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Direito Civil: é o direito que coloca os cidadãos como iguais perante a lei;
. duas componentes: componente jurídica/técnica e componente ética (relaciona-se com a
dignidade humana);
. privado vs. público: o privado é horizontal (todos são iguais) e o público é vertical (o Estado,
como comunidade, é o mais importante);
O Direito
. naturalmente, as pessoas regulam as suas relações; quando são incapazes de o fazer, o Estado
intervém e aplica leis/regras -> aplica o Direito
. o Direito é constituído por normas, cujo fim é o de garantir as boas relações entre as pessoas;
. grande nome do Direito alemão: Savigny, que conduziu à afirmação do direito como sistemática
-> em suma, é uma ciência que se baseia na argumentação e na sistematização;
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A Capacidade Jurídica
- Distinção entre Capacidade de Gozo e Capacidade de Exercício
. capacidade de gozo: ser titular de direitos - titularidade
. capacidade de exercício: exercer pessoal e livremente os direitos, sem intermediação ou
consentimento - capacidade de agir
- os menores são titulares de direitos, mas não dispõem de capacidade de exercício;
- Distinção entre Capacidade e Legitimidade
. capacidade: é situacional; possibilidade ou livre e pessoal exercício de direitos e obrigações por
uma pessoa, sem que haja relação com o interesse;
. legitimidade: é relacional; quando há um interesse/possibilidade para reagir à situação em
questão; dispõe-se de legitimidade quando se é titular de algo ou quando se é autorizado a dispor desse
algo;
O Património
- É o elemento da esfera jurídica patrimonial
. noção: compreende todas as situações jurídicas ativas e passivas de carácter patrimonial que, em
cada momento, se encontram na titularidade da pessoa.
. variável: varia a composição ao longo da vida, uma vez que a pessoa vai adquirindo bens e
constituindo e solvendo dividas e obrigações;
. unidade: cada pessoa tem o seu património e nenhuma tem mais do que um património;
- pode ser vazio: o salto é nulo;
- pode ser negativo: o saldo é negativo (insolventes);
. autonomia: o património ativo responde pelo passivo; se tal não for possível, não se pode recorrer
a outro património;
- autonomia patrimonial imperfeita: as pessoas coletivas podem recorrer a outros
patrimónios para responder às dividas (caso dos sócios);
Abuso de Direito
- Artigo 334º, 280º e 762º: os dois segundos aplicam-se por analogia;
. retira-se os limites da autonomia privada no direito: boa fé, bons costumes e fim social e
económico;
- Contrariedade à boa fé: uma vez que o contacto social está implícito, de uma forma ou de outra, no
exercício do direito, este deve ser feito conforme à boa fé;
. honeste agere: o exercício deve ser honesto, como que por uma pessoa de bem; o
comportamento tem de ir de encontro aos princípios da honestidade;
. alterum non laedere: o exercício deve ser feito de modo não danoso ou do mono menos danoso
possível, respeitando o principio do mínimo dano;
. venire contra factum proprium: o exercício deve respeitar a fé e a confiança, implícitas nas
relações; será ilícito criar em outrem expectativas de uma confiança legítima relativa ao exercício do direito
e frustrar essa confiança, alterando o comportamento;
- Contrariedade aos bons costumes: coloca o limite do exercício do direito na Moral, ou seja, nada pode
valer se for contrário à Ética, aos bons costumes ou à Moral;
. podem existir comportamentos eticamente neutros;
- Desvio em relação do fim social ou económico: o direito subjectivo é funcionamento dirigido à
realização de fins - há uma função pessoal e uma função social no direito;
. o exercício será abusivo quando seja contrário a esse fim económico e social que preenche a sua
função;
- Outros tipos doutrinários de abuso de direito:
. exceptio doli: é o mais antigo e tem que ver com a desonestidade com que se adquire o exerce o
direito;
. venire contra factum proprium: cada um é responsável pelo significado da sua conduta e por
aquilo que esta representa em relação a terceiros, logo a conduta nunca poderá ser contrária às
expectativas;
. inalegabilidades formais: quando é invocado um vício formal de um negócio por aquele que
provocou a ocorrência desse vício;
. supressio e surrectio: consiste num comportamento contraditório de um titular que vem exercer
um direito depois de uma longa abstenção (a abstenção longa leva às expectativas de não reação desse
titular);
. tu quoque: consiste na invocação ou no aproveitamento ilícito de um acto por parte de quem o
cometeu;
. exercício em desequilíbrio: tem que ver com o exercício danoso do direito, sem que se respeito
o principio do mínimo dano possível; o exercício deve ser feito com cautela, para que não se ofenda ou
casos danos a outrem;
- exercício emulativo: quando a intenção é a de prejudicar outrem;
