Você está na página 1de 26

1

2
3
DEDICATÓRIAS

Ao professor de Introdução ao Direito do ISPTLO (Libolo-Cuanza-Sul) e a


todos os colegas que puderam contribuir na elaboração do trabalho.

Dedicação especial para os nossos familiares que incansavelmente têm


nos apoiado.

4
AGRADECIMENTOS

Agradecemos, a Deus, Pai todo poderoso, por ter nos dado vida, saúde, força
e coragem e que sempre tem vindo em nosso auxílio de forma incondicional e
gratuita.

Aos nossos pais por todo amor e apoio incondicional, destinados a nós e aos
nossos irmãos sempre se esforçando incondicionalmente proporcionando o
melhor para impulsionar nossos sonhos e conceder-nos as melhores
oportunidades.

Ao nosso professor por toda a paciência, atenção e constante orientação


nessa jornada. Um verdadeiro guia que contribuiu de forma significativa para
que o presente trabalho viesse a ser concretizado.

Aos demais colegas da Faculdade de Contabilidade e Gestão os quais foram


essenciais para a realização do mesmo.

À todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para esse momento.

5
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 7

1 O Direito Subjectivo e Pessoa ................................................................... 8

1. 1 A Pessoa, fundamento e fim da ordem jurídica....................................... 10

1. 2 Relação Jurídica e os atos jurídicos................................ .......................... 12

1. 2.1 Tipos de relações jurídicas ............................................. .......................... 13

1.3. Os Direitos Fundamentais e os Direitos Homem ..................... ................... 16


1.3.1. Direitos Humanos ................................ ........................................................ 17

1.3.2. Direitos Fundamentais ................................................................................ 18

2 Direitos e deveres Fundamentais em Angola ......................................... 21

2.1 Princípios Gerais........................................................................................ 21

2.2 Direitos, Liberdades E Garantias Fundamentais....................................... 22

2.3 Direitos e Deveres Económicos, Sociais e Culturais .................................... 24

CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 25

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 26

6
INTRODUÇÃO

O direito subjectivo é um poder ou domínio da vontade do homem,


juridicamente protegida. também a capacidade própria e de competência de
terceiros.

O Direito Subjectivo se caracteriza por ser um atributo da pessoa. Este faz dos
seus sujeitos titulares de poderes, obrigações e faculdades estabelecidos pela
lei. Em autras palavras o direito subjectivo é um poder ou domínio da vontade
do homem, juridicamente protegida. É uma capacodade própria e de
competência de terceiros.

Mas para determinar a natureza jurídica dos direitos subjetivos, é preciso


analisar algumas das principais teorias acerca destes direitos:

1°A teoria da vontade (Windscheid. 1817–1892)

2°Teoria do Interesse (Ihering. 1818–1892)

3°Teoria Eclética (Jellinek. 1851-1911).

7
O DIREITO SUBJETIVO E A PESSOA

O que é Direito subjetivo?

O direito subjetivo é um poder ou domínio da vontade do homem, juridicamente


protegida.também a capacidade própria e de competência de terceiros.

O direito subjetivo se refere aos direitos que são efetivamente garantidos ao


indivíduo pela lei. É a forma concreta de um direito que foi determinado pela lei
e pode ser usufruído por uma pessoa.Portanto, é o direito subjetivo que permite
que uma pessoa invoque a previsão da lei para garantir o cumprimento de um
direito.

Porque é chamado dedireito subjetivo?


Porque faz referência ao sujeito de direito, ou a quem possui o direito.
Veja alguns.Ex: são direitos subjetivos: "a permissão de casar", "constituir
família", "adotar pessoa como filho", "ter domicílio inviolável", etc.
Mas para determinar a natureza jurídica dos direitos subjetivos, é preciso
analisar algumas das principais teorias acerca destes direitos:
1°A teoria da vontade (Windscheid. 1817–1892)
2°Teoria do Interesse (Ihering. 1818–1892)
3°Teoria Eclética (Jellinek. 1851-1911).

