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HERMENÊUTICA
JURÍDICA
Prof. M.e Rafael Amoêdo
O que você vai
aprender nesta aula:
Revisão do campo de estudo da hermenêutica:
Hermenêutica e linguagem;
Teorias da Interpretação jurídica;
Introdução aos métodos e técnicas;
Hermenêutica e
Linguagem
A Hermenêutica é uma ciência que está intrinsecamente
relacionada à linguagem, pois se refere a parte da ciência
jurídica que cuida do estudo e sistematização da
interpretação no direito.
A hermenêutica procura estabelecer quais as técnicas
que deverão ser utilizadas para que a interpretação
possa se desenvolver de maneira adequada.
O objetivo é a possibilidade que a interpretação leve à
aplicação correta e justa do Direito, um resultado difícil a
ser atingido, o que demonstra a complexidade da
atividade;
Há dois paradigmas do campo de conhecimento que são
importantes à hermenêutica: o essencialismo e o
convencionalismo.
ESSENCIALISMO
Ambiguidade Vagueza
Um mesmo termo pode ter vários Se refere à extensão do termo empregado, que
significados possíveis. É necessário então suscita dúvidas acerca dos objetos ou
uma maior especificação daquilo que se quer situações que se encontram compreendidas no
dizer, a fim de reduzir as possibilidades de seu significado. Nesse caso não se trata de
compreensão, por exemplo, a palavra uma indeterminação de múltiplos significados,
"depravação moral" que denota uma mas da abrangência difícil de delimitar. Nesse
indeterminação de sentido em vários casos; caso precisa-se do contexto.
Porosidade
Diz respeito aos diferentes significados que um termo pode
ter ao longo do tempo. Se refere ao caráter histórico da
linguagem, em que várias palavras caem em desuso, ou voltam
a ser usadas, ou passam a ter um novo significado.
CONTROLE DE Interpretação
SIGNIFICADOS Declaratória (tradição)
Afasta o entendimento que O significado da interpretação refletirá, pelo menos em sua
essência, os enunciados que estão colocados nas normas
o significado depende
jurídicas. Haverá uma forte relação entre significante e
exclusivamente das significado, como se a interpretação apenas exteriorizasse o
escolhas do legislador e que está colocada de maneira expressa ou implícita na lei.
expressas na lei.
Os enunciados possuem No entanto, muito frequentemente os enunciados são ambíguos
ou vagos, como é o próprio de várias construções linguísticas,
então várias significações,
de modo que a interpretação seria necessária exatamente
de modo que sejam feitas como forma de evidenciar uma significação que NÃO é evidente
escolhas interpretativas. em si só.
Verbis tenaciter inhaerendum; verba cum effectu sunt accipienda: toda palavra
tem valor exato, não há nada ocioso na lei, nada sobre nela, a lei não contém
palavras inúteis;
Ubi voluit dizit, ubi non voluit non dixit: toda omissão é intencional;
In claris non fit interpretario: sendo claro o teor da lei não se deve avançar mais
na interpretação;
Interpretação Lógica
Visa a utilização da lógica para compreensão da lei, isto é, quando os termos da lei
são potencialmente contraditórios, afasta-se a interpretação gramatical e busca-se
o sentido da lei através da lógica;
O objetivo é buscar o real sentido do preceito tendo como suporte a razão de ser
da lei (ratio legis), a intenção que se tinha em mente e que está expressa na lei
(intentio legis) e a ocasião em que a lei foi elaborada (occasio legis);
Dentro os raciocínios utilizados está o raciocínio silogístico, no qual é realizada uma
dedução lógica a partir das premissas tidas como verdadeiras.
