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Noções Fundamentais de Direito

Direito  “O sistema de normas de conduta social, assistido de proteção coativa”,


por Castro Mendes.
O Direito decorre de duas premissas:

 Ubi homo, ibi societas (onde temos o Homem, temos sociedade): o homem
tem uma natureza eminentemente social.
 Ubi societas, ibi ius: o homem vive em sociedade, em convivência com os
outros homens, pelo que é o Direito que vai “promover a solidariedade de
interesses e resolver o conflito de interesses”, surgindo como uma ordem
normativa.

Ubi homo, ibi societas


A necessidade de o Homem viver em sociedade funda-se em diversas causas:
▪ É uma necessidade vital e psicológica: partilha. Exemplo: família, conversas,
discussões.
▪ É uma necessidade de segurança: se estivermos em conjunto para nos
protegermos. Exemplo: animais.
▪ É uma necessidade económica;
▪ É uma necessidade de defesa militar: Exemplo: Coreia do Norte.
▪ É uma necessidade política: criarmos um projeto coletivo.

Ubi societas, ibi ius


Com o fito de obstar à anarquia e ao caos, existe na vida em sociedade uma
autoridade social, que recebe o poder diretivo destinado a:

 Estabelecer regras de conduta para todos os membros do grupo (poder


normativo);
 Tomar decisões concretas em relação a cada problema do dia-a-dia (poder
decisório);
 Impor, com autoridade, as regras de conduta e as decisões concretas aos
respetivos destinatários e, caso as não cumpram, aplicar-lhes as
correspondentes sanções (poder sancionatório).

Compete à autoridade social conciliar, harmonizar os interesses de cada um, fixando a


esfera de faculdades, responsabilidades, deveres e ónus de cada um, mediante a
criação de regras ou normas de conduta, isto é, mediante a criação de uma ordem
normativa. Por outro lado, a autoridade toma as decisões que forem necessárias em
nome de todos. E, finalmente, impõe o respeito por aquelas regras e por estas
decisões.
Ónus  Encargo/dever que nós temos que usar para ter um dever.

E como seria a vida dos homens em sociedade sem uma autoridade


social?
Três pontos de vista, para responder a esta questão:

 Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


 Thomas Hobbes (1588-1679)
 John Locke (1632-1704)

Jean-Jacques Rousseau (Visão otimista)

▪ Para este autor, todos os homens nasciam livres e iguais, vivendo em contacto
com a natureza e segundo os ditames desta.
▪ O progresso material trouxe a civilização e com ela a corrupção. O
desenvolvimento das atividades económicas gera sentimentos de
conflitualidade e comportamentos agressivos como resposta aos problemas de
uma sociedade marcada pela desigualdade no que respeita à posse da terra e à
propriedade de outros bens.
▪ No status naturalis, os homens tornam-se egoístas e a insegurança
insuportável.
▪ Para restabelecer a felicidade perdida, havia que imaginar um contrato social
que oferecia um mínimo de segurança e bem-estar. Para este autor, no
contrato social, “os homens obrigaram-se a submeterem-se à volonté générale
que, traduzindo as suas vontades, implica a sujeição de cada indivíduo à sua
própria vontade”.

Thomas Hobbes (o homem é mau)

▪ Para este autor, o homem, profundamente egoísta, procura obter vantagens só


para si à custa dos outros, lançando todos em guerra contra todos, sedento do
poder individual.
▪ No status naturalis, os homens viviam em guerra contínua, portando-se como
lobos de si próprios (homo homini lupus).
▪ Para por fim a este status, “os homens constituíram, através de um pactum de
sujeição, o Estado, ao qual cederam os seus direitos para obterem a segurança
e o fim da luta”. Com a celebração do contrato social, cada homem renuncia à
sua liberdade e submete-se à autoridade absoluta do Estado em troca de
proteção. A vontade do Estado é o único critério de justiça.

