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É o conjunto de decisões dos tribunais que servem como referência para solucionar questões
similares. É o entendimento resultante de um conjunto de decisões e interpretações feitas
pelos tribunais sobre um tema específico.
Noções gerais
Etimologia
• No Direito Romano: a palavra utilizada para expressar o que entendemos, hoje, como
Direito era jus ou juris.
• Origem da palavra Direito: encontra-se no latim directum, que significa literalmente
direito.
Conceito
• Conceituar Direito não é uma tarefa fácil! São inúmeras as visões ideológicas e as escolas
de pensamento. A expressão “direito” é plurissignificativa.
• 1º passo: reconhecer a sua característica essencialmente humana, instrumento necessário
para o convívio social.
Exemplo
Enquanto Robinson Crusoé vivia sozinho, não importava o surgimento do fenômeno jurídico. Com
o aparecimento do índio “Sexta-feira”, houve a necessidade social de se implantarem regras
de conduta, que viabilizaram a convivência pacífica entre ambos.
Direito
É um dado cultural, produzido pelo homem, visa a garantir a harmonia social, preservando a
paz e a boa-fé, mediante o estabelecimento de regras de conduta, com sanção
institucionalizada.
Questões
• As situações abaixo configuram interesses públicos ou privados? Por quê?
1) Falta de fundos do cheque com que o consumidor pagou o fornecedor. O emitente
do título (consumidor), nesse caso, vai ou não honrar sua dívida junto ao
fornecedor?
è É direito privado, pois não há interferência do Estado e se encaixa no direito do
consumidor, já que se trata de uma relação entre consumidor, emitente do título, e
fornecedor.
2) Um contribuinte sonega impostos.
è É direito público, pois os impostos são fiscalizados pela receita federal (Estado) e se
encaixa no direito tributário. Se trata de uma relação entre Estado e contribuinte.
Direito Civil
Conceito
• Etimologicamente: civil = cidadão
• Conceito: ramo direito que disciplina todas as relações jurídicas das pessoas, sejam uma
com as outras (físicas e jurídicas), envolvendo relações familiares e obrigacionais, seja com
as coisas (propriedade e posse)
Parte especial do CC
• Contém os seguintes livros:
o Direito das Obrigações
o Direito de Empresa
o Direito das Coisas
o Direito de Família
o Direito das Sucessões
Princípios norteadores do CC
• Eticidade: Consiste na busca de compatibilização dos valores técnicos conquistados na
vigência do Código anterior, com a participação de valores éticos no ordenamento jurídico
o Valores técnicos + valores éticos
• Ex: Art. 133 e 422
o Agiu de boa fé/justamente
è O art. 2.044 da Lei número 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que determinou que o
novo Código Civil entraria em vigor um ano depois de sua publicação, que ocorreu em
11 de janeiro de 2002, no dia seguinte à promulgação. Salvo disposição contrária, a
lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada.
Na mesma linha de pensamento, o novo Código Civil prevê vários casos em que é
facultado ao juiz atuar como árbitro, fixando, por exemplo, o valor de uma
indenização segundo critérios de equidade, não acolhendo pretensões abusivas.
è Eticidade --> Exigência de probidade e boa fé tanto na conclusão dos negócios jurídicos
como na sua execução (valores éticos presentes na lei!)
è Socialidade --> Reconhecer que este deve ser exercido em benefício da pessoa, mas
sempre respeitados os fins ético-sociais da comunidade a que o seu titular pertence.
