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Resumão

IED 1.1

Carla Livramento
Direito UFPE 2022.1

@machadinhastudies
Como utilizar o resumão nos seus estudos de IED?
1. Não substitua a leitura do material bibliográfico pela do resumão, ele deve ser
utilizado como um complemento aos seus estudos, o mesmo foi feito para
sistematizar o conhecimento que eu construí COMENDO os livros passados pelo
professor;
2. Depois de ver o assunto na aula, dê uma lida rápida só para fixar os assuntos,
ajuda muito!
3. Dica de amiga: releia as primeiras leituras depois de um tempinho, na metade da
unidade, desse jeito você entenderá melhor porque já terá mais maturidade e
repertório.

Os conceitos jurídicos fundamentais

Capítulo 5- Ética e Retórica (João Maurício Adeodato)


O que é um conceito?

Esquema de natureza ideal no qual se fixam as características básicas de um objeto.

O que é uma definição?

Explicitação dos elementos do conceito

“Os conceitos são dotados de compreensão e extensão.”

Compreensão: precisão dos elementos do conceito, seu RIGOR a respeito do objeto.

Extensão: possibilidade de objetos se adequarem ao conceito.

Obs.: quanto maior a compreensão (precisão) do conceito, menor é a sua extensão.

Exemplo: o conceito de DIREITO é pouco preciso porque muitos objetos se adequam a ele, ou
seja, é muito extenso.

Estrutura da definição:

- Etimológica: procura o sentido do conceito no vocábulo.


- Semântica: procura fixar os diversos significados do termo direito.

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- Real: refere-se à essência mesma do objeto jurídico.

Definições científicas do direito

- Formalistas: reduzem o direito à lei ou à norma.


- Analíticas: procuram abarcar os diversos aspectos da realidade jurídica.
- Subjetivistas: tomam por base a natureza humana.
- Sociológicas: preocupadas com o aspecto empírico e exteriorizado da realidade jurídica
como fato social.

Pressupostos lógicos do conceito de direito

- O conceito de direito deve ser procurado naqueles aspectos que permanecem ao longo
da mutabilidade.

Ontologia jurídica: determinação de elementos palpáveis como coercitividade, bilateralidade,


positividade, etc.

Especificidade do objeto jurídico

4 ordens da conduta humana:

1. Religião
2. Moral
3. Usos sociais
4. Direito

A doutrina jurídica se esforça para separar o direito das demais ordens normativas:

1. Direito é exterior à conduta. (EXTERIORIDADE)


2. O direito é heterônomo por serem suas normas fixadas independentemente do sujeito
em questão. (HETERONOMIA)
3. O direito leva em consideração a pessoa do outro por meio de sanções caso suas
normas sejam descumpridas. (ALTERIDADE)
4. Possibilidade que o direito tem de se fazer valer por meio de sanções caso suas normas
sejam descumpridas. (COERCITIVIDADE)
5. Fato que o direito sempre coloca um indivíduo perante outro, estabelecendo direitos e
deveres mutuamente. (BILATERALIDADE)

O direito como direito posto

Caráter empírico

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- Direito pressupõe uma estrutura de poder;
- Para que o ser humano possa se perguntar sobre o direito, é indispensável que este lhe
seja positivamente revelado em fatos;
- A norma jurídica não espelha a realidade jurídica.

Caráter analítico

- Útil para embasar logicamente o instrumento do direito.


- Faz o direito depender fundamentalmente de 3 aspectos:
1. Fundamento de validade específico;
2. Estrutura lógica específica;
3. Natureza factual específica.

Caráter hermenêutico

- Caráter interpretativo do direito;


- Centraliza a atividade interpretativa do jurista, que lida com uma série de símbolos.

Fonte: Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação (Tercio Sampaio Ferraz Jr.)

Conceito de Direito

Grande parte das definições do direito são:

1. Muito genéricas;
2. Muito circunstanciais (limitantes).

Ex. 1: Direito é a intenção firme e constante de dar a cada um o que é seu, não lesar os outros,
realizar a justiça.

Ex. 2: Direito é o conjunto das regras dotadas de coatividade e emanadas do poder constituído.
Essa definição descarta quaisquer direitos não relacionados ao poder (na nossa sociedade,
geralmente relacionados à figura do Estado).

