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Sem o Direito haveria o caos já que cada ser humano tem múltiplas necessidades para as quais são necessários
bens. Para tal, o Direito permite a afetação entre as pessoas e os bens através de um “fio invisível”, que é
normativo.
Assim, temos o dever genérico de respeitar a afetação de bens às pessoas assim como a sua abstenção.
O Direito faz parte das condições imprescindíveis à orientação do Homem em sociedade por ser um conjunto de
normas de conduta.
Orientações da ação:
1. “O que se pode fazer” - normas permissivas
2. “O que não se pode fazer” - normas proibitivas
3. “O que se deve/tem de fazer” - perceptivas ou impositivas
Porém, o Direito não é apenas constituído por estes tipos de normas porque assim a orientação da sociedade não
funcionaria. Então existem ainda as normas que indicam quem pode criá-las e quais os seus limites que são
denominadas por normas sobre as fontes do Direito - que constam na Constituição.
“o direito é uma coisa demasiado séria para ser deixada ao legislador, cabe ao jurista dizer o que é o direito”
Estas normas são conhecidas através do Diário da República e é necessária uma interpretação das mesmas tal
como a validade de uma norma depende da conformidade com a Constituição.
Problemas:
1. Como orientar a sociedade?
2. Quem estabelece as normas?
3. Como interpretar as leis?
RESUMINDO:
O Direito é um sistema de normas radicado de forma democrática na comunidade e que é institucionalmente
aplicado com coercibilidade.
Características do Direito:
● Normatividade - normas de conduta
● Coercibilidade - característica essencial ao Direito no caso de incumprimento das normas
● Institucionalização
HISTORICIZAÇÃO DE PERSPETIVAS
Na época medieval a ciência do Direito era baseada em perguntas e respostas - natureza casuística (consciência,
minuciosidade).
O modelo de Ciência do Direito, não é a ciência do período medieval e, por isso, deve ser historicizado (já que
evoluiu e se diversificou).
2. Teoria do Direito
● análise estrutural e formal do Direito que surgiu através da parte geral (onde se encontram
conceitos de normas, personalidade jurídica, tipos de normas e estrutura) dos códigos civis de
matriz romana;
● Preocupa-se com o estudo de um ordenamento jurídico através do que tem em comum com os
vários ordenamentos jurídicos em termos de estrutura (vê-se a estrutura, mas não os pormenores).
Por vezes, mesmo que tentem captar o esqueleto jurídico, o que dizem da estrutura de um ordenamento jurídico
não é válido para a estrutura de outro ordenamento jurídico em concreto, ou seja, podem ter diferenças
estruturais.
Robert Alexy na teoria geral do Direito não está preocupado com as particularidades do direito alemão e é um
dos autores mais influentes no mundo.
- O direito alemão tem um artigo igual ao artigo 203° da CRP, o artigo 97° n°1, mas depois tem também
o artigo 20° n°3 que dá um poder muito maior aos juízes (que confere aos juízes a sujeição à lei e ao
Direito), que não acontece em Portugal.
Outras conceções:
Por exemplo, o professor Jorge Miranda defende à luz do artigo 203º CRP dizendo que a lei não é lei, a lei é o
Direito.
2.1. Teoria Geral do Direito (Filosofia do Direito formal)
● perspetiva positivista e descritiva que pretende “substituir” a Teoria do Direito
● é considerada transfronteiriça
Autores importantes:
- Adolf Merckle
- Rudolf Billing
- Hans Kelsen
3. Filosofia do Direito
● perspetiva crítico-valorativa - aborda muito as matérias de metodologia jurídica
● trata do “dever-ser” do “dever-ser” jurídico
Exemplo:
Ciência do Direito “A eutanásia é punida no código penal”. - Direito que existe/ diure condento
Filosofia do Direito “A eutanásia não deve ser punida no código penal”. - Direito que deve existir/ diure
constituto
A filosofia do direito e a política legislativa (o legislador avalia o que ouve e pondera decisões) visam chegar ao
direito como ele devia ser, mas não tratam do direito “real”.
Assim, a ciência do Direito é diferente da Teoria do Direito e da Filosofia do Direito.
“A prioridade hierárquica normativa do quadro das fontes de Direito deve ter-se sempre em conta.”
Nota: ao contrário do que se possa pensar o Direito não orienta condutas apenas com sanções.
Normas primárias - dirigidas para os juízes (norma sancionatória para aplicar sanções)
Normas secundárias - destina-se ao conjunto da humanidade (norma de conduta, por exemplo, a que evita o
homicídio)
Nem todas as normas têm a estrutura hipotético-condicional:
- normas de competência;
- normas de definição (artigo 202º nº1; artigo 874º);
- normas de conduta (pode, não pode, tem que fazer - artigo 1305º);
- normas prescritivas;
- normas limitativas e remissivas (artigo 939º)
A Normatividade do Direito é diferente da Normatividade da Moral tal como o juridicamente válido é diferente
do moralmente válido.
