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FATO, ATO E NEGÓCIO

JURÍDICO
Profª. Ms. IVNA OLIMPIO LAURIA
AGOSTO 2020.2
Parte Geral II

O homem é um ser eminentemente social.

Fenômeno Jurídico presente.

A ordem jurídica estabelece restrições, determinação de direitos e deveres


(obrigações) e limites.

Direito é o conjunto das normas gerais e positivas que regulam a vida social.
(Radbruch, 1840)

Justiça é dar a cada um o que é seu por direito, e equidade é dar a cada um o
que é seu por direito na medida de sua necessidade.
Direito comum a todos os homens, que regula as relações de família
e relações patrimoniais.

Histórico: O direito civil no Brasil até 1822 era ditado pelas


Ordenações, após a Independência, somente em 1824 tivemos nossa
primeira constituição, durante o Império alguns esboços do Código

Direito Civil
Civil foram apresentados, mas somente após a proclamação da
Republica, Clóvis Beviláqua encaminhou projeto em 1900, que só
seria aprovado em 1916, com longo parecer de Rui Barbosa, e entrou
em vigor em 1917.

O atual Código Civil foi aprovado em 2002, após várias discussões,


iniciadas em 1965 sob a supervisão de Miguel Reale, destacando-se
a necessidade da atualização e codificação das leis em
microssistemas.
Decreto Lei nº 4.657/1942

É legislação anexa ao Codigo


Civil, mas dele é autônoma.
Lindb – Lei
É a norma sobre normas, e
de
eextrapola o Direito Civil
Introdução
às Disciplina elaboração, vigência,
Normas aplicação no tempo, no Espaço...
do Direito
Brasileiro
Conceito Pessoa Natural: Ser humano
considerado sujeito de direitos e
obrigações.

Personalidade é a aptidão genérica de


se adquirir direitos e deveres e que se
adquire no nascimento com vida.

Pessoas
Naturais Capacidade é a medida da
personalidade.

A capacidade pode ser de direito ou


de fato.
A Identificação da pessoa natural se dá:

pelo nome, que a individualiza,

pelo estado, que define sua posição na sociedade política e na


família, e

Identificação
da Pessoa Pelo domicilio, que é o lugar de sua atividade social.

Natural
O Agnome tem a função de diferenciar pessoas da mesma
família que possuem o mesmo prenome e sobrenome. São nomes
do tipo Filho, Neto, Sobrinho, ou ainda Segundo, Terceiro.

O nome vocatório caracteriza-se por ser aquele pelo qual o


indivíduo é comumente conhecido.
Sujeito de direito é aquele que é
sujeito de um dever jurídico, de uma
Pessoa - ente físico ou coletivo pretensão ou titularidade. Segundo
suscetivel de direitos e obrigações, Kelsen pessoa é uma construção da
ou seja, sujeito de direito. ciência do direito, e a pessoa
natural ou jurídica é possuidora de
direitos e deveres.

Personalidade
Personalidade jurídica – aptidão
Art. 1º do Código Civil – “Toda
genérica para adquirir direitos e
pessoa é capaz de direitos e
contrair obrigações. Toda pessoa é
deveres na ordem civil.”
dotada de personalidade.

Capacidade é a medida jurídica O direito de personalidade é o


da personalidade. Para ser pessoa direito da pessoa de defender o
basta que o homem exista e para que lhe é próprio, como a vida, a
ser capaz o ser humano precisa identidade, a liberdade, a imagem,
preencher os requisitos. a privacidade, a honra.
Pessoa Natural: É o ser humano considerado como sujeito de direitos e
obrigações.
Capacidade é medida jurídica da personalidade e define a maior ou
menor extensão dos direitos de uma pessoa.
Espécies:
De gozo ou de direito – Aptidão, oriunda da personalidade, para adquirir
direitos e contrair obrigações.
De fato ou de exercício – Aptidão para exercer, por si, atos da vida civil
“Toda pessoa é capaz de deveres e direitos na ordem civil.” (CC, art. 1º)

