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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIREITO

HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO DIREITO

Josefina Jose Rajabo

PEMBA, MARÇO DE 2023


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Índice

Introdução ............................................................................................................................................ 3

1. Hermenêutica ou interpretação do direito ........................................................................................ 4

1.1. Contextualização – Hermenêutica ................................................................................................ 4

1.1.1. Características e fundamentações da hermenêutica ................................................................... 4

1.2. Interpretação ................................................................................................................................. 5

1.2.1. Características e fundamentações da interpretação.................................................................... 5

2. Compreensão actual da interpretação do direito ............................................................................ 6

2.1. Carácter unitário do ato interpretativo ......................................................................................... 6

2.2. Trabalho construtivo do intérprete .............................................................................................. 6

2.3. A interpretação integradora.......................................................................................................... 8

2.4. A hermenêutica total .................................................................................................................... 8

Conclusão........................................................................................................................................... 10

Referência bibliográfica ..................................................................................................................... 11

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Introdução

O presente trabalho procura abordar as conceituações, as características e as fundamentações da


Hermenêutica Jurídica, como um direito utilizado pelo ordenamento jurídico para esclarecer de
forma sucinta a interpretação da lei. Visando o interesse de todos sobre a forma clara de expor suas
ideias, em prol do bem comum e da sociedade, além, de mostra as situações em que na área
jurídica, a hermenêutica é a ciência exacta que cria os métodos e as regras para a interpretação das
normas jurídicas, perpetrando com que elas sejam versadas com sua acepção exacta e esperadas
pelos órgãos que a instituíram.

Esse instituto é guiado por métodos, sendo assim, em qualquer campo da hermenêutica, será uma
forma de comunicação mediactiva, onde toda a norma jurídica deverá ser aplicada em razão do todo
do sistema jurídico vigente. É um conjunto de leis, interpretações, normas, princípios, fatos, criando
neste aspecto, obrigações, limitações, direitos, além de impor sanções. Assim, este trabalho contém
algumas das importâncias da hermenêutica jurídica, suas atribuições, os conceitos de interpretação e
hermenêutica, e também a forma que atua no Estado.

Metodologia

Quanto a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de obras
bibliográficas e pesquisas feita na internet, que consistiu na recolha, critica e interpretação dos
dados cujas referências estão citadas dentro do trabalho e na referência bibliográfica.

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1. Hermenêutica ou interpretação do direito
1.1. Contextualização – Hermenêutica

Hermenêutica é uma palavra que provem do grego que deriva de Hermes que tinha capacidade de
falar com os deuses ou os mortais, deus da mitologia grega, filho de Zeus e de Maia, significa a arte
ou técnica de interpretar e explicar um texto ou discurso. É a ciência da interpretação, que se volta
para o estudo da interpretação dos textos do direito positivo, uma ciência que tenta elucidar como se
da tal interpretação.

A tradição de hermenêutica com a possibilidade de traduzir a linguagem de um para o outro, ela dá


a dimensão de interpretar o direito, tentar compreender mecanismos normativos, mecanismos
sistemáticos, institucionais, que revelariam em casos concretos qual seria a directriz do direito para
estas mesmas circunstâncias. A hermenêutica jurídica, tem uma história variável e o jeito pelo qual
tomamos o direito.

Por fim, para Carlos Maximiliano, a hermenêutica tem por objecto “o estudo e a sistematização dos
processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito”. Dito de forma
mais simples: “Hermenêutica é a teoria científica da arte de interpretar” (MAXIMILIANO, 2003, p.
1).

Hermenêutica Jurídica, teoria científica que tem por objeto, não a interpretação em
si, mas o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o
sentido e o alcance das expressões do Direito (MAXIMILIANO, 2010, p.1)

1.1.1. Características e fundamentações da hermenêutica

No dizer de BARROSO (2009, p. 107), "a hermenêutica é um domínio teórico, especulativo, cujo
objecto é a formulação, o estudo e a sistematização dos princípios e regras de interpretação do
direito".

Nos dizeres de REIS, existem duas correntes que norteiam a hermenêutica, uma chamada clássica e
a outra contemporânea. A hermenêutica clássica é dirigida pela concisão cientificista e adversa a
questões metafísicas ou subjectivas, onde defende as decisões judiciais objectivas e neutras,
querendo tornar possível a separação do Direito dos outros jeitos que envolvam a sociedade. Já a
hermenêutica contemporânea traz consigo os métodos de interpretação que ressaltam o papel

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criativo do intérprete, sendo o efeito integrador, máxima efectividade, forca normativa e princípios
da unidade.

1.2. Interpretação

A interpretação significa determinar o sentido e o alcance da norma jurídica, busca-se a relação


entre o texto meditativo, já que as leis positivas são formuladas em termos gerais. Vai muito além
da exacta compreensão dos textos, ela tem lugar em cada decisão e escolha que tomamos, em cada
caminho dado, momento vivido, algo que se torna importante para as ciências humanas. Seria uma
arte de descobrir, revelar, desvendar os principais significados de um texto, consistindo em uma
atribuição no sentido de desvendar os textos ou os outros signos existentes, tirando assim,
conclusões acerca das expressões contidas nos textos e factores neles considerados.

