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1. UM MUNDO DE NORMAS
As normas jurídicas, que serão estudadas neste livro, são apenas parte da
experiência normativa. Além das normas legais, existem preceitos religiosos, morais,
sociais, normas costumeiras etc. Há as normas sociais que regulam a vida dos
indivíduos na convivência com outras, existem ainda normas que regulam a relação
entre as pessoas e os deuses e até entre as pessoas. Cada pessoa pertence a um
grupo social diferente: igrejas, Estado, famílias, associações com fins econômicos,
culturais, políticos ou de lazer. Cada uma dessas associações é constituída e
desenvolvida por meio de um conjunto de códigos de conduta ordenados. Cada
indivíduo e cada grupo humano especifica os meios mais adequados ao prescrever
os objetivos a serem alcançados, ou os meios que considera mais adequados para
atingir esses objetivos.
Todas essas regras são muito diferentes em termos de finalidade, conteúdo,
tipo de obrigações assumidas, âmbito de validade e a quem são direcionadas.
Contudo, todas elas têm um elemento característico em comum: são proposições
cujo propósito é influenciar o comportamento de indivíduos e grupos, e direcionar o
comportamento de indivíduos e grupos para certos objetivos ao invés de outros. Não
é possível enumerar todas as normas que nos cercam em simples atos, como enviar
uma carta, por exemplo, pois em cada ação estão envolvidos muitos grupos
normativos, como o jurídico, o social, o moral etc.
3. O DIREITO É INSTITUIÇÃO?
4. O PLURALISMO JURIDICO
Foi a partir dessa teoria de institucionalização do direito que este parou de ser
visto apenas como parte do Estado, mas, principalmente como fenômeno da
sociedade e sendo extremamente necessário para a diferenciação básica do que é
ou não uma sociedade jurídica. O pluralismo jurídico já vem há muito tempo, na
época medieval por exemplo, existiam vários ordenamentos jurídicos que ou se
integravam ou se distanciavam, feudos, corporações, Igreja, Estados, comunas,
família e muitos outros que formavam ordenamentos diferentes naquela época para
uma mesma sociedade, enquanto que nas sociedades modernas houve uma
unificação jurídica, emanando a experiência jurídica apenas pelo Estado de forma
centralizada, e é por causa desse processo que até hoje o direito é mais visto como
estatal.
5. OBSERVAÇÕES CRÍTICAS
Fazendo observações acerca das teorias, Bobbio afirma que há como vê-la
de forma cientifica ou ideologicamente, neste último caso, a teoria se propõe a
provar valores que sejam ideais e ações, já cientificamente procura compreender
uma realidade especifica e conseguir explicá-la. Toda teoria pode ser vista das duas
formas, porém aqui o autor se detém a falar sobre a teoria da institucionalização de
forma cientifica para melhor entendimento do fenômeno jurídico. É simples, os
institucionalistas usam a palavra direito de forma mais ampla, e os outros, mais
restritas; não tem certo ou errado apenas questão de oportunidade, assim a teoria
da instituição não exclui, ao contrário, inclui a teoria normativa do direito, a qual não
sai dessa polêmica vencida, mas, talvez, reforçada.
8. OBSERVAÇÕES CRÍTICAS
Bobbio afirma que a relação jurídica é formada por dois sujeitos, um que tem
uma obrigação e o outro que tem o direito, ou seja, uma relação de direito-dever e
remete assim a duas regras de conduta, onde a primeira dá poder, a outra, um
dever. A relação jurídica é, então, aquela que se diferencia de todos os outros tipos
de relação por poder ser manipulada por uma regra jurídica. O que acaba
caracterizando uma relação jurídica não é o conteúdo, mas a forma, ou seja, não
pode determinar se uma relação é jurídica com base em interesses, mas deve-se
ser determinada só com base de ser ou não regulada por uma norma jurídica.
Bobbio conclui esse capítulo afirmando que as três teorias não se excluem,
na verdade se integram, cada uma afirmando enfaticamente a visão que se propõe a
estudar dentro da experiência jurídica, mas lembrando que dos três, o mais
fundamental é o normativo, pois é este, a condição necessária e suficiente para
formação de uma ordem jurídica.