Capacidade Absolutamente Incapazes “Art. 3 o São absolutamente incapazes de


exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis)
anos.” (CC, 2002).
Relativamente Incapazes. É o caso daqueles que podem realizar atos da
vida civil, desde que juridicamente assistidos ou representados:
maiores de 16 anos e menores de 18 anos;
Ébrios habituais e viciados em tóxico.
Pessoas que por causa transitória ou permanente, não puderam
manifestar sua vontade.
Pródigos
Pessoa jurídica: reunião de pessoas ou de bens com
determinado objetivo a quem a lei atribuiu personalidade

Da Capacidade na Pessoa Jurídica:


Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que
estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem
legalmente impedido

Pessoa Pessoa Jurídica de Direito Público Interno: União, Estados,


Jurídica Distritos Federal, Municípios. Demais entidades públicas
criadas por lei. Autarquias (inclusive associações públicas) e
Fundações;

Pessoa Jurídica de Direito Público Externo: Estados


estrangeiros, Pessoas regidas pelo direito internacional
público. Ex: ONU, OMC, UNICEF
Domicílio – é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente
para efeitos de direito. É o lugar pré-fixado pela lei onde a pessoa
presumivelmente se encontra.

Residência - é uma situação de fato

Domicílio da Pessoa Natural è é o lugar onde a pessoa estabelece a


Domicilio sua residência com ânimo definitivo. A residência é, portanto, um
elemento do conceito de domicílio, o seu elemento objetivo. O
elemento subjetivo é o ânimo definitivo.

Domicílio é a sede jurídica da pessoa, onde ela se presume presente


para os efeitos de direito, onde pratica habitualmente seus atos e
negócios jurídicos. Sendo o local em que responde por suas
obrigações. (SILVA, 2008)

Domicílio da pessoa jurídica é a sede jurídica da pessoa. É o local


onde ela se presume presente para efeitos de direito, onde pratica
habitualmente seus atos e negócios jurídicos, onde responde por suas
obrigações.
Bens Privados - Conceito. Bens são coisas
corpóreas ou incorpóreas, úteis aos
homens e de expressão econômica,
suscetíveis de apropriação.

Bens
Bens Públicos são bens de titularidade
do Estado, necessários ao desempenho
de funções públicas, submetidos a um
regime jurídico de direito público.
As Pessoas (Naturais ou Jurídicas) ao desenvolverem suas
atividades na sociedade podem com suas atitudes gerar
consequências jurídicas. Essas atitudes juridicamente
relevantes são denominados Fatos Jurídicos.
Os Fatos Jurídicos em sentido amplo podem ser divididos
em Fatos Jurídicos Naturais (fatos jurídicos em sentido
estrito) e Fatos Jurídicos Humanos (atos jurídicos em sentido
amplo).
Atos, Fatos Os Fatos Jurídicos Naturais subdividem-se em Ordinários e
Extraordinários.
e
Os Fatos Jurídicos Humanos, ou atos jurídicos em sentido
Negócios amplo, subdividem-se em lícitos e ilícitos. Os atos jurídicos
Jurídicos em sentido amplo lícitos ainda são divididos em atos
jurídicos em sentido estrito ou meramente lícitos e negócios
jurídicos, sendo que alguns autores ainda disciplinam uma
terceira categoria o ato-fato jurídico.
Relação Jurídica
Relação jurídica é o meio pelo qual o direito subjetivo se realiza.
Relação processual: juiz partes # Relação pública: Estado é parte # Relação
privada: entre particulares
Relação jurídica: é o vínculo jurídico entre pessoas, em virtude do qual uma das
partes terá um direito subjetivo e a outra um dever jurídico em relação a
determinado objeto.
Elementos essenciais para a sua formação, são eles: os sujeitos, o objeto e o
vínculo jurídico
Sujeitos => ativo: direito subjetivo: correspondem a aqueles que possuem direitos
oriundos da relação
=> Passivo: dever jurídico: são aqueles sobre os quais recai um dever
decorrente da obrigação assumida pela relação.
Objeto =>mediato: finalidade =>Imediato: coisa
Vínculo Jurídico: liame jurídico.
Portanto, inseparáveis são os conceitos de direito subjetivo, relação jurídica,
sujeitos e objeto.
Conceitos
FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO é todo acontecimento natural ou
humano apto a criar, modificar ou extinguir relações jurídicas, ou seja,
que deflagra efeitos jurídicos, que tenha relevância para o Direito.
Ex.: uma chuva no mar é um fato comum, não jurídico; mas uma chuva na
cidade que destrói casas e provoca grandes danos é um fato jurídico.
Um fato jurídico cria, modifica ou extingue direitos.

