1 - Cite algumas referências biográficas interessantes da vida de
Edmund Husserl. O filósofo alemão Edmund Husserl nasceu em Prossnitz na Morávia em 1859, judeu, estudou matemática em três universidades as quais são: Leipzig, Berlin e em Viena tornou-se doutor. Em 1885 com as aulas que havia assistido do professor Franz Brentano em Viena, começou a dedicar-se totalmente à filosofia como profissão séria. Formado em matemática, dedicou sua primeira obra ao Conceito de número em 1887, que conferiu a ele a habilitação para o ensino universitário, esta obra passou mais tarde a constituir a primeira parte da Filosofa da aritmética, de 1891. Concentrou-se também no estudo da lógica, a qual se dedicou a escrever duas resenhas de livros e dois artigos. Em 1901 foi nomeado professor na Universidade de Freiburg, na qual permaneceu até aposentar-se. No ano de 1913, publicou as ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica, que continha escritos seus, de seus discípulos e de autores ligados à sua corrente fenomenológica e iniciou uma publicação que continha escritos seus, de deus discípulos e de autores ligados à corrente fenomenológica. No ano de 1936, saiu em forma de artigo sua última obra, sendo a primeira parte de a Crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental, que foi publicada integralmente em 1954. Husserl morreu em 1938, a tempo para não acabar indo para um campo de concentração nazista, já que sua origem era judia. Foi professor e orientador de Heiddeger. Husserl deixou uma enorme quantidade de trabalhos inéditos, cuja publicação foi iniciada por H. Van Breda, um franciscano belga que conseguira com muita coragem salvá-los da destruição.
2 - A conversão filosófica de Husserl se deu por influência de
Franz Brentano, dele Husserl assumiu algumas teses. Quais foram? As teses que Husserl herda e não mais abandona são: 1) a convicção de que a filosofia deve ser ciência rigorosa, está na linha da filosofia de Descartes; 2) a afirmação de que critério de verdade é a evidência objetiva; 3) a noção de intencionalidade; 4) quarta tese é a afirmação de que somente a percepção interna pode nos dar a evidência da existência do objeto, embora Husserl não deva aceitar o termo percepção interna. E finalmente, depois de tê-la aceito na Filosofia da aritmética, dedicada ao “mestre” Franz Brentano, Husserl recusará a tese brentaniana de que os objetos ideias são realidades psíquicas. A relação entre o sujeito e um objeto sem poder se separar. Não tem como separar.
3 - Qual a concepção de número para Husserl? E no que ela difere
da concepção de G. Frege. O número para Husserl é real e para frege é ideal. A concepção de número para Husserl de baseia na definição euclidiana do número como multiplicidade de unidades. Husserl afirma que o número é o vínculo coletivo que nasce no ato de relacionar. “A ligação consiste única e exclusivamente no ato de relacionar”. A união coletiva é constituída somente por certos atos psíquicos que ligam os conteúdos juntando-os. O vínculo coletivo só pode pois ser percebido mediante uma reflexão sobre o ato psíquico do qual resulta o conjunto. O conjunto, a multiplicidade, origina-se, portanto, de um ato psíquico: o ato de unificar; a unidade, que fundamenta a multiplicidade, é também constituída por um ato psíquico: o ato de representar. Um significa algo e o algo é um conteúdo pensável. O conceito de algo nasce pois de uma reflexão sobre o ato do representar. O fundamento do conceito de número é portanto um fato psíquico. Essa concepção se difere da concepção de G. Frege, na definição que ele dava ao número em seus fundamentos da aritmética. Frege distingue nitidamente o problema da justificativa de uma posição do problema do modo pelo qual chegamos a conhecê-la: o primeiro diz respeito à ciência, o segundo diz respeito à psicologia. Frege defendia sua concepção de Husserl misturava em seu conceito lógica e psicologia. Quanto a objeção de Husserl, Frege observava que esta objeção atinge em rigor todas as definições da matemática, pois ao matemático não interessa o sentido das palavras, mas seu significado, enquanto aos lógicos-psicólogos interessa o sentido das palavras e as representações “que eles não distinguem do sentido”. 