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Ubi homo, ibi societas (onde temos o Homem, temos sociedade): o homem
tem uma natureza eminentemente social.
Ubi societas, ibi ius: o homem vive em sociedade, em convivência com os
outros homens, pelo que é o Direito que vai “promover a solidariedade de
interesses e resolver o conflito de interesses”, surgindo como uma ordem
normativa.
▪ Para este autor, todos os homens nasciam livres e iguais, vivendo em contacto
com a natureza e segundo os ditames desta.
▪ O progresso material trouxe a civilização e com ela a corrupção. O
desenvolvimento das atividades económicas gera sentimentos de
conflitualidade e comportamentos agressivos como resposta aos problemas de
uma sociedade marcada pela desigualdade no que respeita à posse da terra e à
propriedade de outros bens.
▪ No status naturalis, os homens tornam-se egoístas e a insegurança
insuportável.
▪ Para restabelecer a felicidade perdida, havia que imaginar um contrato social
que oferecia um mínimo de segurança e bem-estar. Para este autor, no
contrato social, “os homens obrigaram-se a submeterem-se à volonté générale
que, traduzindo as suas vontades, implica a sujeição de cada indivíduo à sua
própria vontade”.
▪ Para este autor, em cada homem há aspetos bons e aspetos maus, tendências
para a prática do bem e tendências para a prática do mal, o que pode ser
determinado pelo temperamento, pela educação ou pelas circunstâncias da
vida.
▪ No status naturalis, a maioria respeita as leis da natureza, mas há sempre uma
minoria de indivíduos que são delinquentes. No estado de natureza, todo o
indivíduo tem dois direitos fundamentais: o direito de preservar tudo o que lhe
pertence e o direito de julgar os outros e de puni-los.
▪ Por isso, os homens compreendem que não lhes é útil continuar a viver em
estado de natureza, apesar das suas vantagens, e decidem passar ao estado de
sociedade, mediante a celebração de um contrato social e a consequente
criação de uma autoridade social com poder de governar a comunidade. No
entanto, este contrato limita a intervenção da sociedade política à garantia da
liberdade individual e da propriedade privada e impõe-lhe o respeito pela vida
privada, económica ou familiar.
Ordem Jurídica
Direito e Estado
Consequências:
Ordenamento jurídico estruturado
Proteção de direitos fundamentais
Atuação administrativa sujeita a impugnação
Controle jurisdicional de legislação
Necessidade
Alteridade (o direito só se aplica à vida em sociedade)
Imperatividade
Coercibilidade
Exterioridade
Estabilidade
Os fins do Direito
Justiç
Seguranç
Declarações dos
Direitos
Humano
Justiça
▪ Primeiro e principal fim do Direito
▪ Deve ser, “para o Direito, uma bússola e um farol”
▪ A justiça é a constante e perpétua vontade de dar a cada um o que é seu de
direito.
Noção: a justiça é um conjunto de valores que se impõem quer ao Estado, quer aos
cidadãos no sentido de dar a cada um o que lhe é devido, e o critério geral acerca do
que, em nome da justiça, é ou não devido a cada um, deve ser definido em função da
dignidade da pessoa humana.
Modalidades:
Segurança
▪ A segurança internacional (não depende apenas só do nosso Estado, mas
também da ONU), sem a qual não haverá paz entre os povos;
▪ A segurança pública interna, sem a qual ficam perturbadas a ordem e
tranquilidade públicas. Exemplo: GNR.
▪ A segurança individual, que as autoridades e a polícia devem garantir para
prevenir a prática de crimes contra a vida, a liberdade ou a propriedade das
pessoas;
▪ A segurança socioeconómica, que se consegue através do estímulo à poupança
individual e do recurso às companhias de seguros, etc.
▪ A segurança jurídica, que impõe a criação de mecanismos capazes de contribuir
para a certeza do Direito.
Usucapião Aquisição dum direito sobre uma coisa pela posse prolongada no
tempo.
Desconhecimento da lei
SISTEMA
O Direito como sistema
O Direito é um sistema normativo, ou seja, é um conjunto articulado e coerente de
normas jurídicas ditadas por princípios e orientadas para certos fins.
Porque
1. O conjunto de regras ou normas se encontra articulado em termos de
coerência, em torno de uma ideia central – a ideia de Direito
2. As suas regras objetivas têm de ser interpretadas de acordo com certos
critérios lógicos e técnicos, em harmonia com a sua função num dado conjunto
3. Os casos omissos têm de ser resolvidos de harmonia com determinados
métodos integradores, que em última análise se reconduzam à descoberta e
aplicação do “espírito do sistema” (art. 10.º, n.º 3, do CC).
4. O conjunto das normas que o compõem está organizado, enquadrado e
enformado por princípios gerais
5. Preocupa-se em assegurar, tanto quanto possível, “uma interpretação e
aplicação uniformes do direito” (art. 8.º, n.º3, do CC), estando previstos
diversos modos de garantir a uniformização da jurisprudência
6. Nele vigora o princípio da plenitude da ordem jurídica (arts. 10.º e 8.º, n.º 1, do
CC e 20.º da CRP) ver NOTA.
