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HERMENÊUTICA, NARRATIVA E NORMATIVIDADE-

POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDO DO


DIREITO NO JURISPRUDENCIALISMO

HERMÉNEUTIQUE, RÉCIT ET FORCE DE LOI: POSSIBILITÉ DE


CONSTRUCTION DE SENSE DU DROIT DANS LE
JURISPRUDENCIALISME

Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega

RESUMO

A reconstrução jurisprudencialista em Castanheira Neves preocupa-se com a


constituição normativa dentro de uma perspectiva de problematicidade e atualidade,
utilizando-se de recursos da fenomenologia. Assegura que na normatividade está o
problema metodológico do direito, tema e espaço de sua reflexão. Problema a que
retorna com constância essa corrente, num permanente preocupar-se com o realizar do
direito enquanto projeto normativo comunitariamente intencionado, que se verifica
pela transcendência do homem a si mesmo, com caráter axiológico-normativo. A
intencional construção normativa de presente e de projeção de futuro torna possível a
discussão do direito tendo por ponto de partida a construção do sentido normativo em
sede de constituição narrativa. Autoriza a conjugar-se a si a idéia ricoeuriana de
construção de sentido na narrativa, para enfrentamento do seu objeto. Autoriza,
portanto, tratar-se da hermenêutica construção do sentido e da necessária
normatividade do direito, numa perspectiva de constituição narrativa, e portanto
histórica do direito. É o que se propõe discutir este trabalho.
Palavras-chave: hermenêutica, jurisprudencialismo, narrativa e normatividade.

* Trabalho publicado nos Anais do XIX Encontro Nacional do CONPEDI realizado em Fortaleza - CE nos dias 09, 10, 11 e 12 de Junho de 2010 5743
HERMÉNEUTIQUE, RÉCIT ET FORCE DE LOI: POSSIBILITÉ DE
CONSTRUCTION DE SENSE DU DROIT DANS LE
JURISPRUDENCIALISME

RÉSUMÉ

La reconstruction jurisprudentialiste de Castanheira Neves se préoccupé avec la


constitution de la force de la Loi dans une perspective de l’atualité, en utilisant des
ressources de la phénoménologie. Veiller à ce que le problème méthodologique est la force
du droit, objet de réflexion. C’ést un problème que retourne toujours à ce penseur, comme
une préoccupation avec la realizatión du droit, son devoir en tant que projet communautaire
sens normatif, ce qui se produit par la transcendance de l'homme lui-même, de caractère
axiologique-normative. La intentionnelle construction de la norme au present et la projection
de future permet la discussion du droit en prennent par point de départ la construction de
sense normatif en siège de la constitution de récit. Autorise jouter la ricoeuriene idée de
construction du sens dans le récit, pour affronter son objet. Il s'agit donc d’autoriser la
construction herméneutique du sens et de la force nécessaire de la loi, dans la perspective
de récit, et donc historique .Celui ci que se propose de discuter dans ce travail.

Mots-clés: herméneutique, jurisprudentialism, récit, force de loi.

INTRODUÇÃO

O Jurisprudencialismo tem se destacado dentre as correntes do pensamento


jurídico pela contribuição no debate sobre o direito, pensado em sua natureza, seus
fundamentos ou suas possibilidades, seu papel e os seus limites. Supera noções
puramente epistemológicas de um lado (atemporais, ahistóricas)- a noção de

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juridicidade amplamente difundida séculos anteriores, a partir de um ponto de vista
meramente epistêmico ou abstracionista, nos moldes do normativismo de orientação
eminentemente teóricodogmática- e de outro lado, propostas que ignoram
preocupações com a necessária e radical intenção de normatividade do direito como
algumas correntes tanto sociológicas como filosóficas ou mesmo culturalistas que em
suas discussões preterem a necessária normatividade do direito (que é sua diferença
específica de outras áreas do conhecimento).
O Jurisprudencialismo, notadamente na concepção de Castanheira Neves,
reconhece no direito a sua historicidade e nela o seu existir enquanto tarefa a fazer
como caráter constitutivo e o compromisso do decidir concreto, numa intencional
construção normativa de presente e de projeção de futuro. Isso torna possível a sua
(do direito) discussão tendo por ponto de partida a construção do sentido normativo
em sede de constituição narrativa do direito. Permite, portanto, falar em direito e
narrativa tendo por fundamento o pensamento de Paul Ricoeur. Autoriza, portanto, a
reflexão com traços da hermenêutica ricoeuriana.

