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Tiago Pedroso
O direito não procura eliminar estes conflitos de interesse, mas, antes encontrar uma forma
de os resolver pacificamente sob o pretexto de um ideal de justiça. Vivemos na expectativa
de que os outros atuem conforme a norma – o que nos confere segurança na vida Social
Só é possível resolver conflitos numa sociedade através das normas jurídicas, estas têm
como função conter as individualidades do homem que, na maioria dos casos são a génese
do conflito humano.
O direito é um conjunto de normas que limitam a nossa liberdade, são essas limitações que
constituem o preço para a nossa vida em sociedade, atingindo-se paz social.
Quem tem competência para aceitar limites à liberdade individual são os próprios
indivíduos.
Em suma:
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Necessidade original das instituições
- não detém “os meios biológicos necessários para proporcionar estabilidade à sua
conduta”, o ser humano caracteriza-se pela sua incompletude e abertura ao mundo, isto é,
o seu desenvolvimento ontogenético está inacabado.
- Existem, assim, dois ambientes que envolvem o homem: o ambiente físico e o simbólico
(cultural), sendo este último criado pelo próprio homem (artefacto humano) – cultura – a
totalidade dos objetos criados pelo homem, regras, expectativas, padrões de conduta e
interação, atitudes e crenças que constituem um meio-ambiente construído pelo homem;
Funções do Direito
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condutas dos indivíduos e, consequentemente, a realidade social, com a finalidade de
passar para um “patamar” de desenvolvimento mais justo, realizar a ideia de justiça.
O Direito e a Coação
Visão sociológica do Direito - o que distingue o Direito das restantes ordens normativas é
que tem coercibilidade e, portanto, as suas regras têm de ser respeitas, caso contrário, é-se
sancionado. É um instrumento de controlo social eficaz.
Visão jurídica do Direito - o Direito é uma ordem orientada pela ideia de Justiça, este valor
é lhe uma referência intrínseca e, portanto, é errado nem o ter em conta na definição. A
coercibilidade no Direito só existe para assegurar a Justiça.
Para o Homem se realizar precisa de estar inserido numa sociedade, para a sociedade
prevalecer é preciso haver Direito vigente, a vigência do Direito é dada pela coercibilidade.
Legitimidade da Coação
Se não houvesse coercibilidade ninguém obedeceria às normas e instalar-se-ia a lei do mais
forte e a anarquia. Desta forma, o recurso a meios de coação para repor a Justiça não só é
legítimo como é também exigível.
Necessidade da Coação
Podemos afirmar que sem coação o Direito era uma ordem sem eficácia social e,
consequentemente, um fracasso, uma “lex imperfecta”.
O Direito, num determinado tempo ou espaço, necessita de impor sanções para que as
normas não sejam violadas. Ou seja, o Direito limita e evita este tipo de ocorrências.
- Atualmente, o Direito é ditado por uma autoridade social (Parlamento ou Governo) que
tem por detrás de si o poder político, isto é, o poder do Estado.
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- Se apenas a Força exprime o Direito, já não temos Direito, mas uma sucessão de vontades
discricionárias e caprichosas dos detentores do poder. Por outro lado, o Direito sem a Força
seria impotente, não fazendo respeitar as suas prescrições
O uso da Força para a realização do Direito é traduzido pela ideia de Justiça. “O Direito não
exclui a Força mas a violência”. O Direito vive em simbiose com a Força, cabe ao Direito
legitimar a própria Força de que ele carece para se impor como Direito. O Direito só tem
vigência social quando incarna numa estrutura de ação que lhe empreste a Força. Se o
Direito depende da Força, como poderá dizer-se que é ao Direito que cabe legitimar e
impor limites à Força?
R: O Direito requer uma Força, sim, mas uma Força já legitimada pelo Direito, já por ele
regulada no seu exercício, isto é, já conforme a ideia de Direito (Justiça).
O Direito não depende da Força na sua validade, no seu sentido específico ou na sua
essência; depende dela apenas no seu existir. Trata-se de uma dependência meramente de
facto, não de uma dependência de iure, isto é, situada no plano da validade ou da
legitimidade. Neste plano, é a Força que deve subordinar-se ao Direito, cabendo a este
conferir àquela legitimidade ou não.
O Direito e o Estado
Direito sem ser de fonte estadual: o Direito Internacional Público ou o Direito das
Sociedades Primitivas
Uma das principais funções das instituições sociais é criar estruturas de ordem e
estabilidade nas relações entre os membros da comunidade. Cabe ao Direito acrescentar a
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essa estabilidade ordenadora específica e própria a que se pode dar o nome genérico de
segurança jurídica.
