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DIREITO
Roberto dos Santos Monteiro
INTRODUÇÃO
É dentro deste contexto que este artigo busca explicar a distinção entre os
conceitos de Direito e Moral e, de alguma forma, busca demonstrar que apesar de
apresentarem diferentes definições, não se tratam de fenômenos indissociáveis, e o
quanto seria perigoso, com base em fatos históricos, a segregação desses
fenômenos sociais. Ao mesmo tempo em que busca, mais especificamente,
responder a seguintes questões:
Para tanto foi realizada uma revisão na literatura em forma de livros, artigos,
trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado, teses de doutorado,
entre outros periódicos, inclusive disponíveis de forma digital na internet.
Para Dimoulis (2003, p. 97) apud Oliveira (2015) “A moral não só orienta a
conduta dos indivíduos em sociedade, como também a sociedade utiliza-se das
regras morais para julgar os indivíduos, aprovando ou reprovando suas ações
segundo seus imperativos morais”.
Sendo assim, não comete equívoco aquele que porventura afirmar que o
Direito surge da Moral, se considerar que, as Leis propriamente ditas surgem como
uma necessidade da sociedade, que já tinha sua definição do que era moral ou
imoral.
É preciso entender que até aqui tratou-se da Moral no âmbito familiar, como
sendo uma norma válida apenas para uma única família, as normas morais.
Pode-se confirmar esse forma de pensar com base no que afirma Oliveira (2015):
Outro motivo pelo qual as normas morais também podem variar dentro de
uma mesma sociedade, entre uma sociedade e outra, entre uma época e outra, é
pelo fato de que estas dependem da consciência de cada um.
Essa reflexão é provocada por Hart (1961, p.27) quando aduz que:
Diversos autores buscam definir este ponto de interseção, até onde o Direito
interfere na Moral e quanto a Moral define o Direito, para então definir os
procedimentos e regras que devem ser entendidos como justos.
Nessa mesma linha de raciocínio é que Hart questiona se todas as leis são
ordens para que se façam ou se deixem de fazer determinadas coisas, e exemplifica
como as leis que outorgam direitos, tais como o direito de uma pessoa para fazer
testamentos, celebrar contratos ou casamentos, ou mesmo outorga poderes às
autoridades, como a um juiz para decidir litígios, a um ministro para expedir
decretos ou a uma câmara municipal para criar lei orgânica.
Não é incompreensível que, diante do supracitado, nem todo Direito faz parte
da Moral e nem toda Moral faz parte do Direito, porém, como afirmou Giorgio del
Vecchio apud Nader (2014, p. 63) “são conceitos que se distinguem, mas não se
separam”. Há que se considerar portanto, assim como no Direito, a Moral Natural e
Moral Positiva. Esta linha de pensamento setoriza a Moral em três dimensões: Moral
Autônoma, Ética Superior dos Sistemas Religiosos e Moral Social, assim
denominado por Heinrich Henkel apud Nader (2014)
A literatura mostra que o ser humano sempre seguiu regras, seja social,
moral ou jurídica, seguindo através de regras de conduta. No direito duas vertentes
se destacaram ao longo da história as filosofias jusnaturalista e juspositivista. No
primeiro caso tem-se o Direito como um fenômeno natural, universal, imutável e
inviolável, a lei imposta pela natureza a todos aqueles que se encontram em um
estado de natureza e independe da vontade humana, inclusive, preexiste a própria
humanidade. Para os jusnaturalistas o direito tem como pressupostos os valores do
ser humano e busca sempre o ideal de justiça.
Pode-se dizer que, inclusive com base em Maquiavel quando aduz que “vale
tudo pelo poder” e que “os fins justificam os meios”, e Thomas Hobbes (1588-1679)
com a ideia do Leviatã, Direito e Moral se separam totalmente.
Hobbes postula na obra supracitada que: “a liberdade que cada homem tem
de usar livremente o próprio poder para a conservação da vida e, portanto, para
fazer tudo aquilo que o juízo e a razão considerem como os meios idôneos para
conservação desse fim”.
5. CONCLUSÃO
No caso das normas morais, como afirma Oliveira (2015), estas têm como
finalidade o aperfeiçoamento do indivíduo enquanto as normas jurídicas visam
facilitar o convívio social, buscando mitigar e solucionar os litígios.
Contudo, impor uma Lei que não respeite a Moral é privar a liberdade dos
indivíduos, controlar a sociedade de forma coercitiva aos moldes do desejo de
poucos, politicamente, equivale a tirania, seria um retrocesso da evolução intelectual
e social. Sem qualquer exagero da palavra, seria governar através da dominação
pelo medo.
REFERÊNCIAS