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UFBA – Universidade Federal da Bahia

Aluna: Leilane Souza Data: 15/09/2021


Disciplina: DIRA45 – Teoria do Direito I / Turma 04 Professor: Bernardo Montalvão
Fichamento de Citação: Capítulos I e II do livro Introdução ao Estudo do Direito de autoria de
Tercio Sampaio Ferraz Jr.
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 1 – A UNIVERSALIDADE DO FENÔMENO JURÍDICO
“O direito [...] protege-nos do poder arbitrário, [...] dá a todos oportunidades iguais e,
ao mesmo tempo, ampara os desfavorecidos. Por outro lado, é também um
instrumento manipulável que frustra as aspirações dos menos privilegiados [...] é
acessível apenas a uns poucos especialistas.” (p. 31 e 32)

“[...] os gregos colocavam essa balança [...] sem o fiel no meio, na mão esquerda da
deusa Diké [...] em cuja mão direita estava uma espada e que, estando em pé e tendo os
olhos bem abertos, dizia [...] existir o justo quando os pratos estavam em equilíbrio
[...]” (p. 32)

“Já o símbolo romano [...] correspondia [...] a deusa Iustitia, a qual distribuía a justiça
por meio da balança (com os dois pratos e o fiel bem no meio) que ela segurava com as
duas mãos. Ela ficava de pé e tinha os olhos vendados e dizia (declarava) o direito (jus)
quando o fiel estava completamente vertical [...]” (p. 32 e 33)

“[...] deusa grega, estando de olhos abertos, aponta para uma concepção mais abstrata,
especulativa e generalizadora que precedia, em importância, o saber prático. Já os
romanos, com a Iustitia de olhos vendados, mostram que sua concepção do direito era
antes referida a um saber agir, uma prudência, um equilíbrio entre a abstração e o
concreto.” (p. 33)

“[...] fornecer a essência do fenômeno confere segurança ao estudo e a ação.” (p. 34)

“[...] língua e um instrumento que designa a realidade, donde a possibilidade de os


conceitos linguísticos refletirem uma presumida essência das coisas. Nesse sentido, as
palavras são veículos desses conceitos.” (p. 34 e 35)

“Os autores jurídicos, em sua maioria, têm uma visão conservadora da teoria da língua,
sustentando [...] a ideia de que a definição de um termo deve refletir, por palavras, a coisa
referida.” (p. 35)

FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,


Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
UFBA – Universidade Federal da Bahia
Aluna: Leilane Souza Data: 15/09/2021
Disciplina: DIRA45 – Teoria do Direito I / Turma 04 Professor: Bernardo Montalvão
Fichamento de Citação: Capítulos I e II do livro Introdução ao Estudo do Direito de autoria de
Tercio Sampaio Ferraz Jr.
Capítulo 1 – A UNIVERSALIDADE DO FENÔMENO JURÍDICO
“[...] definir um conceito não é a mesma coisa que descrever uma realidade, pois a
descrição da realidade depende de como definimos o conceito e não o contrário.” (p. 36)

“[...] é conotativamente ambíguo, porque, no uso comum, e impossível enunciar uniforme-


mente as propriedades que devem estar presentes em todos os casos em que a palavra se
usa. Por exemplo, se definirmos direito como um conjunto de normas, isto não cabe para
direito coma ciência.” (p. 38)

“[...] enquanto para as demais ciências o objeto de estudo é um dado que o cientista
pressupõe como uma unidade, o objeto de estudo do jurista é [...] um resultado que só
existe e se realiza numa prática interpretativa. Assim, a teoria jurídica da posse evolui e
transforma-se à medida que atua [...] sobre a própria posse, no convívio social.” (p. 39)

“[...] quando o jurista define a posse [...] Ele não informa apenas sobre como se entende a
posse, mas também como ela deve ser entendida.” (p. 39)

“No caso do físico, a definição é superada porque se tornou falsa. No caso do jurista,
porque deixou de ser atuante. [...] a ciência jurídica não apenas informa, mas também
conforma o fenômeno que estuda, faz parte dele.” (p. 40)

“Um, ao partir de uma solução já dada e pressuposta, está preocupado com um problema de
ação, de como agir. Outro, ao partir de uma interrogação, está preocupado com um
problema especulativo, de questionamento global e progressivamente infinito das
premissas” (p. 40).

