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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

AULA 04 –
AS CORRENTES
CONTEMPORÂNEAS
E A EDUCAÇÃO

O tempo tem uma característica transformadora, mudando tudo que toca;


foi assim como a geografia, a política e o homem. E, quando o homem se
modificou, ele também alterou seu pensamento, a base da filosofia.
Essas modificações dentro da filosofia podem ser entendidas como as diferenças
de se compreender a realidade que a cercava. Um ponto importante é conhecer
alguns autores e os aspectos da filosofia contemporânea, que tem um cunho
mais prático, voltado para as esferas sociais, como a luta de classes, a descrição
dos fenômenos tais como eles surgem a nossa experiência e como a experiência
humana se estrutura a partir da linguagem. Todos esses aspectos são
importantes para um tratamento filosófico do campo da educação.
Neste módulo, você conhecerá as ideias dos principais filósofos
contemporâneos e as duas principais correntes da filosofia contemporânea,
visando como essas teorias podem contribuir para uma compreensão atual dos
processos educacionais.

Bons estudos!
 Listar os principais pensadores das correntes filosóficas contemporâneas
e suas respectivas teorias;
 Definir o que é fenomenologia;
 Definir filosofia analítica.

Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia entenderá


como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a oportunidade
de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo, psicanálise e
Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.

 Compreender o conceito de psicologia


 Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
 Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
4 O QUE É FENOMENOLOGIA?

Dentre as correntes mais influentes da filosofia do século XX, a fenomenologia


destaca-se como uma das mais importantes. Inúmeros filósofos usaram o método
fenomenológico como base para pensar e desenvolver suas filosofias. Assim, a partir
da leitura e da interpretação do método fenomenológico formulado por Husserl,
autores como Max Scheler, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, Lévinas e outros
desenvolveram suas filosofias à luz desse “método de investigação”. Como indica
Heidegger em Ser e tempo, “a expressão 'fenomenologia' designa antes de tudo um
conceito de método” (HEIDEGGER, 2006, p. 66).
Por isso, a fenomenologia não se restringe a uma doutrina filosófica, mas uma
forma de fazer filosofia. Mas o que é fenomenologia? Merleau-Ponty, considerado um
dos mais fiéis ao pensamento husserliano, mas também um dos mais originais
fenomenologos da tradição francesa, reiterou a necessidade de resolver esta
questão em sua obra ‘Fenomenologia da percepção’, de 1945. Segundo suas
palavras:

Pode parecer estranho que ainda se precise colocar essa questão meio
século depois dos primeiros trabalhos de Husserl. Todavia, ela está longe de
estar resolvida. A fenomenologia é o estudo das essências, e todos os
problemas, segundo ela, resumem-se em definir essências: a essência da
percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas a fenomenologia é
também uma filosofia que repõe as essências na existência, e não pensa que
se possa compreender o homem e o mundo de outra maneira senão a partir
de sua ‘facticidade’. É uma filosofia transcendental que coloca em suspenso,
para compreendê-las, as afirmações da atitude natural, mas é também uma
filosofia para a qual o mundo já está sempre ‘ali’, antes da reflexão, como
uma presença inalienável, e cujo esforço todo consiste em reencontrar este
contato ingênuo com o mundo, para dar-lhe enfim um estatuto filosófico. É a
ambição de uma filosofia que seja uma 'ciência exata', mas é também um
relato do espaço, do tempo, do mundo ‘vividos’. É a tentativa de uma
descrição direta de nossa experiência tal como ela é, e sem nenhuma
deferência à sua gênese psicológica e às explicações causais que o cientista,
o historiador ou o sociólogo dela possam fornecer, e, todavia, Husserl, em
seus últimos trabalhos, menciona uma ‘fenomenologia genética’ e mesmo
uma ‘fenomenologia construtiva’ (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 1).