Em suma, o propósito é preservar a coletividade
Pessoa
Conceito
• Pessoa: “é o sujeito de direito em plenitude, capaz de adquirir e transmitir direito e
deveres jurídicos” (Paulo Lobo)
• Todo ser humano nascido com vida é pessoa
• O ser humano nascido com vida é pessoas física ou natural
• O direito também atribui o conceito e a natureza jurídica de pessoa a entidades que
não tem existência física ou tangível, seja uma coletividade de pessoas que se associam
para alcançar fins comuns (associação ou sociedade), seja um patrimônio destinado a
um fim (fundação)
Nascituro – teorias
• Nascer com vida = respirar
• Natalista: a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida
• Da personalidade condicional: o nascituro é pessoas condicional, pois a aquisição da
personalidade acha-se sob a dependência de condição suspensiva, o nascimento com
vida
• Concepcionista (direito francês): adquire-se a personalidade antes do nascimento,
desde a concepção
Incapacidades
• As pessoas possuidoras de capacidade de direito, mas não possuidoras da capacidade
de fato são chamadas de incapazes
• Incapacidade: “é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela lei
somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade é a
regra” (Carlos Roberto Gonçalves)
• Lei n. 13.146/15 do Estatuto da Pessoa com Deficiência alterou a lista das pessoas
consideradas incapazes pelo CC
Incapacidade absoluta/relativa
• Leva em conta
o Grau de imaturidade
o Deficiência física
o Deficiência mental da pessoa
*os critérios que levam em conta a deficiência não são mais utilizados como eram para
definir Incapacidades. Ex.: Estatuto da Pessoa com Deficiência (2015, entrou em vigor em
2016)
• Absolutamente incapazes (Art. 3): Devem ser representados, sob pena de nulidade
• Relativamente incapazes (Art. 4): Devem ser assistidos, sob pena de anulabilidade
http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/o-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia-
protege-o-incapaz-sim/15732
http://www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/o-estatuto-da-pessoa-com-deficiencia-
protege-o-incapaz--nao/15733
Parágrafo único – a capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
• IncisoI. (menores)
o Os menores figuram nas relações jurídicas
o Participam pessoalmente, assinando docs
o Não podem fazê-los sozinhos, mas acompanhados (assistidos pelo
representante legal: pai, mãe, tutor)
o Ambos assinam os docs
o Para propor ações judiciais: necessitam de assistência, devendo ser
citados (quando réus) junto com o assistente
Art. 180, cc
• “O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a
sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato
de obrigar-se, declarou-se maior”
• Proteção do menor X repelir a má-fé do menor
Pródigos
• É o indivíduo que dissipa o seu patrimônio desvairadamente
• O pródigo só passará à condição de relativamente incapaz depois de declarado tal, em
sentença de interdição
• Sua curatela pode ser promovida pelos pais ou tutores, pelo cônjuge ou companheiro,
por qualquer parente ou pelo MP
• Interdição só interfere em atos de disposição e oneração do seu patrimônio
Atividade
1. Interprete a seguinte frase de Fábio Konder Comparato “nem todo sujeito de direito
é uma pessoa”
è Segundo Carlos Roberto Gonçalves, sujeitos de direito englobam não só os entes
personalizados, pessoa física ou jurídica, mas também os não personalizados, os quais
são dotados de capacidade civil limitada à sua proteção ou à consecução de seus
fins. Os entes não personalizados não são considerados pessoas, pois segundo a lei, só
são consideradas pessoas aqueles que possuem vida. Assim, são exemplos destes: o
nascituro, os embriões excedentários, prole eventual e futuras geração humanas.
Em seu voto no REsp 1.415.727, o ministro ressaltou que é garantida aos ainda não nascidos
a possibilidade de receber doação (artigo 542 do CC) e de ser curatelado (artigo 1.779), além
da especial proteção do atendimento pré-natal (artigo 8° do Estatuto da Criança e do
Adolescente). O relator ainda citou as disposições do Código Penal, no qual o crime de aborto
é alocado no título referente a "crimes contra a pessoa", no capítulo dos "crimes contra a
vida".
"Mesmo que se adote qualquer das outras duas teorias restritivas, há de se reconhecer a
titularidade de direitos da personalidade ao nascituro, dos quais o direito à vida é o mais
importante", afirmou.
Seguro DPVAT
Salomão destacou que, mesmo em sua literalidade, o Código Civil não mistura os conceitos de
existência da pessoa e de aquisição da personalidade jurídica. De acordo com o ministro, ainda
que não se possa falar em personalidade jurídica, é possível falar em pessoa. "Caso contrário,
não se vislumbraria nenhum sentido lógico na fórmula 'a personalidade civil da pessoa começa'
se ambas – pessoa e personalidade civil – tivessem como começo o mesmo acontecimento."