Filosofia Analítica

- A relação da língua com a realidade é definida arbitrariamente pelos homens, pois esta é
vista apenas como um sistema de signos.
- Essa corrente leva em consideração o uso (social ou técnico) dos conceitos, ou seja,
atém-se aos critérios vigentes no uso comum de uma palavra.

Convencionalistas

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- Os homens se comunicam, quer queiram, quer não. (Comunicar pode se dar até por meio
do “não comunicar”, pois até isso diz algo.
- A descrição da realidade depende da linguagem usada.
- Propõe-se a investigar quais os usos linguísticos das palavras.

Definição lexical: reporta-se a um uso comum, corriqueiro. Será verdadeira a se corresponder a


tal uso. (Admite a dicotomia VERDADEIRO/FALSO)

Definição estipulativa: propõe-se um novo uso para determinado vocábulo, fixando-lhe o


conceito arbitrariamente. (O que é uso novo hoje pode amanhã se tornar uso comum)

Redefinição: quando a estipulação, ao invés de inovar um conceito, aperfeiçoa-o.

OBS.: as duas últimas não são julgadas pelo critério de VERDADE, mas pelo de
FUNCIONALIDADE

A análise do termo Direito pode ser:

1. Sintática;
2. Semântica;
3. Pragmática.

Qual é o problema dos diferentes enfoques teóricos?

- Já que o direito é o objeto de estudo do jurista, ele acaba sendo um RESULTADO que só
existe e se realiza numa PRÁTICA INTERPRETATIVA, ou seja, suas definições são todas
redefinições.

Enfoque zetético: desintegra as opiniões prévias, pondo-as em dúvida (função especulativa


explícita).

“O que é alguma coisa?”

- A zetética jurídica serve para saber O QUE É o Direito puramente por isso, sem
necessariamente buscar orientar a ação enquanto prescrita.

Enfoque dogmático: releva o fato de opinar e ressalva algumas opiniões, ou seja, admite a
existência de pontos de partida inevitáveis (função diretiva explícita).

“Como agir em determinada situação, na qual já sei o que é tal coisa?”

- A dogmática não questiona suas premissas pois elas já estão estabelecidas.


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O Conceito de Direito- Herbert Hart

“É interessante que praticamente todas as pessoas consigam dar um exemplo do Direito e tantas
ainda reúnam esforços para entender o significado real do termo.”

Definição:

- Como difere o direito de ordens baseadas em ameaças?


- Como difere a obrigação jurídica da obrigação moral?
- O que são regras e em que medida é o direito uma questão de regras?

O que é uma definição?

“Um traçado de linhas ou de distinção entre uma espécie de coisa e outra, as quais a linguagem
delimita por palavras distintas.”

Também pode ser definida como algo meramente verbal, ou seja, relativo somente à palavra.

POR QUE ISSO NÃO É EFICAZ NO DIREITO?

Porque não há uma categoria geral bem conhecida da qual o direito seja membro, ou seja, é
difícil distinguí-lo por não ser possível categorizá-lo.

Objetivo da definição de Hart: estabelecer e examinar as características diferenciais desse


mecanismo particular de controle social (Direito) a partir do confronto com os conceitos de
COERÇÃO e MORAL.

Tipos de Normas

1. Primárias: impõem obrigações (deve-se)


2. Secundárias: atribuem poderes (pode-se). Para Hart, são as mais importantes, porque
sem elas não haveria o próprio Direito.

Norma: algo diferente de um mero comando fundado numa ameaça.

Dicotomias
Capítulo 6- Ética e Retórica (João Maurício Adeodato)

Dicotomia Jusnaturalismo/Juspositivismo

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Conceituando o Direito Natural: é como se houvesse uma ordem jurídica além da efetiva (real)
que é metaforicamente designada “natural”, ou seja maior ou anterior ao direito dos homens, ela
é entendida pelos defensores dessa corrente como a ordem jurídica verdadeiramente justa, que
deve ser adotada por todos.

- Naturalmente bom e justo;


- Surge como contestação da autoridade, quando o indivíduo se percebe capaz de
investigar os fenômenos naturais para além da mitologia;
- Existe independente do fato de certas ações parecerem boas a alguns ou más a outros
(prescreve ações cuja bondade é objetiva);

Existem 4 Grandes Correntes Jusnaturalistas:

Fase da indiferenciação

Fase inicial das relações entre direito natural e positivo, na qual não há consciência de uma
separação entre o direito que efetivamente acontece na comunidade e o direito criado pela
natureza.