Exige-se ao direito que proporcione segurança, mas este não pode ser o seu único objetivo,
é também necessário que as normas sejam justas, orientadas por valores como a liberdade
e a igualdade. Então, por vezes, a segurança conflitua com a justiça, porque nem sempre o
que transmite mais ordem é o mais justo (Justiça e Segurança acham-se numa relação de
tensão dialética).
Na maioria
Apesar de a Justiça representar um ideal de hierarquia superior face a Segurança, muitas
dos casos, a
vezes o valor da segurança prevalece, pois está diretamente ligada à utilidade, às
segurança
necessidades práticas e às urgências da vida.
sobrepõe-se
Exemplos em que prevalece a segurança: princípio da não retroatividade; norma que fixa a
maioridade; normas que fixam prazos de caducidade ou prescrição e instituto do caso
julgado.
Uma justiça puramente ideal, desacompanhada de segurança, seria vazia de eficácia e, por
isso não passaria de piedosa intenção. Uma segurança sem justiça representaria pura
situação de força.
Sem segurança a justiça não é eficaz e, sem justiça a segurança representaria pura situação
de força (ordem imposta pelo terror) – a segurança deve estar ao serviço da justiça e
legitimar-se perante ela.
A segurança jurídica aparece-nos sob forma de certeza jurídica. Para esta concorrem desde
logo as leis formuladas em termos claros e precisos, que não deixem margem a
ambiguidades de interpretação nem a lacunas e que, portanto, evitem o recurso a conceitos
indeterminados e a cláusulas gerais. O legislador não pode deixar de recorrer, em vários
domínios do jurídico, a estes conceitos e cláusulas. Existem duas técnicas legislativas:
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Ius aequum - o legislador não é tão detalhado e, portanto, há uma grande margem de
flexibilidade (manobra), privilegiando a justiça e não a segurança. No domínio deste critério,
a certeza é sacrificada à equidade e à maleabilidade da decisão, conforme as circunstâncias
do caso e as modificações trazidas pela evolução social. Observemos como exemplo o
Artº875 do Código Civil
O Direito e a Moral
Para caracterizar a ordem normativa que é o Direito e distingui-la da outra ordem normativa
que é a Moral (conjunto de normas, baseadas em costumes e opiniões éticas, que visam o
aperfeiçoamento do ser humano), apontamos os seguintes critérios:
Critério do Mínimo Ético: O Direito limita-se a impor aquelas regras morais mais básicas,
cuja observância é indispensável para que na vida em sociedade exista paz, liberdade e
justiça.
Este ritério está errado, visto que as normas jurídicas na sua maioria não correspondem a
regras morais, isto é, são eticamente neutras. Todavia, por vezes, há uma interseção entre o
que é eticamente aceite e a norma jurídica, o critério do “mínimo ético” apenas se reporta à
questão de saber até que ponto o Direito pode ou deve dar relevância a critérios éticos.
Este critério está errado, visto que dá uma visão do Direito errada (semelhante à
sociológica), vendo a ordem jurídica como um aparelho de controle eficaz, uma ordem que
se distingue pelo seu aparelho coercivo que a torna eficaz.
Este critério está errado, visto que muitas vezes o Direito analisa também a vertente interna
do agente, por exemplo, é diferente matar com intenção ou por acidente.
O Direito não pretende impor normas morais, mas isso não significa que imponha normas
imorais. Dado que o valor na essência do Direito é a Justiça e este é um valor ético, o Direito
respeita a moral.
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Macroestrutura: as grandes divisões do Direito
1. Razão de ordem
O Direito abrange todas as atividades humanas que tenham ou possam ter implicações no
“envolvimento” social. Por isso, há imensas normas legisladas em vigor, logo, nenhum
jurista deve ter a pretensão de conhecer todas as normas jurídicas, porque é impossível. O
que um bom jurista deve fazer é ter uma visão compreensiva e desenvolver um pensamento
jurídico autónomo, sendo assim capaz de trabalhar com qualquer lei.
Perante este “mare magum” de leis e normas é importante ter como quadros de referência
as grandes divisões do Direito e os seus ramos, tendo assim uma imagem da macroestrutura
do ordenamento.
O direito em sentido objetivo refere-se ao complexo de regras gerais e abstratas que rege a
vida em sociedade, definindo assim o estatuto das pessoas e as relações entre si.