Ao analisar o caso concreto, o relator avaliou que o artigo 3° da Lei 6.194/1974 garante
indenização por morte; assim, "o aborto causado pelo acidente subsume-se à perfeição ao
comando normativo, haja vista que outra coisa não ocorreu, senão a morte do nascituro, ou o
perecimento de uma vida intrauterina".
O ministro ressaltou que a solução apresentada está alinhada com a natureza jurídica do
seguro DPVAT, uma vez que a sua finalidade é garantir que os danos pessoais sofridos por
vítimas de acidentes com veículos sejam compensados, ao menos parcialmente.
Em 2010, o mesmo entendimento já havia sido aplicado pelo ministro Paulo de Tarso
Sanseverino. Ao proferir o voto vencedor no REsp 1.120.676, ele concluiu que "a
interpretação mais razoável desse enunciado normativo (Lei 6.194/1974), consentânea com a
nossa ordem jurídico-constitucional, centrada na proteção dos direitos fundamentais, é no
sentido de que o conceito de 'dano-morte', como modalidade de 'danos pessoais', não se restringe
ao óbito da pessoa natural, dotada de personalidade jurídica, mas alcança, igualmente, a
pessoa já formada, plenamente apta à vida extrauterina, embora ainda não nascida, que, por
uma fatalidade, acabara vendo a sua existência abreviada em acidente automobilístico".
• EMENTA:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/Jurisprudencia-
reconhece-direitos-e-limites-a-protecao-juridica-do-nascituro.aspx
https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp
Direito da Personalidade
Conceito
Direitos da personalidade: “Direito subjetivos que tem por objetivo os bens e valores essenciais
da pessoa, no seu aspecto físico, moral e intelectual” (Francisco Amaral)
Evolução
• Os direitos da personalidade constituem herança da Revolução Francesa, que pregava:
“liberdade, igualdade e fraternidade”
• A evolução dos direitos fundamentais costuma ser dividida em 3 gerações
o 1ª geração: tem relação com a liberdade
o 2ª geração: tem relação com a igualdade (direitos sociais)
o 3ª geração: com a fraternidade ou solidariedade (direitos ligados à pacificação
social) (consum., meio ambiente...)
o 4ª geração? (decorrente das inovações tecnológicas, patrimônio genético)
o 5ª geração? (realidade virtual)
Divergência doutrinária
• A doutrina não é pacífica quanto à fonte ou fundamento dos direitos da
personalidade, sendo dividida em duas correntes
o Positivista: entende que os direitos da personalidade encontram seu
fundamento no ordenamento jurídico, ou seja, são impostos por lei e não são
inatos ao ser humano (direitos instituídos por lei)
o Jusnaturalista: os direitos são inatos ao ser humano e encontram-se apenas
declarados no ordenamento jurídico
Características
Art. 11 do CC: “Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”
Caso prático
1. Relatar o caso (fatos)
2. Raciocínio jurídico sobre o tema, respondendo à questão
“Mas a história não acabou. O anão recorreu em todas as instâncias e foi até a comissão de
direitos humanos dizendo que gostava de ser arremessado, que ele vivia desempregado e que
agora tinha um emprego. Ele se sentiu diminuído com tal decisão de exercer aquela atividade,
que vivia abandonado e invisível, e agora tinha emprego, salário, amigos e gorjetas.”
Continuação - características
d) Imprescritibilidade: Os direitos da personalidade não se extinguem pelo uso e pelo
decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los.
Exceção: A pretensão à reparação por dano moral (por ter caráter patrimonial) está
sujeita a prazos prescricionais estabelecidos em lei (3 anos)
STJ: o direito de ação por dano moral é de natureza patrimonial (portanto, está sujeita
a prazo prescricional) e transmite-se aos sucessores da vítima.