Fase Irracionalista

Jusnaturalismo inicial da Igreja, quando esta ainda lutava para firmar sua ortodoxia e seu papel
na interpretação do Direito divino (e a transposição desta para o direito positivo) ainda não
estavam bem definidos.

Jusnaturalismo teológico

Representado sobretudo pela escolástica (São Tomás de Aquino é o principal representante),


caracteriza-se por apresentar uma visão na qual a hierarquia eclesiástica é que determinava a
interpretação “genuína” da vontade de Deus.

Distinção entre LEI ETERNA (permanece intangível para o mundo), LEI NATURAL, fonte para a
elaboração da LEI HUMANA, que só se pode descobrir através da Santa Igreja.

Jusnaturalismo antropológico

Passagem do jusnaturalismo teológico para um mais racional, por conta das ideias de
democratização do saber defendida pelos reformistas. (A diferenciação entre moral e religião é
posterior). A partir dele, a razão passa de meio para conhecer o direito emanado da divindade
para fonte do direito.

Jusnaturalismo de conteúdo variável

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Prega que um direito justo nem sempre está de acordo com a vontade da maioria, além de
defender que há uma ordem jurídica justa que não se confunde com o direito efetivamente
estabelecido.

Nem sempre a maioria tem razão (contraria um dos maiores preceitos do juspositivismo, que é a
regra da maioria).

Jusnaturalismo democrático

Representa uma passagem para o juspositivismo à medida que não tem nenhum conteúdo
definido e já defende que o que a maioria define é legítimo.

Juspositivismo

- Aceita como único direito existente aquele empiricamente observável.


- É autônomo da moral e expressa tal autonomia ao escolher uma “moral vencedora”.

O que danado é essa moral vencedora?

Um exemplo é que no nosso ordenamento é proibido matar, isso acontece porque


convencionou-se que a morte é uma situação muito extrema e deve ser evitada na sociedade,
então a “moral vencedora” que entrou para o ordenamento é a das pessoas que acham errado
matar, e por mais que haja outras que discordam, é ela a que prevalece.

Positivismo jurídico

- Caracteriza-se por aceitar que o direito resulta de um ato de poder competente, nele o
direito é AUTORREFERENTE, PROCEDIMENTAL e IRRACIONAL.
- Nega que os conteúdos éticos estejam fixados por uma instância natural;
- Busca apresentar o Direito como uma ciência ao privilegiar seus aspectos técnicos;
- Estabelece ações que podem ser cumpridas de qualquer modo, mas uma vez reguladas
pela lei, importam (tornam-se corretas e necessárias).

OBS.: o direito positivado garante a segurança das expectativas por intermédio da coercitividade
das normas estatais, mas também demanda legitimidade.

Dicotomia: conceito capaz de dividir o universo em duas esferas.

● Estabelece uma divisão ao mesmo tempo total e que admite divisões secundárias.

Características distintivas entre o Direito Natural e o Direito Positivo

1. Universalidade/Particularidade
2. Imutabilidade/Mutabilidade

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3. Razão própria/Vontade alheia
4. Aquilo que é bom/Aquilo que é lei

Cap. 6- A Retórica Constitucional (João Maurício Adeodato)

Dicotomia Direito Subjetivo/Direito Objetivo

Direito Subjetivo no Jusnaturalismo: o ser humano tem certos direitos subjetivos pelo simples
fato de ser humano.

Direito Subjetivo no Juspositivismo: o ser humano tem os direitos subjetivos que o


ordenamento jurídico objetivo concede.

Savigny → Fundador da Escola Histórica

- O direito subjetivo decorre da vontade do ser humano, não da vontade do Estado. O


Estado reconhece os direitos subjetivos a partir da vontade dos indivíduos.
- Direito subjetivo como vontade psicologizada

Jhering → Direito subjetivo como interesse

- O ordenamento jurídico efetiva um interesse e o torna um direito subjetivo de todos os


cidadãos.
- Direito subjetivo é entendido como uma vontade ‘despsicologizada’ (todo ser humano
teria, se racionalmente e abstratamente considerado).
- A finalidade é responsável pela criação do direito (direito subjetivo é um meio para um
fim);
- A forma do direito subjetivo consiste na proteção jurídica à faculdade de agir.