De acordo com a doutrina a interpretação é actividade indispensável na resolução jurídica dos


conflitos e parte dela consiste reproduzindo ensinamento vicioso, pelo qual, a interpretação seria a
arte de descobrir os principais significados de um texto.

1.2.1. Características e fundamentações da interpretação

Literal: busca o sentido do texto normativo, baseado nas regras comuns da língua, para se extrair
dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas
pelo legislador.

Histórico: busca o argumento fático da norma, impugnando aos métodos da historiografia para
retomar o meio em que a norma foi editada, os significados e aspirações daquele período passado,
de modo a se poder compreender de maneira mais aperfeiçoada os significados da regra no passado
e como isto se comunica com os dias de hoje.

Sistemático: considera em qual sistema se insere a norma, relacionando-a às outras normas


pertinentes ao mesmo objecto, bem como aos princípios orientadores da matéria e demais
elementos que venham a fortalecer a interpretação de modo integrado, e não isolado.

Teleológico: busca os fins sociais e bens comuns da norma, dando-lhe certa autonomia em relação
ao tempo que ela foi feita. Tratando-se de hermenêutica jurídica, o termo significa a interpretação
do Direito, que pode - e deve - passar por uma leitura constitucional e política.
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Sociológica - Que é a interpretação na visão do homem moderno, ou seja, aquela decorrente do
aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de
sua aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o jurista terá um elemento
necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos concretos ante a norma.

E ainda, a Holística, que abarcaria o texto a luz de um mundo transdisciplinar (filosofia,


história, sociologia...) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem a desconsiderar certo
texto em detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não representada na norma entendida
exclusivamente e desligada dos outros elementos da realidade que lhe dão sentido.

2. Compreensão actual da interpretação do direito


2.1. Carácter unitário do ato interpretativo

Actualmente a actividade de interpretar a norma jurídica é vista como uma actividade única, ou
seja, o processo interpretativo é uno e complexo, composto de vários processos ou momentos, em
que se utilizam os vários métodos de interpretação (gramatical, lógico-sistemático, histórico-
evolutivo e teleológico ou finalístico) para a compreensão de uma norma.

Com efeito, por ocasião do ato de interpretar uma norma, esses métodos se implicam e se
complementam ou se combinam, contribuindo todos para a compreensão do sentido e do alcance
da norma em questão. Às vezes pode ocorrer a preponderância de um sobre os outros, na medida
em que se mostra mais adequado ao entendimento ou compreensão da norma. (ex: método
gramatical ou lógico-sistemático na aplicação de norma recente)

2.2. Trabalho construtivo do intérprete

O trabalho do intérprete não se reduz a uma passiva adaptação ou sujeição a um texto legal, mas
representa um trabalho construtivo de natureza axiológica (valorativa). Diferentemente de outras
formas de interpretação como a da história, da literária ou da musical, o intérprete do Direito não
fica preso ao texto, como o historiador aos fatos passados; e tem mais liberdade do que o pianista

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diante da partitura. No Direito, ao contrário, o intérprete pode avançar mais, dando à lei uma
significação imprevista, completamente diversa da esperada ou querida pelo legislador.

Com efeito, segundo o jurista GUILHERMO A. Borda:

"Uma vez sancionada, (a lei) incorpora-se ao meio social; lei e sociedade influem-
se reciprocamente, formando aquela parte da vida do direito, seguindo sua
evolução. Se mudam as circunstâncias, a lei deve ser interpretada não como a
desejou seu autor há 50 ou 100 anos, mas como o exigem as atuais
circunstâncias..." ( apud Betioli, op. cit. p. 313).

Por fim, como lembra Betioli, a interpretação da norma jurídica implica a apreciação dos fatos e
valores dos quais ela se originou; assim como deve ser interpretada em função dos fatos e valores
supervenientes. Como ensina Miguel Reale: "a sistemática jurídica, além de ser lógico-formal,
como se sustentava antes, é também axiológica ou valorativa".

Assim, a interpretação jurídica tem necessariamente uma carácter "lógico" (o que permite que a
interpretação alcance elevado padrão de rigor e segurança), com o que se afasta do mundo do
Direito qualquer interpretação intuitiva ou emocional. Mas ela não se reduz a meros esquemas
formais; trata-se antes duma "lógica valorativa", ou como fala o jurista Recaséns Siches, "Lógica
razoável".

"A técnica hermenêutica do 'razoável', ou do 'logos do humano', é a que realmente se ajusta à


natureza da interpretação e da adaptação da norma ao caso. A dimensão da vida humana, dentro
da qual se contém o Direito, assim o reclamado. O fetichismo da norma abstracta aniquila a
realidade da vida. A lógica tradicional de tipo matemático ou silogístico, não serve ao jurista, nem
para compreender e interpretar de modo justo os dispositivos legais, nem para adaptá-los às
circunstâncias dos casos concretos. O juiz realiza, na grande maioria dos casos, um trabalho de
adaptação da lei ao caso concreto, segundo critérios valorativos alheios aos moldes silogísticos".

