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Faculdade Doctum de João Monlevade

CURSO DE DIREITO

Disciplina IED II Curso Direito Período Turma


Professor ELIVÂNIA FELÍCIA BRAZ Valor
a
Aluno(a) Airine Damiao Nota
Jessica Joanes
Marcelo José
Mauro Lima
Máximo Perdigão

1)Conceitue Pluralismo Jurídico

Pluralismo jurídico é decorrente da existência de dois ou mais sistemas

jurídicos, dotados de eficácia, concomitantemente em um mesmo ambiente

espacio-temporal. A expressão “pluralismo” assume, nesse sentido, conteúdo

mais pleno. Em verdade, a não se especificar o pluralismo jurídico como estatal

ou nacional, entende-se, comumente, traduzir o termo essa perspectiva mais

ampla, que concebe como jurídicas ordens normativas diversas da produzida

pelo ente estatal formalmente constituído. A esta concepção que admite a

coexistência de várias ordenações se denomina pluralismo jurídico, e opõe-se

ao monismo, teoria que aceita a ordenação do Estado como a maior expressão


da normatividade jurídica.

2) Explique, sucintamente, as quatro espécies de ordenamentos não

estatais indicados por Bobbio.

 Ordenamentos acima do Estado, como o ordenamento internacional e,

segundo algumas doutrinas, a Igreja Católica; O ordenamento jurídico

internacional, cuja normatividade decorre da anuência particular de cada

Estado soberano, é compreendido pela doutrina ora como acima do Estado,

segundo certa corrente do monismo jurídico-internacional, ora como ao lado da

ordem nacional, na perspectiva chamada dualista.

 Ordenamentos abaixo do Estado, propriamente sociais, reconhecidos


pelo

Estado e por ele limitados ou absorvidos; Ordenamentos tidos como abaixo do

Estado são os tipicamente sociais, como os sindicatos, associações, partidos

políticos e pessoas jurídicas em geral. Como mencionado, para Bobbio, tais

ordenamentos podem também ser considerados jurídicos, na medida em que

implementam normas garantidas por uma sanção institucionalizada. A norma

emanada no âmbito de uma empresa pelo empregador a seus funcionários, por

exemplo, seria dotada de “juridicidade” na medida em que sujeita o destinatário

a uma sanção pelo descumprimento, consequência essa passível de execução

pela instituto social que a deu origem.

 Ordenamentos ao lado do Estado, como a Igreja Católica, conforme


determinadas acepções ou a ordem jurídica internacional, na teoria

denominada dualista; Considera a doutrina ordenamento ao lado do Estado,

além da ordem internacional (na teoria dualista), a Igreja Católica e, de modo

geral, as religiões tradicionais, reconhecidas socialmente como instituições

perenes no curso histórico. Em razão de uma existência de longa data e da

reconhecida influência da normatividade por elas emanada na vida prática da

população, costuma-se situar tais ordens religiosas como em posição paralela

ao Estado, razão pela qual travariam com a ordem jurídico-positiva estatal

relações de coordenação e não de subordinação.

 Ordenamentos contra o Estado, como organizações criminosas, seitas

secretas ou paramilitares. Por fim, menciona Bobbio a existência de

ordenamentos contra o Estado. Ante o peso da perspectiva jurídico-positiva

estatalista torna-se um tanto dificultoso aceitar a existência de uma ordem

jurídica contrária ao Estado. Por essa razão, não é demais repetir que, para

Bobbio, é jurídica qualquer norma pertencente a um ordenamento que garanta

a execução de suas regras por uma sanção institucionalizada. Significa dizer

que, para o autor, na medida em que existe um grupamento social organizado,

que garante pela previsão de sanção a execução de normas de conduta

válidas em seu âmbito de atuação, está-se diante de um ordenamento jurídico,

composto por normas, por definição, jurídicas.

3) explique, sucintamente, os três critérios apontados por Bobbio para

classificar as relações entre os ordenamentos.


O primeiro critério de classificação dos relacionamentos entre os

ordenamentos é realizado com base nos diferentes graus de validade, um em

relação ao outro. Nesse sentido, podem os ordenamentos travar os seguintes

tipos de relacionamento:

 Relação de coordenação: são os ordenamentos que se apresentam no

mesmo plano. É o caso das relações entre ordenamentos estatais ou entre o

Estado e ordens jurídicas ditas ao lado do Estado, como o direito internacional

na corrente dualista – e a Santa Sé, segundo alguns autores.

 Relação de subordinação: como a própria nomenclatura já sugere, é


uma

relação de dependência ou submissão. Exemplifica tal tipo de relação a que

ocorre entre um ordenamento estatal e os ordenamentos sociais (associações,

sindicatos, partidos políticos). Há subordinação ao ordenamento estatal porque,

para que seus estatutos sejam válidos, é necessário o reconhecimento do

Estado pela compatibilidade com sua ordem jurídica.