Jornada
I Jornada de Direito Civil
Coordenador-Geral
Ministro Ruy Rosado de Aguiar
Comissão de Trabalho
Parte Geral
Número 4
Enunciado
O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que
não seja permanente nem geral. (Ex.: participante do BBB pode limitar seu direito a
privacidade pelo tempo do programa)
Referência Legislativa
Norma: Código Civil 2002 - Lei n. 10.406/2002
ART: 11;
Palavras de Resgate
DIRIETOS INTRANSMISSÍVEIS, DIREITOS IRRENUNCIÁVEIS, IRRENUNCIABILIDADE
Após a morte, alguns desses direitos são resguardados (ex. direitos post mortem:
respeito ao morto, à sua honra ou memória, ...)
Se é violado um direito de uma pessoas que já morrei? Quem defende esse direito?
Ver art. 12, do CC – legitimação: cônjuge, parente em linha reta (ascendente: pais,
avós, bisavós; descendente: filhos, netos, bisnetos) ou colateral até 4o grau (irmão,
sobrinho, tio, primo).
Ex.: Garrincha morreu e teve uma biografia escrita após a sua morte, na qual foram
expostos fatos íntimos que ele e sua família não autorizariam. A filha dele entrou com
uma ação para defender esse direito, dizendo que a família não autorizou o uso das
informações e que essa pessoa quer ferir a imagem e a intimidade dele. Ela entrou
com uma ação após a morte, pois isso ocorreu após a morte.
Art. 12 e parágrafo único
“Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos (indenização/reparação), sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Em
se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto
grau.”
• Parentesco na linha reta: acima do morto é a linha reta ascendente e abaixo dele é
a linha reta descendente
• Parentesco na linha colateral: irmão, primos, tios, sobrinhos (não há parentes de 1º
grau)
Ex.: não pode tirar a costela ou cortar o dedinho se não for por exigência médica!!!
Parágrafo único: “O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.”
Parágrafo único: “O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.”
Falecido incapaz
A remoção de seus órgãos apenas poderá ser levada a efeito se houver anuência expressa de
ambos os pais ou por seu representante legal
Observação
Se em vida a pessoa manifestou expressamente a vontade de não ser doadora de órgãos, a
retirada destes não se realizará nem mesmo com a autorização dos familiares
Consequências:
1. Médico deve pedir autorização do paciente
2. Proteção à inviolabilidade do corpo humano
3. Dever de informação detalhada ao paciente (princípio da transparência e do dever de
informar)
4. Se o doente não puder manifestar sua vontade: autorização escrita de qualquer
parente maior, da linha reta ou colateral até o 2o grau, ou do cônjuge
5. Na EMERGÊNCIA: terá o médico a obrigação de realizar o tratamento
Convicção religiosa: só deve ser considerada se tal perigo não for iminente e houver outros
meios de salvar a vida do doente.
Direito ao nome
• Arts. 16 a 19, do CC
• Direito ao nome: pertence ao gênero direito à integridade moral (todos tem direito à
identidade pessoal)
• Tem efeito “erga omnes” (todos tem o dever de respeitá-lo)
• “Nome”: é elemento individualizador da pessoa natural
Conceito
• Nome é a designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa identifica-se no seio da
família e da sociedade.
• *aspecto “dever” ao nome = identificação pelo Estado (ver Nelson Rosenvald)
o O dever ao nome é uma exigência de nossa identificação pelo Estado e
sociedade. Justamente por isso, prevalece a sua imutabilidade – com poucas
exceções – na Lei 6.015/73
aspectos
• Aspecto público: o Estado tem interesse em que as pessoas sejam corretamente
identificadas na sociedade pelo nome, proibindo a alteração do prenome, salvo
exceções admitidas (art. 58 da Lei no 6015/73) e o registro de prenomes suscetíveis
de expor ao ridículo (art. 55, par. único).
• Aspecto individual: o direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por
ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros.
Arts. 16 e 17 do CC
• Art. 16: “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendido o prenome e o
sobrenome”
• Art. 17: “o nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção
difamatória”
Arts. 18 e 19 do CC
• Art. 18: “sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial”
• Art. 19: “o pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao
nome” (A TUTELA DO NOME ALCANÇA A DO PSEUDÔNIMO)
o Atividades lícitas (permitidas por lei): jornalísticas, literárias, artísticas...