Se subdivide em:

Fato Juridico strictu sensu


Fatos Naturais ou fatos jurídicos estrito sensu – depende da manifestação da
natureza.
Atos Jurídicos
Fatos humanos ou atos jurídicos lato sensu – depende da atividade humana
FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO => FATOS NATURAIS

Fatos Naturais – Fato jurídico em sentido estrito é o


acontecimento natural, relevante para o direito.
Obs.: os fatos jurídicos em sentido estrito não podem ser estudados
sob o prisma da validade (não se pode falar que tal fato é nulo ou
anulável);
se subdividem em fatos ordinários (previsíveis) e fatos
extraordinários (imprevisíveis).
Ordinários: comum, previsível (ex.: nascimento, morte natural, chuva de
verão, maioridade, decurso do tempo...)
Extraordinários são os casos de inesperado, imprevisível (ex.: nevasca
em Salvador). Ocorre por caso fortuito ou força maior.
são acontecimentos inevitáveis, que eliminam a relação de
causalidade entre o prejuízo experimentado pela vítima e a conduta
do suposto agente. Ordinariamente, ocorrendo um ou outro, não
haverá o dever de reparar os prejuízos daí resultantes.
Caso Fortuito e Força Maior - Divergências

Caio Mário diferencia assim: “caso fortuito é o acontecimento natural, derivado


das forças da natureza ou o fato das coisas, como o raio, a inundação, o
terremoto ou o temporal. Na força maior há sempre um elemento humano, a
ação das autoridades (factum principis), como a revolução, o furto ou roubo, o
assalto ou, noutro gênero, a desapropriação.”
MARIA HELENA DINIZ diverge ao afirmar que na "força maior a causa do dano é
sempre conhecida porque decorre de um fato da natureza, ao passo que no
caso fortuito o acidente advém de uma causa desconhecida ou de algum
comportamento de terceiro que, sendo absoluto, acarreta a extinção das
obrigações, salvo se as partes convencionaram o pagamento de alguma
indenização ou se a lei estabelecer esse dever, nos casos de responsabilidade
objetiva."
De qualquer modo, importante mesmo é que o caso fortuito e a força maior são
acontecimentos inevitáveis, que eliminam a relação de causalidade entre o
prejuízo experimentado pela vítima e a conduta do suposto agente.
CC - Lei nº 10.406 de 10 de Janeiro de 2002
Institui o Código Civil.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou
força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário,
cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Nestes artigos apenas a força maior funciona como excludente da responsabilidade

Art. 737. O transportador está sujeito aos horários e itinerários previstos, sob pena de
responder por perdas e danos, salvo motivo de força maior.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
ATOS JURÍDICOS => FATOS HUMANOS

Fatos Humanos ou atos jurídicos em sentido amplo - são ações humanas que
que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos.
Embora a ação humana possa gerar atos lícitos e ilícitos, atos Jurídicos só podem ser
lícitos, ato ilícito nunca será jurídico, embora gere efeitos jurídicos.

Lícitos – são fatos humanos na qual a Lei defere os efeitos almejados pelo
agente (GONÇALVES, 2019). São aqueles praticados em conformidade com o
ordenamento jurídico, que produzem efeitos jurídicos voluntários, que são
desejados pelo agente.
Ilícitos – São fatos em desacordo com a ordem jurídica, que irá gerar efeitos
jurídicos involuntários que são impostos pela ordem jurídica. Não criam direitos,
mas sim deveres e obrigações. (Art. 186 e 927 CC)
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187 ), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
Ato jurídico em sentido estrito ou
meramente licito – constitui um simples
manifestação da vontade.
Reconhecimento de filho, colheita de um
fruto, o uso da coisa.