A fenomenologia é um vasto movimento científico e espiritual,


extraordinariamente variado e ramificado, ainda vivo, originado dos trabalhos do
filósofo alemão Edmund Husserl, que inaugurou esse campo de pensamento, em
1900, com a publicação de sua obra “As investigações Lógicas”. Em sua etimologia,
o termo significa estudo dos fenômenos, daquilo que aparece à consciência e é dado
ao aparelho sensorial humano. Desde o seu surgimento no vocabulário da filosofia, o
termo fenomenologia apresentou significados muito diferentes, indicando filosofias e
rumos de pesquisa dispares e até contrários entre si, mas o termo tem como núcleo
duro de significação a ideia de que fazer fenomenologia é estudar as aparências em
detrimento de qualquer julgamento teórico dado antecipadamente.
Kant, depois de Samabria (1988), já tem uma fenomenologia
no sentido filosófico porque, analisando a estrutura do sujeito e as funções do
espírito, afirma que o conhecimento se reduz ao que aparece, ou seja, aos
fenômenos. Hegel emprega o termo em sua Fenomenologia do Espírito e entende a
fenomenologia como a ciência da experiência e da consciência. Em Hegel, portanto,
o termo entra definitivamente na tradição filosófica. A diferença fundamental entre
a fenomenologia de Hegel e Kant reside na concepção da relação entre o fenômeno
e o ser ou o absoluto.
Enquanto movimento filosófico, a fenomenologia, como já indicamos, se iniciou
com Edmund Husserl que, ressignificando o termo, já utilizado por Kant e Hegel,
formulou o método fenomenológico, criando um movimento que influenciou grande
parte da filosofia do século XX. A fenomenologia de Husserl surge durante a crise do
subjetivismo e do irracionalismo no final do século XIX, consolidando-se como um
movimento filosófico durante o século XX, marcando diferentes correntes da filosofia
contemporânea, como a ontologia fundamental de Martin Heidegger e a
fenomenologia da existência de Merleau-Ponty, entre outros. Na perspectiva de
Husserl, a fenomenologia planeja ser uma “ciência das essências” e não de dados de
fato. Refere-se à maneira como o fenômeno é apresentado à consciência quando, por
meio da redução fenomenológica, é purificado de sua condição empírica e individual
e aparece como consciência pura.
Para Husserl, tal como indica Moura (2001), a fenomenologia é uma ciência
sem a qual seria possível existir nenhuma filosofia, ou seja,

[...] em toda filosofia precedente não existe nenhum problema com sentido
nem existe problema sobre o ser em geral que não possa ser considerado no
âmbito da fenomenologia transcendental (MOURA, 2001, p. 133).