A teoria da Vontade: afirma que o direito subjetivo depende da vontade de seu


titular. É a vontade do sujeito reconhecida pelo ordenamento jurídico. Esta
teoria foi criticada por nem sempre depender da vontade de seu titular, como
no caso dos incapazes, que mesmo não possuindo vontade, possuem direitos
subjetivos exercidos através de seus representantes legais.
A teoria do Interesse: assevera que os direitos objetivos são os interesses
juridicamente protegidos. O interesse aqui mencionado é analisado no sentido
objetivo, ou seja, não se inclui na vontade. Este é tido como interesse de
alguém, mas sim em relação aos valores genéricos da coletividade.

8
A teoria eclética: se caracteriza por uma fusão das teorias supracitadas. A
completude da natureza dos direitos subjetivos se dá pela união de vontade e
interesse jurídico.
Quanto à sua classificação, os direitos subjetivos podem ser:
Públicos: Nesta categoria, ocorre uma primazia dos interesses que afetam
todo o grupo social.
Privados: se houver predominância de interesses particulares; Principais, se
forem autônomos, independentes.
Acessórios: são os direitos que dependem de um outro direito, chamado de
principal.
Disponíveis: se por vontade própria, seu titular puder dispor do direito ouseja
direitos que o titular pode abrir mão, se assim desejar.
Indisponíveis: quando não há possibilidade de se dispor dele ou direitos que o
indivíduo não pode abrir mão, mesmo que queira.
Reais: direitos que são relacionados a uma coisa ou bem.
Pessoais: quando se trata de uma posição jurídica que possibilita a cobrança
de uma prestação.
Para que haja odireito subjetivo requer a presença de três elementos: Um
Sujeito (titulardodireito).O sujeito do direito subjetivo pode ser ativo ou passivo.
O sujeito ativo é quem tem e deseja o cumprimento ou garantia de um direito.
Já o sujeito passivo é quem deve fazer o cumprimento do direito devido.
Um Objeto (fim específico da relação: uma coisa, a própria pessoa ou outrem.)
O objeto do direito subjetivo pode ser mediato ou imediato. O objeto mediato
existe quando o direito se refere a um bem.
O objeto imediato é referente a uma ação, por exemplo: fazer ou não fazer uma
determinada ação.
O vínculo jurídico representa a relação entre o sujeito e o objeto do direito, ou
seja, o vínculo que existe entre o direito que deve ser garantido e o indivíduo
que requer a garantia desse mesmo direito.

9
1.1. A Pessoa, fundamento e fim da ordem jurídica.

Ordem Jurídica é uma das acepções do termo Direito, que designa um sistema
de normas que regula a conduta humana e que, diferentemente das demais
ordens sociais, contém o elemento da coação, isto é, exige determinado
comportamento expresso por uma norma ligando o comportamento oposto a
um ato de coerção, apoiado no uso da força.

Cabe destacar que o termo Ordem Jurídica é recorrentemente usado como


sinónimo de Ordenamento Jurídico, sendo bastante difícil diferenciar a que se
refere cada um deles. A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado,
assim como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos de direito
despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o condomínio horizontal,
etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização genérica para a prática
de actos jurídicos bem como de qualquer ato, excepto o expressamente
proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o
sujeito de direito inanimado personalizado. Como sabemos, o Direito existe
para regular as relações entre pessoas. As relações sociais (relações entre
pessoas), uma vez reguladas pelo Direito, transformam-se em relações
jurídicas. Entende-se, pois, por relação jurídica toda a relação entre pessoas a
que a ali atribui efeitos.

Na verdade, qualquer relação da vida social que seja juridicamente relevante,


isto é, a que o direito atribua efeitos constitui relação jurídica em sentido lato.
Será relação jurídica em sentido restrito a relação interpessoal que o Direito
regula através da atribuição de um sujeito de um direito e da imposição a outro
de um dever ou sujeição. Enquanto formas de conduta social reguladas pelo
Direito, as relações jurídicas produzem efeitos jurídicos sobre as pessoas, pois
que estas são os sujeitos de toda a relação jurídica. Pessoa, em sentido
jurídico, é o sujeito susceptível de direitos e obrigações, isto é, titular de
personalidade jurídica 47.

Personalidade jurídica : É a susceptibilidade (a possibilidade) de qualquer


pessoa ser titular de relações jurídicas, ou seja, de direitos e obrigações.