John Locke (mais natural)

▪ Para este autor, em cada homem há aspetos bons e aspetos maus, tendências
para a prática do bem e tendências para a prática do mal, o que pode ser
determinado pelo temperamento, pela educação ou pelas circunstâncias da
vida.
▪ No status naturalis, a maioria respeita as leis da natureza, mas há sempre uma
minoria de indivíduos que são delinquentes. No estado de natureza, todo o
indivíduo tem dois direitos fundamentais: o direito de preservar tudo o que lhe
pertence e o direito de julgar os outros e de puni-los.
▪ Por isso, os homens compreendem que não lhes é útil continuar a viver em
estado de natureza, apesar das suas vantagens, e decidem passar ao estado de
sociedade, mediante a celebração de um contrato social e a consequente
criação de uma autoridade social com poder de governar a comunidade. No
entanto, este contrato limita a intervenção da sociedade política à garantia da
liberdade individual e da propriedade privada e impõe-lhe o respeito pela vida
privada, económica ou familiar.

Direto – Law (Direito objetivo)  Conjunto de normas. Exemplo: Direito Comercial.


direito – Right (direito subjetivo)  Inerente ao Homem. Exemplo: direito à vida, ao
voto.

direito absoluto  direito que se impõe à sociedade. Exemplo: direito à vida.


direito relativo  direito que se impõe a uma pessoa. Exemplo: direito a crédito.
direito protestativo  Está na posse de decidir algo e a outra pessoa, não se pode
opor. Exemplo: divórcio.

Ordem Jurídica

Direito e Estado

Estado A sociedade que se fixou num determinado território organizou-se


praticamente em termos autónomos e soberanos.
O Estado só pode ser de direito, pois cabe ao direito, legitimar e limitar ao Estado a
justiça não tolera o desrespeito pela dignidade da pessoa humana do direito cumpre a
realizar a justiça e o Estado também lhe deve obediência. Neste sentido, o Estado só
pode ser de direito e não um Estado totalitário e/ou de opressão.

Consequências:
 Ordenamento jurídico estruturado
 Proteção de direitos fundamentais
 Atuação administrativa sujeita a impugnação
 Controle jurisdicional de legislação

O direito entre as ordens normativas

Relações entre a ordem jurídica e as demais ordens normativas

▪ Assume e atribui algumas ordens normativas, incorporando-as na ordem


jurídica (relações de coincidência);
▪ Coloca-se numa posição neutra ou de indiferença em relação à maior parte das
normas de outras ordens (relações de indiferença), nomeadamente, no que
toca à ordem religiosa e de cortesia;
▪ Normalmente, mantém relações próximas com as normas morais;
▪ Pode ter relações de conflito.

As caraterísticas da ordem jurídica:

 Necessidade
 Alteridade (o direito só se aplica à vida em sociedade)
 Imperatividade
 Coercibilidade
 Exterioridade
 Estabilidade

Direito Natural e Direito Positivo


Direito Positivo é o o ius civitate positum, isto é, o direito "posto na sociedade", nela
inserida com algo tangível (alterável; que pode ter alterações). Assim, o conjunto de
normas jurídicas reguladoras da convivência humana que neste momento estão em
vigor em Portugal ou que alguma vez vigoraram numa comunidade, expressas nos
códigos e em leis avulsas, formam o Direito Positivo. O Direito Positivo é obra humana
e é contingente, é tangível e varia de época para época e de país para país.
Direito Natural é definido como o direito que devia vigorar, porque assenta na
dignidade da pessoa humana e representa o reflexo imediato da Justiça. Trata-se,
portanto, de regras fundadas na essência humana e, por conseguinte, não localizadas
nem no tempo, nem no espaço; não estão vertidas em nenhum código, nem foram
gizadas pela mão humana.

O Direito Natural deve nortear o Direito Positivo.