Os direitos subjetivos são as faculdades ou poderes atribuídos pelo direito objetivo a certas
pessoas no caso concreto, quando cumprem os requisitos do direito objetivo. À titularidade
de um direito subjetivo por parte de uma pessoa corresponde logicamente um dever
jurídico (uma obrigação), ou pelo menos um estado de sujeição, por parte de outra ou
outras pessoas – direitos de personalidade, um direito de propriedade, um direito de
crédito, etc...
3. Ramos do Direito
Ramos do direito – diferentes disciplinas jurídicas que compõem o plano do curso de direito.
A divisão suprema tradicional do universo jurídico é aquela que distingue entre Direito
Público e Direito Privado. Trata-se de uma distinção para a qual não foi achado um critério
absolutamente satisfatório. Ex: Direito Social não se integra em nenhuma destas duas
categorias tradicionais.
Direito Público: conjunto de normas que regula as relações e a organização das entidades
públicas, baseia-se no princípio da legalidade. Tem uma estrutura vertical porque à
hierarquia.
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Direito Privado: conjunto de normas que regula as relações entre particulares ou
particulares e entidades públicas desprovidas de ius imperii, baseia- se no princípio da
igualdade e da autonomia privada. Tem uma estrutura horizontal, porque os sujeitos estão
no mesmo nível, devido à igualdade na dignidade.
Se se tratar de uma norma peculiar que não possuí validade para todos, referindo-se
exclusivamente aos titulares do poder de império ou seja, ao Estado e outras
entidades públicas, conferindo-lhes nesta qualidade os respetivos direitos e poderes
ou impondo-lhes as correspondentes obrigações, está-se perante uma norma de
Direito Público - se é uma norma que só pode ser invocada e só tem validade para
titulares de poder de império, então estamos perante uma norma de Direito
Público.
Quando uma entidade pública, sem recorrer àquelas normas que lhe são peculiares,
age com base numa norma geral que pressupõe a igualdade de todos e que pode ser
invocada também por todos, trata-se de uma norma de Direito Privado – se é uma
norma de aplicação geral, então é uma norma de Direito Privado.
Críticas:
Está-se perante uma relação jurídica ou norma de Direito Público quando estão em
causa a proteção ou a prossecução de interesses públicos.
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Inversamente, está-se perante uma relação jurídica ou norma de Direito Privado
quando os interesses afetados são interesses particulares.
Críticas:
Ramos
Direito Público Direito Privado
Direito Constitucional ou Político Direito Civil
Direito Administrativo Direito Comercial
Direito Penal Direito Internacional Privado
Direito Fiscal
A hipótese legal não se refere apenas a factos ou situações de facto, visto que contempla,
muitas vezes, dados normativos e aí a hipótese legal parece dirigir-se apenas à descrição de
factos, explicar conceitos jurisdicizados. Mas, os factos que se verificam na hipótese legal
são factos jurídicos, isto é, eventos juridicamente relevantes que produzem efeitos jurídicos
– são, então, o elemento que produz alterações na vida jurídica ou no mundo do direito.
Factos
Exteriores
Puros Factos
Jurídicos
Factos
Internos
Factos
Jurídicos Simples Atos
Jurídicos
Declaração
Atos Jurídicos Quase-
Negocial
Declaração de
Vontade
Negocial ou
Negócio Jurídico
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Puros Factos Jurídicos Internos: factos relacionados com a vida psíquica do Homem (p. ex.
intenção).
Atos Jurídicos: há uma conduta humana dirigida pela vontade, que pode ser por ação,
quando não se pode fazer, ou por omissão, quando não se pode tolerar um comportamento
(ex. ação: matar; omissão: segurança não pode tolerar que um ladrão roube).
Simples Atos Jurídicos: condutas que produzem uma consequência jurídica, que o indivíduo
até pode não a ter desejado e a sua atuação não visava esse efeito (p. ex. incêndio
começado por alguém que adormeceu com uma vela acesa).
Declaração Negocial: exteriorização de vontade que produz os efeitos pretendidos (p. ex.
testamento, contrato ou a renúncia de um direito).
Os factos jurídicos são lícitos ou ilícitos consoante respeitem ou violem normas jurídicas.