“Se o aspecto pergunta é acentuado, os conceitos básicos [...] conservam seu caráter
hipotético e problemático, não perdem sua qualidade de tentativa, permanecendo abertos a
crítica. [...] No segundo aspecto [...] determinados elementos são, de antemão, subtraídos a
dúvida, predominando o lado resposta. [...] mantidos como soluções não atacáveis [...]
assumidos como insubstituíveis, como postos de modo absoluto. [...] mesmo quando postas
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Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 1 – A UNIVERSALIDADE DO FENÔMENO JURÍDICO
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em dúvida em relação aos problemas, não põem em perigo as premissas de que partem; ao
contrário, devem ser ajeitadas a elas de maneira aceitável. (p. 40 e 41)

“Zetética vem de zetein, que significa perquirir, dogmática vem de dokein, que significa
ensinar, doutrinar.” (p. 41)

“[...] o enfoque zetético visa saber o que é uma coisa. Já o enfoque dogmático preocupa-se
em possibilitar uma decisão e orientar a ação.” (p. 41)

“[...] a zetética parte de evidências, a dogmática parte de dogmas. [...] uma premissa é
evidente quando está relacionada a uma verdade; e dogmática, quando relacionada a uma
dúvida que, não podendo ser substituída por uma evidência, exige uma decisão.” (p. 43)

‘[...] o fenômeno jurídico, com toda a sua complexidade, admite tanto o enfoque zetético,
quanta o enfoque dogmático, em sua investigação.” (p. 43)

