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PENSAMENTO IV:
FENOMENOLOGIA
EXISTENCIAL E
HUMANISTA
Fundamentos
da psicologia
fenomenológica
existencial
heideggeriana
Igor Boito Teixeira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A fenomenologia como método de investigação e como filosofia revolucionou
a forma como o ser humano se relaciona com o mundo e consigo mesmo. Não
demorou muito para que a sua forma de trabalho se espalhasse como um
movimento filosófico e, adquirindo inúmeros seguidores, alcançasse aqueles
que conhecemos como existencialistas. Heidegger se encontra dentro desse
movimento.
2 Fundamentos da psicologia fenomenológica existencial heideggeriana
Entretanto, para se questionar o sentido do ser, não se pode ter uma ideia
prévia do que é um ser humano. Heidegger (2015), então, faz uma análise
fenomenológica minuciosa daquilo que nós somos, desmembrando todo o
ser do humano e as suas partes constituintes. Para se referir ao humano,
o filósofo escolheu usar uma palavra muito comum em alemão, mas que não
tem uma tradução direta para a língua portuguesa quando é transformada em
conceito filosófico. A palavra escolhida foi Dasein. Em alemão, essa palavra
significa literalmente “existência”, mas Heidegger (2015) retira dessa palavra
esse sentido quando a transforma no conceito central da sua filosofia.
Marcia Sá Cavalcante (2015), professora e tradutora da obra de Heidegger
no Brasil, mostra essa dificuldade ao afirmar que, após mais de uma década
da sua primeira publicação em português, ainda não há consenso nem mesmo
sobre se o termo Dasein deve ou não ser traduzido. Paul Gorner (2018), estu-
dioso inglês, por exemplo, afirma categoricamente que não se deve traduzir
Dasein para nenhum idioma. No entanto, em língua portuguesa, há duas opções
possíveis, já que não há consenso. Em alemão, da significa tanto “aqui” quanto
“lá”, e “sein” é, literalmente, “ser”. Dessa forma, pode-se utilizar o termo, já
consagrado, “ser-aí”. Pode-se utilizar essa tradução pois, para Heidegger, o ser
do ser humano se dá sempre fora dele mesmo; é preciso que haja interação
com o que está “fora” e a distância para que “meu ser” apareça como “meu”,
isto é, como o ser que está aqui. “Ser-aí” tenta alcançar essas possibilidades.
A outra tradução utilizada é “presença”, defendida por Marcia Sá Cavalcante
(2015). Segundo a professora, é a que mais se aproxima da ideia que o filósofo
alemão tinha ao empregar o termo Dasein.
A presença não é apenas um ente que ocorre entre outros entes. Ao contrário, ela
se distingue onticamente pelo privilégio de, em seu ser, isto é, sendo, estar em
jogo seu próprio ser. Mas também pertence a essa constituição de ser da presença
a característica de, em seu ser, isto é, sendo, estabelecer uma relação de ser com
seu próprio ser. Isso significa, explicitamente e de alguma maneira, que a presença
se compreende em seu ser, isto é, sendo. É próprio deste ente que seu ser se lhe
abra e manifeste com e por meio de seu próprio ser, isto é, sendo. A compreensão
de ser é em si mesma uma determinação de ser da presença. O privilégio ôntico
que distingue a presença está em ela ser ontológica (HEIDEGGER, 2015, p. 48).
o seu próprio ser em relação com o mundo. É sempre a partir das ações, das
escolhas e do habitar uma possibilidade que ela pode ser. Você só é estu-
dante enquanto atua como estudante. Assim, só se é estudante enquanto um
“sendo estudante”; só se é psicólogo, professor, pedreiro, médico, fracassado
ou com sucesso, enquanto se está sendo. Falamos em “habitar”, e isso será
esclarecido logo mais. Mas, afinal, como é que se compreende esse ser que
é “sendo” e como se dá essa relação com o mundo?