Jusnaturalismo / Positivismo jurídico

“A vida em sociedade tem como consequência o aparecimento de regras que


disciplinem a conduta humana: são as chamadas normas de conduta social. Mas não
se cometa o erro de pensar que as normas de conduta social são apenas as normas
jurídicas. São também as normas morais, as normas religiosas, as normas de cortesia
ou trato social, os usos sociais. Todas estas normas têm caraterísticas comuns de
serem violáveis, ao contrário das leis da natureza que se referem explicativamente aos
fenómenos e que se executam.”
“É usual referir-se que a moral tem relevância e que o direito tem relevância exterior.
No entanto considera-se que não é correta esta distinção entre “inferioridade e
exterioridade” porquanto a moral social contém imperativos de conduta para com
terceiros (por exemplo: dar de comer a quem tem fome) e o Direito penetra
frequentemente no interior psicológico das ações humanas (por exemplo: é mais grave
a pena de homicídio doloso do que do homicídio involuntário ou por negligência). De
qualquer modo ao Direito nada interessam os pensamentos que não se traduzem em
atos e a moral não se satisfaz com uma observância exterior antes exige a intenção.”
Jusnaturalismo:
 Greco Romano
 Medieval
 Racionalista
Positivismo:
 Legalista
 Científico
 Normativista
 Sociológico

Os fins do Direito
Justiç

Seguranç

Declarações dos
Direitos
Humano

Justiça
▪ Primeiro e principal fim do Direito
▪ Deve ser, “para o Direito, uma bússola e um farol”
▪ A justiça é a constante e perpétua vontade de dar a cada um o que é seu de
direito.

Noção: a justiça é um conjunto de valores que se impõem quer ao Estado, quer aos
cidadãos no sentido de dar a cada um o que lhe é devido, e o critério geral acerca do
que, em nome da justiça, é ou não devido a cada um, deve ser definido em função da
dignidade da pessoa humana.
Modalidades:

▪ Comutativa – visa corrigir os desequilíbrios que se verifiquem nas relações


contratuais e nos atos involuntários ilícitos interpessoais. Exemplo: vou a
conduzir e bato no carro da frente, sou eu que tenho culpa e que vou ter de
pagas os danos provocados no outro carro.
▪ Distributiva – rege a repartição dos bens comuns pelos membros da sociedade,
segundo o critério de igualdade proporcional que atende à finalidade da
distribuição. Exemplo: as bolsas.
▪ Geral ou legal – rege a participação dos membros da sociedade nos encargos
comuns, segundo critérios de igualdade proporcional.
Equidade: Forma de solução de conflitos jurídicos que assenta na aplicação da Justiça
conforme as circunstâncias específicas de cada caso. Ver art. 4.º CC

Segurança
▪ A segurança internacional (não depende apenas só do nosso Estado, mas
também da ONU), sem a qual não haverá paz entre os povos;
▪ A segurança pública interna, sem a qual ficam perturbadas a ordem e
tranquilidade públicas. Exemplo: GNR.
▪ A segurança individual, que as autoridades e a polícia devem garantir para
prevenir a prática de crimes contra a vida, a liberdade ou a propriedade das
pessoas;
▪ A segurança socioeconómica, que se consegue através do estímulo à poupança
individual e do recurso às companhias de seguros, etc.
▪ A segurança jurídica, que impõe a criação de mecanismos capazes de contribuir
para a certeza do Direito.

Declaração dos Direitos Humanos


▪ Ideia jusnaturalista que se vem afirmando desde o séc. XVIII: declaração dos
direitos subjetivos que devem ser reconhecidos em toda a parte a todo o
homem, por derivarem da natureza deste:
1215: Magna Charta Libertatum
1776: Bill of rights
1789: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
1948: Declaração Universal dos Direitos do Homem
1950: Convenção Europeia dos Direitos do Homem

Prescrição  Determina a extensão de direitos subjetivos quando não exercitados


durante certo tempo fixado na lei.
Caso julgado  Decorrendo um determinado período passa a ser insuscetível de
recurso não se prolongado infinitamente no tempo.
Não retroatividade da lei
Caducidadeextinção de um direito, sem efeito retroativo, pela verificação de um
facto a que a lei atribui esse efeito; situação que se verifica quando uma lei deixa de
vigorar por força de qualquer circunstância inerente à própria lei, independentemente
da publicação de uma nova lei.