E mais:"Ora, ao se orientar por juízos de valor em que se inspira a ordem jurídica em vigor,
deverá o intérprete atender às exigências do bem comum, já que a lei é a ordenação da razão,
editada pela autoridade competente, em vista do bem comum. E como o bem comum se compõe

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de dois elementos primaciais – a idéia de justiça e a utilidade comum – são esses elementos, de
caráter essencialmente valorativo, os princípios orientadores." ( A. cit. "Hermenêutica no Direito
Brasileiro", Ed. RT, 1968, 1º vol., p.86)

2.3. A interpretação integradora

A interpretação integradora é, portanto, uma interpretação de estimações, de valorações.


Axiológica. Já é suficientemente sabido que o ordenamento jurídico é dotado de plenitude lógica.
Pois nós, neste momento, ousamos dizer que ele é também dotado de plenitude axiológica. (...)
Interpretação integradora é a que leva em conta os dois aspectos: plenitude lógica e plenitude
axiológica, forcejando na constante descoberta desta para qualificar aquela com a verdadeira
justiça.
É interpretação viva e completa. Viva, porque atuante na plenificação. Completa, porque não só
ajustamento de peças normativas, mas também qualificação valorativa. Desperta o intérprete para
os envolvimentos funcionais da parte – inclusive ele, como parte que também é – dentro do
sistema. (...) Convida o intérprete a sair da estrita e direta relação norma-fato, vista isoladamente,
e partir para um alargamento da percepção e da sensibilidade, melhor desfraldando o leque de
fatores e alternativas a serem considerados na interpretação." (op. cit. p. 220/225)

2.4. A hermenêutica total

Raimundo Falcão após expor brilhantemente a importância do princípio da "interpretação


integradora", indaga: como chegar-se a ela, se o sentido é inesgotável? Ensina o autor que chega-
se à interpretação integradora por meio da Hermenêutica:

"Esta (a hermenêutica) não se contentará com sua natureza de balizamento para os


resultados da tarefa interpretativa, mas procurará, sem descurar do indivíduo,
qualificar-se com a preocupação voltada ao todo, seja em termos sistémicos, seja
em termos de valores. A Hermenêutica será, portanto, total." (op.cit. p.241)

Melhor explicando seu conceito de Hermenêutica Total, ensina o ilustre jurista:

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"Em resumo, eis o papel da hermenêutica total: permitir a utilização de todas as alternativas
possíveis de realização do ser humano na justiça, por intermédio do Direito. e essa missão lhe é
imposta pela inesgotabilidade do sentido, a qual, na mesma proporção em que ratifica a grandeza
do homem, pode transviar-lhe o espírito e, em conseqüência, a conduta, em face da escolha errada
do sentido para si e para outrem, na permanente interpretação que é a vida. Essa tarefa pode ter
dimensões tão amplas quanto a humanidade o possa também ter. Ou ser. Mas também pode ter
dimensão bem mais específica: visando à realização do homem, na Justiça, por intermédio do
Direito.” (idem, p.260).

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Conclusão

Conclui-se que a hermenêutica jurídica é fundamental para a interpretação das leis e normas
jurídicas do nosso quotidiano. Tornando a interpretação objecto principal para desvendar os textos,
onde o intérprete tem suma importância pelos sujeitos da experiência jurídica vivificam e
resinificam a norma a partir de um sentido próprio e real. Animam o direito, garantindo o
dinamismo de que são próprios dentro de uma sociedade aberta e pluralista.

A hermenêutica acompanha o pensamento de Carlos Maximiliano, que define a interpretação como


a consignação do sentido e alcance dos procedimentos de Direito e hermenêutica como a ciência
responsável pelo estudo e sistematização do processo utilizado pela interpretação. Valendo ressaltar
que para se aplicar o Direito é preciso compreende-lo e interpreta-lo, provando que só se aplica-o
sendo necessário esses requisitos. Para ocorrer a interpretação atende-se uma lógica sistematizada
para que o Direito tenha efectivamente acatar às necessidades sociais que reclamam por sua
aplicação.

Caberá ao aplicador conhecer a hermenêutica para aplicação a norma do direito material e


processual, dependendo necessariamente da interpretação de cada um. Baseada na compreensão do
que seja a hermenêutica e a interpretação e a importância de ambas no contexto jurídico, deverá
observar o conteúdo do texto para saber como se dará a aplicação do Direito.

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Referência bibliográfica

BETIOLI, ANTONIO BENTO. (1996) – Introdução ao Direito". (4ª ed). Letras & Letras

FALCÃO, R. B. (1997) – Hermenêutica. Malheiros Editores, p. 281

MAXIMILIANO, CARLOS. (1965) - Hermenêutica e Aplicação do Direito. (2ª Ed). Freitas


Bastos

REALE, MIGUEL – Reale, Miguel.. Lições preliminares de Direito 27 ed. 2002, São Paulo:
Saraiva. p. 64/68

SILVEIRA, ALÍPIO - Hermenêutica no Direito Brasileiro, 1968, Ed. RT

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