Aqui, o filósofo indica que, apesar de não ter uma essência acabada,
a essência da presença reside na própria existência como relação com o seu
próprio ser. Fazendo uma ponte com a citação anterior, na qual Heidegger
esclarece que o ser da presença está sempre em jogo, pode-se compreender
que a essência da presença é a pura possibilidade de ser. Nesses termos,
o autor assevera que apenas a presença existe no mundo, enquanto todos
os outros entes apenas são. Isso ocorre porque os entes intramundanos não
têm qualquer relação de compreensão do seu próprio ser; logo, o seu ser não
está em jogo para eles. Assim, estamos em condição de responder à pergunta
anterior, sobre a compreensão e a relação com o mundo.
Como existência, a presença tem estruturas originárias. A essas estruturas,
dá-se o nome de existenciais. São as formas básicas de a presença ser como
a sua possibilidade de ser. O existencial que permite a primeira aproximação
é o ser-no-mundo, já citado anteriormente. Esse ser-no-mundo é uma consti-
tuição fundamental da presença; ou seja, ela é o fundamento, a fundação de
onde partem todas as outras estruturas. E é exatamente essa estrutura que
interessa ao psicólogo quando ele está frente a frente com o seu paciente.
Portanto, é importante um estudo do seu sentido profundo e da sua forma
de acesso perguntando: o que significa ser-no-mundo?
Antes de tudo, vale observar a construção da expressão. Por ser uma expres-
são composta, ela indica, de saída, uma unidade de três partículas. Essas três
partículas não podem ser decompostas em conceitos individuais que depois se
somariam, mas Heidegger (2015) decompõe a expressão a fim de esclarecê-la.
Portanto, ser-no-mundo contempla o “em-um-mundo”, deixando claro que há
uma questão ontológica no mundo como tal; contempla o ente que é sempre
Fundamentos da psicologia fenomenológica existencial heideggeriana 9
A presença não pode ser descrita dessa maneira, como que dentro de
um espaço, um ser simplesmente dado que surge no meio de outros entes
dessa estirpe. Ser-em é, como dito, uma constituição de ser da presença e,
também, um existencial. Kahlmeyer-Mertens (2015, p. 86) adverte que isso
se dá assim porque o mundo não é um local físico e natural onde o ser-no-
-mundo se encaixaria; é, antes disso, um “espaço fenomenal intencionalmente
aberto”. O que é o mesmo que dizer que o ser-no-mundo, existindo, dá-se em
um mundo físico preexistente, que onticamente prescinde dele para ser o
que é. Porém, o sentido desse mundo, a ontologia desse mundo, só acontece
com a atuação da presença como compreensão de ser, como ser no mundo.
O ser-no-mundo descobre e inaugura o seu mundo, e a presença só existe
como ser no mundo.
Quanto ao ser-em, diferentemente dos entes intramundanos, não está
dentro do mundo das categorias desses entes, pois “‘em’ deriva de innan-,
morar, habitar, deter-se; ‘an’ significa: estou acostumado a, habituado a,
familiarizado com, cultivo alguma coisa; possui o significado de colo, no
sentido habito e diligo” (HEIDEGGER, 2015, p. 100).
Portanto, em vez de estar dentro de um mundo, a presença como ser-
-em habita este mundo, detêm-se junto dele. Esse é o sentido de habitar as
possibilidades de ser que anteriormente foi citado. A partir disso, a própria
relação entre os entes intramundanos acontece. Se esses não possuem a
compreensão de ser, não se relacionam com o mundo ao redor. A própria noção
de espaço e tempo surgirá no mundo a partir da atuação do ser-no-mundo:
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uma mesa não está tocando o chão nem está a cinco passos da parede; essas
relações se estabelecem a partir da compreensão de ser da presença que
desvela esses sentidos ao se ocupar dos entes intramundanos.
Esse “ocupar-se” com os entes leva a outro conceito, que, na verdade,
é um modo de ser do ser-no-mundo. O modo de ser em questão é a ocupação.