1. REFLEXÕES SOBRE O JURISPRUDENCIALISMO EM


CASTANHEIRA NEVES.

A denominada reconstrução jurisprudencialista, proposta por Castanheira


Neves, recorre ao instrumental metódico da fenomenologia, voltando-se para
problemática atual do direito, enquanto constituição normativa. O sistema filosófico
oferece o suporte para o enfrentamento do problema metodológico do direito, tema e
espaço de reflexão. Problema a que retorna com constância a reflexão, num
permanente preocupar-se com o realizar do direito enquanto projeto normativo
comunitariamente intencionado, que se verifica pela transcendência do homem a si
mesmo, com caráter axiológico-normativo.

Como assevera Nuno Coelho,


É a intimidade do direito com o ser, com a sua radicação em
estratos originais da própria autoconstituição do homem, que conduz
o Jurisprudencialismo à consideração do direito não como um sentido

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já dado e prévio mas como um problema, transformação forçosa ante
a contemporaneidade entre a constituição da juridicidade e o próprio
transcender do homem no mundo…. O Jurisprudencialismo situa o
direito num plano ontológico com uma radicalidade que não se
verifica antes, até porque nenhuma das análises jusfilosóficas
fenomenológico-existencialistas é coerente e conseqüente com seus
próprios pressupostos (como o é, a rigor, a de A. Castanheira Neves).

Aroso Linhares (2008 A) ao explicar o Jurisprudencialismo afirma que os seus


pressupostos ou coordenadas fundamentais dessa corrente são ―a perspectiva do
homem-pessoa enquanto antropologia axiológica a pressupor-assumir um sentido
renovado da praxis e a justificar uma perspectiva microscópica de interpelação do
direito‖.
E explica que na perspectiva axiológica remete-se a outro nível de «ser»
mediatizado pela relação de reconhecimento (enquanto compromisso axiológico). Se
assim podemos entender e afirmar, numa perspectiva de refiguração narrativa que tem
por referência o plano ético, se quisermos nos remeter ao pensamento ricoeuriano.
E assim põe-se em destaque a historicidade e a mundanidade viva na trama, na
transcendência do homem na constituição do sentido do direito enquanto projeto
comunitário normativo. No que podemos reconhecer uma trajetória do plano da ação,
pré-narrado, que percorre a configuração da trama e chega a uma refiguração dotada
de normatividade na convergência com o mundo da ação efetiva.
E aqui voltando a seguir a orientação da análise de Aroso Linhares (2008) há
de se pensar, nesse momento, o problema do fundamento último que ocorre num
«processo-esforço» de auto-transcendência ou de transcendentalidade de natureza
prático-cultural, que mobiliza a experiência hermenêutica da finitude «(e a sua
capacidade de compreender regulativamente o contexto e a transfinitude)» a medida
que assume a compreensão da historicidade (com natureza constitutiva no nível
ontológico).
Essa reflexão nos encaminha a considerar, com o autor citado, a
imprescindibilidade de alocar os fundamentos na «mediação constitutiva da
existência» e num plano de esforço ―de realização histórico-cultural que os constitui e
os realiza (e que os realiza sem os esgotar, antes impondo-lhes um continuum
permanente de especificações ou aquisições problemáticas).‖ (LINHARES, 2008).
Num círculo que assim o é sem ser vicioso, e que dotado de perspectivas para o devir
e o dever ser.

