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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA

• CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

• Teoria Geral do Direito

• Professora Emanuela Guimarães

• Email: emanuelaguimaraes@gmail.com
APRESENTAÇÃO DA PROFESSORA
EMENTA

• Carga Horária: 90h


• Créditos: 06
• Ementa: O conceito de direito: pluralidade de pontos de vista.
O direito como objeto do conhecimento. O direito e as demais
ordens normativas. Direito e moral. Sanção e coação. Teoria da
norma. Fontes do direito: materiais e formais. Teoria do
ordenamento jurídico. Sistema e Norma Fundamental.
Validade, eficácia, exigência, força e fundamento da norma.
Teoria da interpretação e da aplicação do direito. Fatos e atos
jurídicos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

• MONTORO, André Franco. Introdução a Ciência do Direito. São


Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

• VENOSA, Sílvio de Salvo Venosa. Introdução ao Estudo do Direito


– Col. Primeiras Linhas. 5ª Ed. Atlas. 2016.

• REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27ª Ed. São Paulo:


Saraiva, 2009.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

• BOBBIO, Norberto. Teoria da norma jurídica. 6ª Ed. São Paulo: EDIPRO, 2016.
• DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito. São Paulo:
Saraiva, 2017.
• FERRAZ JR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito: técnica, decisão e
dominação. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2018.
• GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do Direito. Rio de Janeiro:
Forense, 2015.
• NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 39. Ed. Rio de Janeiro: Forense,
2017.
AVALIAÇÕES

1ª Avaliação Parcial 2ª Avaliação Parcial 3ª Avaliação Parcial Avaliação Final –


- Prova; – Seminário; – Curricularização; Prova.
Por que escolhi fazer Direito?

https://www.menti.com/alqmj9afkxfn
DEFINIÇÃO DE DIREITO

O que é Direito?
DEFINIÇÃO DE DIREITO

O conceito de Direito está vinculado a ideias


filosóficas e políticas. Por este motivo, nunca
existirá apenas um única definição do direito.
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“Direito é dar a cada um aquilo que corresponde à sua


natureza e função na sociedade.”

Platão
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O direito é justo quando protege os interesses gerais da


sociedade e, em particular, quando trata de maneira igual
aqueles que se encontram em condição igual.”

Aristóteles
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“Direito é a arte do bem e do justo.”

Celso
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“As leis são mandamentos da boa razão, formulados


e impostos por quem cuida do bem da comunidade.”

São Tomás de Aquino


DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é a vontade política.”

Thomas Hobbes
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“A liberdade humana deve ser regulamentada e


limitada mediante a lei.”

Samuel von Pufendorf


DEFINIÇÃO DE DIREITO

“Cada pessoa possui um determinado poder e Direito


é aquilo que corresponde ao seu poder.”

Baruch Spinoza
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é a vontade política de mudanças.”

Jean-Jacques Rousseau
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é a conciliação da liberdade individual com a


liberdade dos demais, de forma que a liberdade possa
prevalecer como regra geral.”

Kant
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“o Direito não possui uma única definição, sendo esta


formulada conforme cada época, com finalidades e
características diversas.”

Hegel
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é o produto histórico decorrente da


consciência coletiva de cada povo manifestado nas
tradições e nos costumes.”

Savigny
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“todo Direito é positivo e somente o Direito positivo é


Direito. O único vínculo do cidadão com a justiça são
as leis do Estado.”
Carl Magnus
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito depende do reconhecimento social de


certas normas.”

Eugen Ehrlich
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é ordem de coação.”

Kelsen
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“A validade da norma está ligada aos preceitos


morais vigentes de uma determinada sociedade.”

Alexy
DEFINIÇÃO DE DIREITO

O que é Direito no Brasil?


