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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Psicologia
Teorias Humanistas Existenciais
Professora Viviane de Oliveira Baumgartl

EDMUND HUSSERL

Ana Flávia Camargos de Alcantara


Iasmim Piassi
Iasmim Santiago Saviotti
Igor Vinícius Leite Chaves
João Pedro Nogueira
Marina Oliveira Miranda
Marina Inácio Otaviano
Viviane Miranda Faustino

Belo Horizonte
2021
1. História de Vida

Edmund Husserl nasceu em 8 de abril de 1859 em Prossnitz, Moravia, antes Império


Austríaco e hoje Prostejov, na República Checa. Ao longo dos anos estudou física,
matemática, astronomia e filosofia nas universidades de Leipzig, Berlim e Vienna. Em 1883,
Husserl foi para Vienna estudar com o filósofo e psicólogo Franz Brentano que em 1886
recomenda ao matemático procurar Carl Stumpf, professor de filosofia e psicologia na
universidade de Halle. Em 1887, Husserl é aprovado no concurso para professor
conferencista em 1887 utilizando como tema de tese: “Sobre o conceito de número: análise
psicológica''. A partir desse tema percebemos que o filósofo está fazendo uma transição da
pesquisa matemática para uma reflexão sobre as bases psicológicas dos conceitos básicos da
matemática.
Husserl ensinou na faculdade de Hale de 1887 a 1901. Em 1900, ele publica a obra
“Investigações Lógicas”, a qual muitos consideram que é a obra que inaugura a
fenomenologia. No período de 1901 a 1916, Husserl leciona na universidade de Gottingen e
ao longo desses anos ele desenvolve as ideias gerais do método fenomenológico. Em 1913,
ele apresenta a obra “Introdução geral à fenomenologia pura”, porém infelizmente ele não
consegue publicar o segundo volume, pois começa a Primeira Guerra Mundial.
Ao longo dos anos, Edmund Husserl dá diversas palestras e leciona em mais de uma
universidade, até se aposentar no final do ano de 1928. Em 1933, Hitler assume o poder na
Alemanha e devido a origem judaica de Husserl, ele é proibido de ensinar nas universidades e
de sair do país sem autorização. No ano de 1936 é definitivamente excluído da vida
acadêmica pelos nazistas e publica a obra "A Crise das Ciências Europeias e a
Fenomenologia Transcendental". Em 1937, o filósofo contraiu uma doença e, após longa
enfermidade, faleceu no dia 27 de abril de 1938, com 79 anos.

2. A Fenomenologia

A fenomenologia é um estudo do conhecimento baseado no fenômeno da consciência.


Nessa perspectiva, todo conhecimento é baseado em como a consciência explica os
fenômenos. Este método foi originalmente desenvolvido por Edmund Husserl (1859-1938) e,
desde então, teve muitos defensores na filosofia e em diversas áreas do conhecimento.
Para Husserl, o mundo só pode ser compreendido por meio de sua forma de expressão,
ou seja, a forma como a consciência humana se manifesta. Não existe mundo em si mesmo e
nenhuma consciência em si mesma. A consciência é responsável por tornar as coisas
significativas. Portanto, todo conhecimento a partir do fenômeno das coisas pode ser
entendido como fenomenologia. Desse modo, Husserl afirmava o protagonista do sujeito
diante do objeto, pois dependia da consciência para atribuir sentido ao objeto. Uma
contribuição importante do autor é que a ideia é sempre consciente, é a consciência das
coisas. Esse tipo de pensamento vai contra a tradição, que interpreta a consciência como uma
existência independente.
Na fenomenologia de Husserl, o fenômeno é a manifestação da própria consciência,
então todo conhecimento é autoconhecimento. O sujeito e o objeto eventualmente se tornam
imutáveis. O grande objetivo da fenomenologia de Husserl é reformular a filosofia. Para ele, é
preciso restabelecer a filosofia e estabelecer a fenomenologia como método, e isso não
constitui a ciência proposta pelo positivismo. A filosofia deve se concentrar no estudo das
possibilidades e limitações do conhecimento científico, não a ciência, antes de tudo a
psicologia, que analisa os fatos observáveis ​da psicologia, mas não estuda as condições que
levam a essa observação. O estudo da base científica dependerá da filosofia.
Este fenômeno pode ser compreendido pela descrição do mundo pela consciência. A
compreensão deve ser sempre entendida como "consciência das coisas". Dessa forma, o autor
nega que o conceito tradicional de consciência seja uma espécie de qualidade humana vazia
que pode ser preenchida com algo. se
Para Husserl, o conhecimento se baseia em inúmeras pequenas visões da consciência,
que, uma vez organizadas e afastadas de suas particularidades, produzem intuições sobre
fatos, idéias ou a natureza das pessoas. Esses são chamados de fenômenos de consciência.
Husserl quer dizer que os fenômenos são manifestações que têm significado apenas quando
são explicados pela consciência. Portanto, a percepção das coisas vai variar de acordo com o
contexto em que estão inseridas. O filósofo tem a responsabilidade de dar uma explicação
única e especializada para o surgimento dos fenômenos.