A fenomenologia, como método radical no sentido de abrir o caminho para a


realidade mais fundamental, as essências, torna-se a disciplina que justificará todas
as ciências da forma mais estrita. “O retorno às próprias coisas”, tal foi o lema inicial
de Husserl, indica o retorno a essência dos fenômenos através do voltar-se para a
consciência e não apenas uma descrição factual das coisas em sua realidade
empírica. Desde o início, a fenomenologia constituiu-se, assim, em apelo ao imediato,
mas a sua característica principal era proceder com fidelidade absoluta ao modo de
ser dos objetos. A fenomenologia se preocupa com as coisas manifestadas ou
mostradas; assim, ela descreve como os fenômenos se manifestam e as coisas
constituem o estritamente dado, ou seja, o que encontro e o que originalmente existe
para “mim” enquanto sujeito de uma experiência. Para Husserl, o fenômeno é aquilo
que aparece para a consciência como um fluxo temporal de experiências
representadas como objeto estruturado e experimentado através da intencionalidade
da consciência, ou seja, enquanto consciência de algo.
A fenomenologia visa examinar rigorosamente a experiência humana, como
uma ciência descritiva. Assim, ela se inicia pelo esforço de descrever as coisas tais
como elas aparecem, preparando uma reflexão que terá como base a estruturação
fenomenológica dos fenômenos. É a investigação do que é realmente detectável e
potencialmente presente, mas nem sempre visto por meio de procedimentos próprios
e adequados, quando não passamos da atitude natural para atitude fenomenológica.
Para tanto, Husserl propõe a suspensão de todo julgamento (sobre a
existência, sobre as propriedades reais e objetivas do que aparece), abandonando os
pressupostos em relação ao fenômeno que se apresenta, o que ele chama
de suspensão fenomenológica ou epoché. A fenomenologia (Phenomenom + logos)
é então o discurso sobre aquilo que se mostra como é, caracterizando esta ciência
como estando em contato direto com o sentido das coisas, dirigindo o conhecimento
para o que há de essencial nelas. É a filosofia do inacabamento, do devir, do
movimento constante, onde o vivido aparece e é sempre ponto de partida para se
chegar a algo, mas também uma filosofia da essência e do rigor porque entende que
a essência é dada na concretude do fenômeno do seu devir (MERLEAU-PONTY,
1999).
Para Husserl, até mesmo a lógica, ou seja, a teoria da ciência, precisa de um
fundamento em sua própria essência como teoria e deve procurar na descrição
fenomenológica da consciência de seus fundamentos. Fundamentar a lógica e
fundamentar a filosofia são expressões equivalentes para esse pensador. Ele
acredita que essa fundamentação só será possível por meio da fenomenologia. Como
já dissemos, vários autores foram influenciados por essa filosofia e posteriormente
seguiram em outras direções, já que a descrição dos fenômenos proposta por Husserl
se abria para inúmeros aspectos da experiência vivida, não apenas para os
fundamentos da ciência e da lógica.

4.1 Filosofia analítica

A Filosofia analítica é uma vertente do pensamento contemporâneo,


reivindicada por filósofos bastante diferentes, cujo ponto comum é a ideia de que a
filosofia é análise — a análise do significado dos enunciados e se reduz a uma
pesquisa sobre a linguagem.
Inicialmente, a Filosofia analítica assumiu que a lógica criada por Gottlob
Frege, Bertrand Russell e outros no final do século XIX e início do século XX poderia
ter consequências filosóficas gerais e ajudar na análise de conceitos e no
esclarecimento de ideias. Um dos exemplos mais claros dessa tendência é a análise
de Russell de sentenças contendo descrições definidas. Os primeiros filósofos
analíticos foram Frege, Russell, George Edward Moore e Ludwig Wittgenstein. Na
Inglaterra, com Russell e Moore, opõe-se às escolas resultantes do idealismo
alemão, especialmente ao hegelianismo, representado sobretudo por J. M. E.
McTaggart e F. H. Bradley.
Mas existem várias correntes na filosofia analítica; entre estes, o positivismo
lógico, que se distingue por sua rejeição de toda metafísica. Nesse contexto, vale citar
o Círculo de Viena de estilo neopositivista, fundado por Moritz Schlick e composto por
filósofos e lógicos austríacos e alemães: Carnap, depois Hans Reichenbach e, em
seus primórdios, Wittgenstein.