RESUMINDO:
As normas de conduta para Heart são normas primárias e para Kelsen são normas secundárias.
Para John Stuart Mill o princípio que deve estar na base da sanção é o princípio do dano “se a minha conduta
não lesar a esfera jurídica ao causar um dano, não deve ser criminalizada, mas deve ser considerada imoral”.
Nos anos 60 a homossexualidade ainda era punida criminalmente na Grande Bretanha - filme que vi na netflix
sobre a descodificação das mensagens alemãs durante a guerra.
Herbert Hart recuperou a ideia de Mill com base numa teoria liberal da perjuração criminal (mesmo que eu
considere uma conduta imoral, ela não deve ser sancionada)
● só deve ser objeto de uma sanção criminal os bens jurídicos que sejam essenciais à vida em sociedade.
RESUMINDO:
A diferença entre a moral e o direito é a exterioridade e interioridade, tendo em conta que direito se ocupa da
exterioridade. A moral preocupa-se com a perfeição interior do Homem, da sua consciência e virtude.
Obedece a quadros conceptuais que foram postos em causa com a visão moderna do direito como comando do
legislador soberano “ius quod iustum” (Thomas Hobbes).
“O direito serve para impedir o mal e não para promover o bem” - carácter coercitivo
A justiça é teorizada e é um problema da ética filosófica e não da ciência do direito e da teoria do direito.
A crítica do direito positivo tem que ver com a ética filosófica, e em questões políticas.
A relação entre direito e justiça é muitas vezes formulada de maneira pouco rigorosa e sem qualquer rigor
teórico, não é por a lei ser injusta que deixa de ser lei/direito.
9Professor João Batista Machado - visão axiológica do direito como realização de princípios de justiça.
Gustav:
“O direito injusto não é direito” - há direito que é extremamente injusto que algumas normas não podem ser
consideradas direito.
O que aconteceria se juízes se recusassem à aplicação da norma? restava-lhes demitirem-se.
Pelo contrário, na visão positivista há o distinguir entre problemas de aplicação do direito e de avaliação moral
do direito. Esta separação deixa um espaço livre à crítica moral do direito positivo.
É melhor lutar por uma atitude política de defesa dos direitos humanos e por uma jurisdição penal mais
adequada? - visão do prof. José Lamego
Catálogo dos direitos fundamentais na constituição como elementos normativos de todo o sistema jurídico que
tem uma natureza expansiva
1. perspetiva moralista
2. perspetiva constitucionalista - conteúdo axiológico com força expansiva/ que seja aplicável a qualquer
sistema jurídico
- anulabilidade - só pode ser evocada cujo interesse a lei o estabelecer e normalmente num prazo de 1
ano subsequente à cessação de um vício que afete a vontade de negociação. É sanável mediante
confirmação. (artigos 245º CC e seguintes)
- inexistência
As invalidades de nulidade e anulabilidade não são sanções porque consistem na não satisfação de uma norma
de competência e as sanções resultam na violação de uma norma de conduta.
A pena visa a dissuasão das pessoas perante os males e uma visão de prevenção geral, mas o cumprimento da
pena deve ser orientado no sentido de ressocialização?
Se houver grandes estruturas de penas, a prevenção geral seria maior.
compreensão do desvalor da conduta.
● prevenção especial - delinquentes por natureza (com propensão natural para o crime) - a sociedade
deve proteger-se deles e eram identificáveis por um conjunto de características fisionómicas
Toda a ideia de pena criminal pressupõe a ideia de culpa que por sua vez pressupõe liberdade de vontade.
Penas criminais e medidas de segurança são diferentes porque as medidas de segurança são de uma lógica de
proteção social enquanto as penas punem a liberdade de vontade/culpa.
Sanções punitivas - penais e criminais, contra ordenações, despedimentos (direito do trabalho) e civis
Sanções restitutivas ou indemnizatórias em sentido amplo:
● sanções compensatórias - artigos 483° com 496°, 483° com 532° ou 598° com 566°.
● reconstituição natural - artigos 562° com 483° (dever genérico), 817° e seguintes (obrigação
específica).
RECAPITULANDO
Noção do Direito: conjuntos normativos do sistema jurídico ou conjuntos nucleares do sistema jurídico.
Daqui para a frente vamos estudar a estrutura de cada norma jurídica de conduta:
1. estas normas não aparecem em situações concretas e individuais
2. estas normas são gerais e abstratas, aplicam-se a várias situações
3. não tem por destinatário categorias de pessoas, mas sim categorias distinguidas por qualidades
juridicamente relevantes (exemplo 1305° CC - aquele que)
Problemas:
pode uma norma dirigir-se a uma pessoa individualmente considerada?
Sim - artigo 18º nº3 CRP, mas mesmo que estas normas existam, não podem pôr em causa o princípio de
igualdade, presente no artigo 13º nº2 CRP.