4 - Na Filosofia da Aritmética como Husserl concebe a relação entre psicologia e lógica? Husserl admitia que um objeto ideal, como um número, é expressão de uma atividade psíquica, e tal teoria pode ser chamada de psicologismo. Essa atividade era entendida como atividade intencional, reveladora de objetos. Depois estudando as relações entre psicologia e lógica, Husserl conheceu uma forma de psicologismo muito mais radical, afirmando que as leis lógicas não passam e expressões da estrutura mental do homem, de sua estrutura psíquica. O princípio de não-contradição, por exemplo, as leis do silogismo, não passariam de expressões do nosso modo de ver as coisas. Nos prolegômenos de uma lógica pura, Husserl pretende eliminar essa doutrina com dois argumentos. O primeiro é que as leis lógicas são rigorosamente necessárias e universais e o segundo é que o psicologismo se contradiz, pois pretende dizer algo objetivamente válido. As leis lógicas não exprimem, portanto, modos de comportamento, por assim dizer, da espécie humana, mas expressam relações entre objeto ideias. Lógica pura independe da consciência. Imaginação e o imaginado. O fenômeno não é produzido na consciência e não da consciência. O fenômeno está na descrição do fenômeno e não na sua interpretação. A consciência não é transparente. O fundamento da psicologia está no psiquismo da consciência. 5 - Explique o que é a consciência para Husserl. A consciência para Husserl distingue em três significados, o primeiro é a consciência como consciência total do eu, ou seja, a consciência é o conjunto de todos os fatos psíquicos que constituem o eu empírico, é o “feixe de fenômenos” de que fala Hume. O segundo, consciência como percepção interna, seria o significado de autoconsciência, embora Husserl não tenha usado este termo. E o terceiro, consciência como intencionalidade, que significa que a consciência é sempre consciência de algo. Ora, o algo de que temos consciência (o percebido, o imaginado, o pensado) não é um constitutivo real do eu, da consciência no primeiro significado. Para ele a consciência é a intencionalidade, é sempre consciência DÊ alguma coisa, que é o fenômeno. Formula com a fenomenologia com uma ciência rigorosa; voltar as coisas mesmas; consciência é sempre consciência de alguma coisa. Consciência é um fluxo de pensamentos 6 - Qual é o lema da fenomenologia e o que ele significa? O lema proposto é “Zu den Sachen selbst”, que significa a tentativa de aproximação às coisas sem preconceitos ou pressupostos interpretativos, ou seja, vamos até as coisas, vamos ver como as coisas são. Que deve ser entendido como a coisa para a qual retornamos não deve aqui ser tomada como um fato do mundo natural, e sim como um fenômeno puro, ou seja, como uma idealidade, como um dado absolutamente evidente, a ser imediatamente intuído na consciência pura e a partir dessa mesma consciência doadora de sentidos. Assim Husserl define a fenomenologia como ciência dos fenômenos, sendo fenômeno compreendido como o que é imediatamente dado em si mesmo à consciência, isto é, fenômeno para Husserl é aquilo que é manifesto, aquilo que aparece. Por isso ele enunciou como princípio de todos os princípios o seguinte: “toda intuição que apresenta originariamente alguma coisa é de direito fonte de conhecimento; tudo aquilo que se oferece e nós originariamente na intuição deve ser assumido do modo como se oferece, mas também somente nos limites em que se oferece. Como as coisas são? São fenômenos para a consciência e descrever as coisas como elas são.