“Zetéticas são, por exemplo, as investigações que têm como objeto o direito no âmbito da
Sociologia, da Antropologia, da Psicologia, da Hist6ria, da Filosofia, da Ciência Política
etc. [...] Existem, ademais, investigações que se valem de métodos, técnicas e resultados
daquelas disciplinas gerais, compondo, com investigações dogmáticas, outros âmbitos,
como é o caso da Criminologia, da Penalogia, da Teoria da Legislação etc.” (p. 44)
“[...] a investigação [...] dá-se no plano da experiência, sendo, pois, uma investigação
zetética empírica. [...] uma investigação de seus pressupostos lógicos, endereçando-nos para
uma pesquisa no plano da lógica das prescrições, indagando do caráter de norma [...] então
estaremos realizando uma investigação zetética analítica.” (p. 45)
“[...] estamos tratando de zetética aplicada, pois os resultados da investigação podem ser
aplicados no aperfeiçoamento de técnicas de solução de conflitos. Se, porém, a investigação
tem uma motivação desligada de qualquer aplicação [...] terá o sentido de uma zetética
pura.” (p. 45)
“zetética analítica pura: [...] ocupa-se com os pressupostos últimos e condicionantes bem
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Capítulo 1 – A UNIVERSALIDADE DO FENÔMENO JURÍDICO
como com a crítica dos fundamentos formais e materiais do fenômeno jurídico e de seu
conhecimento;” (p. 46)
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“zetética analítica aplicada: [...] ocupa-se com a instrumentalidade dos pressupostos últimos
e condicionantes do fenômeno jurídico e seu conhecimento, quer nos aspectos formais, quer
nos materiais;” (p, 46)
“zetética empírica pura: [...] ocupa-se do direito enquanto regularidades de comportamento
efetivo, enquanto atitudes e expectativas generalizadas que permitam explicar os diferentes
46)
“zetética empírica aplicada: [...] ocupa-se do direito como um instrumento que atua
socialmente dentro de certas condições sociais.” (p. 46)
“Ao contrário das disciplinas zetéticas, cujas questões são infinitas, as dogmáticas tratam de
questões finitas. Por isso podemos dizer que elas são regidas pelo que chamaremos de
princípio da proibição da negação, isto é, princípio da não-negação dos pontos de partida de
séries argumentativas [...]” (p.48)
“[...] havendo quem faça do estudo do direito um conhecimento demasiado restritivo,
legalista, cego para a realidade, formalmente infenso à própria existência do fenômeno
jurídico como um fenômeno social [...] que se deduz do uso comum da expressão
dogmático, no sentido de intransigente, formalista, obstinado, que só vê o que as normas
prescrevem.” (p. 48)
“[...] o objeto do conhecimento jurídico-dogmático é essa dupla abstração [...] (regras sobre
as regras de interpretação das normas).” (p. 49)
“[...] com a imposição de dogmas e regras de interpretação, a sociedade espera uma
vinculação dos comportamentos, o trabalho do teórico cria condições de distanciamento
daquelas vinculações. [...] a dogmática jurídica não se exaure na afirmação do dogma
estabelecido, mas interpreta sua própria vinculação [...] (p. 49)
“[...] novas normas, postas diante da incerteza anterior, envolvem outras incertezas ainda
maiores que rompem com o sentido restritivo do dogma que deverá, então, prever também
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Capítulo 1 – A UNIVERSALIDADE DO FENÔMENO JURÍDICO
o que não previu, dizer também o que não disse, regular também o que não regulou.” (p.
50)
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“[...] estão referidas às incertezas construídas pela técnica dogmática, que as torna
controláveis: não é qualquer interpretação que vale, mas apenas aquelas que resultam de
uma argumentação conforme aos padrões dogmáticos.” (p.50)
“Uma introdução ao estudo do direito é uma análise zetética de como a dogmática jurídica
conhece, interpreta e aplica o direito, mostrando-lhe as limitações.” (p. 51)
Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
“No horizonte do direito arcaico, só há lugar para uma única, ordem: a existente [...]
querida pela divindade e, por isso, sagrada. O direito é a ordem querida (e não criada) por
um deus. [...] obriga tanto o homem como a divindade, que o defende, o impõe, mas não o
produz nem o modifica (a ideia de um Deus criador surge na tradição judaica e passa,
depois, à tradição cristã)” (p. 53)
“Com o desenvolvimento das sociedades, quer por seu aumento quantitativo, quer pelo
aumento da complexidade das interações humanas possíveis, o princípio do parentesco [...]
é, pouco a pouco, diferenciado e substituído como base da organização social.” (p.53)
“O primado do centro político é um dado importante, sobretudo para o direito como poder
de estabelecimento do equilíbrio social. [...] direito, como ordem, passa a ligar-se aos
homens enquanto tais: o homem enquanto ser livre [...]” (p. 54)
“O tratamento dado ao comportamento desviante encaminha-se agora para procedimentos
decisórios regulados, surgindo as formas de jurisdição [...] o direito abarca o lícito e o
ilícito, pois este é também um comportamento jurídico, só que proibido.” (p. 54)
“Uma compreensão do que é o direito-objeto não pode ser alcançada sem que se mostre
como uma cultura teorizou o próprio direito.” (p. 54)
“Na Antiguidade Clássica, o direito (jus) era um fenômeno de ordem sagrada. [...] era o
exercício de uma atividade ética, a prudência, virtude moral do equilíbrio e da ponderação
nos atos de julgar. Nesse quadro, a prudência ganhou uma relevância especial, recebendo a
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Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
qualificação particular de Jurisprudentia.” (p. 55)
“O edito do pretor [...] consistia em esquemas de ação para determinados fatos-tipos e em
fórmulas para a condução de processos. [...] não apenas faltavam certas regras (como as de
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preenchimento de contratos) mas também, quando revestiam o aspecto de fórmulas [...]
estas frequentemente eram apenas molduras que deveriam, então, ser preenchidas para uma
aplicação prática.” (p. 56)
“Os responsa são [...] o início de uma teoria jurídica entre os romanos. A princípio, eles
argumentam pouco [...] limitando-se a apoiar suas decisões pelo fato de serem afirmados
por personalidades de reconhecido mérito na sociedade romana.” (p. 56)
“Fronesis, uma espécie de sabedoria e capacidade de julgar, na verdade consistia numa
virtude desenvolvida pelo homem prudente, capaz, então, de sopesar soluções, apreciar
situações e tomar decisões.” (p. 57)