(A)
Normas de conduta não instrumentais:
● Poder fazer - direito subjetivo
● Não poder fazer - dever genérico
● Ter de fazer - obrigação
(B)
● Normas sancionatórias;
● Normas definidoras;
● Normas sobre a delimitação temporal da aplicação das normas de conduta - artigo 12° CC e artigo
103° CRP;
● Normas sobre a delimitação espacial da aplicação das normas de conduta - para factos pluralizados
em termos espaciais;
● Normas sobre método jurídico - todas as operações de determinar sentidos normativos das fontes -
extrair conteúdo normativo;
● Normas sobre as fontes de Direito - quem, como e o que estabelece os requisitos orgânicos, materiais
e procedimentais para as leis.
● Cada pico do iceberg tem uma estrutura de previsão e estatuição
● Há uma multiplicidade de factos que podem ter relevância jurídica
● A valoração da realidade social é feita por quem pode criar o direito, em democracia são os eleitores
que o fazem ao eleger quem pode criar o direito.
PREVISÃO
facto jurídico (decurso do tempo ou situações fáticas ou situações jurídicas que através da norma produzem
efeitos - artigo 483° nº1 CC e artigo 403° CC)
- cabe às normas juridicizar ou não juridicizar, cabe ao povo decidir?
Prof. Menezes Cordeiro: é o ato de exemplo da liberdade de simulação e estipulação que estão dentro da
liberdade negocial - em que a vontade se dirige de forma relevante enquanto vontade dirigida a efeito jurídico.
ex.: compra e venda em que há a fusão de duas vontades declaradas com o efeito de transmissão de propriedade
de uma esfera jurídica para outra. - a norma vem do próprio.
ex: para construir um edifício são necessários requisitos e, com isto, será emitida uma licença de construção que
vai produzir efeitos jurídicos; sentença constitutiva - sentença penal (é imperativa “tu mataste, tu vais para a
cadeira”)
Podemos ter um facto que pode desencadear vários efeitos consagrando várias normas:
ex.: tenta matar o pai - pena de prisão, pena civil, indemnização compensatória, sanções indemnizatórias,
reconstituição natural.
ESTATUIÇÃO
Efeito jurídico ou situações jurídicas- constituição, modificação, transmissão ou extinção das espécies de
orientação de ação de uma situação jurídica.
(fazer nascer ou fazer cessar um direito e um dever)
● direito subjetivo (poder atuar) - permissão normativa (porque vem de uma norma jurídica) específica de
aproveitamento de um bem. (bem inclui desde a roupa que vestimos à aula que recebemos - são coisas e
serviços/prestações e realidades incitas ao homem como, p.e. no direito à vida, o bem é a vida)
NOTA:
"específica"- evidencia a sociabilidade do homem destinatário de normas jurídicas, ou seja, a moral pode
orientar as nossas vidas sem ter em conta a consciência do outro e em vez disso ter em conta a consciência
própria - o mundo do direito é muito diferente, então, quando temos a palavra específica associada a direito
subjetivo, temos a exclusividade de um direito.
○ direitos subjetivos absolutos - direitos subjetivos cujo objetivo não é uma prestação, por isso,
temos acesso direto a todos os direitos
p.e.: direito à personalidade (personalidade), direitos reais (coisa), direitos de autor (criação de intelecto
humano)
p.e.: numa vida conjugal - direito à fidelidade por parte do outro - o que caracteriza é que o titular do direito está
dependente de outrem para receber a prestação
● dever - ausência de poder a seu favor
○ dever genérico - proibição de atuar num espaço reservado a outrem
○ obrigação (dever específico) - a destrição? de uma pessoa a efetuar uma prestação a favor de
outrem
p.e. o divórcio pedido unilateralmente (artigos 1672º com 1779º) (efeito jurídico extintivo do estado de casado
ou da relação jurídica complexa matrimonial).
poder:
- poder enquanto permissão;
- faculdade prerrogativa de criar direitos.
NOÇÕES ADICIONAIS:
1. A expressão direito subjetivo é uma expressão enganadora - a palavra subjet não significa opinativo e
também não significa o direito ínfimo à pessoa/que nasce com a pessoa pois nasce na comunidade; não
existe só em casos concretos, mas também na parte geral e abstrata do direito (artigo 483º)
a. direito subjetivo - faculdade da pessoa
b. direito objetivo - podemos substituir a palavra direito por sistema normativo
Código Civil: livro I, título II - dos artigos 66° ao 396° temos a parte geral no que respeita à relação jurídica.
ex: coisas imóveis nos artigos 1344º, 1682º a) e 2321º e, para o legislador não se repetir constantemente, há a
noção de coisas imóveis no artigo 204º CC.
3. Relação jurídica é diferente de negócio jurídico - o negócio é um tipo de facto e a relação jurídica é um
binómio de situações jurídicas; podemos ter um negócio com várias relações jurídicas; podemos ter
relações jurídicas sem negócio - ex: numa agressão surge uma relação jurídica, mas não um negócio;
p.e. no artigo 204º não consta uma norma; o artigo 227º tem várias normas; e existem ainda normas com vários
artigos.
