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Ordens normativas
Ordem religiosa: são as normas criadas por um Ser transcendente e ordenam as condutas dos
crentes nas suas relações com Deus ex. não viver a vida conjugal antes do matrimónio. É
subjacente a ideia ultraterrena, na qual os homens serão julgados e condenados segundo o
valor da sua própria existência (Justo, 2015:19).
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JEAN-JACQUES ROUSSEAU, nascido em Genebra (1712-1778), autor do “Discurso sobre a origem e
fundamentos da desigualdade entre homens” (1753) e de “O Contrato Social” (1762) e THOMAS HOBBES,
Inglês (1588-1679), autor do “De Cive” (1642) e do “Leviathan” (1651). Segundo Hobbes “homo ad societatem
non natura sed disciplina aptus factum est”.
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A expressão do latim ubi societas, ibi jus, significa: onde (está) a sociedade aí (está) o direito.
Ordem moral: a moral constituída pelo conjunto de preceitos, concepções e regras,
altamente obrigatórios para com a consciência, pelos quais se rege, antes e para alem do
direito, algumas vezes até em conflito com ele, a conduta dos homens numa sociedade, ex a
imoralidade pelo parricídio3, eutanásia, incesto, aborto ou tuo que é anti-ético. Caracteriza-se
pela interioridade, absolutidade e espontaneidade do dever moral (Justo, 2015:21).
Ordem de trato social: são usos ou convencionalismos sociais destinados a tornar a
convivência mais agradável. Exemplo, normas de trato social denominadas usos sociais,
regras de etiqueta ou de boa educação, normas convencionais, costumes (gorjetas…), etc.
(Justo, 2015:29).
Ordem jurídica: conjunto de normas dotadas de coercibilidade (Justo, 2015:31).
Conforme este autor, citando também outros autores ex. Max Mayer, não tem sido fácil
definir direito e até agora ainda não houve um jurista ou filósofo do Direito que tenha
acertado a formular uma definição unanimemente aceite (Justo, 2015:30).
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Crime por matar o pai ou a mãe ou outro ascendente.
As normas jurídicas são as que regem a conduta humana. Elas são criadas, modificadas,
revogadas e impostas pelo Estado. Todas as outras categorias de normas surgem à margem
deste e as pressões para fazê-la cumprir ou as consequências do seu incumprimento não
emanam do poder público, mas seguem outros itinerários. (Latorre, 2013:26).
Há distinção entre as nomas jurídicas das restantes e muito variadas, sob aspectos e com
diferente intensidade mas que regem a nossa maneira de ser como:
a) as normas jurídicas são aquelas em que podemos pedir a ajuda de uma autoridade ou de
um tribunal para satisfazê-las. As normas jurídicas apresentam-se-nos como obrigatórias,
precisamente porque pode exigir-se a sua aplicação coactiva através de órgãos estabelecidos
para tal efeito e que possuem meios necessários para faze-las cumprir.
b) Os outros tipos de normas (ex. normas morais, usos sociais e normas religiosas) carecem
de semelhante apoio. Por muito que o nosso amigo esteja obrigado moralmente ou por razões
de amizade a emprestar-nos o dinheiro que lhe pedimos, não podemos, se no-lo negar,
recorrer a qualquer autoridade ou tribunal para exigir-lho, porque falta a correspondente
norma jurídica (Latorre, 2013:19 e 26-30).
As normas jurídicas decompõe-se em duas: a que ordena ou proíbe e a que ameaça com a
sanção aqueles que não cumprem aquela ordem ou proibição. Proíbe-se matar e ameaça-se
aquele que mata com uma pena de determinados anos de prisão (Latorre, 2013:20).
O Direito é também o conjunto de normas que obrigam, autorizam a fazer algo, conferem
faculdades, poderes e direitos, àqueles que se encontram em determinadas circunstâncias para
que os utilizem, dentro de certos limites, segundo o seu critério e colocam à disposição dos
particulares meios legais para que se realizem fins práticos por eles desejados. Aqui
estaremos em sede de direito subjectivo porque aqui o Direito é o conjunto de faculdades,
como faculdade de usar, de perceber os frutos, rendas, de dispor. Enquanto, quando o Direito
como um conjunto de normas, estamos em sede de Direito objectivo. Assim, os direitos
subjectivos, são, portanto, situações de poder concreto que a lei apoia e que podemos usar
discricionariamente para satisfazer as nossas necessidades e interesses (Latorre, 2013:21).