(Nesse caso recebe a mesma proteção do nome)
o Ex.: Um traficante de drogas reclama na justiça que seu rival está usando seu
pseudônimo e que ele quer proteção --> AQUI NÃO CABE A PROTEÇÃO
PORQUE A ATIVIDADE NÃO LÍCITA
Elementos
• Prenome (nome de batismo)
• Sobrenome ou apelido familiar ou patronímico (nome de família)
• Agnome (sinal que distingue pessoas pertencentes a uma mesma família que tem o
mesmo nome: Júnior, Neto, Sobrinho)
Prenome
• É o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros de uma mesma
família
• Pode ser simples ou composto
• Não pode expor ao ridículo
è TJSP deu provimento ao recurso para excluir parte do patronímico do pai e incluir o
da mãe, com a fundamentação de que a conjunção dos sobrenomes tem o objetivo de
evitar constrangimentos de Leonardo Vasconcelos Araújo e não violam o direito da
personalidade do mesmo. Esse pedido não prejudicará nem a segurança, nem a
identificação pessoal do autor. Além disso, essa mudança permite situar o autor dentro
de seu núcleo familiar e no tronco ancestral paterno e materno.
è A nova função do nome, de acordo com o acórdão, é não apenas designar a pessoa
humana e tornar possível o dever de identificação pessoal, mas é usado como um
elemento de personalidade individual, ou seja, ele emana personalidade. O nome
“integra-se de tal maneira à pessoa e à sua personalidade que com ela chega a
confundir-se, vindo a significar uma espécie de sustentáculo dos demais elementos, o
anteparo da identidade da pessoa, a sede de seu amor-próprio”
è A apelante Socorro Diandra Gomes de Calado Pinheiro afirmou que desde a pré-escola
até a universidade o seu nome é motivo de chacota e brincadeiras. Essa provocações
lhe causam problemas psicológicos e de saúde, como por exemplo perda da respiração,
catatonia e desmaio. Diante desses fatores, a autora exige a retificação de seu
registro civil.
è Art. 56 – garante a possibilidade de, a todo aquele que quiser, alterar seu nome.
Deve fazê-lo no primeiro ano após atingir a maioridade, sem prejudicar os apelidos
de família. --> o pleito não prejudicará o patronímico, mas apenas o prenome, por
isso a lei permite modificá-lo, inclusive administrativamente
è Art. 57 - Se a simples vontade da autora já era motivo para lhe garantir o direito
de alterar seu nome, o motivo que ora apresenta, comprovado por laudo médico,
justifica a modificação com base no artigo 57 da Lei de Registros Públicos
è Não se escolhe o nome ao nascer, poder atribuído aos pais, ou até terceiros, se
forem estes os declarantes. Não se pode condenar alguém a suportar para sempre
um nome com o qual não se adapta, com o qual não se afina
è Pode haver retificação do nome quando há violações dos Direitos da personalidade
è Pouco importa, na hipótese, se o juiz prolator da sentença acredita ou não ser o nome
comum. O que interessa, na hipótese, é o incômodo suportado por toda uma vida e que
causou verdadeiro trauma à recorrente, que tem o direito de retirar o primeiro
prenome como forma de garantir, para si, uma vida sadia.
è Segundo a avaliação de fls. 15 e 16, desde a infância, todos utilizaram o nome da
autora como forma de chacota, o que lhe causou verdadeiro trauma, mostrando-se
melhor a retirada do prenome “Socorro” de seu nome do que exigir que a mesma se
submeta a tratamento psicológico para se livrar do sofrimento causado por espécie de
“bullying”
è É esse exatamente o caso dos autos. O nome, elemento formador de nossa identidade,
garantido e reconhecido como direito da personalidade e, por isso, com natureza de
direito constitucional, deve ser analisado concretamente, nunca desvinculado do sujeito
que o detém. Por isso é capaz de levar ao ridículo alguém e ser motivo de orgulho
para outro.