DEFINIÇÃO DE DIREITO

“Há um sistema de normas que exige da sociedade


determinadas formas de conduta. Esse sistema,
historicamente realizado, é o objeto de estudo da
Jurisprudência. Os motivos que explicam as condições
mediante as quais essa indagação é possível faz parte da
Filosofia do Direito.”
Miguel Reale
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“o Direito é a ordenação ética coercível, heterônoma e


bilateral atributiva das relações sociais, na medida do
bem comum.”
DEFINIÇÃO DE DIREITO

“O Direito é a solução de conflitos para encontrar um


equilíbrio entre a liberdade individual e o interesse
coletivo.”

Eros Roberto Grau


DEFINIÇÃO DE DIREITO
A NORMA JURÍDICA FAZ NASCER...

O Direito em si (norma agendi)

O Direito de exigir (facultas agendi)


O DIREITO EM SI (OBJETIVO)
O DIREITO EM SI (OBJETIVO)
DIREITO SUBJETIVO
DEFINIÇÃO DE DIREITO
O Direito pode ser estudado como:
• Um Direito objetivo (norma agendi), o qual é a
matéria dos operadores jurídicos e constitui o
ordenamento jurídico vigente; ou
• Um Direito subjetivo (facultas agendi),
caracterizando-se como uma ação possível de ser
realizada tendo em vista o exercício de uma faculdade,
a exigência de uma prestação ou omissão.
Embora existam elementos imutáveis no Direito, até mesmo
para investigar a sua essência que o distingue das demais
ciências, o conceito de Direito não pode ser aplicado em toda
a humanidade em todos os tempos.

DEFINIÇÃO DE DIREITO O conceito de Direito é relativo do ponto de vista histórico. A


conceituação está sempre associada aos fatores sociais que
cercam aquele que conceitua, além de suas visões ideológicas.

O Direito é um dever ser. Ele descreve não aquilo que


acontece, mas aquilo que deve acontecer.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema


• REALE, 2002, p. 1-22.

• Direito é lei e ordem, isto é, um conjunto de regras


obrigatórias que garante a convivência social graças ao
estabelecimento de limites à ação de cada um de seus
membros.
• Direito, portanto, é o que é reto. É o não torto.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• O direito corresponde à exigência essencial e


indeclinável de uma convivência ordenada, pois
nenhuma sociedade poderia subsistir sem um mínimo de
ordem e direção.

• Jus invoca a ideia de unir, ordenar e coordenar.


INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• O Direito sempre envolve dois ou mais sujeitos.

• Ubi societas, ibi jus (onde está a sociedade está o Direito).

• O contrário também é verdadeiro. Não há direito com um


único indivíduo.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• O direito é um fato ou fenômeno social; não existe senão


na sociedade e não pode ser concebido fora dela.

• Formas rudimentares de vida social já implicam esboço de


ordem jurídica, durante milênios o homem cumpriu o
direito sem se propor o problema do seu significado
lógico ou moral.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• A palavra Direito serve, ao mesmo tempo, para


designar a realidade jurídica e a respectiva ordem
de conhecimentos.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• Primeiramente, o Direito divide-se em dois


grandes grupos: Privado e Público.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• As relações que se referem ao Estado e traduzem o


predomínio do interesse coletivo são chamadas relações
públicas, ou de Direito Público.

Ex. Direito Constitucional, Administrativo, Penal, etc.


INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• Já no campo do Direito Privado, prevalecem relações de


interesses particulares. Não é uma relação que interessa
diretamente ao Estado.

Ex. Direito Civil, Empresarial, do Trabalho, etc.


INTRODUÇÃO AO DIREITO

• As disciplinas jurídicas se relacionam como um conjunto


unitário. Elas não existem desconectadas e
independentemente das outras.

• As disciplinas jurídicas são ramificações específicas de um


todo unitário: o Direito Brasileiro.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• A Ciência Jurídica obedece a uma unidade do tipo


finalístico ou teleológico.