Usucapião  Aquisição dum direito sobre uma coisa pela posse prolongada no
tempo.
Desconhecimento da lei

Elementos do conceito de Direito


Considerando a definição de Direito como o sistema de normas de conduta social,
assistido de proteção coativa, podemos concluir que tal noção assenta em três ideias
fundamentais:
1. Sistema;
2. Norma;
3. Proteção coativa.

SISTEMA
O Direito como sistema
O Direito é um sistema normativo, ou seja, é um conjunto articulado e coerente de
normas jurídicas ditadas por princípios e orientadas para certos fins.
Porque
1. O conjunto de regras ou normas se encontra articulado em termos de
coerência, em torno de uma ideia central – a ideia de Direito
2. As suas regras objetivas têm de ser interpretadas de acordo com certos
critérios lógicos e técnicos, em harmonia com a sua função num dado conjunto
3. Os casos omissos têm de ser resolvidos de harmonia com determinados
métodos integradores, que em última análise se reconduzam à descoberta e
aplicação do “espírito do sistema” (art. 10.º, n.º 3, do CC).
4. O conjunto das normas que o compõem está organizado, enquadrado e
enformado por princípios gerais
5. Preocupa-se em assegurar, tanto quanto possível, “uma interpretação e
aplicação uniformes do direito” (art. 8.º, n.º3, do CC), estando previstos
diversos modos de garantir a uniformização da jurisprudência
6. Nele vigora o princípio da plenitude da ordem jurídica (arts. 10.º e 8.º, n.º 1, do
CC e 20.º da CRP)  ver NOTA.
Princípios Gerais do Direito
 Boa Fé (arts. 3o, 227o, 239o, 243o/1, 259o/2…)
 Liberdade Contratual (art. 405o/1)
 Estado de Direito Social
 “Pacta sunt servanda”  Os pactos são para cumprir
 Confiança (arts. 1301o, 291o, 266o)
 Justiça Distributiva

NOTA: Existe sempre uma solução adequada para oferecerão cidadão que reclama
justiça mesmo que não exista lei diretamente aplicável ao caso.

Carateres e aspetos do sistema político

▪ Coercibilidade ou a Possibilidade de Proteção Coativa  Significa que o


sistema jurídico é um conjunto de meios que permite assegurar o cumprimento
das normas jurídicas pela força física se necessário for, e mesmo contra a
vontade dos seus destinatários.
▪ Âmbito de aplicação  Nem tudo é regulado pelo direito. O direito não
pretende logicamente regular tudo, de modo a restringir totalmente a
liberdade das pessoas nem isso seria possível dado que a vida é muito mais
colorida do que a imaginação do legislador.
O direito atua:
a) Ao impor condutas (positivas ou negativas)  art. 1038o CC
b) Ao permitir (autonomia da vontade)  art. 1112o CC

▪ Equidade  É a forma justa de aplicar a justiça sem aplicar a lei. (art. 4o CC)
▪ Princípio da plenitude da ordem jurídica
 Dos princípios que enformam o sistema jurídico, dada a sua generalidade,
podem extrair-se as soluções para a maioria das questões jurídicas não
previstas positivamente.
 É possível resolver os casos não previstos diretamente na lei, através da
integração de lacunas, nos termos do art. 10º do CC.
 V. art. 8.º, n.º1, do CC.
 V. art. 20.º da CRP.

NORMA
Conceito e estrutura da norma jurídica em sentido estrito
Noção: em sentido estrito, a norma é um elemento do conceito de Direito e traduz-se
na “ligação de uma estatuição à previsão de um evento ou situação”.
Estrutura:
a) Previsão – tal como refere Eduardo Norte Santos Silva, a previsão é "o desenho
abstrato de uma situação futura e incerta, à qual, se, e quando, vier a concretizar-se (a
passar do campo da hipótese possível, para o campo do realmente acontecido) há-de
ser aplicado um comando determinando uma conduta, um comportamento, ou um
resultado jurídico“, ou seja, é a representação da vida social que se pretende regular;
b) Estatuição – segundo o mesmo autor, corresponde "quer a conduta que há-de
obrigatoriamente ser prosseguida quando, e se, a hipótese apresentada na previsão se
concretizar, quer os efeitos jurídicos que são imputados a um evento, efeitos que se
vão traduzir na atribuição de poderes ou faculdades ou na imposição de deveres";
c) Sanção – nas palavras do mesmo autor, "é o resultado onerativo para o agente
destinatário da norma que lhe advém de ter tido um comportamento diverso daquele
que se contém na estatuição, daquele que é imposto pelo comando normativo“, ou
seja, é a consequência da violação da estatuição.