O segundo critério apontado por Bobbio, para classificar as relações entre os

ordenamentos é o âmbito de validade. Sob essa perspectiva, podem-se

estabelecer relações de exclusão total, inclusão total e inclusão parcial ou

exclusão parcial.

 Exclusão total: dá-se quando dois ordenamentos não se sobrepõem um


ao

outro. Dois ordenamentos estatais excluem-se totalmente (salvo algumas


exceções). Bobbio exemplifica representando dois aros que não têm nenhum

ponto em comum.

 Inclusão total: quando o âmbito da validade compreende totalmente um


no

outro. Considerando a validade espacial, tem-se o caso do Estado-membro,

cuja ordem jurídica tem âmbito de validade totalmente contido no ordenamento

do Estado Federal.

 Exclusão parcial ou inclusão parcial: quando os ordenamentos têm algo


em

comum e algo não-comum. Como exemplo disso, citamos o ordenamento

estatal que absorve ou assimila um ordenamento diferente.

O terceiro e último critério de relação entre os ordenamentos, toma como

base na validade atribuída às regras. As relações podem dar-se em:

 Indiferença - quando um ordenamento considera lícito algo que, em um


outro ordenamento, é obrigatório. Um caso típico já citado é o uso de
preservativos. Trata-se de indiferença por parte das normas do Estado
em relação ao ordenamento da Igreja;
 Recusa – quando um ordenamento considera proibido, aquilo que, em
outro, é obrigatório;
 Absorção – quando um ordenamento considera obrigatório ou proibido,

aquilo que em outro é também obrigatório ou proibido.

Conclui-se portanto, que, entre si, os ordenamentos podem estabelecer

relações de coordenação – verificada em geral entre Estados soberanos – e de

subordinação, que se dá entre o Estado e as organizações sociais. Além disso,


podem se excluir ou incluir total ou parcialmente e apresentar em relação à

validade das normas do outro uma postura de indiferença, recusa ou absorção.

4)Explique, Sucintamente, as relações de natureza material, espacial e

temporal havida entre os ordenamentos jurídicos

As relações Temporais são as relações entre dois ordenamentos que têm em

comum o âmbito espacial (mesmo território) e material (matéria reguladora,

objeto), mas não o temporal. Trata-se de caso de dois ordenamentos estatais

que se sucedem no tempo no mesmo território, ou seja, um relacionamento

entre ordenamento velho e ordenamento novo.

Bobbio cita como exemplo para esse tipo de relação, uma revolução que

quebra a continuidade de um ordenamento jurídico, um abatimento ilegítimo de

um ordenamento preexistente, executado a partir de dentro, e ao mesmo

tempo a constituição de um ordenamento jurídico novo. Isso conforme o

entendimento jurídico de revolução que causou muitas controvérsias entre os

juristas.

As relações espaciais dizem respeito a ordenamentos que se relacionam

quanto à temporalidade e seus conteúdos, suas matérias, mas não quanto ao

Espaço; ou seja, apesar de estarem valendo em mesmo período de tempo e

disporem sobre situações ou condutas similares, senão idênticas, encontram

distinção devido às limitações territoriais (espaço) entre um Estado e outro.

Devido à intensificação das relações internacionais, temos que o Direito


Internacional vem eliminando essa limitação do relacionamento espacial. As

normas do Direito Internacional propõem um reenvio entre os ordenamentos


para maior conveniência na solução de qualquer problema em que se enfrente

a limitação do relacionamento espacial entre os ordenamentos.

As relações materiais são aquelas existentes nos mesmos ordenamentos

jurídicos que, vigentes ao mesmo tempo e sobre um mesmo espaço territorial,

diferenciam-se um do outro em sua materialidade, isto é, quanto aos aspectos

da conduta humana a que ambos pretendem regular. Ora, como o limite entre

tais aspectos é sempre “formal”, como seus marcos não se dão concretamente,

mas antes, são definidos em nível formal-abstrato, tais limites – e o que daí

deriva para o estabelecimento/solução de conflitos jurídicos – são muitíssimo

mais imprecisos e problemáticos que quaisquer questões envolvendo

referências espácio-temporais.

O exemplo típico de tal relação se dá no relacionamento jurídico entre o

ordenamento estatal e eclesiástico, sobretudo no que diz respeito à Igreja

Católica Romana, na medida em que, como já abordado, esta também pode

ser compreendida como Estado e possui um ordenamento jurídico complexo,

formalmente expresso no código de direito canônico.

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