• O Direito possui uma linguagem própria, que


corresponde a uma maneira própria de se expressar
acerca do conhecimento jurídico.
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• Visão preliminar sobre o tema

• “Competência” – competente é o juiz que, por força de


dispositivos legais de organização judiciária, tem poder
para examinar e resolver determinados casos. Não diz
respeito a valor, mérito ou demérito;
INTRODUÇÃO AO DIREITO

• A IED, portanto, é um sistema de conhecimentos,


recebidos de múltiplas fontes de informação, destinado a
oferecer os elementos essenciais ao estudo do Direito,
em termos de linguagem e de método, com uma visão
preliminar das partes que o compõem e de sua
complementaridade, bem como de sua situação na
história da cultura.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Filosofia do Direito
• Filosofia é uma palavra de origem grega, de philos
(amizade, amor) e sophia (ciência, sabedoria).

• Consiste numa dedicação desinteressada e constante ao


bem e à verdade. Dedicação ao conhecimento, de maneira
permanente e não ocasional, sem visar intencionalmente
qualquer escopo prático ou utilitário.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Filosofia do Direito

• Filosofia do Direito: perquirição permanente e


desinteressada das condições morais, lógicas e históricas
do fenômeno jurídico e da Ciência do Direito.

• Busca penetrar nas razões fundantes da experiência


jurídica.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Filosofia do Direito

• A filosofia jurídica responde três ordens de


pesquisas: Que é Direito? Em que se funda ou se
legitima o Direito? Qual o sentido da história do
Direito?
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Ciência do Direito

• Envolve sempre a análise de um Direito positivo, isto é,


positivado no espaço e no tempo, como experiência
efetiva, passada ou atual.

• Sempre faz referência a um campo de experiência social


específico.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Ciência do Direito

• A ciência do Direito é uma forma de conhecimento


positivo da realidade social segundo normas ou regras
objetivadas, ou seja, tornadas objetivas no decurso do
processo histórico.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Teoria geral do Direito

• Representa a parte geral comum a todas as formas de


conhecimento positivo do Direito, aquela na qual se
fixam os princípios ou diretrizes capazes de elucidar-nos
sobre a estrutura das regras jurídicas e sua concatenação
lógica, bem como sobre os motivos que governam os
distintos campos da experiência jurídica.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Sociologia

• A Sociologia tem por fim o estudo do fato social na sua


estrutura e funcionalidade, para saber, em suma, como os
grupos humanos se organizam e se desenvolvem, em
função dos múltiplos fatores que atuam sobre as formas
de convivência.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Sociologia

• A Sociologia busca verificar como a vida social comporta


diversos tipos de regras, como reage em relação a elas,
nestas ou naquelas circunstâncias, etc.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Sociologia

• Já a sociologia jurídica consiste numa ciência positiva que


procura se valer de rigorosos dados estatísticos para
compreender como as normas jurídicas se apresentam
efetivamente, isto é, como experiência humana, com
resultados que não raro se mostram bem diversos dos que
eram esperados pelo legislador.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Sociologia

• A sociologia jurídica não visa à norma jurídica como tal,


mas sim à sua eficácia ou efetividade, no plano do fato
social.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Economia

• A razão de ser da Economia consiste na ação


orientada no sentido da produção e distribuição de
bens indispensáveis ou úteis à vida coletiva.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Economia

• “Materialismo histórico” de Marx: o Direito não seria


senão uma superestrutura, de caráter ideológico,
condicionada pela infraestrutura econômica. Ou seja,
quem comanda as forças econômicas através delas
controla o Estado e o Direito.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Economia

• Na verdade, há um vício lógico de conceber uma


estrutura econômica anterior ao Direito e independente
dele, quando, na realidade, o Direito está sempre
presente, qualquer que seja a ordenação das forças
econômicas.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Economia

• Há entre Direito e Economia uma interação constante,


não se podendo afirmar que a segunda cause o primeiro,
ou que o Direito seja mera “roupagem ideológica” de uma
dada forma de produção.
• O Direito recebe influência e influencia outros campos da
vida social: arte, religião, política, etc.
O DIREITO E AS CIÊNCIAS AFINS

• Direito e Economia

• Há uma interação dialética entre o econômico e o jurídico,


não sendo possível reduzir essa relação a nexos causais,
nem tampouco a uma relação entre forma e conteúdo.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• REALE, 2002, p. 23-32.

