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AULA

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2023.2

FENOMENOLOGIA
HUSSERLIANA
O Positivismo
• O Positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no início do
século XIX. Ela defende a ideia de que o conhecimento científico seria a
única forma de conhecimento verdadeiro. A partir desse saber, pode-se
explicar coisas práticas como das leis da física, das relações sociais e da
ética.
• A legitimação do conhecimento era o método positivista. O positivismo
foi uma corrente teórica criada por Auguste Comte.
• Comte entendia que a humanidade precisava de relações de devoção. A
devoção – antes baseada na fé em Deus, cede lugar ao positivismo, que
institui a fé na ciência como única depositária de confiança da
humanidade: surge o cientificismo, caracterizado pela aposta
incondicional nas ciências como fonte total do conhecimento
verdadeiro. 2
• Segundo o pensador, o positivismo era o
que o ser humano tinha criado de mais
Isidore Auguste Marie François profundo e organizado: a observação e
Xavier Comte o entendimento da natureza com base
1798 - 1857
no trabalho científico.
• Politicamente, o positivismo seria
expresso pelo trabalho integrado entre
ciência e política, visando ao
desenvolvimento da sociedade.
• Fundador da Sociologia como disciplina
acadêmica.

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O pai da fenomenologia
Fundador da Fenomenologia.
Nasceu em 1859, na Moravia, no então
Império Austríaco, hoje República Checa.
Faleceu em 1938, em Freiburg na Alemanha.
De origem judaica, completou os primeiros
estudos em um ginásio público alemão, em
1876.
Estudou física, matemática, astronomia e
filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim, e
Viena.
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• Husserl afirma que a atitude natural, não-fenomenológica,
faz o homem olhar o mundo de maneira ingênua como
mundo dos objetos. A fenomenologia, ao contrário, busca
uma fundamentação totalmente nova, não só da filosofia,
mas também das ciências singulares.
• No decurso da elaboração da fenomenologia, Husserl
concentra seu interesse sempre enfatizando os seguintes
problemas:
a) Como o mundo real em sua temporalidade, em sua
consistência intersubjetiva, em sua objetividade se constitui
em nossa consciência?
b) Como passar da atitude natural para a atitude filosófica?
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O objetivo de Husserl com a
Fenomenologia
 Reformulação da filosofia e estabelecer a
fenomenologia como método, sem que isso
constituísse a ciência proposta pelo
positivismo.
 Conhecer os fenômenos tal como eles se
apresentam na consciência humana.
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Objeto de estudo
A filosofia fenomenológica tem seu objeto
constituído não por fatos contingentes, mas
por conexões essenciais.
Por ser puramente descritiva, seu método
consiste em descrever a essência.
A fenomenologia é uma ciência eidética,
estuda a essência dos fenômenos.
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Ideias principais
• A principal ideia da Fenomenologia é de voltar
para as coisas, ou seja, ir ao encontro das coisas
e fenômenos de forma direta, sem a intervenção
ou influência de explicações científicas ou
análises reflexivas e metodológicas muito
complexas.

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Então, fenomenologia Nesse caso,
significa aquilo que se fenomenologia então se
apresenta à consciência. trata do estudo e da
Pois bem, o que se compreensão dos
apresenta à consciência fenômenos.
é entendido como
Fenômeno.

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Características da Fenomenologia
Imprevisibilidade da experiência;
Método subjetivo;
 Ênfase na intencionalidade;
 Descrição do fenômeno.

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Principais conceitos de Husserl
INTENCIONALIDADE
Traz as noções de intenção, intuição e evidência
apodítica.
Por “intenção” entenda-se o conteúdo
significativo de alguma coisa (temos a intenção
de um objeto: um livro sobre a mesa, quando
possuímos apenas o significado intencional
desse livro - bem como da mesa). 11
Atitude natural
• Somos projetados no mundo num
espaço e tempo onde nossas
experiências são vivenciadas. Ao sermos
projetados no mundo, nossa consciência
está sempre colocando significados às
coisas, a tudo àquilo que faz parte do
seu mundo de experiências vividas.
• Naturalmente nos relacionamos com o
mundo através de significados que
podem vir da influência dos outros ou a
partir da sua própria experiência.12
Diferença entre a orientação natural e
a orientação fenomenológica
• Enquanto na atitude natural o interesse está
voltado ao objeto como algo transcendente,
abrindo caminho apenas para o conhecimento
objetivo, na atitude fenomenológica todo e
qualquer interesse teórico sobre o mundo
objetivo deverá ser neutralizado.

(HUSSERL, 2006, p. 84)


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Principais conceitos de Husserl
EPOCHÈ

Suspensão provisória da
nossa crença na vigência de
uma ciência ou teoria
psicológica, colocando-se
tudo isso “entre parênteses”.

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Etimologia da palavra
EPOCHÉ do grego epokhé = Suspensão do juízo.

• Colocar entre parênteses, é a atitude de não


aceitar nem negar uma determinada proposição
ou juízo.

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EPOCHÈ
Contexto histórico
• A epochè, conceito-chave na fenomenologia
contemporânea, deriva de formulação muito antiga,
oriunda do ceticismo grego.
• Trata-se do estado de repouso mental pelo qual nada
afirmamos e nada negamos, explorando o quanto não
sabemos para melhor atingirmos a imperturbabilidade.
• A epoché seria a maneira de olharmos o enigma e o
mistério sem resolvê-los – ao contrário, protegendo-os.
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Os dois aspectos da epoché

• Epoché Cética

• Epoché Fenomenológica.