A estrutura de previsão e estatuição pode ser apresentada também como auxílio de um conceito operador
deôntico (dever-ser) - obrigação, permissão e proibição - e objeto - conduta impositiva, conduta permitida,
conduta proibida.
Fontes de direito
Modos de criação e revelação de normas - artigo 119º CRP - a criação da norma implica a sua revelação
● artigo 3º nº2 e 203º (os tribunais estão sujeitos à lei) e ainda o art 2º (“Estado de Direito democrático”)
Dentro da lei temos muitos tipos de lei: constituição, regulamentos, decretos lei, outros.
A lei da Assembleia da República como modo de criação - iniciativa legislativa (artigo 167º), discussão e
votação (artigo 168°), promulgação do Presidente da República (artigo 137°), referenda pelo Primeiro-ministro
(artigo 140°), publicação (artigo 119°), início de vigência (lei nº 74/98).
As normas que ela cria passam a orientar a conduta dos homens no momento em que a própria lei disser (se não
disser, entra em vigência ao quinto dia da sua publicação).
A lei é uma fonte ampla do Direito, tanto que não temos só leis nacionais (regulamento europeu, p.e.).
A lei é a entidade política de criação de Direito.
Relação entre pessoas coletivas e órgãos: os órgãos são estruturas que formam e revelam, manifestam e atuam
a vontade pública das pessoas coletivas- Presidente da República, Governo, Assembleia da República
Caracterização orgânica, formal e material da lei
Notas:
Quando a lei está de acordo com as normas constitucionais, é válida.
Esta caracterização também serve para o negócio jurídico.
Porque a lei é um texto (o texto legiferante repete-se a montante), quando temos à frente uma lei, temos um
texto legal - ter um texto legal não é o mesmo que ter o Direito porque o Direito é o significado do texto legal.
O legislador pensa e escreve -> o juiz lê o texto, interpreta e pensa para chegar ao Direito.
O texto é a forma de ultrapassar o facto de não haver telepatia para partilhar as leis.
O efeito de uma lei é o conjunto de normas jurídicas que ela pretende criar.
NOTAS:
A realidade social é mutável (ex: o adultério já não é crime como antes).
Há factos sociais novos bem como a valoração de factos velhos.
Regime de cessação e vigência de uma lei (nomeadamente da lei da AR)
2 formas inequívocas para que uma lei cesse (aquela lei deixa de estar a produzir a norma de que ela é fonte -
essas normas deixam de ser aplicadas pelos tribunais) e efeitos da cessação de uma lei.
1. REVOGAÇÃO
A revogação consiste numa nova manifestação de vontade legal contrária à vigência de certa lei.
● pode haver substituição de regime, sem criar um novo regime para a mesma matéria;
● podemos ter a revogação expressa: quando a vontade contrária à revogação é explicitada;
● podemos ter revogação tácita: quando a lei estabelece um regime contrário ao anterior e não diz preto
no branco;
● podemos ter revogação global/ por substituição de sistema/de código quando não há contradição de
regime, mas, por estar em causa um novo regime para uma matéria muito ampla, esse novo regime está
naturalmente imbuído de novas diretrizes e para que, por isso mesmo não haja contradição,
considera-se que essa lei está revogada;
uma lei 1 estabelece um regime fiscal para advogados, a lei 2 estabelece para um regime para profissionais
liberais - a lei 2 é geral posterior perante a 1 que é especial
problemas:
a primeira resposta é a da própria lei (se revoga ou não a anterior);
a segunda - artigo 7.° nº3 - vem subsidiariamente dizer que a lei geral não revoga a lei especial;
repristinação - renascimento de uma lei pela revogação de uma lei que a revogou - artigo 7.° nº4 não há
repristinação.
- No silêncio a lei especial anterior não é revogada perante a lei geral posterior.
2. CADUCIDADE
A caducidade acontece quando a lei estabelece a sua cessação, ou seja, quando define o prazo da sua vigência.
Outros tipos de lei
Decreto-Lei
Quem: ato legal que veio do governo (e também do pr pois sem o seu referendo o decreto lei nao chega tendo
presente a competência do governo - 198º CRP);
Como: quase informalmente aprovado em conselho de ministros, segue para promulgação do PR, segue para
publicação/início da vigência;
O quê: normas jurídicas, é o mesmo que está dentro de uma lei.
Portaria
Quem: um ministro;
Como: segue para publicação/início de vigência;
O quê: conteúdo normativo mas o que caracteriza é que são atos administrativos (artigo 199.º CRP) - tratam
de matérias de pormenor visando que as leis sejam mais facilmente aplicadas.
Esta diferença entre ato legislativo e administrativo é que o ato administrativo não tem liberdade para definir
(exemplo do engenheiro e empreiteiro).