Direitos Subjetivos
A norma estabelece uma relação específica de relação de causalidade, entre os factos a que
se reporta na sua previsão e os efeitos jurídicos prescritos na sua estatuição. Os efeitos
podem ser a imposição de um dever jurídico ou a atribuição de uma qualidade, competência
ou faculdade jurídica (p. ex. atribuição da cidadania portuguesa) ou, ainda, a atribuição de
direito subjetivo.
Ónus jurídico: consiste na observância de certo comportamento, prescrito por lei como
condição da obtenção de uma certa vantagem para o agente, ou como pressuposto da
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manutenção de uma certa vantagem ou benefício de que já está a usufruir, ou para evitar
uma desvantagem (o ato a que se reporta o ónus jurídico não é imposto como um dever).
Ex: ónus da contestação em processo civil – o réu deverá contestar aquilo que o autor
alegou contra ele, para evitar que tal se dê logo como certo e provado.
ónus do registo predial – aquele que adquire um imóvel, se pretende que tal aquisição
tenha eficácia em relação a terceiros, tem de promover a sua inscrição nos livros de registo
predial, caso contrário, aquele que lhe vendeu o imóvel pode vender a outro.
Código Civil
Mas a personalidade jurídica não é só atribuída aos seres humanos, é também atribuída a
pessoas coletivas, ou seja, a organizações humanas que congregam várias pessoas e que se
destinam a alcançar determinado fim. Se for uma mera organização de pessoas é uma
associação. Se congregar pessoas e bens é uma sociedade (com escopo/fim lucrativo). Se for
uma organização só de bens é uma fundação. Diz-se, então, que a lei personifica
determinado substrato organizacional. Há uma representação orgânica das pessoas
coletivas, ou seja, atuam mediante uma pessoa individual que assume determinado órgão,
que assuma os interesses e execute as vontades da pessoa coletiva.
Capacidade jurídica (art.67.º) : é a capacidade de ser titular de direitos e obrigações, isto é,
ser titular de um círculo maior ou menor de relações jurídicas. Há quem diga que este
conceito não é relevante, pois não acrescenta nada de novo à personalidade jurídica.
Nos menores de 18 anos, normalmente, os representantes legais são os pais. Há algumas
exceções à incapacidade dos menores – 127.ºCC
Nos interditos, isto é, aqueles que devido a uma anomalia psíquica, surdez, mudez ou
cegueira não se mostrem capazes de governar os seus bens, normalmente, têm como
representantes legais o tutor. Os inabilitados são quem tem uma anomalia psíquica, surdez,
mudez ou cegueira, mas mostram-se capazes de governar os seus bens, ou até quem abuse
habitualmente de bebidas alcoólicas ou estupefacientes. Os atos destes precisam da
autorização de um curador.
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Capacidade delitual: é a idoneidade para responder por factos ilícitos que a pessoa
cometeu, isto é, capacidade para ser sujeito de uma responsabilidade penal e de uma
responsabilidade civil – têm uma capacidade de imputabilidade, ou seja, capacidade de
responder pelos atos que pratica.
Do ponto de vista da responsabilidade civil (Art 488.º), é imputável quem tem a capacidade
de entender e querer aquilo que estava a praticar, sendo, por isso, necessário observar o
caso concreto, mas presume-se que algumas pessoas à partida são inimputáveis (Art
488º/nº2): as pessoas com menos de 7 anos e os interditos por anomalia psíquica.
Do ponto de vista penal (19.º C.P.), como as sanções são mais graves já se fixa uma idade
para existir responsabilidade – os 16 anos – até aqui todos são inimputáveis, não podendo
ser julgados nem condenados, independentemente do terem a capacidade de entender e
querer.
a) Os direitos absolutos, atuam contra todas as pessoas, o que equivale a dizer que são
oponíveis a todos os terceiros, tendo efeitos erga omnes (contra todos). Absoluto
significa para o seu titular a exclusão de todos os outros, acompanhada pela
obrigação de não violar o direito subjetivo. Aos direitos absolutos corresponde assim
uma obrigação passiva universal de os respeitar. Os direitos absolutos são direitos de
domínio quando significam um poder de domínio sobre um objeto em que incidem.
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existe um vínculo jurídico entre as partes. O “devedor” também tem certos direitos
face ao “credor”- 1037º.
c) Direitos potestativos - São aqueles direitos que conferem ao seu titular o poder de,
mediante declaração unilateral, modificar ou extinguir relações jurídicas
preexistentes ou mesmo constituir um direito que limite o direito de outrem (Exs:
direito de anulação, o direito de denúncia, o direito de resolução, o direito de
revogação, entre outros).
