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FACULDADE DE DIREITO
NEOCONSTITUCIONALISMO PROCESSUAL E
A EFICÁCIA SUGESTIVA DA LEI
PETRÓPOLIS
2022
INTRODUÇÃO.
PANORAMA.
Não se quer dizer aqui que sistemas jurídicos nunca foram influenciados pela
moral, ou que a própria moral não tenha sido influenciada pelo Direito. Neste sentido, há
que se atentar para aquilo que subscreve H.L.A Hart: “Na ausência de um preceito
constitucional ou legal expresso, o mero fato de uma norma violar os padrões da moral
não implicava que ela deixasse de ser uma regra jurídica; e, inversamente, o mero fato de
uma norma ser moralmente desejável não poderia implicar que fosse uma regra jurídica”
(HART, H.L.A, 2010, p.59).
E mais, o que garante que o próprio judiciário é o melhor garantidor dos direitos
fundamentais para estabelecer uma jurisdição criativa? No Brasil, invadindo
prerrogativas que pertencem ao congresso nacional, ministros chegam a considerar a si
mesmos como seres iluminados!
Assim, pode-se afirmar que o ativismo judicial, que encontra terreno fértil no
neoconstitucionalismo, é a materialização da insegurança jurídica e da pós-democracia
juristocrata, elitista e refratária da soberania popular.
Para além, a importância de se estudar esse fenômeno se acentua ainda mais com
o Código de Processo Civil de 2015, que comporta em seu conteúdo verdadeira
materialização de diversos desses paradigmas tendentes à importação de institutos da
common law somados à racionalidade neoliberal. De arte que, hoje, se pode dizer que o
direito processual está nesta mesma fase (neoliberal) visto o protagonismo da autonomia
privada e dos negócios jurídicos processuais como objetos de negociação.
Assim, desde uma conciliação, até uma delação premiada, o próprio processo pode
ser objeto do negócio (vide art. 190 CPC); apostando-se na imagem do Juiz gerencialista,
ao invés dele como “representante do Estado”. O Juiz passa a ter que cumprir metas como
quem trabalha com comissões, consubstanciando um modelo concorrencial que encontra
esteio no neoliberalismo se tornando uma racionalidade comportamental para além de um
modelo econômico-político-social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Repisa-se, não é dizer que não haja imbricações entre direito e moral desde
sua concepção normativa às práticas jurisdicionais cotidianas. É tão somente defender
aquilo que pondera H.L.A Hart em “Essays on jurisprudence and philosophy”: “É
possível endossar a separação entre direito e a moral, dar valor aos estudos analíticos do
sentido de conceitos jurídicos e, ainda assim, acreditar que seja errado conceber a lei
como sendo essencialmente um comando” (HART, H.L.A. 2010, p.62).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HART, H.L.A. “Ensaios sobre Teoria do Direito e Filosofia”. Rio de Janeiro: Elsevier,
2010.
1
Sobre isto, ver bibliografia complementar: PACHUKANIS, Evguiéni B. Teoria geral do direito e
marxismo. 1. Ed. – São Paulo: Boitempo, 2017.