Compete à lei estabelecer quem tem personalidade jurídica. De acordo com o


Código Civil, a personalidade adquire-se no momento do nascimento completo

10
e com vida e cessa com a morte. Assim, todos os seres humanos têm
personalidade jurídica e, desde logo, os direitos de personalidade como: o
direito à vida e à integridade física, direito ao nome, ao bom-nome e à
reputação, direito à honra, direito à imagem, direito à reserva sobre a
intimidade privada, etc. Se a personalidade jurídica significa a susceptibilidade
de a pessoa ser titular de direitos e obrigações, e sendo certo que todas as
pessoas podem gozar direitos (a capacidade de gozo de direitos é dada a
todos os que tempersonalidade jurídica), a verdade é que nem toda a pessoa é
efectivamente capaz de exercer total ou mesmo parcialmente os seus direitos e
responder pelas suas obrigações (a capacidade de exercício de direitos pode
ser maior ou menor).

A medida em que uma pessoa pode ser sujeito de relações jurídicas, ou seja,
titular de direitos e obrigações é dada pela sua capacidade jurídica.
Capacidade Jurídica é, pois, é a capacidade ou faculdade que o ordenamento
jurídico confere a uma pessoa para ser sujeito de quaisquer relações jurídicas,
salvo disposição legal em contrário 48. Qualquer sujeito de relações jurídicas é
titular de direitos e poderá dispor deles desde que não sofra de qualquer
incapacidade prevista na lei, como a menoridade ou a anomalia psíquica. Se tal
acontecer, o incapaz deve ter um representante legal que actuará em seu
nome e defenderá os seus direitos. A capacidade jurídica envolve, assim, a
capacidade jurídica de gozo de direitos, que em regra todos possuem, e
capacidade jurídica de exercício de direitos, que é maior ou menor consoante
os casos e conforme a lei.

O Direito é constituído por causa e para o serviço do Homem, só pode ser


concebido tendo como destinatário o ser humano em sociedade – não é um fim
em si mesmo •A necessidade de uma vida em comum na sociedade
desencadeia uma multiplicidade de relações sociais que, quando são tuteladas
pelo Direito, originam as relações jurídicas. •As relações jurídicas atribuem
direitos e deveres jurídicos aos….

Dá-se o nome de relação jurídica ao vínculo, estabelecido e regulado de


maneira legal, entre dois ou mais sujeitos relativamente a determinados
interesses. Trata-se de uma relação que, devido à sua regulação jurídica, gera
efeitos legais.
11
1.2 Relação Jurídica e os atos jurídicos

Dito de outra maneira: uma relação jurídica é aquela que forjam sujeitos
jurídicos quando uma norma atribui certas consequências ao vínculo. Destas
derivam direitos e obrigações que ligam as partes intervenientes.

Define-se por relação jurídica as relações sociais onde o ordenamento tem a


preocupação de qualifica-las a fim de proteger as partes envolvidas,
prevenindo e aplicando as devidas leis quando necessárias.

A relação jurídica é o resultado do vínculo entre duas ou mais pessoas, sendo


que essas pessoas tem como tutela o Direito, já que é o Direito quem cria as
obrigações e os direitos dos envolvidos. Desse modo, se temos, por exemplo,
um locador e um locatário para o caso do aluguem de um imóvel, há então um
vínculo entre ambos (relação jurídica) e há também os direitos e deves de cada
um.

Uma relação jurídica, por conseguinte, conta com :

Sujeitos (São os entes que entram na relação jurídica de compra e venda.


(Ocomprador e vendedor).

A relação jurídica tem como elementos o sujeito ativo eo sujeito passivo.

O sujeito ativoO sujeito ativo é o titular ou beneficiário principal da relação.

Sujeito passivo é aquele a quem ficam destinadas as obrigações ou de forma,


mais simples sujeito passivo, o devedor de determinada obrigação. Em outras
palavras, o sujeito ativo pode exigir que o sujeito passivo cumpra com suas
obrigações na relação jurídica na qual ambos estão inseridos.

Este o primeiro possui legitimamente, um título que lhe atribui à capacidade de


exigir o cumprimento da prestação do outro.

O objeto é um fragmento da realidade social que é determinado pela relação


em questão. Relativamente aos sujeitos, há pessoas às quais se lhes atribui
direitos e outras que assumem obrigações relativamente ao cumprimento
desses direitos.