Windscheid→ Ambiguidade do direito subjetivo

- O direito é um poder da vontade cedido pela ordem jurídica

Kelsen→ Teoria Monista

- Nega a prevalência do direito objetivo ou subjetivo, pois um só tem sentido se existir o


outro.
- Não admite que os direitos subjetivos são anteriores a algo, pois a percepção de direito
não é empírica.

Ex.: só se pode falar em proteção do sujeito se houver o direito objetivo, mas este só sem
sentido se concede direitos subjetivos e deveres correspondentes.

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Por que o Direito não é um interesse protegido nem uma vontade reconhecida?

- Para Kelsen, admitir que o direito existe por conta de interesse é uma inverdade porque
admite que deve haver certo interesse concreto por determinadas condutas.
- Pode-se ter um direito a certa conduta sem que se tenha interesse por ela, bem como
pode haver interesses sem que haja o direito.

Vertentes do Direito Positivo

- Enquanto realidade que existe independentemente de reconhecimento pelos poderes


pré-estabelecidos.
1. Porque pré-existe por si mesma;
2. Porque é construída por instâncias superiores.
- Enquanto faculdade de fazer ou deixar de fazer algo, desde que protegida pelo direito
objetivo.

Direito Positivo→ Reconhece a existência do fenômeno, ou seja, admite que há na


sociedade outras concepções éticas diferentes daquelas que foram positivadas.

- Concepções morais (éticas) não reconhecidas pelo ordenamento jurídico estão em


busca de positivação.

Concepção Atual de Justiça→ Os órgãos estatais aplicadores de Direito só consideram os


direitos constitucionais fundamentais como direitos subjetivos dogmaticamente aceitos nos
procedimentos.

Direito Constitucional Material

- Corresponde à existência de temas intrinsecamente constitucionais.

Tipos de Direito Subjetivo

Direito Subjetivo Cristão

- Inaugura a noção de direito humano como direito subjetivo à condição humana.

Direito Liberal

- Tem como pilares o individualismo, a legalidade profunda iluminista e a separação de


poderes.
- Por ignorar situações como a pobreza e a exploração, chama a necessidade de um
Estado protetor e amplia os direitos listados na lei maior.

Direitos Difusos

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- Constitucionais quanto à matéria;
- Pertencem a toda a comunidade e pretendem validade transnacional, pois seriam
oponíveis entre os Estados.

Ex.: direito à integridade do meio ambiente.

Direitos de Quarta Dimensão

- Relacionados à participação política e ao surgimento de novas tecnologias.

Ex.: direito à democracia

Direitos Fundamentais na Constituição Brasileira

- Abrange os direitos individuais (art 5°), coletivos, individuais, coletivos, sociais, de


nacionalidade e políticos.

Direitos Individuais

- Reconhecem a importância do indivíduo na sociedade;


- Evoluiu parcialmente para pessoas jurídicas (não têm vontade).

Taxonomia das garantias constitucionais

Direitos Fundamentais

Visão formalista: tende a pensar que todo direito protegido pela Constituição é fundamental.

Visão Material: dá mais importância ética a certos direitos (estão acima da positivação
constituinte originária).

Remédios Constitucionais: Garantias que visam corrigir distorções provocadas por normas ou
atos do poder público.

Ex.: direito de petição.

Garantias Fundamentais: meios protetores do Direito, têm o caráter mais processual de


assegurar a efetivação dos direitos materiais pela provocação da tutela estatal.

Ex.: direito ao devido processo legal.

Direito Público/Direito Privado

Hannah Arendt em sua obra “A Condição Humana”, diferencia a esfera pública da esfera privada.

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Esfera privada Esfera pública

Predomina a necessidade da sobrevivência É a esfera da liberdade e da igualdade

Suprimento de exigências naturais dos Encontro de homens livres


humanos

Liberdade é suprimida pela necessidade Ação dignifica o homem e dá-lhe liberdade

Atividade: labor Atividade: ação

Casa Cidade

Animal laborans Animal político

Estado→ Surge como um artifício que guarda perante os indivíduos uma relação de comando
supremo.

- Estabelece uma diferença entre poder soberano/sua esfera e poder dos indivíduos/suas
relações.

Concepção Dogmática de Direito Público e Direito Privado

Teorias do Interesse

- Contrapõe a sociedade (interesses representados pelo Estado; Comuns, neutros,


envolvidos com a gestão da coisa pública) e o indivíduo (interesses particulares) a
partir dos seus interesses.
- Acentuam a busca pela diferença entre o social privado e o social público.