● As leis e decretos-leis são os atos legislativos e a portaria faz parte dos regulamentos. Os atos
legislativos têm a discricionariedade ao passo que os atos regulamentares estão subordinados à
execução.
Uma vez ilustrados os tipos de leis, evidencia-se relações hierárquicas das leis: esta hierarquização está presente
na Constituição (magna carta).
O direito da UE- o prof jl afirma que esta competência normativa não é resultado de hierarquia da lei mas mero
resultado da atribuição dessa competência pelo direito português.
1. o facto de uma norma estar hierarquicamente abaixo de outra significa que o conteúdo dessa norma não
pode pôr em causa o conteúdo da norma acima
2. a opinião da comunidade portuguesa é o que está legislado
3. há um critério que subjaz esta hierarquização: grau de fidedignidade, fidelidade de cada lei com a
vontade do povo (a complexidade procedimental e o grau de corresponsabilização orgânica)
Na lei da AR intervém a AR eleita pelo povo, o PR eleito pelo povo, o ministro que decorre do arranjo das
forças partidárias da AR e tem um procedimento pesado, há votação e discussão.
A portaria não tem intervenção de todos os deputados, nem do PR nem do conselho de ministros, mas sim
apenas de um ministro.
Assim, a lei é a que está mais próxima da vontade do povo e merece mais respeito daqueles que fazem as leis
hierarquicamente abaixo.
- de cada vez que o povo português vota para a AR está a votar no âmbito de um quadro normativo da
constituição
- quando vota está a reproduzir uma vontade definida pela constituição
- não viola a democracia, respeita a democracia na medida que a vontade de cada eleito está confinada
pela constituição sobre as leis de revisão constitucional
Os dados que temos na constituição começa pelo artigo 203º é um artigo que merece quase a abertura do livro
“elementos de metodologia jurídica" - tem peso da posição do prof. José Lamego.
O art diz que os tribunais estão apenas sujeitos à lei - a posição positivista legalista é corroborada pela história
“se nós dissermos que os tribunais estão sujeitos à lei estamos a restringir os tribunais, necessitamos de válvulas
de escape” - partido ppd
Foi proposto o acrescento “sujeitos à lei e ao direito” - isto daria um poder imenso aos tribunais, em último caso
diriam o que é jurídico e o que não é - este acrescento foi recusado.
Não fizemos a revolução para que fossem os juízes a ter a última palavra para decidir o que é jurídico para o
povo portugues, foi para trazer liberdade e democracia e para dar poder aos deputados.
A norma que decorre é a norma democrática.
- A direita portuguesa sempre tentou mais poder para os juízes e a esquerda sempre tentou que os juízes
não tivessem esse poder.
No artigo 2º tentaram consagrar a forma de estado de direito e foi recusado e foi consagrada a forma de estado
de direito democrático - direito de fundamentação da maioria do povo português.
16º nº1 CRP - discutiu-se que os direitos fundamentais (matéria nuclear do direito portugues) são os que
decorrem da constituição, da convenção internacionais e quiseram propor a dignidade da pessoa humana
(conceito axiologicamente vago tal como direito) para inferir direitos fundamentais ; foi recusado por dar muitos
poderes aos tribunais porque não pode retirar/inferir direitos fundamentais para fundamentar a dignidade da
pessoa humana.
José Luís Nunes e Vital Moreira - salvaguardaram a vontade do povo relativamente a um poder judicial de
criarem direito, de ponderarem e hierarquizarem valores.
A única fonte é a lei, mas há outras pois a lei permite que existam: atos legislativos como decreto presidencial
do estado de sítio ou estado de emergia, como atos judiciais criadores de normas e também se admite
normatividade jurídica quando a lei ordinária para ela remete (é o que acontece com o costume 1400º CC, com
os usos 218º CC que vão criar direito, mas não por uma força própria mas sim porque a lei deixa).
Os costumes contrários à lei não são admissíveis em Portugal - prof JL - admite uma constatação sociológica de
não vigência da lei como chamado desuso e assim não estamos perante uma fonte de direito, mas uma lei
abandonada sem qualquer relevância para o direito português.
● costume é a fonte que consiste numa prática social reiterada, acompanhada pela convicção por parte do
povo de que essa prática tem caráter de Direito ou juridicidade (só é válido se a convicção for atribuída
pela lei);
2ª parte "convicção com carácter de Direito" - problema - significa que o povo quer que seja jurídico e não
apenas uma mera prática social, mas se é assim: o povo foi ouvido neste assunto ou foram juristas, advogados e
juízes a falar em nome do povo? geralmente são juristas a falar em nome do povo em vez do povo, o que é
típico de uma argumentação não democrática.
A comunidade decidiu as formas de governar e não considerou o costume uma fonte de direito.