A premissa maior seria a lei, enquanto a menor seriam os fatos analisados, de modo
que a conclusão é a dedução feita a partir das premissas;
Procedimentos da interpretação:
Atitude formal: Se expressa no momento em que se preocupa em verificar a
existência - e se for o caso - resolver eventuais incompatibilidades, utilizando-se
para isso regras formais - estabelecer normas jurídicas que venham a solucionar
situações de incompatibilidades antes que os casos reais ocorram. É um momento
em que se busca prever quais as soluções na hipótese de surgir eventuais
incompatibilidades;
Atitude prática: Evitar a incompatibilidade a medida que elas forem surgindo no
universo jurídico e real;
Atitude diplomática: Evitar uma incompatibilidade em um determinado momento
e em razão de uma norma jurídica específica cria uma solução única para aquele
único caso, resolvendo assim, aquele único conflito;
Procedimentos da interpretação:
Atitude formal: Se expressa no momento em que se preocupa em verificar a
existência - e se for o caso - resolver eventuais incompatibilidades, utilizando-se
para isso regras formais - estabelecer normas jurídicas que venham a solucionar
situações de incompatibilidades antes que os casos reais ocorram. É um momento
em que se busca prever quais as soluções na hipótese de surgir eventuais
incompatibilidades;
Atitude prática: Evitar a incompatibilidade a medida que elas forem surgindo no
universo jurídico e real;
Atitude diplomática: Evitar uma incompatibilidade em um determinado momento
e em razão de uma norma jurídica específica cria uma solução única para aquele
único caso, resolvendo assim, aquele único conflito;
Interpretação sistemática
Os diferentes preceitos jurídicos não devem ser interpretados isoladamente e
sim em conjunto, já que o ordenamento jurídico é estabelecido de forma racional,
unitária e coerente pelo legislador;
Conjuga a norma jurídica mais pertinente ao caso com outras normas que possam
interferir e fornecer ao intérprete um exame mais completo da questão.
Esse método pode ser utilizado em relação à própria lei (de forma restrita, com
um estudo sistemático dos seus artigos e leis) ou ao sistema geral do direito
positivo em vigor (ao ordenamento jurídico como um todo, ou seja da lei em
diálogo com outras normas vigentes).
Nesse método, a interpretação exige uma análise do ordenamento em sua
completude, visando a integração e a harmonização das várias normas existentes,
identificando suas relações lógicas e hierárquicas;
Regras da Interpretação
Sistemática
NUNCA se deve ler o segundo parágrafo sem antes ter lido o primeiro, nem
deixar de ler o segundo depois de ter lido o primeiro;
NUNCA se deve ler um só artigo, leia-se também o artigo vizinho;
Devemos sempre comparar e analisar os textos normativos que tratam do mesmo
objeto da norma jurídica analisada, caso contrário correremos o o risco de realizar
uma interpretação limitada e até imprópria por não consideramos todo o universo
envolvido.
É a interpretação da norma à luz das outras normas e do princípio do ordenamento
jurídico, o qual não é a soma de suas partes, mas uma síntese delas - é a
interpretação do todo pelas partes e das partes pelo todo;
Algumas técnicas da Interpretação
Sistemática
A norma jurídica deve ser examinada na sua íntegra e também inserida no
ordenamento jurídico;
É preciso comparar a norma jurídica com outros afins, que compõem o mesmo
instituto jurídico, e ainda, com outros institutos análogos;
A norma jurídica analisada deve ser confrontada com outras normas de igual
hierarquia e de hierarquia superior, e ainda devemos compará-la com os Princípios
Gerais do Direito, com o Direito Comparado e com todo o conjunto do sistema
jurídico;
Método histórico
Se refere às condições do meio e momento da elaboração da norma legal, bem
assim das causas pretéritas da solução dada pelo legislador;
Se divide em remota e próxima:
REMOTA: As origens da lei, raiz, as próprias manifestações primeiras da
instituição regulada;
PRÓXIMA: Relaciona-se ao momento de elaboração da lei, sendo necessário
encarecer a importância da sociologia, da política e de outras ciências afins.
É a pesquisa genética da norma, pois através deste método o intérprete irá buscar
os antecedentes da norma, os motivos que levaram à elaboração da norma jurídica,
quais os interesses dominantes que esta norma jurídica buscava resguardar.
O Direito é um produto histórico, oriundo da vida social e capaz de adaptar-se as
novas condições e realidades sociais - Savigny.