Ato Fato Jurídico – ressalta-se a


consequência do ato, o fato resultante não
Atos leva em consideração a vontade de
praticá-lo. Uma criança comprar bala na
venda.
Lícitos

Negócio Jurídico – a ação humana visa


alcançar um fim prático permitido em lei. É
necessário a vontade qualificada.
Ato-fato jurídico(desenvolvido por
Pontes de Miranda)
Consiste em comportamento que, embora derive da atuação
humana, é desprovido de vontade consciente em direção ao
resultado que se pretende atingir.
Embora o CC não haja contemplado o ato-fato em norma específica,
a doutrina trata da matéria (Marcos Bernardes de Mello).
Obs.: natureza jurídica da venda de um doce a uma criança de 5
anos de idade: trata-se de um contrato de compra e venda; há um
menor absolutamente incapaz, assim, o negócio jurídico é nulo, mas
socialmente aceito.
O prof. Jorge César Ferreira, com base em Pontes de Miranda,
exemplifica também o ato-fato na compra de um doce por criança
de tenra idade (que não tem consciência do ato) enquadra-se melhor
na noção de ato-fato e não na de contrato. E, sendo um ato-fato, não
há que se falar em nulidade, porque em atos-fatos não se investiga,
analisa a validade.
Ato Jurídico em Sentido Estrito e Negócio
Jurídico
Ambos são espécies de ato jurídico em sentido amplo.

O ato jurídico em sentido estrito, também chamado de ato não negocial, previsto
no art. 185, CC, traduz um simples comportamento humano, voluntário e
consciente, cujos efeitos estão predeterminados na lei (não existe liberdade
negocial, autonomia volitiva); os efeitos jurídicos são produzidos e deflagrados
pela própria lei, não há escolha.
O negócio jurídico, por sua vez, pedra de toque das relações econômicas
mundiais, é, na sua essência, de estrutura mais complexa do que o ato em
sentido estrito. Isso porque, no negócio temos uma declaração de vontade
emitida segundo o princípio da autonomia privada, pela qual o agente disciplina
efeitos jurídicos possíveis escolhidos segundo a sua própria liberdade negocial.
Ato Jurídico em sentido estrito

O Ato jurídico em sentido estrito tem por elemento nuclear do suporte fático
a declaração unilateral de vontade, cujos efeitos jurídicos são invariáveis, pois
estão prefixados pelas normas jurídicas, portanto, não cabe às pessoas
qualquer poder de escolha da categoria jurídica ou de estruturação do
conteúdo das relações jurídicas.
Os efeitos são mais da lei do que da vontade, já que a vontade seria simples
manifestação.

Exemplos:
1 - Registro de um filho – vontade do pai em registrar + efeitos da lei;
2 - Autorização da cirurgia de um filho –ação necessária efeito da lei;
Negócio Jurídico

Já negócio jurídico, seria toda manifestação de vontade, ato de


autonomia privada, voltada a criar, modificar ou extinguir relações ou
situações jurídicas.

Exemplos:
1 – contrato;
2 -Autorização da própria cirurgia –ação livre;
3 -testamento
O que diferencia o negócio jurídico do ato jurídico, é
que no ato jurídico a ação humana não será ato de
autonomia privada, pois esta se trata de auto
regulação de interesses privados, dentro dos limites da
lei.
Afinal, “o que não está proibido está permitido”.
Os efeitos do ato jurídico vêm mais da lei do que da
vontade.
Para ele, a lei seria causa eficiente dos negócios
jurídicos, a necessidade o motivo determinante e a
vontade o instrumento de exteriorização e de
realização da necessidade.
Existência, Validade e Eficácia do Negócio Jurídico Elemento Acidental
Escada Ponteana

Elemento essencial

Elemento estrutural
Escada Ponteana

Os elementos referentes aos requisitos de existência e de validade são


chamados de elementos essenciais do negócio jurídico. Outros, porém, são
chamados de acidentais, porque não exigidos pela lei, mas introduzidos pela
vontade das partes, em geral como requisitos de eficácia do negócio, como a
condição, o termo, o prazo etc.

