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Português || 2021-2022

10.º ANO || LÍRICA DE CAMÕES REVISÃO

RIMAS, DE LUÍS DE CAMÕES

Contexto histórico-literário

Renascimento
• Renovação cultural e artística.
• Reinvenção das formas artísticas, com base numa
perspetiva naturalista e humanista.
• Interesse pela arte e cultura da Antiguidade Clássica

Contextualização
histórico-literária
(século XVI)

Classicismo
• Recuperação de figuras e temas mitológicos.
• Gosto pela harmonia e simetria.
• Entendimento do corpo humano como medida da arte

Formas da lírica camoniana

FORMAS

Influência tradicional Influência clássica

• Métrica: medida velha (redondilha) • Métrica: medida nova


• Géneros: vilancete, cantiga, trovas, (decassílabo)
esparsa • Géneros: soneto

1 Prof.ª Sónia Junqueira


Português || 2021-2022

Temas predominantes da lírica camoniana

• O sujeito poético surge dilacerado por uma contradição interior entre a


fascinação etérea do amor petrarquista e uma atração teimosa pelo amor
carnal, que conduz, em última análise, a uma reflexão sobre o próprio amor.

• Mulher divina: mulher inacessível, misteriosa,


quase divina, com perfeição física e espiritual, de
Representação
beleza inefável, a quem o sujeito poético presta
da amada
vassalagem e que se relaciona com o amor
espiritual (ideal de beleza petrarquista). (Ex.:
“Ondados fios d’ouro reluzente”, “Leda serenidade
deleitosa”, “Um mover d’olhos, brando e piadoso”)

• Mulher terrena: mulher por quem o sujeito poético se sente atraído e


fascinado. (Ex.: “Aquela cativa”, “Minina dos olhos verdes”.)

• Cenário associado ao locus amoenus clássico, que nos remete para uma
representação ideal, para uma busca pelo paraíso terrestre, propício ao amor;
é uma paisagem ideal, harmónica, num ambiente tranquilo, sereno e
bucólico (Ex.: “A fermosura desta fresca serra”, “Alegres campos, verdes
arvoredos”)

Representação
da Natureza • A natureza surge personificada, assumindo o papel de confidente do
sujeito poético. (Ex.: “Alegres campos, verdes arvoredos”, “Verdes são os campos”)

• A natureza surge também como um reflexo do estado de alma do poeta


que, perante a mágoa amorosa, tem uma perceção subjetiva do ambiente
que o rodeia. (Ex.: “Alegres campos, verdes arvoredos”)

• Amor espiritualizado, sereno, racionalmente intelectualizado, de influência


petrarquista. (Ex.: “Ondados fios d’ouro reluzente”)

Experiência
amorosa e • Amor vivido, que resulta da experiência de vida. (Ex.: “Aquela cativa”, “Pastora
reflexão sobre da serra”)
o amor

• Amor conturbado, dividido entre o anseio espiritual e o desejo, e marcado


pela culpa, saudade e insatisfação. (Ex.: “Alma minha gentil, que te partiste”,
“Tanto de meu estado me acho incerto”, “Amor é um fogo que arde sem se ver”)

2 Prof.ª Sónia Junqueira


Português || 2021-2022

• No Renascimento, a substituição do teocentrismo pelo antropocentrismo


passando a vida terrena a sobrepor-se à vida eterna. Esta mudança de
pensamento levou o homem a refletir sobre si próprio e a sua existência,
descobrindo também as angústias existenciais.
Reflexão sobre
a vida pessoal
• Reflexão sobre a situação atual e sobre as causas que lhe deram origem
(“erros”, “Fortuna”, “amor”). (Ex.: “O dia em que eu nasci, moura e pereça”, “Erros
meus, má fortuna amor ardente”, “Eu cantei já, e agora vou chorando”, “De que me
serve fugir”, “Sôbolos rios que vão”)

• Desconcerto social: distribuição arbitrária dos prémios e castigos;


sobreposição da cobiça e da vileza aos valores morais; necessidade de
submissão à desordem / irracionalidade da vida. (Ex.: “Os bons vi sempre
Tema do
passar”, “Correm turvas as águas deste rio”, “Verdade, Amor, Razão, Merecimento”)
desconcerto

• Desconcerto individual e subjetivo: sujeição à Fortuna (reflexão sobre a


vida pessoal).

• Oposição entre o tempo da natureza e o tempo humano. (Ex.: “Mudam-se os


tempos, mudam-se as vontades”)
Tema da
mudança
• Oposição entre o bem passado e o mal presente (reflexão sobre a vida
pessoal). (Ex.: “Sôbolos rios que vão”)

Linguagem, estilo e estrutura


- a lírica tradicional: os géneros principais são vilancete, cantiga, trovas, esparsa; a métrica usada
é a redondilha maior (7 sílabas métricas) ou a redondilha menor (5 sílabas métricas);
Ex.: Mi/ni/na/ dos/ o/lhos/ verdes Ex.: Ver/des/ são/ os/ campos
1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5

- a inspiração clássica: adoção do soneto e do decassílabo (10 sílabas métricas);


Mu/dam/-se os/ tem/pos,/ mu/dam/-se as/ von/tades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

- discurso pessoal e marcas de subjetividade;


- soneto: características (14 versos distribuídos por 2 quadras e 2 tercetos);
- recursos expressivos:
- a aliteração: “leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita”
- a anáfora: “agora espero, agora desconfio, / agora desvario, agora acerto”
- a antítese: “Eu cantei já, e agora vou chorando”
- a apóstrofe: “só porque vos vi, minha Senhora”
- a metáfora: “O amor é um fogo que arde sem se ver”

3 Prof.ª Sónia Junqueira

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