Princípios Gerais do Direito
Boa Fé (arts. 3o, 227o, 239o, 243o/1, 259o/2…)
Liberdade Contratual (art. 405o/1)
Estado de Direito Social
“Pacta sunt servanda” Os pactos são para cumprir
Confiança (arts. 1301o, 291o, 266o)
Justiça Distributiva
NOTA: Existe sempre uma solução adequada para oferecerão cidadão que reclama
justiça mesmo que não exista lei diretamente aplicável ao caso.
▪ Equidade É a forma justa de aplicar a justiça sem aplicar a lei. (art. 4o CC)
▪ Princípio da plenitude da ordem jurídica
Dos princípios que enformam o sistema jurídico, dada a sua generalidade,
podem extrair-se as soluções para a maioria das questões jurídicas não
previstas positivamente.
É possível resolver os casos não previstos diretamente na lei, através da
integração de lacunas, nos termos do art. 10º do CC.
V. art. 8.º, n.º1, do CC.
V. art. 20.º da CRP.
NORMA
Conceito e estrutura da norma jurídica em sentido estrito
Noção: em sentido estrito, a norma é um elemento do conceito de Direito e traduz-se
na “ligação de uma estatuição à previsão de um evento ou situação”.
Estrutura:
a) Previsão – tal como refere Eduardo Norte Santos Silva, a previsão é "o desenho
abstrato de uma situação futura e incerta, à qual, se, e quando, vier a concretizar-se (a
passar do campo da hipótese possível, para o campo do realmente acontecido) há-de
ser aplicado um comando determinando uma conduta, um comportamento, ou um
resultado jurídico“, ou seja, é a representação da vida social que se pretende regular;
b) Estatuição – segundo o mesmo autor, corresponde "quer a conduta que há-de
obrigatoriamente ser prosseguida quando, e se, a hipótese apresentada na previsão se
concretizar, quer os efeitos jurídicos que são imputados a um evento, efeitos que se
vão traduzir na atribuição de poderes ou faculdades ou na imposição de deveres";
c) Sanção – nas palavras do mesmo autor, "é o resultado onerativo para o agente
destinatário da norma que lhe advém de ter tido um comportamento diverso daquele
que se contém na estatuição, daquele que é imposto pelo comando normativo“, ou
seja, é a consequência da violação da estatuição.
PROTEÇÃO COATIVA
A coercibilidade consiste na possibilidade ou suscetibilidade de aplicar sanções, pela
força se necessário for, assegurada pelo aparelho estadual.
A proteção coativa, isto é, os meios adotados em defesa da ordem jurídica podem ser,
fundamentalmente, de duas espécies:
Tais meios podem atuar antes de ocorrer a conduta que viola a estatuição da norma
jurídica, com o escopo de evitar essa violação Proteção preventiva
Como podem igualmente esses meios atuar após a violação da norma, tendo então
por principal fim repor a situação como existia antes da violação e reprimir o agente
violador (que, porque é livre, é responsável); mas visando também, genericamente, os
comportamentos contrários aos comandos normativos
Proteção repressiva Sanção coativa
Espécies
a) Sanções materiais – o aspeto mais relevante é a alteração da situação da vida social
b) Sanções jurídicas – o aspeto mais relevante é a consequência imposta pela ordem
jurídica; projeta-se sempre primariamente no plano jurídico
Sanções materiais
a) Sanções compulsórias
Criminais
Civis
Disciplinares
Contraordenacionais
NOTA:
Direito de retenção:
Objetivos fungíveis Exemplo: “garrafa de águas são iguais! Qualquer pessoa pode
fazer.”
Objetivos infungíveis Só uma pessoa pode fazer.
Pena ≠ Dano
Pena Quando alguém é punido; Punição atribuída a quem cometeu um crime ou
ato censurável; condenação, castigo: pena de prisão.
Dano Prejuízo causado a alguém; Ação ou efeito de danificar.
Um Dano pode ser classificado como:
Emergente Que emerge; que surge de dentro para fora; O país ou nação que
está em desenvolvimento ou em processo de ascensão social e econômica; Que
resulta de; que é consequência de algo.
Lucro Cessante Lucro que se deixou de se usufruir, que não foi recebido.
Sanções jurídicas
a) Inexistência jurídica: ocorre quando nem sequer aparentemente se verifica
qualquer materialidade decerto ato jurídico e neste caso nem sequer produz quaisquer
efeitos, não havendo sequer necessidade de um reconhecimento da sua invalidade.
(art.1628o CC)
b) Invalidade: o ato existe materialmente, mas sofre de um vício que conduz a que não
produza os efeitos jurídicos a que tende.
Nulidade
Anulabilidade
c) Ineficácia em sentido estrito: supõe que o ato não possui, segundo a lei, qualquer
vício intrínseco, mas não obedece a um requisito extrínseco, a algo exterior ao ato em
si, tal como a lei o configura, mas de que depende a sua eficácia. Nesse caso, o ato
pode não produzir quaisquer efeitos ou apenas parte dos seus efeitos jurídicos.
Nulidade Destina-se a salvaguardar o interesse público e verifica-se quando o ato
não produz desde o início os efeitos jurídicos a que tendia (que tem como objetivo).
Como ofende o interesse público, não carece (não necessita) de ser invocada por
quaisquer interessados.