Heidegger (2015, p. 102) afirma que “ocupar-se” designa “o ser de um possível
ser-no-mundo” e que, como “ser-no-mundo pertence ontologicamente à pre-
sença, o seu ser para com o mundo é, essencialmente, ocupação”. Ocupar-se
com o que, afinal? Com os entes que lhe vêm ao encontro no mundo, no seu
mundo. Se ser-em é o habitar e o demorar-se junto a..., como constituição do
ser-no-mundo, este é o modo de ser da presença que recusa o encobrimento
do mundo. Explicando: o sentido de ser de todo e qualquer ente está sempre
ansiando por ser desvelado, por ser descoberto; o ser-no-mundo é aquele que,
existindo junto ao mundo, desvela esses sentidos de ser. Importante notar que,
apesar disso, os sentidos de ser dos entes tendem a velarem-se novamente
após serem desvelados, pois é da estrutura da presença esconder-se de si
mesma no sentido de ser das suas ocupações. Isso ficará bem claro a seguir.
Ao se ocupar, o ser-no-mundo está lidando com o que está próximo, com
o que está à mão. Posto que o ser-no-mundo desvela o mundo, um modo
de ser do ente com que se ocupa é desvelado. Esse modo de ser é chamado
de manualidade. A manualidade é o que permite encontrar o ser desses
entes nas suas categorias: o martelo “é” para martelar; a sua categoria é a
dos materiais de trabalho, por exemplo. A categoria é a estrutura de ser dos
entes intramundanos e indica a sua localização no mundo descoberto pela
presença. Agora, se tudo que a presença faz, descobre ou cria leva a sua
assinatura, quer dizer, tudo que a presença manuseia carrega em si o modo
de ser da presença, o manual manuseado carrega, além da sua manualidade,
um modo de ser desse que manuseia. Portanto, a presença tende a perder-
-se, entregar-se como ser às coisas com as quais ela se ocupa. Vejamos um
exemplo.
vel. Mesmo com todas as garantias citadas, não sou médico, mas estou “sendo”
médico, e meu ser continua em jogo.
O adoecimento existencial
Nesta seção, veremos como o ser-no-mundo pode ser afetado pelas suas
experiências de mundo e como, a partir disso, também pode ser afetado pela
prática de um profissional da psicologia.
Por que o ser-no-mundo procuraria o auxílio de um(a) psicólogo(a)? Ele
tem a possibilidade de escolher a liberdade das suas possibilidades, então
por que ir atrás de outro ente para alcançar o que quer alcançar? Uma última
estrutura de constituição é necessária para compreender esses problemas.
12 Fundamentos da psicologia fenomenológica existencial heideggeriana
O ser-no-mundo, além de habitar o seu mundo junto aos manuais com que se
ocupa, também encontra outros semelhantes ao seu modo de ser. A estrutura
que nomeia esse modo de ser é o “ser-com”. O ser-com indica que a presença,
por solitária que queira ser ou se encontre factualmente, não está realmente
só: outro ser-no-mundo é sempre suposto e encontrado no seu habitar. Mesmo
que esteja lendo um livro completamente sozinho na sua casa, a presença
supõe o autor do livro, o editor, o tradutor (se for o caso), curadores, etc. Essas
estruturas ainda podem ser levadas longe: ao profissional que derrubou a árvore
que se transformaria em papel para o livro, ao profissional que construiu a sua
própria casa, e esses exemplos vão até o infinito. O importante a ser notado
aqui é que o ser-no-mundo, além de encontrar sempre os entes intramundanos,
encontra outros como si mesmo a todo tempo, mesmo estando só. Isso que leva
à conclusão de que o outro, também como presença e, portanto, ser-no-mundo,
participa da constituição do sujeito singular (HEIDEGGER, 2015).
Isso basta para você ter acesso aos motivos de como é possível que uma
vivência com o outro possa ser transformadora. Agora, por que buscar esse
refúgio no outro? Adiante, veremos que não se trata de um refúgio nem de um
outro que permite a essa presença estar frente a frente consigo mesma. Forghieri
(1996) toma posição frente à questão sobre por que buscar auxílio psicológico
e a resume: o sujeito que busca ajuda a busca porque está sem saída, não vê
mais possibilidade alguma; ele busca ajuda pois está existencialmente doente.