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E ainda propõe confrontar-se à proposta jusnaturalista e à representação da
historicidade que admite em si, consideradas a pré-determinação nuclear de um
absoluto ahistórico, os exemplos-limite do «jusnaturalismo concreto» e do
«jusnaturalismo histórico, formal ou de conteúdo variável» ―(LINHARES, 2008)
Isso porque o Jurisprudencialismo propõe uma análise fenomenológica na
decisão- enquanto ato-tarefa- dotado de intencionalidade específica remetendo à
abordagem metodológica em que se revela a prioridade do caso e afasta posturas
dogmático-positivistas de mera subsunção do fato à norma no plano em que um ou
outro são dados pré-existentes. Mas, ousamos dizer pré-referenciais ou pré-figuração
que estabelece postura dialógico-construtiva – fato-direito, em espiral cuja finalidade
normativa refunda o limite. Permanentemente numa perspectiva racional e axiológica.
Nuno Coelho, seguindo a orientação de Aroso Linhares em sua análise afirma
que se trata da focalização e da análise fenomenológica do ―decidir jurídico‖ em sua
intencionalidade específica. Isso mostra a prioridade do caso para essa abordagem
metodológica do direito, que ao mesmo tempo nega concepções segundo as quais o
direito se apresenta como um mero dado, normativo ou fático, preexistente. Isso pode
se referir a uma lei originária do poder estatal próprio ou do costume, ou ter origem na
razão ou na natureza, ou em Deus, ou na ordem social a quem o pensamento jurídico
deve apreender. «Ao mesmo tempo, revela inequivocamente a racionalidade que
governa e a autonomia que caracteriza o direito.»
Aroso Linhares nos dirá tratar-se de uma nova concepção da práxis em se
confrontam outras propostas em que têm destaque o fim ou a função, numa postura
não ontológica mas de ação histórico-cultural. Essa mesma postura que nos remete
em todo momento a pensar na construção da narrativa ricoeuriana e no movimento
das três mimeses na configuração e refiguração do sentido.

Uma nova concepção da praxis e da filosofia prática


experimentada no confronto com o teleologismo ontológico pré-
moderno e com os causalismo, racionalismo e voluntarismo
modernos mas experimentada também tendo presentes a
representação dos fins assumida pelos funcionalismos materiais... e
a «solução» de desonto-logização do funcionalismo sistémico. A
convocação-experimentação de uma outra teleologia... que nos
permite assumir a intersubjectividade histórico-cultural e a condição
contextual-comunitária da prática (da acção e da decisão concretas)
mas também reconhecer o processo-esforço que transcende a
singularidade e a contingência desta prática e lhe confere um «sentido
material» (que é inequivocamente um sentido de validade).‖(2008)

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Entendemos assim poder afirmar, com a autorização de seu próprio criador,
que a reflexão jurisprudencialista tem caráter eminentemente metodológico, o que é
consentâneo com a relação referencial teoria-prático-reflexiva que se estabelece na
própria proposta. ―à metodologia jurídica cabe reflectir criticamente o método da
judicativo-decisória realização do direito.‖ (CASTANHEIRA NEVES, 2003, p.55)
Uma reflexão a partir de uma reconstrução (a que pedimos autorização a
chamar de refiguração) em que o método não é antecipado à ação como também não é
descoberto na descrição, mas construído na intriga direito-fato, na questão de fato-
questão de direito.
…relação de reconstrução crítico-reflexiva em que a razão
não prescreve a priori um método à prática e também o não descobre
apenas a posteriori na descrição de uma prática metódica e antes a
razão, assumindo intencionalmente uma certa prática, vai referir esta
aos sentidos fundamentantes – aqueles que correspondem à própria
intencionalidade e vocação da prática em causa – para a reconduzir,
numa atitude criticamente reflexiva que terá naqueles fundamentos o
seu horizonte e justificação, como que à própria razão dessa prática.
(CASTANHEIRA NEVES, 1993, p. 11)

E, com o apoio da análise a Aroso Linhares, voltamos à prática ou ao


Jursiprudencialismo naquilo que lhe é específico - pensamento prático capaz de
pressupor-mobilizar e experimentar-realizar um mundo humano culturalmente
constituído e recriado. Um mundo de exigências e de sentidos que é a outra face do
contexto-correlato existencial da nossa convivência comunitária- « e da
«preocupação (Sorge)» que nesta originariamente se manifesta — e que então e assim
determina um pensamento integral e constitutivamente problemático, com uma
estrutura dialógica e uma índole dialéctica.»(2008 A)
Em um mundo humano, culturalmente constituído e recriado- um mundo
historicizado, narrado. Um mundo de exigências e de sentido, que como contexto se
organiza temporal e dialogicamente. Numa estrutura em que se desembaraçam
histórias narradas e não narradas para se compreender o curso de ação, tendo por pano
de fundo ou por ―contexto-correlato existencial da nossa convivência comunitária” ―a
imbricação viva‖ de todas as histórias vividas umas nas outras ―(RICOEUR,
1994,p.115).
Diríamos, na trajetória de construção de sentido narrativa em que na trama a
intriga leva à refiguração.- a que se pode transpor para a noção de controvérsia. Assim