● atos paralegais (parecidos com a lei): um decreto presidencial que estabelece um estado de sítio ou de
emergência - artigo 19º
O argumento dos opositores é dar como provado que o Direito radica na vontade do povo e isto acaba de provar
que a visão do prof jl é procedente.
lei = vontade do povo = o direito radica na comunidade
O Direito é o significado das fontes, é aquilo que a comunidade pensa e para comunicar, surgem as fontes
como revelação das normas.
● Qualquer norma exige ser conhecida nos textos, qualquer norma tem a montante o método jurídico.
O método jurídico é o caminho até ao conhecimento dos textos e precisa de ser regulados
O método de interpretação pode ser diferente
O sistema jurídico fixa um método para evitar que a pretexto do método tenhamos o problema na sentença?
Negócios jurídicos não são fonte de direito, mas é um ato jurígena - 405º CRP, 26º CRP - é um ato co-criador da
lei porque a lei cria nele um direito de criar …?
Havendo o 405°, mesmo que não houvesse o 879°, os efeitos do nj seriam produzidos
O 879° existe porque o legislador quer delimitar o campo de aplicação
O fundamento jurígena do nj é o 405° CC e o 26° CRP
Atos administrativos de densificação de conceitos determinados com conteúdo axiológico como a definição do
interesse público e como os atos administrativos discricionários.
● Temos ainda certas sentenças judiciais: as sentenças jurídicas não são criadoras do direito mas apenas
constatam efeitos jurídicos legais.
● mas certas sentenças judiciais criam preceitos jurídicos, ou seja, a sentença é também ela um ato
jurígena.
● há sentenças em que por lei o juiz pode conceder conceitos axiologicamente vagos como a boa fé, bons
costumes- o disposto no artigo 334º
Nesses casos o legislador também delega um comportamento de co-criação jurídica no juiz e o juiz vai fazendo
isso hierarquizando interesses e ponderando valores.
- o juiz colabora com a lei na criação de direito (ato que cria critérios de resolução do caso concreto sem
força ...)
- O juiz está a ser orientado pela justiça em sentido geral e abstrato.
Outras sentenças jurígenas: casos resolvidos à luz da equidade, justiça do caso concreto.
Outro grupo de sentenças: sentenças em que o juiz erra na aplicação da lei - deve aplicar ao caso concreto a
norma revelada pela lei e erra pelo que aquela decisão errada transita em julgado e já não pode ser alterada. O
juiz está de facto a criar direito - 205° CRP -, mas esta não alteração acontece para que as partes do caso tenham
o caso resolvido e que não se discuta o caso eternamente.
O art. 203° CRP disse que não há direito além da lei, mesmo quando a lei remete para o direito (porque sempre
foi recusada a alteração do 203).
NOTAS:
1. As aceções de lei que não são lei como fonte de direito: lei formal - ato da função legislativa (ato com
liberdade).
2. a expressão fontes de direito tem várias aceções: as fontes são a lei e aquilo que a lei define como fonte
a jurisprudência é fonte de direito no direito histórico-comparado
o costume é fonte na medida em que… ?
fonte orgânica, fontes materiais, etc.
3. classificação de normas
normas de conduta social
- Normas preferenciais
- Normas sancionatórias
- Normas permissivas
- Normas proibitivas
- Normas impositivas
normas subsidiárias (2º nº2 da lei 74/98) e normas vinculativas (24º CRP) quanto à lei
normas imperativas e normas dispositivas - negócio jurídico
normas especiais e normas geral ?
norma excecional e norma geral?
normas que usam conceitos indeterminados ou determinados
4. norma é uma expressão muito abrangente
- a norma é sempre uma norma sistémica
Sistema de direito moderno que têm uma formação de base em que a lei é um critério normativo
tendencialmente ?.
Teoria anacrónica – fora do seu tempo. Não podemos fazer uma teorização do papel do juiz num estado de
direito moderno que seja válido ou utiliza critérios que se poderiam ter a ver com a forma como se comporta o
direito moderno comum.
Valores essenciais do direito enquanto direito – visão axiológica sobre Direito e dos valores como uma essência
Doutrina da aplicação prática do direito – não tem a haver com a análise textual e com a construção de
determinadas doutrinas não tem também a perspetiva mas das características estruturais formais dos sistemas
jurídicos.
- Quem defende esta estrita linha de posição, defende uma ideia positivista.
Já a metodologia é uma doutrina da aplicação prática do direito e pretende de forma precisa. Serve também para
clarificar as diversas normas.
Ex: Não é preciso estudar direito, mas sabemos que se houver uma norma legislativa que contrai uma norma
constitucional, a norma constitucional prevalece sob a norma legislativa.
As normas do sistema não estão todas ao mesmo nível. Estes problemas de aplicação são formalizados pela
teoria do direito. Há uma estrutura hierárquica. A metodologia jurídica é vista como uma doutrina da aplicação
prática do direito, porque o direito é indeterminado. Há ambiguidade semântica das palavras.
Bons costumes/Boa fé: conceitos jurídicos indeterminados por remissão às representações sociais em
determinado tempo.