Um pouco da história da filosofia analítica

Na passagem do século XIX para o século XX, a filosofia passou por uma
nova e profunda reformulação, a chamada “virada linguística”, sob a influência
de Frege, Bertrand Russell e Wittgenstein. A atividade filosófica é vista basicamente
como um método lógico de análise do pensamento. Mais tarde, autores associados à
Escola de Viena e outros positivistas lógicos a viram como uma forma de analisar o
significado de proposições científicas; mesmo, para autores como Peter Strawson,
seria uma tentativa de descrever alguns conceitos básicos de nosso esquema
conceitual. Assim nasceu a chamada filosofia analítica.
A incursão da filosofia analítica marcou assim uma nova divisão entre modos
de fazer filosofia. Os próprios filósofos analíticos cunharam o termo
Filosofia continental para se referir às várias tradições filosóficas que surgiram da
Europa Continental, principalmente da Alemanha e da França.
Com o início da Segunda Guerra Mundial, muitos dos principais membros do
Círculo de Viena tiveram que fugir para os Estados Unidos, e da síntese de sua
filosofia — positivismo lógico — com a cultura americana, surgiu uma nova
corrente filosófica. Pragmatismo — ou “Pragmatismo Moderno”, já que, como
corrente filosófica, o pragmatismo há muito se enraizou nos Estados Unidos, e sob
este mesmo nome, em particular nas obras de William James (1842-1910),
Charles Sanders Peirce (1839 -1914) e John Dewey (1859-1952).
A filosofia analítica, através das suas sucessivas manifestações, sempre
conheceu duas correntes: o empirismo lógico e a filosofia da linguagem ordinária. Na
primeira geração, o empirismo lógico é representado por G. Frege, cujo Begriffschrift
(Halle, 1879) constitui a obra fundamental da lógica moderna.
Ele leva adiante o projeto leibniziano, que permanecera suspenso, de uma
“língua característica” O Grundgesetze der Arithmetik (Breslau, 1884) fornece a
primeira definição lógica de números cardinais. No caso da filosofia
da linguagem comum, H. Sidgwick (1838-1900), em Method of Ethics (1874),
representa a resistência da tradição empirista inglesa contra o
idealismo neohegeliano na Inglaterra. Na segunda geração temos as filosofias de
Russell, no caso do empirismo lógico, e de George Edward Moore, na filosofia
da linguagem ordinária.
Desde meados do século XX, novamente sob forte influência dos estudos
no campo da Lógica — desta vez especificamente da lógica modal — houve um
retorno dos filósofos analíticos, às questões metafísicas e epistemológicas, tal como
tradicionalmente concebidas. Assim, com base em alguns escritos seminais de
autores como Saul Kripke, Hilary Putnam e Tyler Burge, aborda questões
como a relação entre o sujeito e o mundo — ou mais especificamente, entre o
sujeito e seu ambiente físico e social — condições de identidade de objetos através
de mundos possíveis, etc. Nascia assim o externalismo.
Atualmente, a filosofia analítica é a filosofia dominante nos departamentos de
filosofia das universidades em países de língua inglesa, bem como em países
escandinavos, alguns países do Leste Europeu como a Polônia e até mesmo Israel.
Além da referência original à lógica contemporânea, não há ideia unificadora ou
dogma característico da filosofia analítica: a epistemologia e a lógica de Frege se
opõem principalmente ao empirismo.
No entanto, muitos filósofos analíticos posteriores, especialmente os
positivistas lógicos e Quine, defenderam posições empiristas e rejeitaram o
racionalismo de Frege. Filósofos analíticos mais recentes, como Tyler Burge, rejeitam
o empirismo e defendem o racionalismo.
O Círculo de Viena e a filosofia da linguagem comum eram contra
toda metafísica. Hoje, a metafísica está florescendo na filosofia analítica. Até o
início dos anos 1950, o positivismo lógico foi o principal movimento na filosofia
analítica. No entanto, o movimento recebeu um golpe fatal em 1951, quando Quine
publicou “Dois Dogmas do Empirismo”. Era o fim do positivismo lógico.
Depois disso, a filosofia analítica se desenvolveu em diferentes direções. A ciência
cognitiva e a filosofia da mente substituíram a lógica e a filosofia da linguagem.

4.2 Filosofia contemporânea: principais autores

Este conceito de filosofia trouxe consigo uma série de teorias que contradiziam
as verdades absolutas e afirmavam possuir todo o conhecimento existente, o que
é muito comum no pensamento clássico. A filosofia contemporânea chegou para
quebrar paradigmas e questionar o mundo, o homem, a sociedade e até Deus, assim
como novas formas de conflitos e reivindicações sobre a organização geopolítica e
epistêmica do sistema-mundo contemporâneo, levando a iluminar a
contemporaneidade problemas sociais, econômicos e científicos, colocando novas
questões para obter novas respostas. Dentro desse novo formato de filosofia, muitas
teorias foram desenvolvidas, com diferentes visões e abordagens, com diferentes
filósofos, que veremos a seguir.