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remetendo-nos ao pensamento ricoueriano no ponto que a intriga é considerada a
partir do muthos e da coerção existencial da discordância em Agostinho e de questões
discordância-concordândia em Aristóteles e que a atividade mimética (mimese)
traduz-se na ―da imitação criadora da experiência temporal viva pelo desvio da
intriga.‖ (RICOEUR, 2000, p.115)
E aí podemos pensar na controvérsia jurisprudencialista como problema
prático inserto no mundo- o originarium da comunicação-compreensão
(LINHARES,2008) em que afloram os seus elementos contexto-ordem, sujeitos,
situação partilhada, o litígio e a experiência que o assimila. O contexto-ordem
estabilizado pela dogmática que o integra, num sistema de referências. Os sujeitos
autônomos, cuja diferença se mostra na situação partilhada. «O litígio e a experiência
de tratamento que o assimila. A convocação de uma mediação objectiva e subjectiva
(a de um terceiro imparcial).» (LINHARES,2008, A)
Nessa trajetória de construção de sentido invertem-se as direções de enfoque
que já não mais é o da perspectiva da sociedade para o sujeito, como se abordou, e
portanto , macroscópica e heterônoma, mas uma perspectiva de imanência
microscópica centrado no homem-pessoa.
E nessa inversão caminha-se para o fundamento e a validade jurídicas partindo
do reconhecimento axiológico da pessoa , enquanto auto-referência e possibilidade de
autotranscendentalidade prático-culturais , numa refiguração normativa que tem um
plano ético axiológico jurídico de pré-compreensão referencial.

O reconhecimento axiológico da pessoa enquanto compreensão-


experimentação da validade jurídica (na sua auto-referencialidade e
autotranscendentalidade prático-culturais): a especificidade da normatividade
jurídica compreendida no seu momento regulativo e na pré-determinação
fundamentante deste sentido — a consciência jurídica geral enquanto
objectivação histórico-comunitária do princípio normativo do direito [a
«síntese de todos os valores e fundamentos que nessa comunidade dão sentido
ao direito como direito»].‖(LINHARES, 2008 A)

E na trama em que se constrói o sentido normativo, a normatividade concreta,


e portanto o direito, a conduta é compreendida como um presente a fazer-se porque
está presente a intencionalidade de projetar um fundamento de validade. O direito
retoma a reflexão sobre si numa intencionalidade que questiona os próprios
fundamentos, na construção (e no seus modos) do sentido da juridicidade. Permite

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assim desvendar uma fusão de horizontes dos campos em que tradicionalmente o
direito se coloca como objeto.
Como nos ensina Castanheira Neves, o ―Protagonista’ refere-se ao ego de uma
conduta atuante, portanto de uma conduta compreendida não como factum, mas como
fieri, não como um já feito, mas como um presente fazer-se. Não lhe compete aqui
duvidar-se que este é o campo que convém ao normativo, e o único no qual ele pode
ser compreendido, porque, em razão de sua intenção constitutiva, de projetar algo que
é um fundamento de validade em outro algo que é o objeto-dado a constituir nos
termos dessa validade, se resolve num atuar, num proceder autônomo e criador – «um
actuar de protagonista». «O normativo, enquanto normativo (não os seus precipitados
objetivos), só pode compreender-se ontologicamente num ser acto (entendido o ser-
acto em oposição ao ser-objeto): no acto problemático da intenção e realização
axiológicas‖. (1993, p.17)
Assim, ousamos afirmar que o direito para o jurisprudencialismo, constrói o
seu sentido, (a sua validade e o seu fundamento) no refletir-se sobre si como
referencial pré-comprensivo, tendo seu momento inicial no ato pré-figurativo da
instauração do homem pessoa, não como um dado mas como um construendo
reconhecimento intersubjetivo da pessoa, num movimento de transcendência e
refiguração com a instauração do direito mesmo.