Teorias da relação de dominação

- Veem nas relações do direito público o império do Estado, que é superior ao direito
privado e estabelece um monopólio da força.

Entes privados→ Estabelecem relações de paridade

Era Moderna→ Poder é visto como relação de comando

↪ Unidade no poder público tem como base a noção de Soberania.

Direito Público→ O princípio máximo do Direito Público é a SOBERANIA

↪ Tal princípio corresponde à efetividade da força, pela qual a autoridade


governa a partir de sanções e determinações normativas.

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A Soberania é a lei → Lei encarna a vontade social → A vontade social concede ao Estado
apetência para editar os atos soberanos.

Princípio da Legalidade→ Rege os atos soberanos

↪ Só o que a lei obriga ou proíbe deve ser cumprido.

↪ O ato soberano é regulado pela estrita legalidade.

Princípio da Discricionariedade

↪ A lei dita os fins, os meios são uma opção de escolha.

↪ O fim estabelecido não pode ser ignorado.

Direito Privado→ Também se submete à legalidade, mas não estrita

↪ O princípio máximo é o da autonomia privada.

↪ Capacidade de
estabelecer normas conforme seus interesses.

Princípio da boa-fé: Protege a confiança e exige a lealdade nos negócios jurídicos.

Obs.: a distinção entre direito público e direito privado permanece porque é útil
dogmaticamente.

↪ Possibilita o estabelecimento de princípios teóricos fundamentais para


cada área, que permitem operar a norma de acordo com critérios dogmáticos.

Classificação tópica (operacional):

Direito Privado Direito Público

Autonomia privada da vontade Interesse público relevante

Autonomia Soberania

Legalidade Estrita legalidade

Liberdade Discricionariedade

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Cap. 7- A Retórica Constitucional (João Maurício Adeodato)

Escolas do Juspositivismo

Escola de Exegese (Legalismo)

- Defende a interpretação jurídica sem se distanciar da letra da lei


- Surge com a promulgação do Código Civil Napoleônico em 1805

↪Direito é somente direito positivo;

↪Não existe um direito maior, mas sim as diferentes


experiências de direito

↪É possível estudar o Direito cientificamente.

- Limita o ativismo jurídico (o aplicador da lei deve respeitar fielmente o que está nela
disposto, pois a vontade do legislador é soberana).

↪ O radicalismo se deve ao contexto pós-revolucionário da


escola de exegese, já que a lei começa a ganhar importância em detrimento
da doutrina pelo surgimento de um código tão completo quanto o Código Civil
de 1805.

Quais são as colaborações da escola de exegese?

- Atribuiu importância à lei, característica que permanece até os dias atuais;


- Ressaltou o fato de que se deve controlar a interpretação dos juízes para evitar
arbitrariedades.

Normativismo

- Positivistas que criticam o legalismo advogam a tese do texto da lei como moldura de
várias decisões.
- Defendem a necessidade de interpretação

↪ Um conflito concreto teria algumas possíveis decisões


diferentes, todas igualmente adequadas, desde que dentro do sentido e do
alcance dos textos aplicáveis e correspondentes procedimentos.

Realismo

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- O conhecimento da ciência do direito vem de uma compreensão dialética entre a norma
e o fato.
- Busca a realidade efetiva sobre a qual se apoia e dimana o direito, e não a realidade
sonhada ou ideal.

Norma: texto positivado, fonte do direito.

↪ Recorta quais são as decisões corretas. (Dentro do que posso fazer,


o que é certo?)

- Poder discricionário do decididor: ao se aplicar as regras formais, não se chega a um só


resultado, mas qualquer resultado que esteja seguindo-as já é justo.

↪ A sentença é reconhecida como forma de expressão e criação do


direito positivo.

Realismo estadunidense

John Chipmann Gray

- Direito efetivo: normas aplicadas pelos tribunais.


- Fontes jurídicas: fatores ou materiais que inspiraram juízes e tribunais no
estabelecimento das normas efetivas.

Ex.: leis, precedentes judiciais, doutrina, costumes e princípios éticos.

Obs.: a escola realista difere da exegética pois dá importância à decisão do aplicador da norma
ao invés de só ao legislador.

↪ Isso dá mais importância ao judiciário, pois passa a se considerar


que o direito efetivo é aquele produzido por ele.

Karl N. Llewellyn

↱Aquelas que ocasionam (realmente) as decisões judiciais.