No cumprimento dos contratos, as partes devem agir segundo os critérios da boa-fé.
Esta formulação é muito indeterminada e vaga. Por isso, há de ter critérios dados pela metodologia sobre
interpretação.
Critérios quando há uma resposta por parte de direito, existe uma lacuna e ...
Linhas claras entre o que é interpretação do direito e o que é desenvolvimento judicial do direito e quais as
modalidades admissíveis do direito. Quando traçamos estas fronteiras estamos a remeter para convenções
metodológicas. Estamos a apelar a convenções metodológicas que são aceites pela comunidade jurídica. Traçar
uma clara interpretação jurídica ...
Situação jurídica - posição jurídica em que uma pessoa está em relação a um determinado bem (poder fazer
(direito subjetivo), não poder fazer (dever genérico) e ter de fazer).
Há normas sobre as fontes: estudamos as normas sobre os modos de criação e cumulativamente de revelação do
direito.
O método de interpretação é necessário porque não há telepatia por parte de quem cria o direito - então vai
verter em signos linguísticos que por convenção linguística dos portugueses tem certos significados que vão ser
apreendidos por quem interpreta esses signos linguísticos.
O método de interpretação não está nas mãos do juiz porque levaria a resultados muito diferentes do texto legal -
o legislador diz que os legisladores é que são responsáveis.
Artigo 9º CC
- o CC espanhol e italiano também têm
Art° 122º CC - não é a definição de menoridade, temos um texto e interpretando este enunciado linguístico
chegamos ao pensamento normativo - norma definidora de menoridade (“se tens menos de 18 anos, és menor”).
1. é sempre necessário interpretar porque o que temos não são os resultados de interpretação
2. mesmo quando é fácil interpretar, só depois de percorrer o caminho do desenho ao pensamento
normativo é que devemos considerar fácil
3. o 122 exemplifica um texto normativo de interpretação fácil - mas temos de combinar com o 296 e o
279 - não há qualquer processo interpretativo fácil (só é maior às 24h do dia de aniversário - final do
dia de aniversário)
4. cada norma é uma ponta do iceberg que tem de ser conjugada com outras
● a procura de conformidade sistémica não pode conduzir o intérprete a atribuir à palavra x, o significado
y
Em resumo: a chamada interpretação conforme a constituição implica estarmos sempre no âmbito da moldura
semântica de cada palavra usada em cada texto legal
Elemento histórico - circunstâncias em que a lei foi elaborada
1. conjunto de fatores sociais, económicos, políticos, culturais, linguísticas, etc. que ditam a necessidade
de certa norma
2. fontes de direito na aceção material ou sociológica- circunstâncias em que foi feita “ocasio leges”
Nós apuramos o elemento histórico - a maioria da doutrina portuguesa - o art. 122° CC foi escrito para revelar
uma norma que tem em atenção o perigo para o património de um rapaz de 10 anos ele poder dispor dele: esta é
a razão de ser para a incapacidade do menor - pelo que é plausível à luz do intérprete e se o legislador nos
revelar a ocasio
- art 9º nº1 a seguir à unidade do sistema
O significado que as palavras tinham no momento em que a lei foi feita, têm um significado histórico.
em 76 o legislador usa a palavra família no art 36 - em 75/76 não se aplicava à família de um casal
homossexual, mas hoje em dia sim -» alterações ao art 13 e 26 da CRP permite-nos dizer que atualmente o
casamento e a familia abrange os casais homossexuais também
O filho pede para sair e os pais não deixam “hoje não sais” (norma); atrás desta norma estão várias razões para
esta norma.
Se o juiz além de trabalhar com as normas trabalhassem com os valores e princípios, não existia norma que
resistisse porque cada juiz tem os seus.
Pode ser visto de uma tese axiológica (valores e princípios que o legislador quer alcançar com uma certa norma)
e uma tese sociológica (da realidade social).
O elemento está considerado na regulamentação - o nosso legislador não diz que o juiz deve atender aos fins
do legislador.
art 10 nº2 - “... justificativas”
Conhecer o "porquê" da norma - elemento histórico- permite-nos chegar ao "para quê" da norma -
elemento teleológico.
Tese:
- Temos um texto legal e pretendemos retirar o seu significado decisivo - norma
- Temos de atender aos vários elementos
- Se estamos a caminhar do texto para a norma, como conseguimos identificar o objetivo da norma?
Elemento atualista - vamos olhar não apenas à ocasio leges mas também à data da sua atualização?
NOTAS:
o que é decisivo é que o significado atribuído à palavra corresponde a uma das aceções plausivelmente …
2. o legislador não faz sacos vazios de significado à espera que o juiz atribua o significado plausível
o subjetivismo e o objetivismo?