Código: o vocábulo código provem do latim codex que significava livro composto de
páginas, cosido por um dos lados. Veio substituir volumen (livro na forma de rolo) e que
adquiriu tal importância na vida jurídica romana que passou a significar uma colectânea de
leis (Justo, 2015:269).
Hodiernamente, o código define-se como a organização sintética, sistemática e cientifica,
estabelecida por via legislativa, de certo ramo do direito.
Dentro desta ordem de ideias, apareceram várias escolas oficiais, como as de Roma, Cartago,
Beirute e Constantinopla.
Na idade média, foi ainda acompanhado e favorecido pelo aparecimento das Universidades
Medievais. Em Itália surgiu, por ex. a Universidade de Bolonha, que se tornou o principal
centro intelectual, político e jurídico do país e com a protecção dos poderosos (Telles,
2001:78).
O julgador, na medida em que o Direito Positivo não o proíbe categoricamente, deve adoptar
decisões quanto possível equitativas.
A equidade será a justiça do caso concreto, de justiça ao vivo, em equação com a realidade,
influxo (acção de influir) do Direito Natural, que lima as asperezas (amargura, acidez) da
vida e conduz o julgador às boas soluções (Telles, 2001:105).
CÍCERO chamava a lei natural de lex naturae ou lex naturalis, que significava, lei conforme a
natureza humana que deve dominar as consciências humanas.
A ideia do Direito Natural pode dizer-se fruto genuíno da especulação filosófica grega, mas a
sua verdadeira maturação resultou do enraizamento no solo regado pelos princípios cristãos
(Telles, 2001:107).
Direito positivo: é o conjunto de princípios, regras que regem a vida social de determinado
povo em determinada época.
O direito positivo possui um carácter formal, temporal e territorial. O Direito positivo é um
direito escrito que se revela pela universalidade de leis.
O direito positivo é o elaborado pelos órgãos do Estado e que é imposto com amparo da força
(Telles, 2001:101).
2. Ramos do direito
A doutrina largamente dominante divide o direito em dois grandes hemisférios: o do direito
público e do direito privado. Esta distinção reveste grande importância científica, pedagógica
e prática (Justo, 2015:237).
O Direito privado é o ramo do Direito que diz respeito às normas jurídicas que cercam a
relação entre duas pessoas quer singulares ou colectivas, sem dar privilégio ou poder de
autoridade a uma das partes.
O Direito Privado tem também os seus ramos que lhe constituem, exemplo, Direito civil
(Direito Privado Comum), empresarial, industrial, agrário, etc. (Direito Privado Especiais).
Exemplo de pessoas colectivas privadas: São três as categorias, associações, fundações e
sociedades comerciais (ou sociedades civis sob forma comercial) (Telles, 2001:185).
3. Fontes do Direito
Conceito
Fontes do Direito no sentido técnico-jurídico da expressão é a forma em que se designam os
modos de formação ou de revelação das normas jurídicas. As fontes de direito são: Lei,
Jurisprudência, Doutrina e Costume, (Mendes, 1994:79-80).
As fontes do direito são fundamentais na construção do direito positivo que é o direito escrito
e interpretado para reger as relações humanas na actualidade. As fontes podem ser internas e
externas.
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Ex. É nos instrumentos internacionais que podemos encontrar a proibição do dumping. Dumping é uma
prática comercial que consiste em uma ou mais empresas de um país venderem seus produtos, mercadorias
ou serviços por preços extraordinariamente abaixo de seu valor justo para outro país (preço que geralmente se
considera menor do que se cobra pelo produto dentro do país exportador), por um tempo, visando prejudicar
e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e
impondo preços altos. É um termo usado em comércio internacional e é reprimido pelos governos nacionais,
quando comprovado (https://pt.wikipedia.org/wiki/Dumping, pagina de 14 Ago 2017).
2. Não voluntárias: são as que não traduzem essa vontade com é o caso do costume e os
princípios fundamentais do direito.