2.1 Conceitos da Fenomenologia

Para compreender a Fenomenologia, é necessário entender alguns pressupostos feitos por


Husserl (1859-1938).

2.1.1 Consciência e Intencionalidade

É o princípio que diz “toda consciência é consciência de algo”, o conhecimento não


está no objeto em si, nem mesmo na razão apenas, tudo pode mudar na forma que o objeto e a
consciência interagem, ou seja, segundo Husserl o mesmo objeto pode ser conhecido de
diversas formas, por diversas vezes, por diversos indivíduos, dadas as particularidades
distintas sejam: momentos, interesses, emoções.

2.1.2 A Redução Eidética

Representa a análise do noema para encontrar sua essência. Uma vez que, não
podemos nos livrar da subjetividade e ver as coisas em si mesmas, pois em toda experiência
de consciência estão implicados o que é informado pelos sentidos e o modo como a mente
evidencia aquilo que é informado.

2.1.3 A Intuição do invariante

Alguém pode perceber e estar consciente de algo, porém sem intuir o seu significado.
A intuição eidética é fundamental para a redução eidética. Ela é o dar-se conta da essência, do
significado do que foi percebido. O modo de apreender a essência, Wesensschau, é a intuição
das essências e das estruturas essenciais. De comum, o homem forma uma multiplicidade de
variações do que é dado. Porém, enquanto mantém a multiplicidade, o homem pode focalizar
sua atenção naquilo que permanece imutável na multiplicidade, a essência - esse algo idêntico
que continuamente se mantém durante o processo de variação, e que Husserl chamou "o
Invariante".

3. A Fenomenologia de Husserl na Psicologia

Edmund Husserl (1859-1938) desenvolve a Fenomenologia como uma alternativa à visão