12
O factoé aquilo que dá origem à relação jurídica, neste caso, o contrato. O fato
jurídico pode ser natural ou humano.

O fato natural, ocorre a sem intervenção da vontade humana , que produz


efeito jurídico. Por exemplo, um nascimento, maioridade, morte, etc. Em caso
fortuito ou de força maior, como por exemplo, o incêndio de uma casa
provocado por um raio, desabamento de um edifício em razão de fortes
chuvas, etc.

O fato humano é o acontecimento que depende da vontade humana,


abrangendo tanto os atos ilícitos como os ilícitos. Como por exemplo,
testamento, contrato, adoção, uma indenização por perdas e danos.

A garantia éa faculdade que cada um dos sujeitos da relação jurídica têm de


recorrer aos meios coercivos para satisfação do seu direito em caso de
violação do mesmo (Ex: recurso ao Tribunal).

Há ainda dois tipos de concepções teóricas no que diz respeito a relação


jurídica: a personalista e a normativista.

A personalista, que é a mais tradicional e dominantes nos dias atuais,


apresenta o vínculo entre dois sujeitos, estabelecido devido a um objetivo, no
qual a norma jurídica outorga direitos para um e deveres para o outro.

Normativista prega que os sujeitos envolvidos não estão um sobre o outro um


contra o outro, mas ambos estão em condição de igualdade e colaboração,
debaixo do jugo da norma jurídica que faz a fortificação da relação.

1. 2.1 Tipos de relações jurídicas

Relações familiares são aquelas que surgem como garantia da instituição


familiar. A lei estabelece, por exemplo, que os pais têm a obrigação de garantir
o sustento dos seus filhos até estes serem maiores de idade.
Relações sucessórias ou hereditárias contemplam os direitos e as
obrigações que têm os indivíduos que são sucessores de alguém falecido
(como o direito a herdar os seus bens).

13
Relações jurídicos-reais vinculadas ao direito de um sujeito de atuar como lhe
é adequado relativamente aos bens da sua propriedade e as relações
obrigatórias (a obrigação de respeitar os direitos de outra pessoa) são outros
tipos de relações jurídicas.
Ato jurídico é uma manifestação da vontade humana que produz efeitos
jurídicos, causando a aquisição, modificação ou extinção de relações jurídicas
e de seus direitos. Assim, são fatos jurídicos que consistem em manifestações
da vontade humana. Os Atos jurídicos em sentido estrito são aqueles que
derivam de um comportamento humano, nos quais os efeitos jurídicos (criação,
conservação, modificação ou extinção de direitos) estão fundamentalmente
previstos na lei.
Os atos jurídicos dividem-se em atos ilícitos e atos lícitos.
Quanto aos atos lícitos, existem duas correntes doutrinárias, denominadas
unitária e dualista. Para a primeira, a categoria básica e única definidora do ato
jurídico é a manifestação da vontade, inexistindo, portanto, razão para
distinguir meros atos de negócios jurídicos.
Para a segunda corrente, interessa, além da manifestação da vontade, a
intenção dessa vontade, isto é, o que ela visa. Assim, os atos jurídicos aos
quais a lei permite que a intenção da pessoa module seus efeitos são
chamados de negócios jurídicos e aqueles aos quais a lei não franqueia essa
possibilidade, definindo já ela todos os seus efeitos, são chamados de atos
jurídicos em sentido estrito (ou meros atos).
O ato ilícito é derivado da manifestação da vontade humana, sendo praticado
em desacordo com a ordem jurídica, violando direito subjetivo. Assim, é ato
praticado com a infração de um dever legal ou contratual, resultando dano para
outrem, o que gera o dever de indenizar. O ato ilícito produz efeitos jurídicos
não desejados pelo agente, mas impostos pela lei.
A natureza dos efeitos dos actos jurídicos varia consoante a própria do acto
praticado voluntariamente pelos sujeitos. Assim, se o acto está de acordo com
as normas legais, estamos perante um acto lícito; se, pelo contrário, viola a lei,
estamos face a um acto ilícito. No entanto, quer os actos lícitos quer os ilícitos
produzem efeitos jurídicos, que obviamente se traduzem em diferentes
implicações para os sujeitos. Os actos jurídicos podem ser praticados com o