è “Um dos mais importantes atributos da pessoa natural, ao lado da capacidade civil e
do estado, é o nome. O homem recebe-o ao nascer e conserva-o até a morte. Um e
outro se encontram eterna e indissoluvelmente ligados. Em todos os acontecimentos da
vida individual, familiar e social, em todos os atos jurídicos, em todos os momentos, o
homem tem de apresentar-se com o nome que lhe foi atribuído e com que foi
registrado. Não pode entrar numa escola, fazer contrato, casar-se, exercer um
emprego ou votar, sem que decline o próprio nome. No sugestivo dizer de Josserand, o
nome é como uma etiqueta colocada sobre cada um de nós, ele dá a chave da pessoa
toda inteira.”
è O nome é um direito da personalidade com natureza de direito constitucional que
representa uma marca individual, além de mera identificação dentro da sociedade. Este
deve ser analisado concretamente, nunca desvinculado do sujeito que o detém.
Aspectos
1. Estado político ou nacionalidade
2. Estado familiar
3. Estado individual ou físico
(Para alguns doutrinadores, há um terceiro estado - o individual ou físico)
Estado individual
• É o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, saúde (são ou insano e
incapaz)
• Diz respeito a aspectos de sua constituição orgânica que exercem influência sobre a
capacidade civil (homem, mulher, maioridade, menoridade, etc.)
Estado familiar
Indica a sua situação na família, em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado)
e ao parentesco, por consaguinidade ou afinidade (pai, filho, irmão, sogro, cunhado, companheiro,
etc.).
Caracteres
O ESTADO LIGA-SE INTIMAMENTE À PESSOA, E, POR ISSO, CONSTITUI A SUA IMAGEM
JURÍDICA!
Ações de Estado
• O estado civil recebe proteção jurídica das ações de estado.
• Finalidade das ações de estado: criar, modificar ou extinguir um estado, constituindo
um novo, sendo, por isso, personalíssimas, intransmissíveis e imprescritíveis, requerendo,
sempre, a intervenção estatal.
• Exemplos
o Ação de interdição
o Ação de divórcio
o Anulação de casamento
o Etc.
Domicílio
• Sinônimo = foro
• Cabe ao Direito fixar um local onde as pessoas serão encontradas
• É a sede jurídica da pessoa
• Local onde se praticam atos da vida civil
• Art. 5º, XI, da CF: “a casa é asilo inviolável do indivíduo”
Domicílio múltiplo
Art. 71: “se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.” (não sendo possível determinar onde tem
domicílio)
Pluralidade de domicílios
Art. 73: é domiciliada a pessoa natural, que não tenha residência habitual, no “lugar em que
for encontrada” (domicílio ocasional ou aparente).
Classificação
• Domicílio necessário ou legal: “advindo de determinação da lei, em face de situação
de certas pessoas” (art. 76, do CC).
Ex.:
recém-nascido: domicílio dos pais
incapaz: domicílio do seu representante
itinerante: onde for encontrado
militar em serviço: onde servir ou sede do comando (marinha ou aeronáutica)
servidor público: onde exercer permanentemente suas funções
preso: onde cumprir pena
• voluntário: pode ser geral ou especial
o Geral: aquele escolhido livremente pela pessoa
o Especial (ou de eleição): é a indicação contratual de um local para dirimir
eventuais conflitos oriundos daquele negócio jurídico (art. 78)
CDC
Art. 51: é nula de pleno direito a cláusula contratual de foro de eleição se vier a estabelecer
prejuízo ao vulnerável (consumidor)
Domicílio profissional
Art. 72, do CC: é também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde é exercida
Perda de domicílio
• Perde-se o domicílio:
o Mudança
o Transferência da residência
o Por determinação da lei
o Por contrato (foro de eleição)
Modos de extinção
• Morte real
• Morte simultânea ou comoriência
• Morte civil
• Morte presumida
Morte real
• Art. 6º, do CC: “A existência da pessoa natural termina com a morte (= morte
real); presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a
abertura da sucessão.” (= morte presumida)
• Portanto: a morte real é apontada no art. 6º como responsável pelo término da
existência da pessoa natural.