3.5.1 Solenes:
a) Leis constitucionais;
b) Leis ordinárias: leis e decretos-leis;
c) Decretos legislativos regionais.
c) Leis ordinárias
i) As leis e os decretos-leis: estabelecem, em regra, as normas, princípios e institutos para a
resolução dos problemas.
ii) Os decretos legislativos regionais: têm âmbito regional e versam sobre matérias
enunciadas no estatuto político-administrativo da respectiva região autónoma (ex. Madeira e
Açores – em Portugal).
Lei material: é um diploma ditado pelo órgão competente, contendo uma ou mais normas.
A norma material é que disciplina as relações jurídicas entre as pessoas. Diz sobre os direitos
e deveres das pessoas. São normas jurídicas materiais as que disciplinam imediatamente a relação entre
pessoas e os conflitos de interesses ocorrentes na sociedade, escolhendo qual dos interesses conflitantes e
em que medida deve prevalecer e qual deve ser sacrificado.
Normas instrumentais são processuais – o rito processual a ser seguido, como as partes
devem comportar-se em juízo. As normas instrumentais apenas de forma indireta contribuem
para a resolução dos conflitos interindividuais, mediante a disciplina da criação e actuação das regras
jurídicas gerais ou individuais destinadas a regulados directamente.
Constituição instrumental – com este sentido, designa-se a constituição escrita, na sua
qualidade de instrumento jurídico-normativo.
Formal: é o texto escrito que emana dum órgão com competência constitucional.
Material: são as escritas (texto escrito) e não escritas (consuetudinárias ou Constituição de
facto), basta ter conteúdo constitucional.
Por outras palavras, quando observamos que dentro da Constituição há um núcleo duro que
não deve ser tocado, sob pena de subverter o sentido da Constituição, estamos perante a
Constituição em sentido material.
Interpretação da Lei
A interpretação da lei é a actividade intelectual que procura retirar de uma “fonte” do direito
o sentido normativo (a regra ou norma jurídica) que permita resolver um caso prático que
reclama uma solução jurídica (Justo, 2015:325).
A interpretação é absolutamente necessária mesmo quando a fonte se afigura clara: esta
conclusão é já o resultado da interpretação. Assim devemos rejeitar a regra “in caris non fit
interpretation” que os juristas medievais enunciaram e em contraposição de garantir-se uma
estrita certeza do direito.
Em termos de critérios gerais do Direito, a interpretação da lei é feita mediante o valor das
fontes, os elementos e o resultado.
NB: Estas interpretações podem ser vinculativas e não vinculativas. Para o caso sub judice
todas são vinculativas, excepto a Doutrinal ou Doutrinária, porém, com forte poder de
influência.
2- Segundo os elementos
a) Interpretação literal: é a gramatical. No mínimo, deve haver alguma relação com a letra
da norma. O uso do vocabulário jurídico adequado e, por outro lado, que deve ocorrer em
matérias técnicas.
b) Interpretação racional ou teleológica: não só deve cingir-se à letra da norma mas deve
também determinar o espírito da mesma. Este elelemento constitui a “ratio legis”, ou seja,
a razão-de-ser.
3- Segundo o resultado
a) Declarativa: quando o sentido textual e o racional são coincidentes. Pode ser lata ou
restrita.
d) Enunciativa: quando numa lei possa deduzir-se outras interpretações que lhe sejam afins
ou periféricas ex. o resultado de que a lei que permite o mais permite o menos (ex. a lei
que permite para investir com dez mil dólares permite cem mil); a lei que proíbe o menos
também proíbe o mais (ex. se o Código Penal tipifica ofensas corporais como crime e
proíbe, imagine quem mata, é claro que vai também tipificar e proibir o crime de
homicídio) (Justo, 2015:348).
e) Ab-rogante:5 não se deve concluir que uma lei não tem sentido válido, que houve
equívoco do legislador, porque isso seria uma interpretação ab-rogante (de revogação,
anulação, derrogação), excepto se houver alguma incompatibilidade lógica ou uma
impossibilidade prática em obter a solução (ex. se a lei expressa que os magistrados não
devem exercer actividades comerciais nos termos do artigo 219 e nr. 2 do art. 234 ambos
da CRM, aqui, se o aplicador da lei for confrontado com a situação de interpretar para
deixar a eles exercer, vai mesmo ter de negar fazer outra interpretação porque há
incompatibilidade em exercer estas funções).
f) Correctiva: usa-se a interpretação correctiva quando o sentido da lei é insanavelmente
contrária ao sentido do Direito ou aos Princípios. Quando haja uma lei corrupta ou lei
celerada (lei de censura ou restrição específica em alguma matéria).