2-A NARRATIVA COMO POSSIBILIDADE DE


NORMATIVIDADE

Os diversos momentos do pensamento de Ricoeur a que ousamos associar às


concepções de Castanheira Neves autoriza-nos a falar em narrativa enquanto
possibilidade de normatividade. Embora em O atual problema metodológico da
Interpretação Jurídica-I (2003) Castanheira Neves seja incisivo em afirmar que o
problema da interpretação jurídica é normativo e não hermenêutico, nem analítico
lingüístico, ao se propor como questão o problema metodológico da interpretação
jurídica, não afasta a questão da possibilidade da normatividade na construção

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narrativa. (Mesmo porque a narrativa não recusa um diálogo, uma comunitaridade,
uma intencionalidade.)
Normatividade constituída na configuração da historicidade, num mundo em
movimento. Normatividade esta emprestada da noção de direito enquanto «intenção
axiologicamente totalizante» (CASTANHEIRA NEVES, 1995, p.41) em que quatro
notas distintivas se revelam na sua historicidade - o direito como sujeito (para além do
objeto), a sua atualidade e em sendo acto , um projeto se ser, a transcendência do
homem a si mesmo- assim, axiológico-normativo.
Primeiramente, com a superação da noção positivista de o direito impor-se
como dado objeto para se revelar na posição de sujeito, ele próprio como
«transcendens de uma validade (da juridicidade, da idéia de direito) a assumir
problemático-concretamente. Não é, pois, pressuposto, e sim problema….é tarefa que
se faz, não substância que se descobre.» (CASTANHEIRA NEVES,1995, p.41).
Portanto, vencendo a concepção de uma pré-existente normatividade atemporal e
objetiva.
Na segunda nota, em que se revela sua historicidade, juridicamente o direito é
a atualidade, e aqui, forçando-o a um diálogo com Ricoeur, é mensagem e não código-
é diacrônico e não sincrônico porque (não factum mas fieri) « é possibilidade a
determinar concretamente, realizando. É validade a predicar, problema a resolver, e
por isso, não realidade objetiva, mas objetivo para uma realidade.» (CASTANHEIRA
NEVES,1995,p.41)
Na terceira nota, o direito supera ser para a intenção normativa o objeto. É
histórico porque essencialmente em ato, porque somente em ato acontece transcender
à realidade e à objetividade para discutir-lhes o fundamento e sentido- na tensão e na
distanciação. (CASTANHEIRA NEVES, 1995, p.41). Em realizando projeta o
realizar-se.
E é assim, por fim e na quarta nota, porque «axiológico –normativo»
(CASTANHEIRA NEVES, 1995, p.41) e aqui como modo de o homem transcender-
se a si próprio para a própria transformação e convivência. «O direito é justamente um
dos modos do transcender-se o homem a si próprio, o transcender-se num projeto-de-
ser que fundamenta sua humana co-existência; a tarefa de ( o projeto e o esforço de) a
axiológica humanização do homem na sua realidade de convivência histórica.
Manifestando o ser deste dever-ser, o direito é, pois, o acto histórico do autônomo
dever-ser do homem convivente. (CASTANHEIRA NEVES,1995, p.42). Com a

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advertência do autor de que a transcendência que se trata tem caráter histórico-
concreto e portanto, o direito não há de ser pensado como «heteronomia abstracto-
alienante» mas no plano da «ética autonomia humana», que ocorre necessariamente
na historicidade. Historicidade, refletimos, que há de ser realizada, constituída na
configuração narrativa.
Aportando o pensamento de Ricoeur, em «A memória, a história e o
esquecimento» (1997), vale considerar que as condições de possibilidade de
ideologização da memória pelos recursos de variação dados pelo trabalho de
configuração narrativa viabilizam ao direito a necessária normatividade. É na
configuração narrativa que o sujeito (e se o direito é (-se) sujeito e não objeto), no ato
atual, transcendente à objetividade e à realidade, pode transcender-se a si, num plano
de ética autonomia humana.
Assim, em Tempo e Narrativa Ricoeur apresenta o arco hermenêutico sob a
forma do que denominou tríplice mimeses desdobrando o conceito aristotélico de
mimeses em três momentos em que o texto e o intérprete são inseridos no mundo e na
história. O texto nasce de um mundo da ação ou da vida (mimesis I) configura-se
num mundo próprio enquanto configuração lingüística (mimesis II) e retorna ao
mundo da ação ou da vida do leitor, através da interpretação que se faz do texto
(mimesis III). Se é possível pensar que texto nasce como acto a configurar-se
linguisticamente para retornar ao mundo da ação, verifica-se o direito como texto a
constituir sua necessária normatividade nesse círculo em que se configura a narrativa.
Castanheira Neves, ao tratar da ―índole problemática da interpretação jurídica‖
fala-nos de um círculo metodológico da concretização e do caráter «dinâmico
historicamente condicionado‖ (2003, p.51). Reconhece, portanto esse ato
hermenêutico na histórica constituição normativa, mas coloca em questão a
intencionalidade do intérprete na formação da normatividade atual. Afirma: «Pelo que
reconhecer à realização do direito, com a interpretação implicada, uma dimensão
hermenêutica (uma intencionalidade compreensiva, que não explicativa ou
tecnológica) não é o mesmo que afirmá-la um acto hermenêutico (um ato estritamente
hermenêutico na sua específica índole problemática e no seu cumprimento metódico)
(O atual problema metodológico da interpretação jurídica, p.52). O que discute o
autor, portanto, não é o ato hermenêutico mas o caráter de mera compreensão não
intencional da hermenêutica geral aplicada ao direito (e aqui reconheçamos, não há
normatividade, o método não seria jurídico, não há direito, enfim). E nesse sentido

