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Nesse contexto:
Direito positivo = lei
Ciência do Direito: depende da interpretação da lei!
Escola da Exegese (legalismo):
À doutrina restava papel secundário, o de interpretar de modo submisso à lei, atentando-se sempre à
vontade do legislador histórico.
Reale:
“Sob o nome de ‘Escola da Exegese’ entende-se aquele movimento que, no transcurso do século XIX,
sustentou que na lei positiva, e de maneira especial no Código Civil, já se encontra a possibilidade de uma
solução para todos os eventuais casos ou ocorrências da vida social”.
Nesse contexto:
A hermenêutica é um instrumento preso sempre à legislação!
Demolombe dizia que a lei era tudo e, assim, a função do jurista deveria ser apenas a de extrair e
desenvolver o sentido pleno dos textos, compreendendo o seu significado, organizando
conclusões intermédias e parciais e, finalmente, sistematizando o todo.
Surgem aqui:
Interpretação literal ou gramatical:
“A lei é uma realidade morfológica e sintática que deve ser, por conseguinte, estudada do ponto de vista
gramatical”.
Interpretação lógico-sistemática:
“É preciso, pois, interpretar as leis segundo seus valores linguísticos, mas sempre situando-as no conjunto
do sistema”.
c) A distância
temporal como b) Valorização
fator decisivo dos pré-
para a criação de conceitos para
horizontes a
interpretativos compreensão;
mais adequados.
EM SUMA:
“Há que se ter presente, portanto, que a hermenêutica contemporânea,
principalmente aquela que nos vem de Gadamer, é antitética à subjetividade
assujeitadora do mundo e abre o problema da interpretação, inclusive aquela que se
ocupa do material jurídico, para os caminhos da intersubjetividade.
Trata-se, como bem diz Franca D’Agostini, da recuperação do conceito de
participação no interior do qual a ‘razão’ humana é pensada como parte de uma
racionalidade que pertence sobretudo ao ser, e não à autoconsciência”.
(Rafael Tomaz de Oliveira e Lênio Luiz Streck, 2015)
NAVEGAR É PRECISO
«Navigare necesse; vivere non est Fernando Pessoa
necesse»
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
(Frase atribuída ao General Romano "Navegar é preciso; viver não é preciso."
Pompeu (106-48 a.C.) frente aos Quero para mim o espírito desta frase, transformada
marinheiros amendrontados pela A forma para a casar com o que eu sou: Viver não
É necessário; o que é necessário é criar.
viagem).
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso
Tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso
Tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho
Na essência anímica do meu sangue o propósito
Impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
Para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça
Intepretações:
“A primeira interpretação que muitos chegam, principalmente em focando somente a
frase e não o contexto do poema, é a de que navegar, explorar o mundo ou até mesmo
ser um guerreiro disciplinado é mais importante do que viver uma vida rotineira,
sedentária e monótona.
A segunda interpretação envolve um olhar das entrelinhas da etimologia do jogo de
palavras nesta frase. Nesse caso, navegar é preciso no sentido de ser uma atividade, uma
ciência precisa; Já viver não é preciso no sentido de que a vida envolve não somente o
lado racional, como também o emocional e o espiritual – viver não é nem nunca será,
portanto, uma atividade precisa. Viver é deliciosamente ou terrivelmente impreciso,
dependendo dos olhos de quem vê.
A interpretação derradeira e mais profunda (na minha opinião é claro) no entanto
envolve parte do conceito das interpretações anteriores, com algo a mais. Pessoa quis
dizer que para engrandecer sua pátria e colaborar com a evolução da humanidade, não
lhe é necessário viver a vida egoisticamente como se esta fosse somente sua, e sim
dedicar a vida – ou ‘perdê-la’ – em prol da humanidade como um todo (sua pátria é o
mundo e não Portugal)”.
(Rafael Arrais, 2010)
Prof. Dr. Oswaldo Pereira de Lima Junior