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Nota que ab-rogação é diferente da sub-rogação, pois, nesta ultima, há transmissão da posição do sujeito
activo da relação jurídica fiscal a um terceiro (sub-rogado) que paga a dívida tributária de outrem, e este,
assume, na relação jurídica tributária a posição que cabia ao sujeito activo (Pene, 2014:97).
Entende-se por lacunas a ausência duma norma jurídica que permita resolver uma situação da
vida social que reclama uma solução jurídica (Justo, 2015:349).
Para determinar se existe uma lacuna jurídica, importa, antes mais, averiguar se se trata duma
omissão ou vazio do ordenamento jurídico, ou ainda, se a relação da vida social requer uma
disciplina de natureza diferente: moral, religiosa, ou de trato social.
Tipos de lacunas
a) Voluntárias: é o silêncio eloquente da lei. A inexistência de disciplina jurídica é querida
pelo legislador. O legislador, deixou propositadamente – ex. em Moçambique não há lei que
proíbe o consumo de bebidas alcoólicas em lugares inapropriados; não dar boleia uma
mulher/homem que não seja cônjuge; excesso de número de filhos a gerar, etc.
b) Involuntárias: o legislador não previu o caso que reclama solução jurídica e, por isso, não
elaborou a correspondente lei.
O legislador proíbe a denegação da justiça, determinando que “o tribunal não pode abster-se
de julgar, invocando a falta da lei (nr. 1 do artigo 8 CC). De contrário, o juiz que assim agir
incorre em responsabilidade penal e civil nos termos da lei.
Analogia
A analogia é usada numa situação semelhante entre um caso omisso ou lacunoso.
A analogia é o raciocínio ou operação mental que, partindo de certas semelhanças
observadas, conclui que existem outras. Funda-se na semelhança entre dois objectos e, por
isso, supondo uma identidade tão-só parcial, a analogia não produz uma certeza absoluta, mas
mera probabilidade (Justo, 2015:355).
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Que significa: não há crime sem lei que o qualifica como tal, logo, não poderá haver pena sem lei.
Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de
fixação, o que for determinado em legislação especial.
ii) A sua Cessação: quando haja revogação (artigo 7 CC);
iii) A sua Sucessão: a lei nova faz cessar a anterior e passa a dispor para o futuro.
b) No espaço
As leis só se aplicam no espaço territorial ou Estado do que dimanam ou a certos espaços
territoriais nesse Estado compreendidos.
6.2 Instituição
Instituição é o complexo de leis, de costumes e de normas.
Juridicamente, instituição designa um conjunto mais ou menos extenso de normas que,
subordinadas a princípios comuns, disciplinam um determinado tipo de relações e da
realidade social que lhe está na base (Justo, 2015:16)
6.3 Justiça
Justiça é vontade perpétua e constante de dar a cada um o que é seu (Mendes, 1994:29).
O direito deve orientar-se fundamentalmente pelo valor da Justiça, estabelecendo critérios de
repartição dos bens da vida, no sentido mais lato da expressão de modo a que cada um tenha
o seu e receba uma parte adequada.
6.4 Declaração dos direitos do Homem
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Por isso as tribos nómadas não são consideradas Estados.
Apesar de se poder falar de percursores do Direitos Humanos, como a Magna Carta Inglesa
(1215), é nos Estado Unidos da América que surge a primeira declaração de direitos do
Homem verdadeiros e próprios - o Bill of Rights, do Estado de Virgínia, de 12 de Junho de
1776. Mais célebres declarações surgiram no mundo, porém, há declarações que merecem
destaque, como:
a) A Declaração francesa dos Direitos do Cidadão de 1789;
b) A Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 deliberada pela Assembleia
Geral da ONU.
Meios de tutela
Iniciamos a aula com a continuação da parte introdução: o direito, a sociedade e as ordens
normativas (ordem jurídica, religiosa, trato social e moral)
Tutela pública
É a função que o Estado desempenha para tornar efectivas as normas jurídicas através dum
aparelho cuja estrutura não é inteiramente homogénea. Traduz, portanto, uma garantia dos
direitos subjetivos, conferindo-lhe uma consistência prática.