científico-naturalista comumente usada pela Psicologia e outras áreas na época. Esta
perspectiva naturalista, para Husserl, generalizava toda a existência como algo já classificado
e fundamentado, inclusive a consciência, o que para Husserl era ingênuo e limitante.
A Fenomenologia de Husserl surge então como uma nova forma de compreender o
processo de conhecimento do sujeito e sua relação com o outro e com a vida. A consciência
está atrelada às atividades humanas imaginativas, perceptivas, etc., é ela que possibilita que
cada indivíduo perceba sua realidade corpórea, espiritual e psíquica.
Husserl então estabelece uma forma de abordar a consciência diferente de outros métodos
utilizados na época, e é definido como princípio do método fenomenológico focar a atenção
nas coisas mesmas, mas isso não é tão simples. É necessário fazer uma série de operações a
partir do método fenomenológico pois, nem sempre é possível compreender tudo de imediato.
O método fenomenológico, que também deve ser uma atitude, consiste em identificar o
sentido e os fenômenos a partir do foco da atenção não somente no que está sendo dito, mas
também no sentido oriundo daquilo, para que assim se compreenda os sentidos e significados,
além da categoria explicativa do objeto em questão. Na Psicologia esse método possibilita
que o profissional lide com as pessoas sempre respeitando e reconhecendo suas
particularidades, e percebendo as essências as quais não são acessíveis pela observação
racional do que está sendo apresentado. Ela vai além do fato ocorrido para assim captar a
essência do fenômeno.
Além disso, um princípio importante da fenomenologia para o psicólogo é a epoché, ou
suspensão. A epoché é uma atitude em que o psicólogo deve suspender seu juízo de valor, ou
seja, as ideias que estão enraizadas relativas à sua compreensão de mundo e os conceitos
diante dos fenômenos que o profissional tem. É essencial que o psicólogo compreenda os
fenômenos que surgem em uma sessão a partir do que é manifestado pelo cliente, e não pelas
suas próprias concepções. A epoché viabiliza que o profissional perceba a constituição do
fenômeno sem tecnificar ou encaixar o fenômeno compartilhado pelo cliente em alguma
concepção teórica. É válido destacar que, ao realizar a epoché, o psicólogo não estará
desconsiderando a existência da realidade, e sim possibilitando uma relação empática e
autêntica de encontro à alteridade do cliente.
A atitude fenomenológica na clínica realiza-se através da escuta ativa do cliente, de modo
rigoroso e atento. Isto propicia que o psicólogo desenvolva ações preocupadas quanto ao que
a pessoa atendida traz, conduzindo a análise deste com um olhar singular, possibilitando o
aprofundamento no assunto e indagando-o analiticamente.
O conceito de horizonticidade de Husserl revela que a experiência não se esgota na
explicação científica, mas se amplia infinitamente na abertura de horizontes de significações
conectadas no sentido do mundo e da vida. O psicólogo que tem clareza deste conceito
consegue se desvincular do modelo naturalista explicativo e mecanicista, conseguindo não
classificar o cliente em uma teoria ou diagnóstico prévio e reconhecer que este cliente é capaz
de, a partir do exercício constante de percepção de si mesmo, decidir qual caminho seguir e
quais decisões tomar.
A Fenomenologia não somente contribui para o atendimento psicológico, mas também
para o próprio profissional de psicologia. Ela possibilita que este compreenda o modo de lidar
consigo mesmo durante o atendimento e também o impulsiona a questionar sua prática,
aperfeiçoando sua maneira de atuar, seus métodos e sua habilidade.
● Conclusão
Muitos aspectos chamaram a atenção do grupo ao longo do estudo. O principal foi que
Husserl buscou tornar o estudo filosófico algo mais preciso, encontrando maior exatidão
dentro do pensamento filosófico. Nos surpreendeu bastante essa sua ideia, pois já mostra uma
visão muito diferente e inovadora, já que, desde as teorias empiristas, os filósofos estavam
voltados a entender o conhecimento como algo advindo da experiência de cada um (relativo).
Isso continua no século XIX, quando surge a psicologia e a ideia de que cada um tem sua
subjetividade.
Outro ponto que chamou atenção, foi a contribuição que a Fenomenologia trouxe para
a Psicologia. Após o entendimento da epoché e da horizonticidade, pode-se dizer que o
profissional psicólogo poderá fazer a abordagem de seus clientes de forma muito eficiente,
respeitando a individualidade de cada um.

● Desenvolvimento das atividades no grupo


Inicialmente todos os membros do grupo se reuniram virtualmente para começarmos a
planejar o trabalho. Foi decidido que 4 pessoas ficariam responsáveis pela apresentação e 4
pessoas ficariam responsáveis pela parte escrita do trabalho.
-Apresentação: Ana Flávia, Igor Chaves, João Pedro Nogueira e Marina Otaviano.

-Parte escrita: Iasmim Santiago, Iasmim Piassi, Marina Oliveira e Viviane Miranda.

● Referências

Biografias: Edmund Husserl. Universidade Federal de São Carlos, 2005. Disponível em:
http://www.ufscar.br/~defmh/spqmh/bio_husserl.html. Acesso em: 01/04/2021

BORBA, Jean Marlos Pinheiro. A fenomenologia em Husserl. Rev. NUFEN, São Paulo, v.
2, n.2, p.90-111, 2010. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912010000200007&l
ng=pt&nrm=iso>. Acesso em 12 abr. 2021.

OLIVEIRA, Thayane Cristine Amaral; BORBA, Jean Marlos Pinheiro. Contribuições da


fenomenologia Husserliana para a Psicologia Clínica. Rev. NUFEN, Belém , v. 11, n. 3, p.
154-169, dez. 2019 . Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912019000300010&ln
g=pt&nrm=iso>. acessos em 12 abr. 2021.
http://dx.doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.nº03ensaio52.

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