• Qdo.? Ocorre com o diagnóstico de paralisação da atividade encefálica (art. 3º da Lei
nº 9.434/97).
Prova da morte
• Faz-se pelo atestado de óbito (prova da morte real)
• Por ação declaratória da morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º)
Art. 7º: “Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado
até 2 anos após o término da guerra.
Par. único: (...)
Quando duas ou mais pessoas morrem na ocasião, mas essas pessoas têm uma relação, por
exemplo, uma é herdeira da outra ou uma é beneficiária da outra, o Direito tem interesse em
saber quem morreu primeiro para saber se a outra pessoa vai receber essa herança ou esse
benefício. Existem situações nas quais não é possível averiguar quem morreu primeiro, como
não dá para saber o direito civil presume que eles morreram simultaneamente e isso se chama
morte simultânea ou comoriência.
Para quem vai a indenização nesses casos?? Pode ter sido indicado previamente ou
vai para os herdeiros do segurado.
2. Se uma pessoa for herdeira da outra
Ex.: se morrem em acidente casal sem descendentes e ascendentes (não tem filhos nem
pais vivos), sem se saber qual morreu primeiro (presume-se que morreram ao mesmo tempo),
um não herda do outro. Assim, os colaterais da mulher ficarão com a herança dela e os
colaterais do marido com a herança dele.
Consequência
• Não há transferência de bens e direitos entre comorientes
Morte civil
• Não existe no direito moderno!
• Existia na Idade Média para pessoas que eram privadas dos direitos civis e consideradas
mortas para o mundo.
• Há um resquício no CC – art. 1.816, ao tratar o herdeiro, afastado da herança, “como
se morto fosse antes da abertura da sucessão.”
(a pessoa está viva, mas será considerada morta --> serve para herdeiro indigno Ex.:
caso da Suzanne Richthofen)
Morte presumida
Pode ser:
• Com declaração de ausência --> simplesmente sumiu, pode querer desaparecer...
• Sem declaração de ausência (art. 7º) --> Por quê? Porque é extremamente
provável que ela tenha morrido, pois estava em perigo de vida ou porque foi feita
prisioneira de guerra e 2 anos depois que a guerra acabou a pessoa não retornou...
Declaração de ausência
A declaração de que o ausente desapareceu de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro
e sem deixar um representante, produz efeitos patrimoniais, permitindo a abertura da sucessão
provisória e, depois, a definitiva e, constitui causa de dissolução da sociedade conjugal (quando
definitiva).
è O motivo são as provas testemunhais, as quais alegaram que a mãe morreu antes de
seus filhos. Assim, conclui-se que não houve comoriência.
Pessoa jurídica
Conceito
Pessoa jurídica: “consiste num conjunto de pessoas e de bens, dotado de personalidade
jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns”.
Características
Principal característica: atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos
que as compõem (CC, art. 50).
Classificação
• Quanto à nacionalidade:
o Nacional: a sociedade organizada de conformidade com a lei brasileira e que
tenha no País a sede de sua administração
o Estrangeira: para funcionar no país precisa de autorização do Poder Executivo,
ressalvados os casos expressos em lei (acionista de S.A.).
• Quanto à estrutura interna:
o Corporação: conjunto de pessoas, reunidas para melhor consecução de seus
objetivos.
o Fundação: compõe-se de um patrimônio personalizado, destinado a um
determinado fim.
o Diferença entre ambas
§ corporação: visam à realização de fins internos, estabelecidos pelos
sócios.
§ Fundações: tem objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor. O
patrimônio é elemento essencial.
• Quanto à função ou órbita de atuação:
o De direito público
§ De direito público interno: da administração Direta (U, E, DF, T, M) e
da administração indireta (autarquias, fundações públicas e entidades
de caráter público criadas por lei) (art. 41, CC).
§ De direito público externo: os Estados da comunidade internacional e
organismos internacionais (EX.: ONU) (art. 42, CC).
o De direito privado: são as corporações e as fundações.
Associações/sociedades
As corporações dividem-se em associações e sociedades (simples e empresárias).
• Associações: não tem fins lucrativos, mas religiosos, morais, culturais, assistenciais,
desportivos, recreativos.