Todo aquele que ilícita e culposamente causar danos a outrem (hipótese legal) fica
obrigado a indemnizar (por esses danos) o lesado (estatuição).
Características da Norma
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“Imperatividade”(coercibilidade): as normas jurídicas indicam uma conduta aos seus
destinatários que pode ser imposta à força, caso os destinatários não as cumpram. Há certas
normas que não proíbem uma conduta, mas, antes, atribuem um poder ou faculdade.
Autores, como João Batista Machado, defendem que a generalidade e a abstração viriam
afinal a reconduzir-se a uma categoria única – generalidade. Toda a norma jurídica deverá
ser geral, no sentido de se destinar a regulas uma categoria de situação, factos e pessoas
futuros e/ou presentes.
A lei não pode nunca ser individual e concreta, pois assim violar-se-ia o princípio da
igualdade perante a lei. Só serão admissíveis diferenciações fundadas em elementos
objetivos (a diversidade das circunstâncias ou a “natureza das coisas”), pois estes permitirão
conferir ainda uma categoria de situações.
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Precetivas
Normas Imperativas
Proibitivas
Critério da
Autonomia Privada Permissivas ou
Facultativas
Normas
Interpretativas
Dispositivas
Universais
Critério do âmbito
espacial (territorial) Regionais
da vontade
Locais
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a) Normas autónomas: têm, por si próprias, um sentido completo ou pleno,
apresentam uma estrutura completa, encontramos a totalidade da previsão e
estatuição (art. 875 e 487, 2). No entanto, nenhuma norma vale só por si própria,
para ser compreendida temos de ter em conta a sua relação com outras normas.
b) Não autónomas (normas remissivas): não têm, por si próprias, sentido completo ou
pleno, necessitam de outras normas para ganhar esse sentido, pois falta-lhe toda ou
parte da previsão ou da estatuição.
Ex: art 799º/2 - Responsabilidade Contratual, remissão para a norma 487º/nº2, pois
a resposta da norma em causa não é inteligível, logo, não regula diretamente a
situação.
Ex. art. 875º: para um tipo específico de negócio jurídico (compra e venda de
imóveis) exige-se uma forma (escritura pública ou documento particular
autenticado), trata-se de uma norma excecional em relação ao art. 219º, surgindo
como uma via de acautelar os interesses públicos e privados.
Ex: Direito Comercial: ramo do Direito Privado que criou regras para satisfazer
necessidades específicas dos particulares que se dedicam ao comércio (regime
especial do Direito Civil), destacando-se um conjunto de normas que regulam
situações diferentes, completando conceitos do Direito Civil.
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c) locais: aplicam-se numa parcela do território estadual autarquias locais. As normas
regionais e locais têm um âmbito de validade circunscrito espacialmente.
Critério do tipo de sanção (esta classificação tem que ver com as consequências jurídicas
que se seguem à violação de uma norma imperativa)
a) Leis Mais Que Perfeitas: normas cuja violação importa simultaneamente uma
sanção civil (a nulidade) e uma sanção penal (p. ex. Art 280º/nº2 do C.C)
b) Leis Perfeitas: normas cuja violação importa apenas uma sanção civil (a nulidade) (p.
ex. contrato contrário à boa fé – Art 280º/nº2).
c) Leis Menos Do Que Perfeitas: normas cuja violação importa uma sanção, mas não a
nulidade do ato (p. ex. venda de um produto depois da hora regulamentar do
encerramento da loja, a sanção é uma multa para o comerciante).
d) Leis Imperfeitas: normas cuja violação não importa nenhum tipo de sanção (p. ex.
Art 136º CRP).
Codificação
Código: é uma lei em sentido material. Contém a disciplina fundamental de certa matéria ou
ramo de direito, disciplina essa elaborada por uma forma científico-sistemática e unitária.
Distingue-se duma simples compilação de leis, esta contem matérias pertencentes a
diversos ramos do direito. Um código pressupõe um plano sistemático longamente
elaborado pela ciência jurídica, ao mesmo tempo que facilita a construção científica do
Direito ao pôr em evidência os princípios comuns, as grandes orientações legislativas, os
grandes nexos construtivos e funcionais, assim como a articulação precisa entre os diversos
institutos* e figuras jurídicas.
Estatuto: quando a lei regula de uma maneira unitária e sistemática dada matéria
(atividade, carreira ou profissão) que não tem amplitude ou estabilidade suficientes para
justificar a designação de código. Ex: Estatuto do Comerciante.