14
ânimo ou objectivo de produzir certos e determinados efeitos jurídicos,
predominantemente de natureza patrimonial ou económica.
Quando assim acontece, o acto jurídico toma o nome de negócio jurídico.
Negócio Jurídico é, assim, um acto jurídico, em que existe uma ou mais
declarações de vontade prosseguindo um fim prático e determinado,
predominantemente de natureza económica ou patrimonial, com o propósito de
que esse fim seja tutelado pelo direito. Ex: testamento, compra e venda de um
carro.
O negócio jurídico pode ser:
Unilateral quando há apenas uma só declaração de vontade (Ex: testamento);
Bilateral quando há duas ou mais declarações de vontade (ex: compra de um
carro).O negócio jurídico pode ser afectado por causas que o possam tornar
ineficaz ou inválido.
Ineficácia é a carência de efeitos de um negócio jurídico, no seu todo ou em
parte, por lhe faltar um elemento essencial, não cumprir um requisito legal,
padecer de um vício na manifestação de vontade, na forma ou no conteúdo do
negócio, provocar danos, etc.
Invalidez é a qualidade de um negócio jurídico no qual faltam ou são
irregulares elementos internos essenciais, tornando o negócio insusceptível de
produzir os efeitos jurídicos para que tendia. Quando afectado por alguma das
causas de ineficácia ou invalidez, o negócio jurídico pode ser inexistente, nulo,
anulável ou rescindível.
Inexistência É inexistente quando lhe falta um requisito essencial de tal
importância que não pode conceber-se a existência do próprio negócio.
Nulidade É nulo quando, por transgredir a lei ou lhe faltar um elemento
essencial, o negócio não pode ser válido nem produzir efeitos desde o início da
sua existência (estamos perante o vício da Nulidade).
Anulabilidade É anulável quando o negócio padece de um defeito ou vício
susceptível de ser anulado pela justiça a pedido da parte afectada que, no
entanto, pode confirmá-lo ou ratificá-lo, tornando-o válido (estamos perante o
vício da Anulabilidade).
Rescisão É rescindível quando o negócio jurídico existe, é válido e produz
efeitos mas causa dano a qualquer das partes ou a um terceiro que assim tem
direito a pedir sua anulação ou rescisão.

15
1.3. Os Direitos Fundamentais e os Direitos Homem
A doutrina entende existirem razões, nomeadamente, de ordem histórica e
terminológicas suficientes que justificam a distinção entre as duas expressões.
Nesta perspectiva, José Joaquim Gomes Canotilho mos distingui-las da
seguinte maneira: direitos do homem são direitos válidos para os povos e em
todos tempos (dimensão jusnaturalista-universalista); direitos fundamentais são
os direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e limitados
espácio-18. humana e daí o seu carácter inviolável, intemporal e universal; os
direitos fundamentais seriam os direitos objectivamente vigentes numa ordem
jurídica 19-20. Portanto, a expressão direitos do Homem serve para identificar
os direitos inerentes à pessoa humana com reconhecimento no direito
internacional, enquanto a expressão direitos fundamentais reporta-se a
positivação destes mesmos direitos numa ordem jurídica específica positiva,
geralmente a Constituição, cujas normas se caracterizam pela superioridade
hierárquica que evidenciam no contexto de todo o ordenamento jurídico interno.

A Constituição é a lei fundamental de um país, fixa os grandes princípios da

organização política e da ordem jurídica em geral e os direitos e deveres


fundamentais dos cidadãos. A constituição divide-se em 4 partes: Direitos e
deveres fundamentais, organização do poder politico e garantia e revisão da
constituição.

Constituição em sentido material é quando se refere à organização do estado,


aos fins e titularidade dos seus órgãos, assim como à forma de governo.

Constituição em sentido formal é entendido como um texto escrito que codifica


as normas que regulam a forma e o exercício do poder politico e que é
decretada por um órgão dotado de poderes especiais.

As Constituições rígidas são as que exigem, para a sua modificação, a


observância de uma forma distinta do processo legislativo ordinário.

Por Constituições flexíveis entendem-se as Constituições que podem ser


revistas pelo mesmo processo adotado para a elaboração de leis ordinárias.

