nós, é uma perceção intermediata, pela nossa maneira de conhecer as coisas.

Por exemplo, imagina que não existe nenhum ser humano no mundo, as coisas são o que
são, porque elas não precisam ser vistas e nem julgadas por ninguém. Quando
imaginamos o mundo somente com as coisas, essa realidade é a coisa, ou seja, númeno.

Porém nós nem por imaginação ou mesmo pela racionalidade ou por consciência,
conseguiríamos ver, entender, julgar, perceber essas coisas em si mesma, por isso que
númeno é incognoscível, pois não pode ser aprendido pelos sentidos ou pela razão. O
númeno é real, porém ele não depende do nosso julgamento, nem da nossa existência
para existir.

Kant afirma que a busca pelo conhecimento do númeno é uma tendência inevitável da
razão humana. Se conhecêssemos o númeno não havia evolução do conhecimento, nem
tínhamos dúvidas, nunca nos enganávamos.

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✓ O Fenômeno é aquilo que aparece para nós, e podemos perceber pelos sentidos.
É a coisa como se nos aparece, a realidade tal como é mediada pela nossa
perceção.

O fenômeno é o único que podemos conhecer, pois é o que é dado à nossa experiência.

Kant afirma que nós percebemos a realidade a partir do fenômeno, como a realidade se
apresenta para nós a partir dos nossos filtros (passa pelos nossos sentimentos e cai nas
categorias de entendimento).

Por exemplo, convenhamos que a nossa mente é como uma câmara fotográfica. A câmara
fotográfica entende a realidade a partir dos seus filtros, códigos, foco, qualidade e ainda
mais a câmara capta em duas dimensões da realidade. Fazendo essa comparação podemos
entender a nossa mente como uma espécie de câmara da realidade, nós captamos a
realidade, mas, à medida que a realidade passa pelos nossos filtros, ela já não é realidade
em si.

Quando a realidade em si passa pelos nossos filtros, isto é, passa pelo campo da
sensibilidade (sentidos), e ela cai no campo do entendimento, onde começa então a
organização dos nossos juízos.

Conhecemos a maça, através da maneira que ela se apresenta para nós. Tudo o que
podemos dizer sobre a maça é a partir da experiência que tivemos com ela: do seu sabor,
da cor que vemos, o seu formato, textura. Mas o que é a maça por ela mesma, nós não
temos como conhece-la. Então as coisas em si, a sua identidade não é possível conhecer.
Conhecemos aquilo que percebemos pelos sentidos, o que a nossa razão usando a
sensibilidade e as categorias do entendimento organiza.

Dessa forma, para Kant é impossível conhecer ideias como a liberdade, alma, Deus (…)
uma vez que essas ideias não constituem fenómenos, pois, não são percetíveis através dos
sentidos, uma vez que, não conseguimos cheirar a liberdade, nem ver a alma.

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CONCLUSÃO

Kant pretende resolver o problema da origem do conhecimento conciliando o


racionalismo com o empirismo, apontando os aspetos positivos e negativos de cada uma
das teorias.

Ele afirmava que era necessário ter experiências para depois utilizar a racionalidade
nessas experiências. Para ele primeiro temos a experiência, e é através da sensibilidade
que temos os objetos para conhecer (entendimento), ou seja, o raciocínio vai nos fazer
entender o que são e para que servem os objetos a nossa volta.

Kant vai dividir o real em dois, o fenômeno e o númeno. Ele afirma que o númeno é
aquilo que o ser humano não consegue alcançar, não é possível determinar o que as coisas
são em si. Já o fenómeno é aquilo que aparece para nós aquilo que entendemos como a
nossa realidade, os nossos filtros. Aqui pode-se ver que Kant afirma que só conhecemos
o fenômeno, mas esse conhecimento é verdadeiro.

Kant defende que o sujeito trás sim algo de si, o espaço, o tempo e as categorias, mas
que isso sem a experiência não é nada. Diante dos empiristas ele diz que o conhecimento
vem sim das experiências, mas não consiste em meras impressões.

Vendo as críticas que Kant, ele nos faz concordar com a sua teoria, pois não pode existir
conhecimento sem experiências nem experimentos sem uma reflexão profunda. Logo são
necessários esses dois itens para ter o conhecimento.

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BIBLIOGRAFIA
➢ https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.significad
os.com.br%2Fgnosiologia%2F&psig=AOvVaw3BiNcidq6F-
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978449&ved=0CAYQn5wMahcKEwiIp7_0nPiDAxUAAAAAHQAAAA
AQCA
➢ https://www.todamateria.com.br/teoria-conhecimento/
➢ https://pt.wikipedia.org/wiki/Empirismo
➢ https://pt.wikipedia.org/wiki/Empirismo
➢ https://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo
➢ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/capitulo-xxvlll-o-apriorismo-
kantiano/1462854868

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