Assim, o negócio jurídico pode ser estudado em três planos: o da existência, o


da validade e o da eficácia.
Esses três planos foram colocados por Pontes de Miranda numa escada, para
facilitar a sua compreensão e estudo.
A referida "Escada Ponteana" é uma forma didática de estudar o negócio
jurídico.
Possui três degraus, quando se sobe um deles, significa que foram preenchidos
os requisitos do degrau anterior.
Elementos de existência:
Agente – todo negócio jurídico deve ter ao menos um sujeito para existir.
Vontade – que pode ser expressa por meio da palavra escrita, falada ou
por gestos, ou ainda tácita. O silêncio também é forma de manifestação
da vontade quando não for necessário que ela ocorra expressamente
(art. 111 do CC).
Objeto – todo negócio jurídico deve ter uma prestação de interesse das
partes.
Forma – todo negócio jurídico deve ter uma forma, seja ela escrita ou
verbal.

Se os elementos de existência forem respeitados, o negócio jurídico


existe, então podemos subir para o segundo degrau da escada
ponteana, onde será verificada a questão da sua validade ou
invalidade.
Elementos de validade
Capacidade do agente (condição subjetiva);
Vontade livre. Ocorrendo alguma espécie de vício da vontade ou do
consentimento, de forma a macular a vontade de uma das partes, o
negócio jurídico poderá ser anulado;
Objeto lícito, possível, determinado ou determinável (condição objetiva);
Forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art. 104,1 a III).
Os de caráter específico são aqueles pertinentes a determinado negócio
jurídico. A compra e venda, por exemplo, tem como elementos essenciais
a coisa, o preço e o consentimento.

Se os elementos de validade forem respeitados, o negócio jurídico será


considerado válido , então podemos subir para o terceiro degrau da
escada ponteana, onde será verificada a questão da sua eficácia.
O plano da eficácia
Além dos elementos essenciais, que constituem requisitos de existência e
de validade do negócio jurídico, pode este conter outros elementos
meramente acidentais, que dizem respeito a sua eficácia, introduzidos
facultativamente pela vontade das partes, não necessários à sua
essência. Uma vez convencionados, passam, porém, a integrá-lo, de
forma indissociável.
São três os elementos acidentais no direito brasileiro: a condição, o
termo e o encargo (modo).
Essas convenções acessórias constituem autolimitações da vontade e
são admitidas nos atos de natureza patrimonial em geral (com algumas
exceções, como na aceitação e renúncia da herança), mas não
podem integrar os de caráter eminentemente pessoal, como os direitos
de família puros e os direitos personalíssimos.
Não comportam condição, por exemplo, o casamento, o
reconhecimento de filho, a adoção, a emancipação etc.
Exemplo: testamento
Testamento Inexistente
O testamento religioso, lavrado perante o padre da paróquia
frequentada pelo testador;
O testamento falsificado material e intelectualmente, quando alguém se
apresenta como sendo a pessoa do testador;
O testamento cerrado celebrado por procuração;
O testamento gravado em fita de vídeo;
O testamento público não formalizado perante a pessoa do tabelião ou
do seu oficial ajudante (MADALENO, 2007, P. 278).
Já Eduardo Zannoni dá o exemplo de testamento inexistente como
“aquele firmado pelo titular do Registo Civil de Imóveis”, no lugar do
Registro de Notas (ZANNONI, 2000, p. 72).
Plano da Existência: onde estão os elementos nucleares: Agente, vontade
manifestada, objeto e forma;
Plano da Validade: elementos complementares: Agente capaz, vontade
manifestada livremente, objeto lícito possível, determinado ou determinável, e por
fim: forma prescrita e não defesa em lei;
Por fim, o Plano da Eficácia tem os elementos integrativos: condição, termo e
encargo lícitos.
Assim, o testamento existe quando há agente, vontade manifestada, objeto e
forma, ou seja, quando se amolda aos tipos previstos em lei. Será válido caso
atenda os pressupostos de validade, verificando se o agente era capaz, se a
vontade não foi viciada, se o objeto era lícito e também, se a forma testada
obedeceu à prescrição da lei.
Por fim, o testamento será eficaz a partir do registro do seu testamento e da morte
do testador .
Então, conclui-se que para o negócio jurídico possa produzir o resultado desejado,
faz-se necessária sua passagem pelos planos de existência, da validade e da
existência.
Contudo, o testamento é um exemplo de negócio jurídico que pode existir, ser
válido e temporariamente ineficaz, pois depende da morte do testador para
adquirir eficácia.
NEGÓCIO JURÍDICO
Foi no Código Civil Alemão que o “negócio jurídico” passou a ser parte de
um regime jurídico específico.
Conceito: é uma declaração de vontade emitida com base na autonomia
privada, e por meio da qual o agente auto-disciplina os efeitos jurídicos
que pretende atingir.
É a manifestação de vontade que produz efeitos desejados pela parte e
permitidos pelo direito. Caracteriza-se, assim, pela autonomia privada e
pela liberdade negocial (dirigismo contratual e liberdade na escolha dos
efeitos que se pretende atingir). Exs.: contrato, testamento, etc.
“Por Negócio Jurídico deve-se entender a declaração de vontade
privada destinada a produzir efeitos que o agente pretende e o direito
reconhece. Tais efeitos são a constituição , modificação ou extinção de
relações jurídicas de modo vinculante, obrigatório por partes intervenientes.