- exercício danoso inútil ou injustificado: quando o exercício não representa qualquer
vantagem para o titular;
- exigência de algo que deva ser imediatamente restituído: quando é exigida a entrega
de uma coisa que deva ser imediatamente restituída;
- desproporção no exercício: quando a vantagem é mínima e desproporcionada ao
sacrifício de outrem;
- Consequências jurídicas do abuso do direito:
. não há consequências bem definidas, dando origem, o abuso de direito, à responsabilidade civil:
condenação do seu autor e indemnização dos danos que ele houver causado;
O Conceito de Direito Subjetivo
- Savigny e Windscheid: um poder da vontade protegido pela ordem jurídica;
. Mota Pinto: defende a posição de Savigny e Windscheid, afirmando ser um comportamento
baseado num acto livre de vontade que produz efeitos jurídicos em terceiros;
- Jhering: coloca o interesse no centro da questão, sendo este juridicamente protegido;
. José Tavares: é o poder jurídico do interesse;
- Pedro Pais Vasconcelos: aquilo que nos cabe, enquanto o direito objetivo seria a distribuição dos bens
neste mundo;
. apoiado em Gomes da Silva e Oliveira Ascensão: posição jurídica pessoal de vantagem, de
livre exercício, dominantemente ativa (também há deveres), inerente à afectação, com êxito, de bens e dos
correspondentes meios, isto é, de poderes jurídicos e materiais, necessários, convenientes ou
simplesmente úteis, à realização de fins específicos do seu concreto titular;
- Menezes Cordeiro: permissão normativa específica de aproveitamento de um bem;
Expectativas Jurídicas
- Expectativa: situação em que alguém se encontra quando espera que algo venha a acontecer;
. é atual, sentida no momento, mas projeta-se no futuro, sobre algo que irá acontecer;
. expectativas jurídicas: posições de vantagem, que respeitam à afetação de bens, à realização
futura de fins, através de poderes atuais e de vinculação a terceiros, que impeçam a frustração -> artigo
272º -> há uma tutela direta de interesses do titular da expectativa;
Capítulo II - A Causa
- As raízes da causa: a causa sofreu alterações ao longo do tempo
. direito romano: era a causa da obrigação, constituindo um fundamento da sua juridicidade;
. humanismo: a causa como aprovação do Direito, seguindo a linha do fundamento da juridicidade;
. jusracionalistas: colocam o consenso como fundamento da juridicidade e a causa como critério
de classificação; originaram a causa objetivista - DOMAT e POTHIER
- A Causa no Mundo
. França: domina a concepção subjetiva da causa, como motivo;
. Alemanha: a causa é entendida como fundamento;
. Itália: a causa é a função económica e social que funda o reconhecimento da juridicidade;
. Inglaterra e Estados Unidos: a causa é entendida como consideration;
. Portugal: há grandes divergencias;
- construções anticausalistas: afirmam a causa como um conceito dispensável; Manuel
Andrade é um dos principais defensores, o que condicionou o Código Civil; a causa está apenas presente
em poucos aspetos;
- construções causalistas: não desconsideram as causas, mas consideram-na mais
subjectiva ou mais objetiva;
- Modalidades da Causa
. causa objetiva e causa subjetiva: a causa objetiva corresponde à função do ato, é a causa final;
a causa subjectiva corresponde à motivação do autor na prática do acto, é a causa impulsiva; ambas são
relevantes, pelo que devem ser conjugadas;
. causa classificativa e causa de juridicidade: a causa classificativa é útil para a qualificação; a
causa de juridicidade funciona como um fundamento de juridicidade (avalia a licitude do negocio e a sua
concordância com a ordem jurídica);
. causa da atribuição patrimonial: é a causa que justifica a atribuição patrimonial, pelo que é
importante para o Direito Português verificar a que titulo é entregue a titularidade de certo bem; sem
fundamento, dá-se um enriquecimento sem causa;
. causa da obrigação: fundamenta uma obrigação, ou seja, não permite que alguém esteja
obrigado a fazer determinada coisa sem que haja um fundamento;
. causa do negócio jurídico: é necessário que o negocio seja livre e e esclarecido; para os
subjetivistas, é ainda necessário que seja verificado o fim; para os objetivistas, deve atender-se à função
económica e social;
. consideration: ideia de causa anglosaxónica, que é uma exigência de reciprocidade (quid pro
quo);
Causalidade e Abstração
- A relevância da causa para o direito é variável, pelo que existe a abstração e a causalidade;
. causalidade: a causa é livremente invocável; o Direito Civil é, por isso, mais causalista (importa
mais a intencionalidade, o fim e a função);
. abstração: a causa é irrelevante, importando apenas a voluntariedade e a liberdade; o Direito
Comercial é mais abstencionista (importa mais a vontade negocial e a liberdade); é importante para
perceber a letra de câmbio, que dispensa a causa;