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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO


DIREITO

EDUARDA MACHADO GUEDES

A HERMENÊUTICA JURÍDICA ENTRE O POSITIVISMO E O PÓS-POSITIVISMO

PALMAS

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2019
EDUARDA MACHADO GUEDES

A HERMENÊUTICA JURÍDICA ENTRE O POSITIVISMO E O PÓS-POSITIVISMO


Resenha crítica apresentada ao Curso de Direito da Universidade Federal do Tocantins como
atividade avaliativa da disciplina de Introdução ao
Estudo do Direito, ministrada pelo professor Aloísio
Bowerk.

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PALMAS
2019

RESUMO: A resenha crítica discorre detalhes do segundo capítulo “A Hermenêutica


Jurídica entre o Positivismo e o Pós-Positivismo: Considerações Gerais” no livro
“Hermenêutica e Interpretação Civil do Direito Civil” apresentando a ordem e
conteúdos resumidos com carga crítica a respeito da abordagem do autor e do tema.

Aloísio Alencar Bolwerk 1*

INTRODUÇÃO

O capítulo discorrido faz é uma introdução aos conceitos de positivismo e


pós-positivismo sob a visão da hermenêutica jurídica - característica do autor e
principal ótica do livro que compõe (Hermenêutica e Interpretação Civil do Direito
Civil) – portanto, o impacto dessas correntes no Direito é traçado numa ordem
histórica salientando a importância delas na interpretação das normas e leis dessa
disciplina. Ressalta-se que a visão hermenêutica é a que prevalece mas o texto não
se reduz a esta, pois a correlação entre as correntes possui, justamente, o caráter
de ir além do postulado nas normas e leis. Isso, como consequência, expõe que o
autor possui um posicionamento mesmo se atendo a descrever as ideias. 
O texto inicia com a definição de positivismo e seu surgimento na França durante o
século XIX, estes são relacionados pelo cientificismo da época e a noção do
pensamento social como algo metódico. Assim, o autor apresentado que sustenta o
positivismo é Auguste Comte, que surge como defensor dessa sistematização da
sociedade. Essa introdução ao conceito do positivismo, sua origem e seu
idealizador, é uma ponte para a diferenciação, colocada pelo autor do texto, entre o
positivismo filosófico e o jurídico. Essa distinção é voltada para a real intenção do
texto: a contribuição do positivismo no Direito; “Isso porque a ideia de positivar o
direito, e assim se criar um juspositivismo, surgiu com a intenção primária de
distingui-lo, e mesmo de separá-lo, do direito natural” (BOWERK). Desse modo, a
especificação entre esses termos mostra uma preocupação do autor em tornar a
leitura acessível a quem é leigo a eles, o que compõe uma boa e sucinta
apresentação. 

1*
Possui graduação em Direito e estudos pós-graduados em Direito Público. Mestre em Direitos
Difusos e Coletivos pela Universidade Metropolitana de Santos e Doutorado em Direito Privado (com
distinção magna cum laude) pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Professor Adjunto
da Fundação Universidade Federal do Tocantins. Professor Permanente do Programa de Mestrado
Profissional em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos da UFT/ESMAT. Tenho experiência na
área de Direito, com ênfase em Hermenêutica Jurídica, Direito Civil, Direito Constitucional e Direitos
Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: métodos hermenêuticos de interpretação do
Direito, Hermenêutica e princípios constitucionais, Direitos Humanos e Direitos Fundamentais. Líder
do Grupo de Pesquisa Hermenêutica Jurídica registrado no CNPQ. Advogado; Informações coletadas
do Lattes.
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DESENVOLVIMENTO

Partindo de uma ordem cronológica, o autor então começa a expor o Direito pelos
períodos históricos e a trajetória até a corrente positivista. Sendo, respectivamente,
as seguintes associações: o Direito Romano e a tradição comunitária, o período
medieval voltado para a interpretação de textos e a Época Moderna trazendo o
jusracionalismo e o pensamento iluminista formando o juspositivismo. 
Assim, a emergência do positivismo no âmbito jurídico culminou na composição de
Escolas como a da Exegese, no século XIX, que conceituou a interpretação literal e
mecânica da lei - aplicando a subsunção do fato social a ela

“A idolatria ao Código de Napoleão punha ao intérprete um limite claro: o
exegeta devia entender os textos e nada mais e nesse trabalho tinha de
descobrir a intenção (vontade) do legislador. (...) A legislação teria assim,
uma concepção mecânica, como um processo lógico-dedutivo de
subsunção do fato concreto à determinação abstrata da lei.” (NUNES)  

Já a Histórica Alemã, reacionária e defensora do Direito como produto cultural, além


de valorizar a atuação deste de forma não estatal e não legislativa. Esta ainda
possui uma segunda corrente intitulada “Pandectista” ou “Jurisprudência dos
Conceitos”, que agrega o conceito de ordenamento jurídico (através da teoria da
subsunção).  
Percebe-se que o surgimento dessa corrente tem uma característica dialética até
mesmo quando há uma maior consolidação dela, “é de se notar que a corrente
positivista teve que enfrentar a quebra de modelos preexistentes à época”, por isso o
surgimento de escolas com concepções diferentes sobre a mesma ideologia. 
Já a corrente pós-positivista surge com a problemática do juspositivismo na prática.

“(...)consiste no fato de se tentar atingir uma pretensão de neutralidade, que


em verdade se torna algo impossível e que termina por estacionar no plano
ideológico” (BOLWERK). 

O pós-positivismo define que o Direito não deve ser guiado pelo determinismo, “os
elementos da formação do Direito devem estabelecer comunicação com os
elementos da realidade” (MULLER,2013,p.119), no decorrer das comparações do
autor, o posicionamento dele é acentuado mas sem negar a ideologia que antecede
essa corrente, pois não exclui a importância da norma como imperativo no Estado.
Contudo, ela levanta as problemáticas do positivismo jurídico ao aproximar a tese
desta com a prática.

CONCLUSÃO

Mesmo com a sua inclinação, o texto é balanceado com críticas ao pós-positivismo


ao questionar o modo como fica a segurança jurídica que a norma traz consigo
quando não há um filtro entre a realidade e a elaboração dela. Entretanto, o escritor
enumera com prudência o que deve compor esse filtro – os requisitos a serem
observados e aplicados – como o fundamento do bem da vida violado, repercussão
jurídica, impacto e incidência social.

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Reafirma-se essa prudência no final do texto, quando o próprio autor esclarece sua
obra numa metalinguística ressaltando, mais uma vez, que não desmerece o
positivismo e considera a superação deste pelo pós-positivismo falaciosa.
A obra em si não possui complexidade no seu entendimento, a linguagem não se
reduz ao tecnicismo e utiliza de recursos bem aplicados para a explicação de seu
conteúdo. Porém, quem não se insere no público-alvo do Direito só teria
complicações por contas de termos que são voltados a esse nicho, além disto as
considerações são sucintas e articuladas com boas explicações e embasamentos
mostrando domínio do conteúdo com didáticas formuladas.

REFERÊNCIAS

MULLER, Friedrich. Quem é o povo? A Questão Fundamental da Democracia.


7.ed.rev.at.amp. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 126p
NUNES, Rizzato. Manual de Introdução ao Estudo do Direito. São Paulo: Saraiva,
1996; 4. Edição revisada ampliada de 2002.
BOWERK, Aloísio.

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