• Duas realidades:
• Natureza: não requer participação da inteligência ou
vontade humana. Realidade natural ou físico-natural.

• Cultura: adaptação da natureza às finalidades humanas


por meio da vontade e inteligência. Realidade cultural.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Cultura é o conjunto de tudo aquilo que, nos planos material e


espiritual, o homem constrói sobre a base da natureza, quer
para modifica-la, quer para modificar-se a si mesmo.

• Conjunto de utensílios e instrumentos, das obras e serviços,


assim como das atitudes espirituais e formas de
comportamento que o homem veio formando e aperfeiçoando,
através de história, como patrimônio da espécie humana.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Viver é optar diariamente por dois ou mais valores.

• A existência é uma constante tomada de posição


segundo valores.

• Sem a ideia de valor, perde-se a substância da própria


existência humana.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Não há conflito entre o “natural” e o “cultural”. A


natureza está sempre na base de toda criação cultural. É
com apoio na natureza que a cultura surge e se
desenvolve.

• Exemplo: pedra bruta utilizada para produzir uma arma


ou utensílio.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• LEIS FÍSICO-MATEMÁTICAS E LEIS CULTURAIS:

“As relações que unem, entre si, os elementos de um


fenômeno natural desenvolvem-se segundo o princípio da
causalidade ou exprimem meras referências funcionais,
cegas para valores. As relações que se estabelecem entre os
homens, ao contrário, envolvem juízos de valor,
implicando uma adequação de meios a fins.”
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• A ciência física é uma ciência descritiva do real, visando


a atingir leis que sejam síntese do fato natural.

• A física é, de certa maneira, como que o retrato do fato, na


plenitude de seus aspectos.

• Mudam com fatos ou descobertas novas.


DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• As relações que unem, entre si, os elementos de um fenômeno


natural desenvolvem-se segundo o princípio da causalidade,
cego para valores.

• As relações entre homens (leis culturais) envolvem juízos de


valor, implicando uma adequação de meios a fins.

• Leis culturais possuem natureza axiológica (teoria dos


valores) ou teleológica (teoria dos fins).
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Ciências culturais são aquelas que, além de serem


elementos da cultura, têm por objeto um bem cultural. A
sociedade humana não é só um fato natural, mas algo que
já sofreu no tempo a interferência das gerações sucessivas.

• O homem herda, através de linguagem, um acervo de


espiritualidade que se integrou na convivência humana.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Aristóteles disse que o homem é um animal político, ou


seja, um animal destinado a viver em sociedade.

• A sociedade em que vivemos é também realidade cultural


e não mero fato natural.

• A convivência humana é algo que se modifica através do


tempo, sofrendo múltiplas influências no tempo e espaço.
DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Graças às ciências culturais é possível reconhecer que, em


virtude do multifacetário processo histórico, o gênero humano
veio adquirindo consciência da irrenunciabilidade de
determinados valores considerados universais, como a
dignidade humana.

• São as chamadas invariantes axiológicas ou valorativas.


DIREITO, NATUREZA E CULTURA

• Uma das finalidades do direito é preservar e garantir tais valores


e os que deles defluem – sem os quais não caberia falar em
liberdade, igualdade e fraternidade – o que demonstra que a
experiência jurídica é uma experiência ética.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• REALE, 2002, p. 33-56.

• Ética: ciência normativa dos comportamentos humanos.

• Normas éticas não apenas envolvem juízos da valor sobre


comportamentos humanos, mas também culminam na
escolha de uma diretriz considerada obrigatória numa
coletividade.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Toda norma enuncia algo que deve ser, em virtude de ter


sido reconhecido um valor como razão determinante de
um comportamento declarado obrigatório.

• Portanto, note-se que há em toda norma um juízo de


valor.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

Juízo de realidade e Juízo de Valor

O que é um juízo de realidade?

O que é um juízo de valor?


DIREITO, ÉTICA E MORAL

Juízo de realidade e Juízo de Valor


DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Juízo de realidade:

• “S” é “P”

• Juízo de valor:

• “S” deve ser “P”


DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Toda norma ética expressa um juízo de valor, ao qual se


liga uma sanção, isto é, uma forma de garantir-se a
conduta que, em função daquele juízo, é declarada
permitida, determinada ou proibida.