Obtido como atividade interpretativa às diferentes realidades e necessidades sociais,
sem, porém, que o intérprete se afaste do preceito legal;
Busca conectar a norma à realidade fática no ato de interpretar a lei, de forma a não
realizar uma interpretação desconexa com os fatos;
Realizar a interpretação a partir de uma leitura das necessidades sociais, ampliando o
alcance do preceito normativo - a aplicação da lei é uma construção baseada com
elementos empíricos constatados pelo juiz;
Apresenta três objetivos:
Eficacial: confere aplicabilidade à norma jurídica diante dos fatos sociais por ela
previsto, dando-lhe eficácia;
Atualizador: Interpretação histórico-evolutiva que possibilita uma elasticidade
maior da norma jurídica;
Transformador: Confere um caráter reformador que busca satisfazer aos anseios
pela justiça, ao atendimento do bem comum, ex.: o Art. 5º do Código Civil.
Método sociológico
Método evolutivo
Uma interpretação que acompanha as mudanças no contexto social, tornando a
norma adaptável a um novo contexto ou a uma nova realidade, mesmo que
inicialmente pensado a partir de elementos fáticos de outros momentos;
Também conhecido como método histórico-evolutivo - é utilizada quando se
pretende atualizar o texto da lei. É preciso que o intérprete se coloque no lugar do
legislador, verificando quais foram os fatos que o levaram a elaborar a lei, e, em
seguida, faça a atualização da lei em face aos fatos novos, a partir da suposta
vontade futura do legislador. A busca de uma interpretação atualizada da norma,
preservando assim a vontade da lei (mens legis).
Seria uma interpretação completa aplicando-se as interpretações lógica,
gramatical, sociológica, histórica, sistemática e teleológica.
Método teleológico ou finalístico
Serve para a descoberta da vontade ou intenção objetivada na lei ou, ampliando um
pouco o enfoque, para a identificação da finalidade almejada pelo legislador;
Teleologia - estudo dos objetivos, propósitos e destinos- acredita-se que os seres
humanos e outros organismos têm finalidades e objetivos que orientam seu
comportamento;
Há a possibilidade da interpretação se distanciar da noção puramente normativista,
ao usar o objetivo pretendido como SUPORTE.
A finalidade da lei é destacada e o intérprete possui maior liberdade na aplicação
da norma.
O intérprete busca a FINALIDADE SOCIAL das normas jurídicas, tentando propor
uma interpretação que seja conforme a critérios e exigências atuais.
Método teleológico - raciocínio
Ao criar a lei, o legislador pretendia tutelar determinados interesses ou bens e
alcançar certas finalidades. Se entre a criação da lei e o momento atual houve
mudanças sociais, devemos aplicar a norma após termos identificado qual seria a
vontade do mesmo legislador se ele legislasse em nossos dias.
Ou seja, interpretar a norma de acordo com aquilo que o legislador teria decidido se
conhecesse a situação atual. Tenta-se assim 'atualizar' a norma pensando qual é o
melhor caminho para alcançar a finalidade que o legislador tinha estabelecido.
É oriunda do jurista Ihering que defende que o Direito não evolui espontaneamente
- contrapondo-se ao pensamento de Savigny - mas sim pela luta. As conquistas
dessa luta são traduzidas em interesses que passam a ser protegidos e integrar a
ordem jurídica sob a forma de direitos - devem então ser consideradas em razão
dos interesses que ela pretende proteger.
Método axiológico ou deontológico
Realizar a interpretação a partir de valores socialmente estabelecidos.
Axiologia ou teoria de valor é o estudo filosófico prático que busca
compreender a natureza dos valores e os juízos de valor e como eles surgem na
sociedade, está intimamente ligada a ética e a estética (beleza e harmonia).
Fundamenta-se, portanto, na norma a partir de um contexto sociocultural, ou seja,
nos valores sociais que influenciam na configuração social.
Além disso, objetiva explicitar os valores alcançados pela norma a partir de sua
aplicação, tratando-se, assim, de compreender o alcance da norma especificidade
no campo valorativo.
Deve-se interpretar a norma jurídica verificando se ela é uma norma justa ou
injusta.
Orientações 1 Efeitos da interpretação jurídica;
2 Interpretação de antinomias e
lacunas
4 Jurisdição constitucional.