7 - O que é epoché (redução fenomenológico) e qual sua
importância na filosofia de Husserl? Epoché (redução fenomenológico) é um método da filosofia e afirmação da primazia da consciência. Um termo que os antigos céticos indicavam a suspensão do assentimento a toda proposição que não fosse plenamente evidente, para isso comparou à dúvida cartesiana, não sem salientar sua diferença. A importância de epoché na filosofia de Husserl é um por entre parênteses, um não usar as convicções da vida cotidiana como premissas da filosofia, ou seja, para “ir até as coisas”, é preciso eliminar os preconceitos, é preciso suspender o assentimento em torno de tudo aquilo que não seja plenamente evidente, isto é, refletir, dar espaço para pensar.
8 - Por que até mesmo as conclusões das ciências devem ser
postas entre parênteses? Pela razão de que as conclusões das ciências pressupõem as convicções da vida cotidiana. Do mesmo modo que negar a que a atitude natural e o mundo da vida cotidiana sejam o ponto de partida da investigação filosófica não significa desvalorizá-los, dizer que a filosofia não deve partir das conclusões das ciências não significa desvalorizar o saber científico. Pôr entre parênteses as conclusões das ciências não significa rejeitá- las; significa simplesmente que elas pressupõem o mundo da vida cotidiana. A esfera própria das ciências da natureza começa além do dado da experiência comum e consiste na interpretação desde dado, e na interpretação do dado as ciências da natureza procedem de forma crítica, rigorosa; isto é, procedem de forma crítica ao estabelecer leis e teorias que permitam prever e dominar os fatos; mas aceitam o dado “ingenuamente”, ou seja, não se perguntam se este dado é a realidade última, incontestável. A filosofia ao contrário, se põe esse problema, e por isso suspende inicialmente o assentimento àquilo de que se pode duvidar.
9 - Para a fenomenologia de Husserl qual é a realidade mais
evidente?
A realidade mais evidente para a fenomenologia de Husserl é a
consciência, a subjetividade através de duas razões: 1) na autoconsciência, o objeto se identifica realmente com o ato que o percebe; 2) somente a consciência de si (a percepção imanente) é conhecimento adequado, percebe plenamente o objeto, em si mesmo, e não o reconstrói apenas mediante seus aspectos. Percebemos a coisa enquanto ela se manifesta por aspectos, um fato de consciência, ao contrário, não se apresenta por aspectos, ou seja, eu o percebo a partir do interior. Mas a consciência não é apenas a realidade mais evidente, a única evidente, é também a realidade absoluta, o fundamento de toda realidade, que nulla re indiget ad existendum (nada precisa existir). O mundo é constituído pela consciência. A tese de que o mundo é constituído pela consciência explica a identidade de ontologia e lógica afirmada na Lógica formal e lógica transcendental: a ontologia formal é a ciência do ente em geral, do etwas uberhaupt (nada mesmo) que é o sujeito lógico e implícito em todo juízo. Mas “o ente em geral, seja qual for a sua espécie, não vem de fora para o meu eu, na vida de minha consciência. Todo externo é aquele que existe nesse interno, e deriva seu verdadeiro ser do modo pelo qual é dado e verificado dentro desse interno. O ente é constituído pela consciência, e por isso as leis do ser (ontologia) são leis do pensamento (lógica).
10 - Qual é o autêntico saber para Husserl?
O autêntico saber para Husserl é aquele que nos é dado pelas
ciências experimentais, e nela está traçada a história das origens da ciência moderna. Mas a afirmação de que o autêntico saber não se reduz ao das ciências experimentais não é absolutamente uma profissão de irracionalismo: ao contrário, pois segundo Husserl, justamente esta redução abriu as postas ao irracionalismo, uma vez que deixou à mercê do arbítrio, de escolhas irracionais, tudo aquilo que não entrava no domínio das ciências experimentais, com o resultado de que deixou-se de buscar um saber que servisse de guia à vida. A “forma filosófica da existência” consiste em “dar livremente a si mesmos, a toda a própria vida, uma regra extraída da pura razão”. E para alcançar este ideal é necessário colocar-se na atitude de epoché, a fim de reencontrar as verdades primeiras, a filosofia primeira, que permite descobrir o significado da vida humana em todas as suas formas, incluindo a ciência experimental e a técnica.