Em caso de violação das normas jurídicas, o infractor está sujeito à sanções jurídicas, por
isso, importa aqui enumerar os seguintes tipos de sanções:
a) Sanções preventivas – as que visam impedir a violação da norma ou ordem jurídica.
b) Sanções compulsórias – destinam-se a actuar sobre o infractor à uma determinada norma,
de forma a obrigá-lo a adoptar um certo comportamento que até ali ele omitiu, ainda que
tardiamente.
c) Sanções reconstitutivas – traduzem na imposição de medidas ao infractor de modo a
reconstituir, tanto quanto possível, a situação que existiria se não tivesse havido violação.
d) Sanções compensatórias – visam atribuir uma compensação àquele que sofreu danos,
através de algo de valor aproximado ao que se perdeu.
e) Sanções punitivas – constitui uma pena ou um castigo para aquele que infringiu o
comando jurídico.
Tutela Privada
Os meios de tutela privada, também conhecidos como coação privada ou autotutela é a defesa
de direitos, realizada pelos particulares nas situações excepcionais, legalmente previstas.
Tendo em consideração que nem sempre é possível o recurso à tutela pública, a lei permite o
recurso à tutela privada, uma vez verificados todos os requisitos, cujos meios de tutela
privada mais usados são:
Personalidade jurídica
É a susceptibilidade de ser sujeito de direitos e obrigações (art. 66cc).
A personalidade jurídica consiste precisamente na aptidão para desempenhar o papel de
destinatário de direitos e obrigações. Amplamente, pode dizer-se que ela se traduz na aptidão
para receber na própria esfera efeitos jurídicos, consistentes na criação, alteração ou cessação
de direitos (Telles, 2001:158).
Começo e extinção da personalidade
A personalidade das pessoas singulares adquire-se no momento do nascimento completo e
com vida (nr. 1 art. 66 cc) e extingue-se com a morte (nr. 1 art. 68 cc). O nado-morto não é
sujeito jurídico. Se nasceu com vida adquiriu direitos, inclusive direitos patrimoniais, que lhe
estivessem destinado, e, tendo falecido depois, tudo se passa como se não tivesse nascido.
As pessoas colectivas adquirem a personalidade jurídica com o seu reconhecimento e esta
personalidade extingue com a decretação de falência ou fim do objecto pelo qual foram
constituídas, exemplo Associações e Fundações (art. 158cc) e Sociedades Comerciais (art.
980cc).
Capacidade Jurídica
É ser sujeito de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em contrário (art. 67 cc).
Interditos dizem-se interditos os indivíduos (maiores) que por anomalia psíquica, surdez-
mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar suas pessoas e bens e como tais sejam
declarados por decisão judicial (art. 138 cc).
Inabilitados dizem-se, por sua vez, inabilitados os indivíduos (maiores) cuja anomalia
psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de carácter permanente, não seja de tal modo
grave que justifique a sua interdição, assim como, aqueles que, pela sua habitual
prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, se mostrem
incapazes de reger convenientemente o seu património e sejam havidos judicialmente como
tais (art. 152 cc).
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Uso de artifícios ou sugestão intencional para induzir ou manter alguém em erro e tirar proveito disso ( Cfr.
Art. 253 cc).
A incapacidade de menores termina ao atingir a maioridade ou com a emancipação (art. 129
cc).
Exercícios:
Analise o seguinte caso hipotético e responda indicando os dispositivos legais:
Imagine que um menor de 20 anos de idade termine o ensino superior e comece a trabalhar de
imediato como Contabilista de várias empresas mas também trabalhando para empresa X
com salário mensal de $3.000,00. Depois de 5 meses, compra um alto Mercedes antes de
completar os 21 anos de idade e promovido à posição de Director Geral, passando a assinar
os contratos de trabalho de todos os 1000 trabalhadores da Firma. Há algo aqui arrolado
que este menor não devia ter praticado ao abrigo das limitações legalmente
estabelecidas? Responda em 4 linhas.
R: Não. Comprar o Mercedes, o menor fê-lo no âmbito da aquisição de bens ao abrigo da sua
profissão liberal, vivendo ou não em companhia dos pais (art. 127cc).