“De qualquer modo, o negocio jurídico é o meio de realização da
autonomia privada, e o contrato é o seu símbolo.” Francisco Amaral, 2002
Principio Geral do Direito Civil: Socialidade (valores
coletivos) e Eticidade (boa fé objetiva, equilíbrio
econômico)
Diretrizes Constitucionais: função social da propriedade
e dignidade da pessoa humana.

Ver art. 104 a 114 Código Civil, 2002


Finalidade Negocial
1. Aquisição dos Direitos
Ocorre a aquisição com a sua incorporação ao patrimônio ou à personalidade
do Titular.
Divide-se em:
a- originária ou derivada
Originária – a que se dá sem interferência do titular anterior. Ocupação da coisa
sem dono (art. 1.263), na avulsão(art.1251).
Derivada – quando decorre da transferência feita por outra pessoa. O direito é
transferido com todos os defeitos e qualidades que possui pois ninguém pode
transferir mais direitos do que tem.
b- Gratuita ou Onerosa
Gratuita – só o adquirente aufere vantagem – ex. sucessão
Onerosa – quando o adquirente deve uma contraprestação. Ex. compra e venda,
locação
c- Direito atual e futuro
Direito atual – direito subjetivo formado e incorporado ao
patrimônio do titular, podendo ser exercido (Direito Adquirido – art.
6º, §2º, Lindb)
Direito Futuro – aquele que ainda não se constitui. Pode ser
deferido(ação do sujeito) ou não deferido (depende de fato
futuro).
Expectativa de Direito – quando há a esperança ou possibilidade
de que certo direito venha a ser adquirido, mas ainda em fase
preliminar.
Direito Eventual – é um direito concebido, mas dependente de
concretização. (Aceitação de proposta de compra e venda).
Conservação de direitos

Para resguardar ou conservar seus direitos, muitas vezes é


necessário tomar certas medidas, preventivas ou repressivas e
extrajudiciais ou judiciais.
A- Medidas Preventivas – visam garantir e acautelar o direito
contra futura violação
Extrajudiciais – visam assegurar o cumprimento da obrigação
creditícia com garantias reais( hipoteca, penhor...) e pessoais
(fiança e aval)
Judiciais – correspondem a medidas cautelares previstas no
CPC (caução, busca e apreensão, notificação)
B- Medidas Repressivas – visa restaurar direito violado. A pretensão
é deduzida em juízo por meio de ação. “A todo direito deve
corresponde um direito que o assegure.
Modificação de Direitos

Direitos subjetivos nem sempre conservam as características iniciais


e permanecem inalterados durante sua existência. Podem sofrer
mutações quanto ao objeto, à pessoa do sujeito e a seus aspectos.
A manifestação da vontade, com finalidade negocial, também
pode objetivar não apenas a aquisição e conservação do direito,
mas sua modificação.