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Epochè cética
• Para os céticos, a epochè era a única atitude
capaz de levar à imperturbabilidade.
• Eles afirmavam que duvidar do caráter bom ou
mau de todas as coisas leva o indivíduo a não
aceitar nem rejeitar coisa alguma, tornando-se
imperturbável.

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A epoché fenomenológica
• A epoché fenomenológica, é a colocação das teorias
psicológicas “entre parênteses”, é uma atitude
psicológica representada por um regresso à
subjetividade, pois o que está posto como objeto de
esclarecimento é a conexão entre o ser do fenômeno
psicológico e o saber do fenômeno psicológico.

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Atitude fenomenológica
• A atitude fenomenológica é uma postura
investigativa onde o pesquisador se coloca no
lugar de quem tem que apreender com o
fenômeno.

• A atitude fenomenológica não é uma técnica


replicável de maneira sempre igual.
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Como Husserl chega ao fundamento
da Fenomenologia?
1.º Colocando-se acima da mera experiência
prática, numa atitude antinaturalista;
2.º Despindo-se de todos os preconceitos,
orientando-se apenas por uma evidência
apodítica (destituída de toda a possibilidade do
seu contraditório).
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Fenomenologia husserliana
A fenomenologia não se interessa imediatamente
pelos objetos ou pelos fatos, mas pelos sentidos que
neles podem ser percebidos.
Fenomenologia é o ato de perceber e descrever as
essências ou sentidos dos objetos.
Enquanto as ciências positivas buscam suas verdades
nos fatos, a fenomenologia descreve essas verdades a
partir da percepção das essências dos fatos, pois é
nelas que os seus sentidos se revelam tais quais são.
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Deve-se primeiro perder o
mundo pela epoché para
reconquistá-lo depois em
uma autoconsciência
universal.

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Fenomenologia husserliana
• O que é igualmente posto entre parênteses é tudo o que é
absorvido onticamente pela atitude natural do homem, enfim, é
tudo que pertence ao mundo natural, que está “presente” e que
se faz como “realidade” para nossa consciência.
• O trabalho de negação realizado pela epoché, não representa a
aceitação de um ponto de vista cético, pois a fenomenologia não
nega jamais o “mundo” à maneira do cético, que põe em dúvida a
sua existência.
• Quando realizamos a colocação entre parênteses do mundo
natural, simplesmente a epoché nos proíbe qualquer julgamento
da “existência espaço-temporal”. 30
A Redução Fenomenológica
• A ausência de julgamento espaço-temporal é o que
também podemos entender como sendo o conceito
de Suspenção de juízo ou a redução fenomenológica.
• A Redução Fenomenológica muitas vezes torna-se
sinônimo Epoché por conta de fazerem parte de um
sistema metodológico unificado.
• Redução Fenomenológica é a suspensão de juízo
sobre a existência dos objetos do mundo.
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É preciso voltar
às coisas
mesmas...

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Lema de Husserl
• A máxima de Husserl “voltar às coisas mesmas”, significa
promover uma redução, não no sentido de reduzir, mas de
reconduzir ao sentido fundante, o fundamento, a essência.
• Segundo ele a consciência é o fundamento próprio do
homem, pois todos os atos humanos são atos intencionais,
assim a fenomenologia propõe a “análise das essências,
entendidas como unidades ideais de significação, elementos
constitutivos do sentido de nossa experiência.”
(MARCONDES, 2001, p. 258)

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A Consciência para Husserl
• A consciência não é conteúdo.
• A consciência é fluxo: consciência é sempre movimento em
direção a algo, a alguma coisa, ela é “essa abertura ao mundo em
busca dos sentidos da própria racionalidade à qual o homem
procura submetê-lo para seu domínio”.
• Tratar a consciência como um fato natural é coisificá-la, apenas
como um objeto separando-a do sujeito.
• Toda consciência é consciência de algo ou alguma coisa, a
consciência é intencionalidade.

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(Husserl, 2006, p. 84)
A Consciência para Husserl
• Para definir a consciência, é necessário entender
que quando se tem “consciência”, se tem
consciência de “algo”.
• A consciência é um movimento de olhar as
coisas como elas são, ou seja, é a apreensão.
• Esse é o princípio da INTENCIONALIDADE.

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A intencionalidade da Consciência
• A intencionalidade é, essencialmente, o ato de
atribuir um sentido; é ela que unifica a consciência e o
objeto, o sujeito e o mundo. Com a intencionalidade
há o reconhecimento de que o mundo não é pura
exterioridade e o sujeito não é pura interioridade,
mas a saída de si para o mundo que tem uma
significação para ele”.

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Concluindo
• Ao colocar a razão em questão, ou seja, ao questionar a ciência, Husserl
chega à reflexão que o leva a concluir sobre a redução fenomenológica.
• Aplicando a redução fenomenológica às vivências intencionais,
chegamos a captar a consciência como um puro centro de referência da
intencionalidade, ao qual o objeto intencional é dado.
• Se chegamos a um objeto que, depois da redução, não tem outra
existência senão a de ser dado intencionalmente de volta ao sujeito.
• É na própria vivência que se considera o ato puro, ato este que parece
ser, simplesmente, a referência intencional da consciência pura ao
objeto intencional.
• Deste modo a fenomenologia se converte na ciência da essência das
vivências puras
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