Quanto a assinatura dos contratos de trabalho de todos os trabalhadores, ele praticou actos de
negócios jurídicos no exercício dessa profissão.
7.5 Comoriência
A fixação do momento da morte oferece especial importância no Direito Sucessório.
Na prática, os casos em que este problema se suscita com maior frequência são os de mortes
ocorridas durante um acidente, como naufrágio, a queda de um avião, o descarrilamento de
um comboio, um incêndio, um terramoto, etc., exemplo, marido e mulher estavam juntos e
pereceram ambos. O supérstite (sobrevivente) será seu herdeiro. Mas, não se conseguindo
fazer essa prova, presume a lei que faleceram os dois ao mesmo tempo, e portanto nenhum
sucede ao outro (nr 2 art. 68 cc).
Esta hipótese de mortes contemporâneas no mesmo sinistro diz-se comoriência, no sentido
mais própria da palavra (Telles, 2001:173).
Actos jurídicos
Os actos são factos voluntários e podem ser lícitos e ilícitos.
Actos lícitos são aqueles que se mostram conformes com o ordenamento jurídico, que os
consente. Actos ilícitos são aqueles que se mostram antagónicos com o ordenamento jurídico,
que os reprova (Telles, 2001:206).
a) Acto administrativo é um acto jurídico unilateral praticado por um órgão da
Administração, no exercício do poder público, para a prossecução de interesses postos por lei
a seu cargo e com vista à produção de efeitos jurídicos em determinado caso concreto (Telles,
2001:216).
Trata-se de um acto unilateral e distingue-se do contrato administrativo, que possui estrutura
bilateral.
b) Convenções internacionais são também actos, mas bilaterais ou plurilaterais de eficácia
internacional (al e) art. 18 CRM). Em algumas nomenclaturas constitucionais, as Convenções
dizem-se Tratados quando revestem a forma solene e Acordos quando feitas em forma
simplificada (Telles, 2001:225).
Compete a Assembleia da República a aprovação dos Tratados, bem como dos Acordos de
matéria de competência reservada. Quanto aos restantes Acordos, cabe ao Governo aprova-
los, salvo se o Governo, atenta a sua importância, entender submetê-los à Assembleia.
c) Negócio jurídico e contratos são actos de auto-regulamentação, em contraposição aos
actos de hetero9-regulamentação. São fruto da autonomia de vontade (Telles, 2001:208).
Os negócios jurídicos podem ser unilaterais (quando provenientes duma só parte, exemplo, a
procuração, o testamento, o repúdio de uma herança e a renúncia a um direito) e bilaterais
(os oriundos de duas partes, exemplo, os que consubstanciam-se num Acordo, a que dá o
nome de contrato).
Integração regional
Moçambique é um dos países que geograficamente se localiza na zona austral de África e faz
parte dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral - SADC.
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Diferente/outro
procurando reduzir a dependência económica à RSA, que desde sempre foi uma potência
económica em África e em particular na zona austral, porém, encontrava-se sob liderança
política que pautava por arrogância e sob égide do regime de segregação racial – apartheid (S.
Guimarães, pp. 224-5).
Durante a sua constituição, foi designada como SADCC – Southern African Development
Coordination Conference (Conferência para Coordenação do Desenvolvimento da África
Austral), rumo a independência económica, seguindo a Declaração de Lusaka, sobre o
racismo e apartheid e prejuízos da discriminação racial na Commonwealth, instituída a 7 de
Augusto de 1979, em Lusaka - Zâmbia, durante a 5ª cimeira dos Chefes de Estados e de
Governos da Commonwealth.
A mudança da SADCC para SADC, foi a 17 de Agosto de 1992, em Windhoek – Namíbia,
durante uma outra cimeira dos chefes de Estados e de Governos, onde se atribuiu a
organização um carácter legal.
Actualmente, a SADC tem 15 membros, que são: Angola, Botswana, RDC, Lesotho,
Madagáscar, Malawi, Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seychelles, RSA, Suazilândia,
Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, cuja sua sede está em Gaberone - Botswana. De referir que,
do leque destes Estados, Angola, Malawi e RDC ainda não aderiram ao protocolo da Zone de
Comércio Livre (ZCL).