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não se afasta das concepções gadamerianas segundo as quais cabe à hermenêutica
jurídica uma tarefa de constituição de sentido. Mas o que se pretende nesse estudo é
investigar a narrativa enquanto possibilidade de normatividade.
A noção do ato de narrar na composição da trama como também o
compreender ali da noção de sujeito permitem tais digressões. Conforme a
contribuição de Georg Lukács, em ―Narrar ou descrever‖ (1965), enquanto a
descrição exige do autor e do leitor que assumam o ponto de vista do espectador, que
observam estrangeiros à trama, a narração exige deles que assumam o ponto de vista
do participante. A descrição pressupõe uma perspectiva externa à história a que se
refere, e exige uma presença que lhe seja contemporânea, tornando todas as coisas
presentes. A narração,ao contrário, temporiza a trama em que os sujeitos -o autor, o
narrador e mesmo o leitor -se inserem em uma perspectiva de passado, presente e
futuro. A descrição, ao pretender a descrição humana por meio de leis naturais,
destitui os homens de seu tempo, portanto de sua subjetividade, de sua liberdade. A
narração constrói o tempo humano e permite escolhas. Permite o processo e as
decisões. Permite «probabilidade, subsumpção (ou aplicação), inovação».(RICOEUR,
1995, p.21-22)
Em Tempo e Narrativa Paul Ricoeur afirma que ―O mundo exibido por
qualquer obra narrativa é sempre um mundo temporal‖ (1994,t.1,p.15). O tempo
torna-se humano à medida que está articulado de modo narrativo e a narrativa é
significativa à medida que esboça os laços da experiência temporal (1994,t.1, p.15). A
temporalidade,consideramos nós, permite recursos de variação no configurar da
narrativa. E isso é determinante na constituição normativa.
Ost, explora o pensamento ricoeuriano para tratar da função do tempo na
constituição normativa. Em O tempo do direito (2005), fala da enigmática relação
entre o tempo e o justo- o direito que olha para trás se resolve com o futuro.
Desenvolve o autor seu pensamento em três teses. A primeira delas defende ser o
tempo uma instituição social, antes de ser um fenômeno físico e uma experiência
psíquica. Consiste em desafio de poder, exigência ética e objeto jurídico. Na segunda
tese, afirma que a principal função do jurídico é contribuir para a instituição do social.
Na terceira tese sustenta o estabelecimento de um laço potente entre temporização
social do tempo e a instituição jurídica da sociedade. O Direito afeta a temporização
do tempo, ao passo que o tempo determina a força instituinte do direito.

