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Quais as características do Método lógico-sistemático de Interpretação?

A interpretação sistemática completa a interpretação lógica, sendo uma expansão das


potencialidades cognitivas contidas naquela forma de interpretação. A interpretação lógico-
sistemática instrumento que averigua a mudança de significado por que passam velhas normas
jurídicas. Sua atenção recai sobre a norma jurídica, levando em conta, a íntima conexão do
preceito, do lugar em que se acha e da sua relação com os demais preceitos e o laço que une
todas as regras e instituições num todo coerente. Assim com o emprego dos elementos lógicos
disponíveis e dos princípios mais gerais e abstratos do sistema elucidar a norma, objeto de
interpretação. Esse método assenta objetivamente sobre relações ou interconexões de normas,
pôde a hermenêutica jurídica extrair diversas regras ou cânones interpretativos fundada em
argumentos lógicos, cujo emprego é frequente da parte de quantos abraçam na interpretação
das leis o critério lógico-sistemático.
Quais as características do Método histórico-teleológico de interpretação?
O método histórico-teleológico pressupõe um raciocínio em que é possível, em determinados
casos, passar do método lógico sistemático ao método histórico-teleológico, sem quebra de
continuidade. O método traça toda a história da proposição legislativa, investigando
ambiência em que se originou a lei, procurando encontrar o legislador histórico, e os fatores
políticos, econômicos e sociais. Se faz a necessidade de associá-lo ou vinculá-lo intimamente
ao elemento teleológico, que indaga acerca do fim especial da norma, que só se alcança talvez
quando o intérprete compreende o legislador. Os fins que o intérprete intenta determinar,
mediante o critério teleológico, tanto se acham fora como dentro das proposições legislativas,
sendo igualmente importante na pluridimensionalidade desse método estabelecer a vinculação
histórica, a que já nos reportamos, visto que esta consente uma captação mais precisa do
sentido da norma.
Quais as diferenças entre subjetivistas e objetivistas na teoria da interpretação?
Os subjetivistas têm a interpretação dominante voltada para o legislador de preferência à lei.
Tratava-se de um agudo esforço por determinar a mens legis, entendida como a vontade
oculta do autor da proposição normativa, vontade que ao intérprete incumbiria revelar com
fidelidade. Mas jamais responderam com clareza em que consiste a vontade do legislador.
Aparentemente exalçando a função judicial, em verdade os subjetivistas debilitam as
estruturas clássicas do Estado de Direito, assentadas numa valoração dogmática da lei,
expressão prestigiosa e objetiva de racionalidade. Para os objetivistas a lei que se desprende
do legislador não só se formula como adquire autonomia para seguir com seu conteúdo um
curso autônomo, amoldando-se, na totalidade e unidade do sistema jurídico, àquelas
exigências impostas segundo as circunstâncias e as necessidades do processo de evolução do
direito.
Caracterize os tipos de interpretação Especificadora, restritiva e extensiva.
Uma interpretação especificadora parte do pressuposto de que o sentido da norma cabe na
letra de seu enunciado. Tendo em vista a criação de condições para que os conflitos sejam
decidíeis com um mínimo de perturbação social (questão da definibilidade), a hermenêutica
vê-se pragmaticamente dominada por um princípio de economia de pensamento. A
interpretação restritiva se restringe o alcance da norma, de modo que a lei diz mais do que
pretendeu o legislador. A interpretação extensiva quando a lei abrange mais casos que aqueles
que ela taxativamente contempla, isto é, o teor da lei é objeto de alargamento e retificação, até
coincidir com a vontade que o legislador quis exprimir.
Caracterize os instrumentos institucionais de integração
Quando se refere aos meios de integração, a doutrina fala em analogia, costumes, equidade,
princípios gerais de direito, indução amplificadora, interpretação extensiva, etc. Analogia é
quando uma norma, estabelecida com e para determinada facti species, é aplicável a conduta
para a qual não há norma, havendo entre ambos os supostos fáticos uma semelhança. O
costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula,
possível de imposição pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário. A equidade
é sentimento do justo concreto, em harmonia com as circunstâncias e adequado ao caso. O
juízo por equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma espécie de intuição, no
concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade proporcional. Os princípios gerais são
as regras que, embora não estejam escritas, servem como mandamentos que informam e dão
apoio ao direito, utiliza- dos como base para a criação e integração das normas jurídicas,
respalda- dos pelo ideal de justiça. A aplicação extensiva são princípios extraído de uma lei a
casos juridicamente semelhantes, isto é, que são essencialmente iguais nos aspectos
importantes e desiguais nos secundários, tendo em vista uma decisão. A indução
amplificadora é procedimento onde não apenas um juízo empírico de semelhança e um juízo
de valor sobre o caráter mais significativo da coincidência para efeitos jurídicos, mas também