Carateres da norma jurídica em sentido estrito


1. Hipoticidade: os efeitos jurídicos que estatui só se produzem se se verificarem
os factos previstos. (arts. 473o/1)
2. Generalidade: a norma jurídica aplica-se a uma categoria abstrata de pessoas.
Generalidade vertical  As normas, enquanto definem as
competências de um cargo ou officium, dirigem-se a uma categoria de
pessoas.
Generalidade horizontal  As normas aplicam-se simultaneamente a
todos os que estão em certa situação.
3. Abstração: a norma jurídica aplica-se não a um caso concreto, mas a um
número indeterminado de situações subsumíveis à categoria prevista.
4. Outros apontados pela doutrina: imperatividade, violabilidade,
bilateralidade/alteridade, coercibilidade.
Imperatividade  Que impõe, que manda com autoridade: tom imperativo. “Todas as
ações têm reações”
Violabilidade  Caraterística ou propriedade daquilo que é violável.
Bilateralidade  Que acarreta obrigações às duas partes pactuantes: contrato
bilateral.
Alteridade  Caráter ou estado do que é diferente; que é outro; que se opõe à
identidade.
Coercibilidade  Significa que o sistema jurídico é um conjunto de meios que permite
assegurar o cumprimento das normas jurídicas pela força física se necessário for, e
mesmo contra a vontade dos seus destinatários; o que pode se reprimir ou ser
reprimido.

Norma em sentido lato vs. sentido estrito

▪ Norma em sentido estrito ou stricto sensu é o elemento da ordem jurídica


referido na definição de direito apresentada: sistema de normas de conduta
social assistido de proteção coativa. O conteúdo do sistema jurídico é formado
por normas em sentido estrito.
▪ Norma em sentido lato ou lato sensu corresponde ao elemento autónomo da
forma por que nos aparece a ordem jurídica, designadamente os textos legais.

Classificação da norma jurídica lato sensu


Outras classificações da norma lato sensu
 Normas universais, normas regionais, normas locais
 Normas de interesse e ordem pública, normas de interesse e ordem privada
 Norma perfeita, noma imperfeita, norma mais e menos que perfeita
Norma perfeita  Determina a unidade dos atos contrários, mas sem estabelecer
pena. (“Se isto acontecer o negócio…”) arts. 875 o CC; 947O CC; 220o CC; 1631o b) e c)
CC; 1635o CC; 1636o CC; 1638o CC; 2189o CC; 2190o CC.
Norma imperfeita  Não estabelece nenhuma sanção. (única frase  Meramente
explicativa) arts. 402o CC; 63O CRP; 64o CRP.
Norma mais que perfeita  Determina a invalidade do negócio e aplica uma pena aos
infratores.
Normas menos que perfeita  Não estabelece a invalidade, mas determina a não
produção total de efeitos. art. 1604o a) CC

Norma perfeita ≠ Norma mais que perfeita  Principal diferença: Punição

PROTEÇÃO COATIVA
A coercibilidade consiste na possibilidade ou suscetibilidade de aplicar sanções, pela
força se necessário for, assegurada pelo aparelho estadual.
A proteção coativa, isto é, os meios adotados em defesa da ordem jurídica podem ser,
fundamentalmente, de duas espécies:
Tais meios podem atuar antes de ocorrer a conduta que viola a estatuição da norma
jurídica, com o escopo de evitar essa violação Proteção preventiva
Como podem igualmente esses meios atuar após a violação da norma, tendo então
por principal fim repor a situação como existia antes da violação e reprimir o agente
violador (que, porque é livre, é responsável); mas visando também, genericamente, os
comportamentos contrários aos comandos normativos
Proteção repressiva Sanção coativa