A SADC foi adoptada para facilitar e flexibilizar a ZCL da região. Em 1996 assinou-se o
protocolo em Lesotho que dá o impulso para o seguimento do objecto desta União, cujo
cronograma preconizado confere as seguintes concretizações: 2008 Uniões Aduaneiras, 2010
Mercado Comum, 2015 União Monetária, 2016 Moeda Única e 2018 conclusão de todo
processo da integração.
No dia 1 de Janeiro de 2008, a zona Austral de África começou com o processo faseado de
integração regional e, no dia 17 de Agosto do mesmo ano ocorreu o lançamento formal da
Zona de Comércio Livre – ZCL, cujas cerimónias formais tiveram lugar em Sandton, nos
arredores da Cidade de Joanesburgo, na RSA, durante a 28º reunião dos chefes de Estados e
de Governos da SADC.
O princípio da livre escolha do foro competente para a resolução de diferendos é outra forma
de prever o local de resolução de eventuais litígios, que se pode também aplicar ao abrigo do
Direito Internacional, sempre no princípio da liberdade contratual, onde as partes podem fixar
livremente o conteúdo ou incluir cláusulas que lhes aprouver (nr. 1 do art. 405 cc, conj. com
art. 5 e 25 da Lei nr.11/99, de 8 de Julho).
Daí, houve a promoção para uma liberdade do comércio, tanto visível (mercadorias) como
invisível (serviços), assim como, os meios de pagamentos que tinham de vir através de
financiamentos.
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GATT (General Agreement on Tariffs and Trade - Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) foi um acordo
internacional estabelecido em 1947, visando promover o comércio internacional e remover ou reduzir barreiras
comerciais, tais como tarifas ou quotas de importação, e a eliminação de preferências entre os signatários,
visando obter vantagens mútuas
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Primeira Guerra Mundial foi de 28 de Julho de 1914 e durou até 11 de Novembro de 1918. A Segunda GM
durou de 1939 a 1945.
Desenvolvimento, actualmente, Banco Mundial, que pretendia apoiar o plano Marshall 12,
financiando e apoiando a reconstrução dos países assolados pela guerra, após a assinatura dos
acordos de Bretton Woods, em Julho de 1944 (L. Brant, pp. 20-22). A OMC devia ter entrado
como terceiro pilar, mas fracassou devido a não assinatura da carta de Havana, porém, depois
veio a assinatura do Acordo Geral das Tarifas Aduaneira – GATT, criado oficialmente a 1 de
Janeiro de 1995, a mesma data da entrada em vigor do Acordo Constitutivo da OMC.
Bibliografia
MENDES, João de Castro (1994). Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa: Pedro Ferreira,
Artes Gráficas
TELLES, Inocêncio Galvão (2001). Introdução ao Estudo do Direito. Coimbra Editora
Volume II. 10ª Edição (reimpressão)
LATORRE, Ángel (2013). Introdução ao Direito. Escolar Editora. Lisboa (reimpressão)
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O Plano Marshall, um aprofundamento da Doutrina Truman, conhecido oficialmente como Programa de
Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados da
Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do Secretário do Estado dos
Estados Unidos, George Marshall
JUSTO, António Santos (2015). Introdução ao Estudo do Direito. Coimbra Editora. 7ª
Edição
Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica, Portugal, 2001
BRANT, Leonardo Nemer Caldeira, Para entender o FMI e seus acordos stand-by
Dicionário Universal da língua portuguesa, Moçambique Editora, Lda. Maputo, 3ª Edição,
2001
PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, 4ª Edição, Almedina, 1955-2005, reimpressão da edição
de Março /2005
MACHADO, João Baptista, Lições de DIP, 3a edição, Almedina, Coimbra
Legislação
Acordo da Organização Mundial do Comércio, em vigor desde 1 de Janeiro de 1995
Acordo de Marraquexe, em vigor desde 15 de Abril de 1994, após a conclusão do Uruguai
Código Civil (1996). J. Rodrigues Basto. Livraria Almedina. Coimbra. Portugal
Constituição da República de Moçambique, 2004. Maputo: Imprensa Nacional de
Moçambique
Convenção de Viena de 1980, sobre os Contratos de Compra e Venda Internacional de
Mercadorias.
GATT de 1947
Lei nr.11/99, de 8 de Julho (Lei de Arbitragem, Conciliação e Mediação)