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CURSO: DIREITO
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Profª Eulane Coelho Batista
RESENHA CRÍTICA
Teresina/PI
2019
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RESENHA CRÍTICA
Por Maurício José Gomes Mendes1
CREDENCIAIS DO AUTOR
RESUMO DA OBRA
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Acadêmico do 1º Período do Curso de Direito da Faculdade de Tecnologia de Teresina – CET/PI.
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um sistema, não podem coexistir normas incompatíveis, pois havendo essa incompatibilidade
nas normas, haveria o que o autor chama de antinomias, normas incompatíveis em seu
conteúdo e na validade.
Para Bobbio, as antinomias são defeito que o intérprete das normas jurídicas terá
que tentar eliminar. Assim, expõe ser necessário seguir regras fundamentais de solução de
antinomias, a saber: a) critério cronológico – prevalece a norma posterior; b) critério
hierárquico – prevalece a norma superior e c) critério da especialidade- prevalece a lei
especial. Em casos de conflito de critérios prevalece a especialidade, a hierarquia e por fim a
cronologia. Ainda assim, não resolvendo o problema da antinomia, pode o juiz optar por
proceder de três formas: a) elimina uma das normas; b) elimina as duas; c) conserva as duas.
Contudo, ressalta que a coerência não é condição de validade, mas sempre condição para a
justiça do ordenamento, pois a aplicação de duas normas contraditórias gerará decisões
diferentes em casos semelhantes, violando princípios considerados importantes para os
ordenamentos jurídicos: o princípio da certeza e o princípio da justiça.
No penúltimo capítulo, intitulado A Completude do ordenamento jurídico, nos
remete a pensar o ordenamento jurídico materializado, ou seja, forma corpórea de normas,
cuja função seria regular qualquer que seja a conduta humana. Nesse sentido, a ausência de
uma norma que regule determinado comportamento é considerada uma lacuna no
ordenamento, temos aqui uma incompletude, ou seja, uma falta no ordenamento jurídico.
O autor expõe a completude como princípio no ordenamento jurídico, que o
caracteriza como completo, capaz de fornecer ao juiz uma solução sem recorrer a igualdade.
Segundo Bobbio, as lacunas distinguem-se em reais e ideológicas, ou seja, lacunas próprias –
dentro do sistema e impróprias – comparação do real com o ideal. Nas suas explicações cita o
autor os meios para se completar um ordenamento com lacunas, tais meios têm a ver com os
métodos de Carnelutti, a heterointegração (o juiz busca complementação no direito natural e
fonte subsidiária) e a auto integração (preenchida pelo próprio ordenamento e fonte). Para
aplicação desses métodos, Bobbio apresenta ser necessário que se utilize de dois
procedimentos, o uso da analogia ou o dos princípios gerais do direito.
O capítulo final desta obra, os ordenamentos jurídicos em relação entre si, o
autor ressalta que desde a concepção monista, há a ideia de um Direito Universal, contudo,
uma maioria de estudiosos discorda, levando a crer, que existe sim, um pluralismo de
ordenamento. Nessa concepção, Bobbio torna evidente, que acredita nas concepções que
defendem a existência de vários ordenamentos e que estes se relacionam ente si. O direito
universal tem ligação com o direito natural único e universal, enquanto que o pluralismo, tem
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Conclusão
Vale aqui sublinhar, que esta obra foi escrita há precisamente 59 anos, mesmo
assim, seus argumentos se fazem ainda útil e necessário ao Direito Contemporâneo. A riqueza
circundada nas obras de Norberto Bobbio, torna-as obrigatória na bibliografia necessária dos
cursos de Direito, haja vista, tecer discursos gerais de Direito, que perpassa pela formação e
organização da norma jurídica, bem como pela ideia de unidade, coerência, completude e as
relações entre os ordenamentos jurídicos.
Na obra estudada, foi possível compreender que a especificidade do direito reside
não na norma jurídica considerada isoladamente, mas no ordenamento jurídico como um todo.
Nesse sentido, é bastante válida a indicação desta leitura pelos professores, pois proporciona
um crescimento intelectual dos alunos de direito, no que diz respeito, ao entendimento da
Teoria Geral do Direito em uma leitura bastante enriquecedora dos conhecimentos jurídicos
explicado por um grande escritor da Ciência Jurídica, como é o caso do Bobbio, devendo a
leitura ser sempre aprofundada e compreendida em seus termos minuciosamente detalhados.