Proteção repressiva: a sanção


A sanção é a reação da ordem jurídica perante a observância das suas normas.
(definição mais curta)
A sanção é, tal como define Oliveira Ascensão, uma consequência desfavorável
normativamente prevista para o caso de violação de uma regra, e pela qual se reforça
a imperatividade desta. (definição mais complexa)

Espécies
a) Sanções materiais – o aspeto mais relevante é a alteração da situação da vida social
b) Sanções jurídicas – o aspeto mais relevante é a consequência imposta pela ordem
jurídica; projeta-se sempre primariamente no plano jurídico

Sanções materiais
a) Sanções compulsórias

 Sanção pecuniária compulsória (art. 829.º-A CC)


 Direito de retenção (arts.754.º e ss. CC)
 Cumprimento coativo (art. 828.ºCC)
b) Reintegração ou sanções reconstitutivas

 Sanção material reintegradora por reconstituição natural (art.562 oCC)


 Execução específica (art. 827 e ss. CC)
 Sanção material reintegradora por equivalente ou sucedâneo pecuniário.
(art.566o CC)
c) Reparação ou sanções compensatórias

 Compensação por danos morais também designados por danos não


patrimoniais (cfr. art. 496º do CC)
d) Sanções punitivas

 Criminais
 Civis
 Disciplinares
 Contraordenacionais
NOTA:
Direito de retenção:
Objetivos fungíveis  Exemplo: “garrafa de águas são iguais! Qualquer pessoa pode
fazer.”
Objetivos infungíveis  Só uma pessoa pode fazer.

Pena ≠ Dano
Pena  Quando alguém é punido; Punição atribuída a quem cometeu um crime ou
ato censurável; condenação, castigo: pena de prisão.
Dano  Prejuízo causado a alguém; Ação ou efeito de danificar.
Um Dano pode ser classificado como:

 Emergente  Que emerge; que surge de dentro para fora; O país ou nação que
está em desenvolvimento ou em processo de ascensão social e econômica; Que
resulta de; que é consequência de algo.
 Lucro Cessante  Lucro que se deixou de se usufruir, que não foi recebido.

Sanções jurídicas
a) Inexistência jurídica: ocorre quando nem sequer aparentemente se verifica
qualquer materialidade decerto ato jurídico e neste caso nem sequer produz quaisquer
efeitos, não havendo sequer necessidade de um reconhecimento da sua invalidade.
(art.1628o CC)
b) Invalidade: o ato existe materialmente, mas sofre de um vício que conduz a que não
produza os efeitos jurídicos a que tende.

 Nulidade
 Anulabilidade
c) Ineficácia em sentido estrito: supõe que o ato não possui, segundo a lei, qualquer
vício intrínseco, mas não obedece a um requisito extrínseco, a algo exterior ao ato em
si, tal como a lei o configura, mas de que depende a sua eficácia. Nesse caso, o ato
pode não produzir quaisquer efeitos ou apenas parte dos seus efeitos jurídicos.
Nulidade  Destina-se a salvaguardar o interesse público e verifica-se quando o ato
não produz desde o início os efeitos jurídicos a que tendia (que tem como objetivo).
Como ofende o interesse público, não carece (não necessita) de ser invocada por
quaisquer interessados.

Anulabilidade  Traduz-se na distribuição ao titular do interesse público lesado pela


conduta violadora do poder de arguir se for sua vontade a anulabilidade do negócio,
ou seja, o poder de destruir os efeitos jurídicos resultantes da celebração de um
negócio ilegal.
Proteção preventiva
a) Medidas de segurança (arts. 91.º e ss. e 104.º e ss. do CP)
b) Procedimentos cautelares (arts. 362.º e ss. Do CPC)
c) Medidas de coação (arts. 196.º e ss. do CPP)
d) Inabilitação de autor de um determinado delito para o exercício de certa atividade
ou profissão.

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