• Toda norma é formulada no pressuposto essencial da


liberdade que tem o seu destinatário de obedecer ou não
aos seus ditames.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Uma norma ética se caracteriza pela possibilidade de sua


violação.

• A norma tem por objeto atos e decisões humanas, sendo


inerente a estes a dialética do sim e do não, o
adimplemento da regra ou sua transgressão.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• A regra, embora transgredida e porque transgredida,


continua válida, fixando a responsabilidade do
transgressor.

• A imperatividade (dever ser) de uma norma ética


pressupõe a liberdade daqueles a que ela se destina.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Há uma correlação essencial entre o deve ser e a


liberdade que caracteriza o mundo ético.

• A norma ética estabelece a exata medida da conduta


considerada lícita ou ilícita.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Norma: lembra o que é normal, traduz a previsão de um


comportamento que, à luz da escala de valores
dominantes numa sociedade, deve ser normalmente
esperado ou querido como comportamento normal de
seus membros.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Regra: diretriz no plano cultural, no plano espiritual.


Representa um módulo ou medida da conduta. A regra
nos diz até que ponto podemos ir, dentro de que limites
podemos situar a nossa pessoa e a nossa atividade.
Delimitação do agir. Medida daquilo que podemos ou
não praticar.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• A Ética, enquanto ordenação dos comportamentos em


geral, na medida em que se destina a realização de um
bem, pode ser vista sob dois prismas fundamentais:

• A) o do valor da subjetividade do autor da ação;


• B) o do valor da coletividade em que o indivíduo atua.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• No primeiro caso, o ato é apreciado em função da


intencionalidade do agente, o qual visa, antes de mais
nada, à plenitude de sua subjetividade, para que esta se
realize como individualidade autônoma, isto é, como
pessoa. A Ética, vista sob esse ângulo, que se verticaliza
na consciência individual, toma o nome de Moral.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Quando, ao contrário, a ação ou conduta é analisada em


função de suas relações intersubjetivas, implicando a
existência de um bem social, que supera o valor do bem
de cada um, numa trama de valorações objetivas, a Ética
assume duas expressões distintas: a da Moral Social
(Costumes e Convenções sociais); e a do Direito.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• A Justiça é, sempre, um laço entre um homem e outros


homens, como bem do indivíduo, enquanto membro da
sociedade, e, concomitantemente, como bem do todo
coletivo. Por conseguinte, o bem social situa-se em outro
campo da ação humana, que chamamos de Direito.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Quando os indivíduos se respeitam mutuamente, põem-se


uns perante os outros como pessoas, só se realizando
plenamente a subjetividade de cada um em uma relação
necessária de intersubjetividade. É por essa razão que a
Moral, visando ao bem da pessoa, visa, implicitamente,
ao bem social.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Direito e Moral

• A teoria do "mínimo ético" consiste em dizer que o


Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado
obrigatório para que a sociedade possa sobreviver.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Como nem todos podem ou querem realizar de maneira


espontânea as obrigações morais, é indispensável armar de
força certos preceitos éticos, para que a sociedade não
soçobre. A Moral, em regra, dizem os adeptos dessa doutrina,
é cumprida de maneira espontânea, mas como as violações são
inevitáveis, é indispensável que se impeça, com mais vigor e
rigor, a transgressão dos dispositivos que a comunidade
considerar indispensável à paz social.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• A teoria do "mínimo ético" pode ser reproduzida através


da imagem de dois círculos concêntricos, sendo o círculo
maior o da Moral, e o círculo menor o do Direito. Haveria,
portanto, um campo de ação comum a ambos, sendo o
Direito envolvido pela Moral. Poderíamos dizer, de
acordo com essa imagem, que "tudo o que é jurídico é
moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico".
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Comecemos por observar que fora da Moral existe o