↱ Não devem estar no texto,


mas tornam a decisão judicial mais aplicável.

Normas no papel X Normas efetivas

↪ Leis, regulamentos, códigos, etc.

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↪ Podem ser obsoletas ou simplesmente difíceis de aplicar em certos
contextos.

- Primeiro vem a interpretação do juiz, depois ele busca uma justificativa na norma.
- A sociologia jurídica é o único fundamento científico para a ciência do direito.

↪ Concepção pluralista das ordenações jurídicas e da sociedade.

Realismo Escandinavo

O realismo escandinavo tira o foco da decisão judicial e coloca no comportamento das pessoas.
Assim, pode-se dizer que ele se preocupa com a efetividade das normas jurídicas: o direito seria
aquilo que é observado na prática, e normas jurídicas seriam aquelas capazes de condicionar o
comportamento das pessoas.

- A escola realista escandinava preconiza uma interpretação antijusnaturalista dos ideais


jurídicos, na descoberta dos princípios gerais do direito e dos ideais empíricos, que
resultam da experiência concreta da coletividade.

“O direito é um fato social que compreende dois aspectos: a ação e a norma” - Maria Helena
Diniz no livro COMPÊNDIO DE INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DO DIREITO

Alf Ross

- Opôs-se a Kelsen e ao realismo norte-americano e expôs em suas obras uma teoria


empírica do direito, que afasta a especulação metafísica e se concentra nos fatos do SER
(ao invés do DEVER-SER).
- Sua teoria pretende, dentre outras coisas, eliminar a dimensão da validade como
categoria independente da experiência concreta.

Validade, Vigência e Eficácia


Miguel Reale

Validade

Tipos de validade

↪Validade formal (vigência)

↪Validade social (eficácia/efetividade)

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↪Validade ética (fundamento)

Requisitos para que uma norma seja válida:

- Emanar de um órgão legítimo;


- Apresentar um procedimento legítimo;
- Determinar competência ratione materiae (em razão da matéria).

Obs.: quando uma regra de direito obedece a esses três requisitos, pode-se dizer que ela tem
condições de vigência.

Eficácia→ Aplicação ou execução da norma jurídica

- Regras de direito eficazes são formalmente válidas e socialmente eficazes


- A eficácia de uma norma pode ser entendida como os efeitos sociais que ela suscita
através do seu cumprimento;
- Diz respeito à conduta dos indivíduos e se ela está ou não em consonância com o que se
pretendia desde a elaboração da norma.

Vigência→ Competência dos órgãos e dos procedimentos de produção e


reconhecimento do Direito no plano normativo.

A regra jurídica normalmente deve reunir:

Fundamento de ordem axiológica→ Finalidade

Eficácia social→ Correspondência do querer coletivo

Validade formal→ Obediência à legalidade.

Fundamento→ Valor ou fim objetivado pela regra de direito/razão de ser da


norma.

Relação entre a teoria tridimensional de Miguel Reale e os conceitos trabalhados:

Norma Vigência

Valor Fundamento

Fato Eficácia

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Hans Kelsen

Vigência → É a existência específica da norma, havendo uma propriedade da


relação entre as normas.

↪ Uma norma inferior só será válida se for fundada em uma superior, que
revela o órgão e o processo legitimadores de sua elaboração.

Obs.: um mínimo de eficácia é necessário para conferir vigência à norma.

↪ A norma deixará de ser vigente se permanecer duradouramente


ineficaz.

↱ Característica que faz de uma regra jurídica uma norma.

Validade → Existência específica de normas

↳ Força de obrigatoriedade para aqueles cuja conduta regula.

- A validade da norma independe do ato volitivo de seu elaborador, que é somente uma
condição de existência.

Eficácia → Significa que os homens realmente se conduzem como devem


(segundo as normas jurídicas) se conduzir.

↪ Qualidade da conduta EFETIVA dos homens.

Tercio Sampaio Ferraz Jr.

- A norma válida é aquela cuja autoridade é respeitada, sendo imune a qualquer


descrédito.

↪ Mesmo descumprida, ela vale.

- Para ser válida, a norma precisa estar integrada no ordenamento, retirando sua validade
de outras normas que condicionam a competência ou determinam os fins.

Eficácia→ Qualidade da norma que se refere a sua adequação em vista da relação concreta de
efeitos.

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Eficácia fática→ Quando há condições técnicas de atuação.

Eficácia semântica→ Quando é adequada à realidade.

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