Sendo ser-no-mundo como ente que desvela o ser deste mundo, a pre-
sença também pode ser definida como uma abertura, no sentido de não
estar fechada em si mesma, isto é, não ser completa. Porém, também é uma
abertura no sentido de ser o ente que permite que o mundo surja e se mostre.
Essa abertura é terrificante, pois a presença não consegue, por mais que
tente, encontrar a si como algo acabado. Por esse motivo, clarifica-se o que
foi citado anteriormente: a presença tente a se entregar para a sua ocupação
com os entes intramundanos e, não menos importante, para o trato que tem
com outros como ela, outras presenças. A esse segundo modo de perder-se,
Heidegger (2015) dará o nome de impessoalidade.
É paradoxal, mas faz sentido se nos esforçamos a pensar nisso com cuidado.
Pode-se pensar no desejo por poder, por dinheiro, por beleza, desejos que,
na sua maioria, são inautênticos, pois não partem da presença; a ela, essas
disposições chegam de algum lugar e daí ela as toma como suas.
O que, afinal, isso tem a ver com a saúde ou a doença existencial? Tudo!
Mas ficará realmente claro quando falarmos sobre a angústia como disposição
fundamental.
A angústia é parente primordial do medo. O medo surge por meio de
uma objetivação da angústia. O medo é sempre de algo que ameaça a pre-
sença, algo que está na sua proximidade e é um risco para a sua existência.
Entenda-se esse “risco” do menos ao maior grau. Em resumo, o medo tem um
objeto definido, um objeto que traz consigo uma ameaça. A angústia como
disposição fundamental é aquela sensação de ameaça sem objeto. Ela parece
vir de um nada, pois nada, de fato, está ameaçando a existência da presença.
Essa sensação de ameaça ocorre porque, ao angustiar-se, a presença faz
os objetos da sua ocupação perderem todo o sentido, não mais ali ser no
qual se apoiar, e o mundo se abre como mundo. Não é mais o mundo onde
a presença pode apoiar-se nem onde os entes intramundanos descansam;
o mundo na angústia se abre no seu caráter de aleatoriedade sem sentido,
e o que angustia a presença é perceber o mundo como pura possibilidade
para as suas possibilidades. Assim, a angústia é a disposição que permite a
singularização da presença. É a disposição que permite à presença encontrar
o que há de seu, o que há em si de pessoal, o que há de autêntico nas suas
possibilidades (HEIDEGGER, 2015).
O problema é que a angústia como disposição que permite à presença
singularizar-se não chega ao sujeito de maneira sutil e com mãos delicadas.
A angústia o pega de assalto e, com mãos de ferro, o joga ao chão. A singu-
larização da presença seria o momento em que ela levanta, sacode a poeira
enquanto ainda sente as dores da queda e olha o mundo desprovida da sua
volta e toma uma atitude: é preciso encontrar o que em mim, até agora, esteve
velado. O mundo retirado do campo do sentido é o mundo completamente
aberto à abertura da presença, é a possibilidade de a presença desdobrar-se
nos seus sentidos próprios. Entretanto:
são exemplos de limites aos quais todas as pessoas estão sujeitas. E acresce, ainda,
que a facticidade da existência restringe a presença concreta do indivíduo, em
determinado momento, num único lugar e permite-lhe fazer apenas uma coisa de
cada vez. Por isso, ele não consegue realizar todas as suas possibilidades; precisa
fazer escolhas entre elas, e cada escolha implica muitas renúncias (FORGHIERI,
1996, p. 8).
passar pelos conflitos e pelas angústias sem se deixar prender, com mais
leveza, com uma “tênue tranquilidade”. Desse modo, a autenticidade da sua
existência será mais amplamente alcançada.
Neste capítulo, abordamos a importância das concepções fenomenológica-
-existenciais para a psicologia acerca da constituição estrutural do ser humano
como presença ou, no original em alemão, Dasein. Questionar-se sobre o
sentido do ser é algo revolucionário, principalmente para a psicologia, pois,
se profissionais da área da psicologia se questionam sobre o sentido do
ser, estão se questionando sobre o sentido do ser em geral, inclusive o seu
próprio. O que distingue o ser humano como presença dos entes intramun-
danos é justamente a compreensão do ser; questionar o ser é, mais uma vez,
questionar a si mesmo. Pensando no atendimento prático, o levantamento
desse tipo de questionamento permite que o paciente veja, no psicólogo,
um espelho das suas próprias questões sobre o sentido da sua existência.