Friedrich Hegel (1770–1831)

Filósofo alemão que fundou a Teoria Hegeliana. Baseadas na dialética, no


conhecimento, na consciência, na espiritualidade e na história, suas teorias mostram
uma preocupação com a modernidade, trazendo a realidade para um sistema
conhecido como idealismo transcendental. Para ele, a moral é o resultado das
relações entre o indivíduo e o meio, com a sensação de que a realidade está em
constante desenvolvimento e transformação, onde todas as partes interagem e se
movem em uma direção racional (BUCKINGHAM et al., 2011).

Arthur Schopenhauer (1788–1860)

Na teoria desse filósofo, a essência do mundo é sustentada pela vontade


individual de viver de cada pessoa, que constitui sua visão de mundo. Está dividido
em duas partes, observação e experiência. A observação refere-se à
forma como vejo o universo, com as minhas crenças e cultura; a experiência refere-
se às coisas que conheço, por isso observo o mundo apenas a partir do que já vi
e vivi (BUCKINGHAM et al., 2011).

Augusto Comte (1798–1857)

Comte criou uma corrente filosófica chamado positivismo, que acreditava


apenas no conhecimento científico como verdade indiscutível. Esse movimento
sugere que as ciências exatas têm um valor e uma relevância social acima das
ciências humanas, que buscam apenas entender a natureza humana, desenvolvendo
o pensamento crítico (BUCKINGHAM et al., 2011). Dadas essas perspectivas, é
possível perceber que a filosofia contemporânea vem questionar, criticar e, sobretudo,
modificar o atual cenário social, que passava por transformações decorrentes de
tecnologias que modificaram não só os meios de produção, mas também o estilo de
vida, as necessidades sociais e materiais de todos os cidadãos.

Ludwig Feuerbach (1804–1872)

Esse filósofo alemão foi por muitos anos discípulo de Hegel, adotando
posteriormente um pensamento contrário ao de seu mestre. Sua principal
característica é o ateísmo, principalmente em relação ao conceito de Deus, que seria
uma expressão de alienação da sociedade. Ele também acreditava que o homem era
um ser finito, ou seja, suas obras e sua história terminariam com ele quando
ele morresse, contrariando o pensamento cristão atual (BUCKINGHAM et al., 2011).
Seus escritos influenciaram um grande pensador chamado Karl Marx.
Karl Marx (1818–1883)

Conterrâneo de Hegel e Feuerbach, Marx é um dos principais filósofos


contemporâneos. Seria errado atribuir o marxismo apenas a Karl Marx, já que
Friedrich Engels contribuiu para o principal livro atribuído a Marx intitulado de “O
manifesto”, um panfleto de 40 páginas. Sua teoria, denominada marxista, tinha como
principal objetivo a compreensão materialista do desenvolvimento da sociedade, que
vinculou o valor monetário ao valor social de uma pessoa. Marx pretendia não apenas
questionar o mundo, mas também transformá-lo por meio de suas ideias, chamadas
de comunismo. Esse modelo propunha separar a sociedade em duas classes
principais, a burguesia — aquela que possui os meios de produção — e o proletariado
— que é a classe trabalhadora (BUCKINGHAM et al., 2011).
A principal característica de Marx eram suas ideias revolucionárias,
principalmente em relação à tecnologia, quando afirmava que à medida que a
produção tecnológica aumentasse, maiores seriam as desigualdades sociais por ela
geradas (BUCKINGHAM et al., 2011). Marx sonhava com a ideia de que o proletariado
assumiria o controle dos meios de produção, privaria a burguesia do poder absoluto e
assumiria a igualdade para todas as pessoas.