• Sociedades simples: tem fim econômico e visam lucro (escritórios de advocacia,
engenharia, etc.)
• Sociedades empresárias: também visam lucro, mas tem por objeto o exercício de
atividade empresarial (atividade econômica organizada, com empregados, mão-de-obra,
tecnologia, habitualidade, capital, insumos).
Existência legal
Resulta da vontade humana, formalizada no ato constitutivo (estatuto ou contrato social).
• As fundações só podem ser criadas por escritura pública ou testamento (art. 62, CC).
• Certas pessoas jurídicas dependem de autorização governamental: estabelecimentos
de seguro, caixas econômicas, cooperativas, instituições financeiras, empresas
jornalísticas, etc.
Art.52 do CC
A proteção aos direitos da personalidade aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber
• Direito ao corpo --> não faz sentido, não cabe -> pessoa jurídica não tem integridade
física
• Direito ao nome --> cabe
Extinção
As pessoas jurídicas nascem, desenvolvem-se, modificam-se e extinguem-se.
• Ex.: modificação (das soc. Empresariais): transformação, incorporação e fusão.
o Modificação: estrutural --> sociedade limitada -> sociedade anônima
o Uma sociedade incorporou a outra ou duas sociedades se uniram
Formas de dissolução
Podem assumir 4 formas:
a) Convencional: por deliberação de seus membros, conforme quórum previsto nos estatutos
ou na lei
• Por vontade dos membros, decidem levar a empresa (pessoa jurídica) ao fim. Se tem
um número muito grande de membros, essa deliberação precisa cumprir um quórum
que é pré-estabelecido no contrato, no estatuo ou na lei que trata desse tipo de
sociedade. Esse quórum vai dizer que só pode ser extinta por unanimidade, ou só se a
maioria absoluta concordar... FORMA MAIS SIMPLES
b) Legal: em razão de motivo determinante na lei
Ex.: decretação de falência
morte dos sócios
desaparecimento do capital, nas sociedades de fins lucrativos
c) Administrativa: quando as pessoas jurídicas dependem de autorização do Poder Público e
esta é cassada, seja por infração à disposição de ordem pública ou prática de atos contrários
aos fins declarados no seu estatuto, seja por se tornar ilícita.
d) Judicial: quando se configura algum dos casos de dissolução previstos em lei ou no estatuto,
mas aquela sociedade embora tivesse um motivo para ser extinta, ela continua a existir,
obrigando um dos sócios a ingressar em juízo.
Art. 1.035, do CC
Ex.: Fernando saiu mas não mexeram na parte burocrática o Fernando segue sendo responsável
socialmente pela sociedade à entrar em juízo pedindo a solução judicial
Legislação
• CTN, art. 135
• CDC, de 1990: art. 28
• Lei n. 9.605/98 (atividades lesivas ao meio-ambiente)
• NCC, art. 50
Duas teorias
• Teoria “maior”: a comprovação da fraude e do abuso por parte dos sócios constitui
requisito para que o juiz possa ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas (art.
50, do CC)
• Teoria “menor”: considera o simples prejuízo do credor (consumidor) motivo suficiente
para a desconsideração (§ 5º do art. 28 do CDC e na legislação ambiental)
Bens
Lições de Paulo Lobo
• “No âmbito do direito civil, bens são todos os objetos materiais ou imateriais que podem
ser suscetíveis de apropriação ou utilização econômica pelas pessoas físicas ou jurídicas.”
(conceito estrito)
o Ex.: casa (bem material) e direitos patrimoniais de autor (bens imateriais)
• Não inclui, consequentemente, o que pode ser considerado “bem jurídico”, de modo amplo,
ou seja, tudo o que o direito considere relevante para sua tutela.
o Ex.: o direito da personalidade é um bem jurídico, mas não bem no sentido ora
empregado.
• Os direitos da personalidade ou as zonas ambientais protegidas são exemplos de bens que
não podem ser transmitidos de seu titular para outrem.
Semoventes
São os bens que se movem de um lugar para outro, por movimento próprio.