Leis Orgânicas: são as leis que regulam o funcionamento de um serviço. Ex: Lei Orgânica dos
Tribunais Judiciais.
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Vantagens de haver codificação:
Técnicas legislativas: técnica utilizadas pelo legislador para garantir ganhos de eficiência e
de clareza na elaboração das normas jurídicas e códigos, garantindo que os códigos não se
mantenham rígidos, mas sim flexíveis.
Partes Gerais: são compêndios de pré-decisões de decisões fixadas antes de tomar posição
perante as diferentes questões particulares. Têm como objetivo evitar repetições, de fixar
desde logo aqueles princípios gerais e aquelas disposições normativas que, de outro modo,
teriam de ser repetidas em fórmulas essencialmente idênticas em diferentes pontos.
O livro I do Código Civil chama-se “Parte Geral”, pois tem princípios e regras que se aplicam
a todos os outros livros do Código Civil.
Normas remissivas (normas não autónomas): são aquelas que o legislador, em vez de
regular diretamente a questão de direito em causa, lhe manda aplicar outras normas do seu
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sistema jurídico, contidas no mesmo ou noutro diploma legal. O legislador vai remeter para
outras normas.
Remissões para a
estatuição
Remissões para a
hipótese legal
Remissões
Remissões por
extensão de aplicação
de um regime
Remissões para a estatuição: a remissão vai dirigida à estatuição da norma. Ex: Artº678 ou
594º do Código Civil.
Remissões para a hipótese legal: a remissão vai dirigida à hipótese legal da norma. Ex:
Artº974 e 113º/nº1 do Código Civil.
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Remissões por extensão de aplicação de um regime: visam estender a aplicação de um
regime a outras matérias. Ex: Artº939 CC - manda aplicar as normas da compra e venda a
contratos onerosos/o legislador não prevê um regime específico.
Ficções legais: em vez de expressamente remeter para normas determinadas que regulam
determinados factos , o legislador estabelece que o facto a regular é ou se considera igual
àquele facto para que já se acha estabelecido um regime na lei. Trata-se da assimilação
fictícia de realidades factuais diferentes, para efeito de as sujeitar ao mesmo regime jurídico
– o facto que queremos regular é equiparável a um facto que esteja estabelecido na lei (o
legislador vai equiparar duas realidades distintas).
Facto x = Facto y
Definições legais: definem determinados conceitos, são normas incompletas, visto que não
têm nem hipótese legal nem estatuição. Ex: Artº202 , Artº204 a 212º (série de definições
legais) e 1577º.
Presunções (Artº349): “as ilações que a lei ou o julgador tira de um facto conhecido para
firmar um facto desconhecido”. Artº350 – “quem tem a seu favor uma presunção legal
escusa de provar o facto a que ela conduz”.
As presunções legais relacionam-se com o regime do ónus da prova, cujo o princípio geral
vem estabelecido no Artº342 do CC: ao que invoca um direito cabe fazer prova dos factos
constitutivos do direito invocado. Quando haja presunção legal, inverte-se o ónus da prova
(Artº344/nº1).
Presunções judiciais: são feitas pelo julgador/tribunal e só podem acontecer quando há
prova testemunhal.
Presunções legais relativas (iuris tantum): são aquelas que podem ser ilididas mediante
prova em contrário, isto é, a prova de que o facto presumido não acompanhou o facto que
serve de base à presunção legal. A título de exemplo, o Artº441 do Código Civil.
Presunções legais absolutas (iuris et de iure): são irrefutáveis, não admitem prova em
contrário. Ex: Artº243
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Conceitos determinados: são conceitos claros e rigorosos, usados no ius strictum, cujo o
conteúdo está definido na lei; estes garantem a segurança e a certeza do Direito. Ex:
conceito de personalidade jurídica, conceito de crédito.
Cláusulas Gerais: são as normas que não têm um campo de aplicação previamente definido,
podendo aplicar-se a várias situações. Para as elaborar o legislador utiliza, muitas vezes,
conceitos indeterminados, alargando o seu campo de aplicação (334.o). O legislador aqui
pode servir-se de enumerações, mas estas são meros exemplos (1083o, no2).
Vantagens de usar cláusulas gerais: têm um campo aplicação muito alargado, o que
permite evitar lacunas, situações em que a lei não dá uma resposta. Permite também
adequar o direito às particularidades do caso concreto. Desvantagem: traz insegurança
jurídica.
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