O Direito constitucional é o ramo do Direito que engloba as normas

16
À personalidade jurídica está associado todo um catálogo de direitos
fundamentais dos cidadãos que têm fundamento na dignidade da pessoa
humana, na liberdade, na fraternidade e na igualdade do Homem.
elucidaremos em seguida.

1.3.1. Direitos Humanos

São direitos aceites como válidos por toda a Humanidade (para todos os povos
e todas as épocas), com base no carácter inviolável, intemporal e universal da
natureza da pessoa humana. Derivam da natureza da pessoa humana, fazem
parte da essência da Humanidade (entendida aqui como uma comunidade de
gerações presentes e futuras). Fazendo parte da essência da Humanidade e
sendo conaturais ao próprio Homem, os Direitos Humanos têm por objectivo a
protecção da personalidade humana na sua dimensão social e impõem limites
à autoridade e soberania dos Estados modernos. Os Direitos Humanos têm um
carácter universal e indivisível e a Comunidade Internacional possui
organizações (como a Amnistia Internacional) e normas, tratados ou
convenções que visam a sua protecção ou salvaguarda (como a Declaração
Universal dos Direitos do Homem) A condenação generalizada da pena de
morte, da tortura e da prisão por motivos políticos ou religiosos, do racismo e
da xenofobia, do genocídio e da violação do princípio da autodeterminação dos
povos constitui expressão do combate universal em prol da promoção dos
Direitos Humanos. Bartolomeu L. Varela 65 Manual de Introdução ao Direito
(2011).

17
1.3.2. Direitos Fundamentais

Os Direitos Fundamentais do Homem são a consagração dos Direitos do


Homem, garantida pelos Estados aos seus cidadãos através das respectivas
Constituições ou Leis Fundamentais. São os Direitos do Homem em vigor num
ordenamento jurídico concreto num dado momento histórico. Assim, os Direitos
Humanos têm maior ou menor consagração no direito positivo dos Estados.
Mas o direito positivo só tem efectividade numa sociedade se se fundamenta
em valores aceites pela generalidade dos cidadãos e em princípios universais
concretizadores da Justiça. Estes valores decorrem ou da natureza humana ou
de um poder divino, cuja autoridade é eterna e universal, situando-se acima do
Direito positivo vigente é o chamado .

Direito Natural os direitos fundamentais integram o chamado direito objectivo


enquanto conjunto de normas gerais e abstractas que se destinam a ordenar a
vida em sociedade. Direito Natural é o direito justo por excelência, fundado na
natureza humana e ou que tem origem na vontade divina. O Direito Natural
teria assim por função dar legitimidade ao Direito Positivo (ordenamento
jurídico) que, por sua vez, para ser respeitado como válido deve conformar-se
com os princípios do Direito Natural, entendido como: - - - aquilo que é devido
como justo em virtude da natureza das coisas (Lei Natural); as normas
emanadas da vontade divina; os direitos subjectivos que todos os homens,
enquanto pessoas, devem desfrutar (Direitos Fundamentais, Direitos
Humanos).Entretanto, e como derivação do direito objectivo, os direitos
fundamentais integram-se na acepção de direito subjectivo, que apresenta
duas vertentes:

O Direito subjectivo propriamente dito que é o poder ou faculdade que cada


um tem de exigir de outrem um comportamento positivo (acção) ou negativo
(omissão);

Direito potestativo que consiste em, por um acto voluntário, só de per si ou


integrado por uma decisão judicial, produzir efeitos que se impõem à outra
parte, ainda que esta não o queira (Ex: Direito de propor uma acção de divórcio
desde que respeitados os requisitos legais).

18
Direito Natural é o direito justo por excelência, fundado na natureza humana e
ou que tem origem na vontade divina. O Direito Natural teria assim por função
dar legitimidade ao Direito Positivo (ordenamento jurídico) que, por sua vez,
para ser respeitado como válido deve conformar-se com os princípios do
Direito Natural, entendido como: - - - aquilo que é devido como justo em virtude
da natureza das coisas (Lei Natural); as normas emanadas da vontade divina;
os direitos subjectivos que todos os homens, enquanto pessoas, devem
desfrutar (Direitos Fundamentais, Direitos Humanos).