que se extraia da comparação e da valoração um princípio geral.
Qual a Função Social da Interpretação?
A hermenêutica jurídica é uma forma de pensar dogmaticamente o direito que permite um
controle das consequências possíveis de sua incidência sobre a realidade antes que elas
ocorram. A hermenêutica possibilita uma espécie de neutralização dos conflitos sociais, ao
projetá-los numa dimensão harmoniosa no qual tomam-se todos decidíeis, não eliminando,
assim, as contradições, mas as toma suportáveis. A interpretação, exerce sua função ao isolar
o direito num sistema, o saber interpretativo conforma o sentido do comportamento social há
luz da incidência normativa criando condições para a decisão. Contudo, não diz como deve
ocorrer a decisão, para isso existe um terceiro modelo dogmático que toma a própria decisão
como seu objeto privilegiado.
Como o processo de colonização no Brasil se faz presente no sistema de justiça?
O racismo tem suas estruturas enraizadas na sociedade brasileira desde a colonização, uma
estrutura de desvantagem aos negros pode ser percebida em como o aparato jurídico promove,
direta ou indiretamente, formas de marginalização e inferiorização da população negra. O
sistema jurídico reproduzido no Brasil não só estava intimamente ligado ao empreendimento
colonial e às categorias de pensamento que decorriam dele, como desempenhou um papel
central na sua consolidação. A história dos institutos jurídicos que afirmavam a liberdade se
desenvolveu simultaneamente ao regime de escravidão, ao genocídio e à exploração dos
povos colonizados. Nesse contexto, o sujeito de direito é a afirmação de uma pretendida
uniformidade, forjada pela exclusão material, subjetiva e epistêmica dos povos
subalternizados. Os dispositivos legais e, tampouco a hermenêutica do magistrado, não
demonstram preocupação em proporcionar, aos acusados, caminhos de aprendizagem,
tratamento e ressocialização, mas buscam e se preocupam, principalmente, em prender, punir
e reprimir. O Estado brasileiro, ainda que potencialmente emancipatório, na prática, esvazia a
norma jurídica quando não tutela, de forma justa, parcelas da população subalternizadas em
decorrência de fatores raciais e culturais, e estabelece recortes intencionais à aplicação da lei,
o que caminha no oposto do estabelecido na constituição.
O que é o racismo estrutural?
o racismo estrutural se dá pela própria história de formação da sociedade brasileira. O racismo
é uma tecnologia tão sofisticada que pauta o modo de vida até a atualidade, um fenômeno que
permeia as atitudes coletivas e individuais e que é refletido na forma com que os negros e
indígenas são tratados. O racismo é a própria estrutura de poder que pauta a sociedade, ainda
regida pelo herdeiro do colonizador, e as instituições são apenas a materialização de uma
estrutura social ou de um modo de socialização que tem o racismo como um de seus
componentes orgânicos. Sendo assim, uma raça se sobrepõe a outra, em uma demonstração de
privilégio, onde um grupo é detentor de direitos, benefícios em razão de sua raça, trazendo o
negro para posições de inferioridade.
Quais as características da lei antidrogas (11.343/2006) em que os procedimentos
hermenêuticos reforçam o racismo estrutural no sistema de justiça criminal?
A Lei de Drogas reforça o racismo estrutural, isso pode ser observado na interpretação
normativa que foi pensada sob um viés radicalizado que busca, na sua aplicação, o
encarceramento em massa e a repressão de corpos negros, tendo em conta a significativa
parcela de jovens negros presos por esse crime. A Lei de Drogas traz, em seu texto, e mais
ainda em sua aplicação, a positivação das políticas racistas, que decorre da falta de clareza e,
sobretudo, da ausência de critérios objetivos acabam perpetuando o racismo. Isso pode ser
observado na falta de definição objetiva de quem é o usuário e o traficante, na possibilidade
de análise subjetiva da lei por seus aplicadores e na estrutura majoritariamente repressiva e
não preventiva.
Faça uma avaliação da disciplina considerando os seguintes elementos: 1) contribuição
da disciplina para a sua formação; 2) leituras realizadas; 3) dinâmicas desenvolvidas
pelo docente no processo formativo; 4) sua dedicação na leitura e compreensão dos
conteúdos sugeridos.
A disciplina de hermenêutica jurídica contribuiu para conhecimento jurídico de diversas
vertentes de interpretações dos fatos jurídicos, das circunstâncias, das normas e de seus textos,
os mecanismos de sua compreensão, aplicado a problemas concretos amparados na realidade
social. Os textos foram bastante importantes para o estudo e compreensão da matéria, desde
os pensamentos jurídicos jus positivista, não jus positivistas e críticos; as normas jurídicas e
as diversas linhas de interpretação da hermenêutica jurídica; além do estudo sobre o racismo
estrutural brasileiro no sistema judiciário. As aulas foram bem aproveitadas e ajudaram na
compreensão dos textos e do conteúdo; juntamente a isso, os questionários foram importantes
para melhor leitura e aprendizado dos textos, retirando as suas ideias centrais e auxiliando em
estudo eficaz dos temas trabalhados na matéria. Em geral ouve um bom aproveitamento da
disciplina e no aprendizado dos conteúdos trabalhados.

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