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Para Ost, orientando-se pelas idéias de Ricoeur, o tempo não pode prescindir
da narrativa e nisso há reciprocidade. Em Tempo e Narrativa Ricoeur afirma que o
tempo acontece na narrativa. Em O tempo do direito, Ost trabalha a temporização do
tempo do direito e a força instituinte que o tempo opera no direito. Assim, o tempo
aparece como processo de ajuste contínuo no Direito.
Essa força instituinte interessa particularmente no considerar formativo da
normatividade em Castanheira Neves. Essa força instituinte conduz à reflexão
ricoeuriana sobre a justiça na sua plena historicidade e certa normatividade, ao seu
momento último (temporal) do processo, e que o leva a afirmar
«Posso agora dizer que se a minha própria reflexão sobre a justiça encontrou
na instituição judicial a sua referência privilegiada, isso foi na medida em que nela se
lê claramente a exigência de conduzir a idéia de justiça até a fase terminal do
processo, onde o direito é aplicado aqui e agora.» (1995, p.21). E assim, como
pretende Castanheira Neves o direito é acto e a justiça se concretiza.
Ou ainda, reafirmando a historicidade da normatividade do direito« …o
sentido da justiça, que tem a sua raiz na aspiração a uma vida boa e que encontra a sua
reformulação racional mais ascética no formalismo processual , só acede à plenitude
concreta no estádio da aplicação da norma no exercício do juízo em situação.»
(RICOEUR, 1995, p.22)
Essa orientação não afasta aquelas gadamerianas segundo as quais a
convenção dos homens se constitui de« toda a riqueza do mundo comum
compartilhado e da experiência do mundo que trocamos no diálogo» e que «a
declaração de uma testemunha diante do tribunal continua sendo um apelo ético, que
aponta para além da mera objetividade aspirada pela ciência.» e continua, clamando a
historicidade : «Além disso, mesmo na ciência, uma tal aspiração sempre se cruza
com as tendências do mundo da vida, nas quais temos de viver uma vida comum e
social- e isso é aquilo que nos é dado.»
E no sentido de construção comunitária a partir de uma vida dita ―social e
comum‖ Castanheira Neves complementa que o direito «significa antes o transcender
de uma intenção axiologicamente fundamentante de sentido comunitário: a intenção
axiológica que se assume como uma tarefa permanentemente suscitada a partir da
convivência comunitária das pessoas humanas e que nessa convivência concreta terá
de se realizar» (CASTANHEIRA NEVES,1995, p.42)

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E isso se dá numa construção histórica de sentido em que os movimentos de
ação/interpretação, numa espécie de círculo hermenêutico, se mantém em permanente
construção de normatividades no âmbito comunitário. Isso permite que as soluções
jurídicas não se voltem à reprodução do passado mas projetem o futuro do direito. E
nesse projetar, apontem a justiça para os casos difíceis.
Assim, no momento de decisão de um hard case é necessário contextualizar o
fit narrativo numa perspectiva temporal portanto histórica da ―empresa judiciária‖.
(como pretende RICOEUR- o Justo,1995) . Perante esses casos difíceis a
ideologização da memória pelos recursos de variação dados pelo trabalho de
configuração narrativa na construção do sentido normativo oferecem as condições de
coerência narrativa.
Coerência narrativa, noção que Ricoeur busca em Dworkin para dizer da
necessidade de contextualização histórica do caso pelo afastamento do juízo
determinado de um caso isolado. É na coerência narrativa que o sentido global
acontece e é determinada em uma dada comunidade, ―sem que nenhum narrador
determine por si só o sentido global, mas em que cada um o deve presumir, se adopta
como regra a procura da coerência máxima‖.(1995,p. 147)
E nesse momento é preciso abrir um parênteses para fazer uma reflexão sobre
a difundida idéia de que em Ricoeur o sentido do texto jurídico (sobretudo na
constituição da normatividade) é revelado, e em Castanheira Neves construído. Isso
tem relevância particular ao se admitir a possibilidade de desconstrução, com sua
indicação do paradoxo, do impasse, da aporia, que ocorre ou não quando se pensa no
sentido em si. Nas reflexões de Silva (2005), Ricoeur entende que os símbolos contêm
o sentido a ser revelado. A hermenêutica (para Ricoeur) é uma filosofia reflexiva que
precisa resolver o conflito entre as diferentes interpretações dos símbolos da
linguagem . ―Dessa forma,…a hermenêutica supõe o esclarecimento da verdadeira
―intenção‖ e do ―interesse‖ que subjaz toda a ―compreensão‖ da realidade ―(SILVA,
2005). E assim, para esse comentarista, Ricoeur ―reclama uma hermenêutica dedicada
a restaurar o verdadeiro sentido que os símbolos contêm.‖ (SILVA, 2005)
Consideremos, entretanto, que segundo Ricoeur, essa continência de sentido
permanece em elaboração no texto jurídico. Discutindo a noção de coerência máxima,
fala o filósofo ―na intenção presumida do conjunto jurídico em elaboração‖ (o justo ,
p.148). Já tendo dito, anteriormente, do apelo que, no modelo narrativo, a
interpretação faz às relações de justeza, conveniência ou ajustamento, na reconstrução