Os Direitos Fundamentais estão divididos, em função da época histórica em


que surgiram, em quatro gerações:

1ª Geração Direitos Civis e Políticos Tem como referências históricas a


Declaração da Virgínia (Estados Unidos da América, 1776) e a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) e inclui, entre outros, os
direitos à vida, à integridade física, à identidade pessoal, à cidadania, ao bom
nome e à reputação, à liberdade e à segurança, à liberdade de expressão de
opinião, de reunião, associação e manifestação, à liberdade de pensamento,
consciência e de culto, o direito de defesa, direito de contrair matrimónio e de
constituir família, direito de voto, de participação na vida política, de acesso a
cargos públicos, de constituir ou participar em associações e partidos políticos,
direito à greve e liberdade sindical, etc., etc.).

2ª Geração Direitos Económicos, Sociais e Culturais. Emergem entre o


século XIX e início do século XX, e incluem direitos ao trabalho, à iniciativa
económica privada, à propriedade privada, à segurança social, à proteção da
saúde, à habitação, à proteção da família, à proteção da paternidade e da
maternidade, à proteção da infância, à educação e formação profissional, ao
desporto e à cultura física, à fruição e criação culturais, etc., etc.). Uma das
referências históricas é a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição
Russa de 1919.

3ª Geração Direitos dos Povos e da Solidariedade (direitos dos povos à


autodeterminação e à soberania, à paz e ao desenvolvimento económico, aos
seus recursos naturais, a uma nova ordem política, económica e internacional
mais justa e equitativa, à paz e à segurança internacionais, a um meio

19
ambiente equilibrado, etc. Como marcos referenciais desta geração, citam-se,
entre, outros documentos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
(ONU, 1948) e a Declaração Universal dos Direitos dos Povos (1976).

4ª Geração Direitos ao ambiente e à qualidade de vida. Tendo como uma


das referências a Carta da Terra ou a Declaração do Rio (1992), esta geração
de direitos enfatiza os direitos dos homens e dos povos a uma vida saudável,
em harmonia com a natureza, o direito a um ambiente saudável e ao
desenvolvimento sustentável, etc.

Vê-se que a 4ª geração constitui um desprendimento da terceira, com maior


ênfase colocada à problemática do ambiente e da sustentabilidade do
desenvolvimento. Fala-se, ainda, atualmente, numa nova geração de direitos
emergentes da Sociedade de Informação, colocando-se a ênfase no combate à
chamada infoexclusão.

Preferimos, entretanto, considerar que tais direitos podem enquadrar-se nos da


4ª geração, posto que ainda se está na senda da salvaguarda da qualidade de
vida. A maior parte das sociedades modernas apresenta nos seus
ordenamentos jurídicos um conjunto alargado de direitos fundamentais, mas,
diariamente, tem-se notícia de sua violação, pelo que importa promover o
respeito por esses direitos e denunciar a sua inobservância junto de
organizações internacionais e nacionais vocacionadas (Amnistia Internacional,
Comissões Nacionais de Direitos Humanos...).

20
Direitos e deveres Fundamentais em Angola

CAPÍTULO I

PRINCÍPIOS GERAIS

Artigo 23.º(Princípio da igualdade)

Artigo 24.º (Maioridade) Artigo 25.º (Estrangeiros e apátridas)

Artigo 26.º (Âmbito dos direitos fundamentais)

Artigo 27.º (Regime dos direitos, liberdades e garantias)

Artigo 28.º (Força jurídica)

Artigo 29.º (Acesso ao direito e tutela jurisdicional efectiva)

21
CAPÍTULO II

DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

Artigo 30.º (Direito à vida) Artigo 31.º (Direito à integridade pessoal)

Artigo 32.º (Direito à identidade, à privacidade e à intimidade)

Artigo 33.º (Inviolabilidade do domicílio)

Artigo 34.º (Inviolabilidade da correspondência e das comunicações)


Artigo 35.º (Família, casamento e filiação)

Artigo 36.º (Direito à liberdade física e à segurança pessoal)

Artigo 37.º (Direito de propriedade, requisição e expropriação)

Artigo 38.º (Direito à livre iniciativa económica)

Artigo 39.º (Direito ao ambiente)

Artigo 40.º (Liberdade de expressão e de informação)

Artigo 41.º (Liberdade de consciência, de religião e de culto)

Artigo 42.º (Propriedade intelectual)

Artigo 43.º (Liberdade de criação cultural e científica)