4. os trabalhos preparatórios não podem estar confinados ao elemento histórico podendo ser utilizados aos
outros elementos
estes trabalhos são importantes porque têm a marca do legislador português
nem sempre existem - podem ter um sentido decisivo ou conclusivo
5. será que a interpretação do texto nos leva ao Direito
quando estamos a interpretar chegamos a um significado, podendo este ser contra a CRP por isso não é o Direito
em regra depois de chegar ao resultado devemos procurar as normas que resolvem os conflitos entre normas
6. problema: como é que se diz que o método de interpretação é o que está no art 9º se não há
interpretação do art 9º? este argumento é aparente porque se não começarmos por este artigo, teriamos
de ir para os manuais académicos
temos de procurar o art 9 não para aquilo que nos agrada mas à luz do método subjetivista
Lacunas
● Lacunas normativas - a incompletude traduz-se na falta de uma norma jurídica aplicável à solução do
caso ou no carácter incompleto de uma norma jurídica particular.
● Lacunas de regulação - a incompletude traduz-se na falta de todo um regime jurídico, que deveria
esperar-se de acordo com a intenção reguladora da lei.
● Lacunas patentes - existe uma lacuna patente quando a lei não contém regra alguma para um
determinado grupo de casos, se nem que, de acordo com a sua própria teleologia, devesse conter tal
regra.
● Lacunas ocultas - existe uma lacuna oculta quando uma regra, no seu sentido literal, mas de acordo
com a teleologia imanente à lei, carece de uma restrição que não está contida no texto legal.
● Lacunas iniciais - são as que se verificam desde o início da vigência de um regime jurídico.
A integração das lacunas patentes, quer as normativas quer as de regulação, faz-se por via da analogia - seja
analogia particular (analogia legis), seja a analogia global (analogia juris) -, por via do recurso a argumentos
logicamente próximos do argumento a simile do raciocinio analogico (argumento a majore ad minus, argumento
a fortiori) ou com base no argumento de procedência da razão inversa (argumento a contrario).
A integração das lacunas ocultas efetua-se por via da redução teleológica, isto é, restringindo o âmbito de
aplicação da norma com base na consideração do fim da regulação ou da conexão de sentido da lei (por outras
palavras, contrariando o teor literal inequívoco da formulação ou disposição normativa).
A redução teleológica distingue-se da interpretação corretiva na medida em que na "redução teleológica" não se
trata de corrigir o escopo da norma, mas antes de o realizar efetivamente, por meio da rectificação do sentido
literal.
- A interpretação corretiva não é de admitir, pois contraria o princípio da vinculação do juiz à lei (artigo
203° CRP); na redução teleológica trata-se de uma "obediência pensante". (Oliveira Ascensão é contra
esta ideia de autonomia).
Nota: A norma incriminatória penal não pode ser aplicada analogicamente, é suscetível de interpretação
extensiva mas nunca de interpretação analógica; a analogia legis não é admissível no campo penal.
Código de Seabra
Os trabalhos preparatórios não foram integralmente revertidos
“na falta de caso análogo (analogia juris), a situação é resolvida segundo a norma que o próprio intérprete
criaria se houvesse legislado dentro do sistema ... “ - o juiz torna-se um legislador intersticial (não de acordo
com os seus critérios mas de acordo com o espírito do sistema)
Incompletude contrária ao plano de casos de espaço livre de direitos ou de ausência de regulação ("silêncio
eloquente do legislador” - doutrina alemã)
Por vezes, faz-se apelo a fórmulas vagas que legitimam o desenvolvimento judicial do Direito além da lei e
contra a lei, onde prevalece o arbítrio/opinião; a fim de de fundar uma unidade valorativa do Direito e propiciar,
nessa base, o fundamento para uma analogia global (analogia juris).
- O sentimento jurídico;
- A ideia de Direito - ideia especificamente pelos juristas da Alemanha nazi para justificar sanções
judiciais diferentes das previstas na lei;
- Princípios supralegais;
- A natureza das coisas;
No entanto, o apelo a estas fórmulas não propicia, por si, critérios suficientemente determinados para a solução
dos casos nos âmbitos da vida não regulados.
● não é admissível que por essências axiológicas do Direito se possa evitar a aplicação de certas normas
● Ver e-mails sobre a feitura do CC e da CRP
● 2º semestre: critérios normativos que nos orientam o preenchimento de conceitos indeterminados.
Para a resolução, o professor Miguel Teixeira de Sousa diz que António não podia ser multado e recorre à
teleologia da norma.
Mas pela lição do professor José Lamego devemos perguntar quem diz que a teleologia da norma é de que se
excetua o proprietário dos imóveis? e, para além disso, é a vontade do povo português que António passe a ser
favorecido para apenas ele poder estacionar naquele lugar? e a igualdade? para sabermos a teleologia/finalidade
da norma teria de ser o legislador a revelá-la.
Neste artigo 50º não há qualquer exceção ao contrário do artigo 9º/2 que nos remete para a palavra adversativa
“porém”.
Podemos ir para além da moldura semântica através da redução teleológica, mas esta foi recusada pelo
legislador por poder levar a resultados não pretendidos por ele.