O ser humano como presença tem o seu ser sempre em jogo, porque ele é
sempre pura possibilidade de ser e, portanto, deve se decompor e recompor
no decorrer de cada vivência. A compreensão de ser permite por sob inter-
rogação o seu ser mais próprio, seja por estar em um momento de angústia
avassaladora, seja por estar se interrogando sobre as suas possibilidades
e qualidades. Ora, pensar sobre essas coisas já é uma forma de saúde exis-
tencial. O fato de permanecermos a maior parte das nossas vidas habitando
a impessoalidade da vida em comum não se caracteriza como um demérito
nem como um adoecimento existencial; significa, antes, estar imerso tão
profundamente no cotidiano que não busca a autenticidade. Muitas vezes,
essa autenticidade não aparece nem mesmo como um horizonte de possibi-
lidades. Portanto, quando uma pessoa se retira, mesmo que minimamente,
da impessoalidade do cotidiano, ela pode sentir angústia, mesmo sem estar
doente na sua existência.
Estar em angústia ou passando por um momento de contrariedade não
significa estar doente. O que significa estar doente na existência é estar com-
pletamente fechado, tanto para o mundo quanto para si mesmo. É manter-se
longe de todas as suas possibilidades. A saúde existencial, portanto, também
traz consigo a sua carga de angústia, pois ela é o ponto inicial para qualquer
questionamento das possibilidades de ser do sujeito humano, assim como
a largada para alcançar a singularização e a autenticidade.
Vimos, aqui, os principais conceitos referentes à fenomenologia de Hei-
degger, que pode ser definida como um discurso que desvela o sentido
de ser dos entes como se mostram por si mesmos e em si mesmos. É uma
fenomenologia que visa ao sentido do ser tal como ele se mostra ao ente
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que é o ser humano, pela compreensão de ser. O ser humano é sempre ser-
-no-mundo, um ser em constante relação de significação com o mundo que
o rodeia; mundo esse que o humano habita, no qual se demora, e frente ao
qual encontra o seu próprio ser enquanto “sendo”. Isso mostra que o ser
humano existe, mas nunca consegue se definir de forma derradeira: sempre
se define enquanto está sendo e agindo no mundo e, por conta disso, o seu
ser está sempre em jogo.
Por conta de não poder encontrar-se de forma definitiva, o ente humano
pode esconder-se de si mesmo ao passar por vivências de contrariedade
e de angústia. Embotando-se, a pessoa pode adoecer existencialmente, o
que indica que ela se fecha perante as suas possibilidades e permanece
constantemente estagnada no seu ser. A saúde existencial não é a falta
completa de angústia e a presença de bem-estar existencial inabalável, mas
a capacidade de manter-se em movimento dentro das suas possibilidades
mesmo quando passa por vivências angustiantes. Essas vivências podem
ser sempre ressignificadas pela pessoa que apresenta saúde existencial.
Ressignificando, aprende o que pode fazer a partir dessas vivências para
manter-se no controle do seu ser dentro do seu mundo.
Referências
CAVALCANTE, M. S. A perplexidade da presença. In: HEIDEGGER, M. Ser e tempo. 10. ed.
Petrópolis: Vozes, 2015. Prefácio.
FORGHIERI, Y. C. Saúde e adoecimento existencial: o paradoxo do equilíbrio psicológico.
Temas em Psicologia, v. 4, n. 1, p. 97-110, 1996.
GORNER, P. Ser e tempo: uma chave de leitura. Petrópolis: Vozes, 2018.
GREAVES, T. Heidegger. Porto Alegre: Penso, 2012.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
HUSSERL, E. A ideia da fenomenologia. Rio de Janeiro: Edições 70, 2000.
KAHLMEYER-MERTENS, R. S. 10 lições sobre Heidegger. Petrópolis: Vozes, 2015.