A modificação pode ser:


A- objetiva – quando diz respeito a seu objeto
B- subjetiva – quando diz respeito à pessoa do sujeito
Extinção de direitos

A extinção de direitos ocorre por diversos motivos como, perecimento do


objeto a qual recaem, alienação, renuncia, abandono, falecimento do
titular de direito personalíssimo, prescrição, decadência, confusão,
desapropriação...
Podem ser subjetivas, quando morrem seu titular e o direito é
personalíssimo.
Podem ser objetivas, quando ocorre o perecimento do objeto.
Podem ser em relação ao vinculo jurídico, quando a pretensão
desaparece
Teoria do Negócio Jurídico

O termo “negocio Jurídico” nasceu na Alemanha em 1749, atribuído a


NettelBladt.
Savigny foi quem explicitou: “ é espécie de fatos jurídicos que não são
apenas ações livres, mas em que a vontade dos sujeitos se dirige
imediatamente à constituição ou extinção de uma relação jurídica”
No Brasil, em 1916, Clóvis Beviláqua seguiu a Codificação Francesa que
não disitinguia Ato de Fato e só fazia menção a ato jurídico.
Foi Pontes de Miranda que os dividiu em sua Doutrina, seguido por
Orlando Gomes.
O Código Civil de 2002 adota a posição dualista e em sua parte geral
apresenta suas maiores alterações(Livro III, Parte Geral).
Classificação dos Negócios Jurídicos

A doutrina não é uniforme quanto à sua classificação.

Em geral consideram-se:
A- numero de declarantes
B- vantagens das partes
C- momento da produção de efeitos
D- modo de existência
E- formalidades a observar
F- numero de atos necessários
G- modificações que podem produzir
H- modo de obtenção do resultado
Unilaterais, Bilaterais, Plurilaterais

Unilaterais – se aperfeiçoam em uma única manifestação de vontade:


testamento, codicilo, instituição de fundação, renuncia de herança,
procuração...
Divide-se em receptícios ou não receptícios.
Recepticios são aqueles em que dependem de conhecimento do da
declaração da vontade para produzirem efeitos, como a denuncia ou
resilição do contrato, ou revogação de mandato.
Não Recepticios são aqueles que o conhecimento por parte de outras
pessoas é irrelevante, como no testamento.
Bilaterais
É necessário a condição de vontade de duas partes coincidindo sobre o
mesmo objeto, esse consentimento chama-se conhecimento mútuo ou
acordo entre as partes. Dentro dos bilaterais há a divisão entre simples e
sinalagmático.
o Bilaterais simples: Apenas uma das partes conseguirá recolher
vantagens, enquanto a outra arca com o ônus do negócio realizado, isso
geralmente ocorre nas relações de doação.
o Sinalagmáticos: As partes estão em situação de igualdade. Neste
negócio jurídico há situação de reciprocidade de deveres e direitos entre
os participantes. Válido lembrar que as partes podem se formar de várias
pessoas em cada polo contratual.
Plurilaterais
Os negócios jurídicos plurilaterais se caracterizam pelo envolvimento de
três partes ou mais, como exemplo os contratos de sociedade com mais
de dois sócios. Nestes casos, não será uma unanimidade entre as partes,
mas a decisão da maioria que resultará no negócio jurídico.
Gratuitos e onerosos, neutros e
bifrontes
Essa é mais uma das classificações, referente a quais vantagens patrimoniais o negócio
jurídico poderá produzir.