Artigo 44.º (Liberdade de imprensa)

Artigo 45.º (Direito de antena, de resposta e de réplica política)

Artigo 46.º (Liberdade de residência, circulação e emigração)

Artigo 47.º (Liberdade de reunião e de manifestação)

Artigo 48.º (Liberdade de associação)

Artigo 49.º (Liberdade de associação profissional e empresarial)

Artigo 50.º (Liberdade sindical) Artigo 51.º (Direito à greve e proibição do


lock out)

Artigo 52.º (Participação na vida pública)

Artigo 53.º (Acesso a cargos públicos)

22
Artigo 54.º (Direito de sufrágio)

Artigo 55.º (Liberdade de constituição de associações políticas e partidos


políticos)

Artigo 56.º (Garantia geral do Estado)

Artigo 57.º (Restrição de direitos, liberdades e garantias)

Artigo 58.º (Limitação ou suspensão dos direitos, liberdades e garantias)

Artigo 59.º (Proibição da pena de morte) Artigo 60.º (Proibição de tortura e


de tratamentos degradantes)

Artigo 61.º (Crimes hediondos e violentos)

Artigo 62.º (Irreversibilidade das amnistias)

Artigo 63.º (Direitos dos detidos e presos)

Artigo 64.º (Privação da liberdade)

Artigo 65.º (Aplicação da lei criminal)

Artigo 66.º (Limites das penas e das medidas de segurança)

Artigo 67.º (Garantias do processo criminal)

Artigo 68.º (Habeas corpus)

Artigo 69.º (Habeas data)

Artigo 70.º (Extradição e expulsão)

Artigo 71.º (Direito de asilo)

Artigo 72.º (Direito a julgamento justo e conforme)

Artigo 73.º (Direito de petição, denúncia, reclamação e queixa)

Artigo 74.º (Direito de acção popular)

Artigo 75.º (Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas


públicas) .

23
CAPÍTULO III

DIREITOS E DEVERES ECONÓMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS

Artigo 76.º (Direito ao trabalho) Artigo 77.º (Saúde e protecção social)

Artigo 78.º (Direitos do consumidor)

Artigo 79.º (Direito ao ensino, cultura e desporto)

Artigo 80.º (Infância)

Artigo 81.º (Juventude)

Artigo 82.º (Terceira idade)

Artigo 83.º (Cidadãos com deficiência)

Artigo 84.º (Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria)

Artigo 85.º (Direito à habitação e à qualidade de vida)

Artigo 86.º (Comunidades no estrangeiro)

Artigo 87.º (Património histórico, cultural e artístico)

Artigo 88.º (Dever de contribuição)

24
Conclusão

Um direito subjectivo requer a presença de três elementos: Um Sujeito ( titular


do direito), Um Objecto ( fim específico da relação: uma coisa, a própria pessoa
ou outrem.) e Uma Relação Jurídica (vínculo existente entre as pessoas e
coisas).

O direito subjetivo se refere aos direitos que são efetivamente garantidos ao


indivíduo pela lei. É a forma concreta de um direito que foi determinado pela lei
e pode ser usufruído por uma pessoa.Portanto, é o direito subjetivo que permite
que uma pessoa invoque a previsão da lei para garantir o cumprimento de um
direito.

25
Referências

CANOTILHO, Gomes. Curso de Direito Constitucional. 22ª ed. revista e


atualizada por Samantha Meyer-Pflug. São Paulo. Malheiros, 2010.

GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil. 11ª ed. Rio de Janeiro.


Forense, 1995.

BEVILÁQUA, Clóvis. Código Civil dos Estados Unidos do Brasil


comentado, 9ª ed., 1º v., São Paulo, 1951, p. 335.

NÓBREGA, JoséFloscolo da. Introdução ao Direito, 6ª ed., São Paulo,


1981, p. 143.

Mata-Machado, Edgar de Godoi/ Elementos de Teoria Geral de Direito

REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 3ª ed. Saraiva. 1976. pág.


254.

SANTOS, Rita de Cássia S. M.Direito subjetivo e a função social da


propriedade.Revista dos Mestrandos em Direito Econômico da UFBA,
Salvador, n. 4, p. 177, jul./dez. 1993/1995.

26

Você também pode gostar