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do sentido do texto. Também para Ricoeur o sentido do texto jurídico é um
construendo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Jurisprudencialismo de Castanheira Neves junta elementos interessantes à


hermenêutica e surpreendentes para a compreensão do objeto que permitem o diálogo
aberto e direto com pensadores que exploram a hermenêutica como método de estudo
da construção do sentido. Esse conjugar de idéias fica particularmente frutífero
quando se trata de Paul Ricoeur, sobretudo resgatando concepções apresentadas em
Tempo e Narrativa.
O Jurisprudencialismo utiliza-se (ou funda-se) na fenomenologia e volta-se
para problemática atual do direito, enquanto constituição normativa. Pensa o direito
enquanto norma na sua historicidade e atualidade. Problema a que retorna com
constância a reflexão, num permanente preocupar-se com o realizar do direito
enquanto projeto normativo comunitariamente intencionado, que se verifica pela
transcendência do homem a si mesmo, com caráter axiológico-normativo. Em outras
palavras, a reconstrução jurisprudencialista preocupa-se com a constituição normativa
dentro de uma perspectiva de problematicidade. Considera que na normatividade está
o problema metodológico do direito enquanto projeto normativo comunitariamente
intencionado transcendente. Essa intencionalidade na construção normativa de
presente e de projeção de futuro permite pensar na construção do sentido normativo
em sede de constituição narrativa numa visão ricoeuriana, portanto hermenêutica,
portanto transmetodológica.
Aspecto determinante na intersecção de Tempo e Narrativa de Ricoeur com o
jurisprudencialismo de Castanheira Neves é o arco hermenêutico formado na tríplice
mimeses partindo do desdobramento do conceito aristotélico de mimeses em três
momentos em que o texto e o intérprete são inseridos no mundo e na história.
Nascido de um mundo da ação ou da vida (mimesis I) o texto configura-se num
mundo próprio enquanto configuração lingüística (mimesis II) e retorna ao mundo da
ação ou da vida do leitor, por força da interpretação (mimesis III). Se é possível
pensar que texto nasce como acto a configurar-se linguisticamente para retornar ao

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mundo da ação, verifica-se o direito como texto a constituir sua necessária
normatividade nesse círculo em que se configura a narrativa.
Castanheira Neves, ao tratar do que denomina de ―índole problemática da
interpretação jurídica‖ fala-nos de um círculo metodológico da concretização e do
caráter «dinâmico historicamente condicionado‖. Reconhece, portanto esse ato
hermenêutico na histórica constituição normativa, mas coloca em questão a
intencionalidade do intérprete na formação da normatividade atual e
consequentemente a natureza hermenêutica desse ato. Não põe em dúvida o ato
hermenêutico mas o caráter de mera compreensão não intencional da hermenêutica
geral aplicada ao direito . E nesse sentido não se afasta das concepções gadamerianas
segundo as quais cabe à hermenêutica jurídica uma tarefa de constituição de sentido
mas não toca no que interessa a essa trabalho que discute a narrativa enquanto
possibilidade de normatividade.
A narrativa interessa sobremaneira porque nos dá o tempo, porque humaniza.
A noção de narrativa temporiza a trama em que os sujeitos- o autor, o narrador e
mesmo o leitor- se inserem em uma perspectiva de passado, presente e futuro. A
descrição utilizada em outras correntes de direito, ao pretender a descrição humana
por meio de leis naturais, destitui os homens de seu tempo, portanto de sua
subjetividade, de sua liberdade. A narrativa constrói o tempo humano e permite
escolhas. Permite o processo e as decisões. Permite «probabilidade, subsumpção (ou
aplicação), inovação».(RICOEUR, 1995,p.21-22). Permite também a construção de
um projeto-direito, jurídico-normativo, comunitariamente intencionado, em que o
sujeito enquanto homem transcende a si mesmo , numa perspectiva de inserção
temporal, com caráter axiológico-normativo. Numa perspectiva hermenêutica.

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