Gratuitos
Os negócios gratuitos são aqueles que apenas uma das partes irá conseguir retirar vantagens
ou benefícios, enquanto a outra ficará com o ônus da perda, como exemplo as doações.
Onerosos
São aqueles negócios que as duas partes auferem vantagens, contudo, as dependem de um
sacrifício ou contraprestação, como exemplo os contratos de compra e venda. Dentro dos
onerosos ainda há uma bipartição, em comutativos e aleatórios.
o Comutativos: Nos negócios jurídicos onerosos comutativos as prestações são certas e
determinadas, com isso, as partes podem prever as vantagens e sacrifícios em celebrar
aquele negócio. Não envolve riscos.
o Aleatórios: Ao contrário do anterior, os negócios jurídicos em caráter aleatório vêm repleto
de incertezas para ambas as partes, geralmente pela dependência de um fato futuro que é
imprevisível. O risco é a essência do negócio.
Neutros
São aqueles que não se enquadram nem como onerosos, nem como
gratuitos, embora sejam de cunho patrimonial. Como a vinculação de um
bem, tornando-o indisponível, pela clausula de inalienabilidade, ou
impede sua comunicação com o outro cônjuge pela clausula de
incomunicabilidade..

Bifrontes
Esses são aqueles contratos que podem ser onerosos ou gratuitos,
dependendo apenas da vontade das partes, como o mandato.
Inter vivos e mortis causa

Quando se leva em conta o momento em que irá acontecer a produção


de efeitos, os negócios jurídicos se dividem em inter vivos ou mortis causa.
· Inter vivos: Os efeitos desse negócio são destinados a produzir efeitos
desde logo, ou seja, com as partes em vida.
· Mortis causa: Os efeitos desses negócios jurídicos ocorrem após a morte
do agente, como exemplo o testamento. A morte é um pressuposto para
a eficácia do negócio.
Exceção: O seguro de vida por mais que necessite da morte é um
negócio inter vivos, o evento da morte funciona apenas como um termo.
Solenes (formais) e não solenes (de forma
livre)

Deverá ter atenção quanto aos negócios jurídicos e as suas derivadas


formalidades, que poderão ser solenes, também chamados de formais,
ou não solenes, conhecidos por terem uma forma livre.
· Solene (formais)
Esses devem obedecer a uma forma prescrita na lei, a forma com que ele
é celebrado é um requisito de validade do negócio jurídico, este é solene
e a formalidade é ad solemnitatem ou ad substantiam, ou seja, é a
substância do ato, como a venda de imóveis acima de trinta vezes o
salário mínimo vigente (art. 108 CC).
Contudo, algumas formas são realizadas apenas para serem prova do ato
realizado, sendo essas formalidades chamadas pela doutrina de ad
probationem tantum.
Não Solenes (não formais)
Esses negócios jurídicos são marcados por sua forma livre, bastando o
consentimento das partes para a sua formação, não necessitando
nenhuma formalidade para sua validade. Essa é a regra, de contratos
com forma livre, salvo quando a lei expressamente ditar o contrário.

Fonte: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 1 : parte


geral / Carlos Roberto Gonçalves. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2019.
Principais e Acessórios
Negócios Derivados
Classificação por modo de existência

Principais – são os que tem existência própria e não dependem da


existência de qualquer outro. Compra e Venda, locação...
Acessórios – a sua existência é subordinada ao contrato principal, como
clausula de fiança, penhor, hipoteca.

Negócios Derivados – ou subcontratos, são aqueles que tem como objeto,


direitos estabelecidos em outro contrato, denominado básico ou principal,
como a sublocação ou empreitada.
Simples, Complexos e coligados

É definido pelo numero de atos necessários para concretização.

Simples são os que se constituem por ato único.


Complexos são os que resultam da fusão de vários atos, em um único
negócio, que independentes são ineficazes. Venda financiada de imóvel.
Coligados – são vários atos em um negócio coligado. Arrendamento de
umposto de gasolina, coligado a um contrato de locação de bombas, de
sublocação de lojas de conveniência, etc

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