Friedrich Nietzsche (1844–1900)

Seus escritos permeiam temas religiosos, artísticos, científicos e morais,


sempre criticando ferozmente a sociedade ocidental e cristã. Nietzsche diz que é
preciso rever todas as questões éticas, significados e propósitos, afirmando a
essência da vida. Ele acreditava que o homem é um ser a ser superado, além de
acreditar na falência de Deus, alegando que ele está morto, portanto, representa a
morte dos chamados valores elevados. Seu conceito principal era o desejo de poder,
que seria um impulso que elevaria o homem à sua plenitude existencial
(BUCKINGHAM et al., 2011).

Theodor Adorno (1903–1969)

Vindo da Escola de Frankfurt, Adorno afirmou que a emoção e a inteligência


são necessárias para fazer julgamentos entre o certo e o errado, pois os julgamentos
morais são uma combinação perfeita dos dois. Assim como Hannah Arendt, Adorno
acreditava que cometer atos de crueldade não estava apenas ligado à falta de
sentimentos, mas também de inteligência e entendimento.
Este filósofo condenou os meios de comunicação de massa como rádio, jornais
e televisão por conseguirem distorcer a informação, limitar a capacidade do sujeito de
tomar decisões e fazer julgamentos morais e criar uma cultura de massa. Seria uma
escolha moral optar por seguir a cultura de massa em vez do pensamento crítico
(BUCKINGHAM et al., 2011).

Hannah Arendt (1906–1975)

A história de Hannah Arendt começa no dia do julgamento de um dos arquitetos


do holocausto, o alemão Adolph Eichmann. Durante o julgamento, Eichmann
afirmou que não cometeu todas as atrocidades de que foi acusado porque acreditava
nelas ou odiava os judeus, mas porque estava simplesmente cumprindo ordens.
Após assistir ao julgamento, Arendt chegou à conclusão de que o mal não
provém da malevolência ou do desejo de fazer o mal. Em vez disso, ela
sugeriu, as razões pelas quais as pessoas agem de certa maneira é que elas
sucumbem a falhas de pensamento e julgamento. Sistemas políticos
opressivos são capazes de tirar vantagem da nossa tendência para tais
falhas, possibilitando que pareçam normais certos atos que possivelmente
consideraríamos impensáveis (BUCKINGHAM et al., 2011, p. 272).

Simone de Beauvoir (1908–1986)

Nascida na França, esta filósofa é considerada uma das principais figuras


do movimento feminista. Em seus escritos, ela defendia que o ser humano sempre foi
compreendido a partir de uma perspectiva masculina, o que não dava às mulheres
uma conotação de humanidade. Simone defendeu a igualdade de gênero, afirmando
que não existem características tipicamente femininas ou masculinas, mas uma
construção social que delega funções e características às pessoas (BUCKINGHAM et
al., 2011).

Michel Foucault (1926–1984)

Este filósofo francês analisou as instituições sociais como a cultura, a


sexualidade e as relações de poder. Foucault afirmou que o discurso é formado por
diversas regras inconscientes ancoradas nas condições históricas em que
nos encontramos, também conhecidas como senso comum (BUCKINGHAM et al.,
2011). A relação com o homem também foi questionada. Segundo Foucault, é uma
invenção nova e finita que desafia o progresso da tecnologia e a humanidade
exclusiva do homem. Por causa dessas diferenças, é impossível para o homem
moderno usar conceitos antigos. Um conceito muito importante desenvolvido por
Foucault é o de micropoder, que se refere a novas organizações sociais e
disciplinares, que não se limitam à relação entre o Estado e o cidadão, mas também
entre as diferentes esferas da sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CARVALHO, M. C. M. Por uma ética ilustrada e progressista: uma defesa do


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CHAUÍ, M. de S. Convite à filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000.

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MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. Tradução Carlos Alberto


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MOURA, C. A. R. Racionalidade e crise: ensaios de história da filosofia moderna e


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NETTO, J. P. O que é marxismo. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Coleção


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SAMABRIA, J. R. Maurice Merleau-Ponty: fenomenólogo existencial. Revista de
Filosofia, México, D. F.,núm.61, p. 23-44 jan.-abr. 1988.

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