"imoral", mas existe também que é apenas "amoral", ou
indiferente à Moral. Uma regra de trânsito, como, por
exemplo, aquela que exige que os veículos obedeçam à
mão direita, é uma norma jurídica. Se amanhã, o
legislador, obedecendo a imperativos técnicos, optar pela
mão esquerda, poderá essa decisão influir no campo
moral? Evidentemente que não.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição,


no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a
data: (...)
• NCPC
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Não é exato, portanto, dizer que tudo o que se passa no


mundo jurídico seja ditado por motivos de ordem moral.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Há, pois, que distinguir um campo de Direito que, se não


é imoral, é pelo menos amoral, o que induz a representar
o Direito e a Moral como dois círculos secantes.
Podemos dizer que dessas duas representações - de dois
círculos concêntricos e de dois círculos secantes, - a
primeira corresponde à concepção ideal, e a segunda, à
concepção real, ou pragmática, das relações entre o
Direito e a Moral.
DIREITO, ÉTICA E MORAL
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Podemos dizer que a Moral é o mundo da conduta


espontânea, do comportamento que encontra em si
próprio a sua razão de existir. O ato moral implica a
adesão do espírito ao conteúdo da regra. Só temos, na
verdade, Moral autêntica quando o indivíduo, por um
movimento espiritual espontâneo realiza o ato enunciado
pela norma. Não é possível conceber-se o ato moral
forçado, fruto da força ou da coação.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou


companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de
sua educação.
• CC/2002
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Nesse sentido, os descendentes não podem faltar à


assistência devida aos pais e avós, toda a vez que estes se
encontrem em dificuldades econômicas, por motivos que
não possam ser superados. É, evidentemente, um
preceito de ordem jurídica e, ao mesmo tempo, de ordem
moral. É o princípio de solidariedade humana, ou
melhor, de solidariedade familiar que dita a regra
jurídica consagrada nos códigos.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Cumprimento voluntário de alimentos: ato moral e


jurídico ao mesmo tempo.

• Cumprimento involuntário: ato exclusivamente jurídico.

A Moral é incoercível e o Direito é coercível.


DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Direito e coação

• Concepção do Direito para Kelsen: ordenação coercitiva


da conduta humana.

• Porém não se pode definir a realidade jurídica em função


do que excepcionalmente acontece.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

Direito e coação
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Direito e coação

• Exemplo: a maior parte dos contratos se cumpre


espontaneamente.

• Portanto, o Direito é a ordenação coercível da conduta


humana. A coação não é efetiva, mas potencial.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

Direito e heteronomia
DIREITO, ÉTICA E MORAL
Significa dependência, submissão, obediência.

• Direito e heteronomia Aquilo que juridicamente somos obrigados a


cumprir é posto por um terceiro, o Estado.
• A moral é autônoma, e o Direito heterônomo.

• Ou seja, as normas jurídicas são válidas objetivamente e de


maneira transpessoal.

• Não precisamos gostar de pagar tributos, mas pagamos assim


mesmo.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• O Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros


aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir.

• Portanto, o Direito é a ordenação heterônoma e coercível


da conduta humana.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Bilateralidade atributiva

• Há bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas


se relacionam segundo uma proporção objetiva que as
autoriza a pretender ou a fazer garantidamente algo.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Bilateralidade atributiva

• Onde não existe proporção no pretender, no exigir ou no


fazer não há Direito, como inexiste este se não houver
garantia específica para tais atos.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• Bilateralidade atributiva

• Bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção


intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma
relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a fazer,
garantidamente, algo.
DIREITO, ÉTICA E MORAL

• a) sem relação que una duas ou mais pessoas não há Direito


(bilateralidade em sentido social, como intersubjetividade);
• b) para que haja Direito é indispensável que a relação entre os
sujeitos seja objetiva, isto é, insuscetível de ser reduzida,
unilateralmente, a qualquer dos sujeitos da relação (bilateralidade
em sentido axiológico);
• c) da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida
de uma pretensão ou ação, que podem se limitar aos sujeitos da
relação ou estender-se a terceiros (atributividade).

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