“[...] a dialética, arte das contradições, tinha por utilidade o exercício escolar da palavra,
oferecendo um método eficiente de argumentação. Ela ensinava-nos a discutir [...] (p. 57)
“[...] os textos dos responsa mostram, exatamente, discussões de opiniões e busca de
soluções semelhantes à argumentação dialética.” (p. 58)
“[...] seu empenho não é tomar casos já decididos em toda sua extensão, porém abstrair o
caso, descobrir e contrapor as razões favoráveis e desfavoráveis (dialética) e ampliá-lo de
tal maneira que possamos obter a partir dele uma regra geral que decide o caso e serve para
outros. Esse modo de teorizar característico do pensamento jurisprudencial romano
desenvolveu-se [...] pelo trato com os conflitos e com a necessidade de apresentar
soluções.” (p. 58)
“O pensamento prudencial, desenvolvido por meio dos responsa e sob a proteção de um
domínio politicamente estabilizado, manifestou-se, assim, como um poder de argumentar e
de provar.” (p. 59)
“[...] surge o pensamento prudencial com suas regras, princípios, figuras retóricas, meios de
interpretação, instrumentos de persuasão etc.” (p. 59)
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
“[...] figuras construtivas da dogmática nascente deixam de ser parte imanente da ordem
jurídica para serem mediação entre esta e as decisões concretas [..]” (p. 59)
“[...] o desenvolvimento da prudência permitiu que não se visse o direito como assentado
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concretamente nos próprios eventos, mas em normas tomadas como critério para posterior
julgamento a vista dos fatos.” (p. 60)
“[...] a autoridade, como fundamento legitimante da relação de obediência, é uma
descoberta tipicamente romana [...]” (p. 60)
“[...] prudência grega [...] era uma promessa de orientação para a ação no sentido de
descobrir o certo e o justo, a jurisprudência romana era, antes, uma confirmação, ou seja,
um fundamento do certo e do justo.” (p. 61)
“[...] graças à tríade religião/autoridade/tradição, a jurisprudência efetivamente deu ao
direito uma generalização que a filosofia prática dos gregos não conseguira.” (p. 61)
Cristianismo permitiu uma distinção decisiva e fundamental entre a esfera da política e a da
religião. [...] para a Idade Média o homem passa a ser visto como um animal social.” (p. 61)
“[...] para os romanos o direito era um saber das coisas divinas e humanas, para a Idade
Média os saberes eram distintos, ainda que guardassem uma relação de subordinação.” (p.
62)
“A teoria jurídica tornou-se, então, uma disciplina universitária, na qual o ensino era
dominado por livros que gozavam de autoridade. Estes eram, além do Corpus Juris Civilis
de Justiniano, o Decretum de Graciano, de 1140, além das fontes eclesiásticas que
formavam os cânones. Por fim, as coleções de decretos papais.” (p.63)
“[...] em vez de se utilizar basicamente dos recursos prudenciais - como a equidade e a
apreciação dos interesses em jogo - o jurista ia mais além, procurando princípios e regras
capazes de reconstituir harmonicamente o corpus. Nesse sentido, a prudência se fez
dogmática.” (p. 63)
“[...] assumindo-se como instituição política, a Igreja adota a distinção romana entre
auctoritas e potestas, reclamando para si a primeira e deixando a segunda, que não estava
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
mais “nas mãos do povo”, como dizia Cícero, para os príncipes seculares. Tal separação
[...] deixou [...] o político sem autoridade, só com o poder.” (p.63)
“[...] a teoria do direito medieval, ao conciliar o espírito grego da fronesis, no sentido de
orientar a ação, com o espírito romano da prudência, no sentido de confirmar o certo e o
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justo, instaura pouco a pouco uma teoria que vai servir ao domínio político dos príncipes,
como instrumento de seu poder.” (p.64)
“[...] os juristas auxiliam a construção do Estado Moderno [...] ao darem uma
fundamentação jurídica às pretensões de soberania dos príncipes, a partir do Corpus
Justinianeu, interpretado de forma quase absoluta, eles também fornecem uma técnica de
tratamento de atas e de negociações.” (p. 64)
“A noção de soberania propicia uma forma de conceber o direito a partir de um princípio
centralizador.” (p. 65)
“[...] os objetivos do poder são o bem comum, o bem comum é a obediência às leis que o
poder prescreve.” (p. 65)
“O humanismo renascentista modifica a legitimação do Direito Romano, purificando e
refinando o método da interpretação dos textos e, com isso, abrindo as portas para a entrada
da ciência moderna na teoria jurídica.” (p. 66)
“[...] o desenvolvimento de um pensamento jurídico capaz de certa neutralidade, como
exigem as questões técnicas, conduzindo a uma racionalização e formalização do direito.
Tal formalização é que vai ligar o pensamento jurídico ao chamado pensamento
sistemático.” (p.66)
“Ora, o conceito de sistema é [...] a maior contribuição do chamado jusnaturalismo
moderno ao direito privado europeu. [...] A redução das proposições a relações lógicas é
pressuposto óbvio da formulação de leis naturais, universalmente válidas, a que se agrega o
postulado antropológico que vê no homem não um cidadão da cidade de Deus, ou, como no
século XIX, do mundo histórico, mas um ser natural, um elemento de um mundo concebido
segundo leis naturais.” (p. 67)
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
“A teoria jurídica passa a ser um construído sistemático da razão e, em nome da própria
razão, um instrumento de crítica da realidade.” (p. 68 e 69)
“[...] o jurista da era moderna [...] passa a servir aos seguintes propósitos [...]: a teoria
instaura-se para o estabelecimento da paz, a paz do bem-estar social, a qual consiste não
apenas na manutenção da vida, mas da vida mais agradável possível.” (p. 69)
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Aluna: Leilane Souza Data: 15/09/2021
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“[...] a teoria jurídica consegue transformar o conjunto de regras que compõem o direito em
regras técnicas controláveis na comparação das situações vigentes com as situações
idealmente desejadas.” (p. 69)
“[...] adquire, assim, um novo critério, que é o critério de todas as técnicas: sua
funcionalidade.” (p. 70)
“A reconstrução racional do direito, que passa a ser entendido como um conjunto, um
sistema de enunciados respaldados na razão, adquirindo validade por meio de uma posição
divina [...] põe-se a serviço de um processo de conexão entre dominium e societas, a
unidade do Estado e a sociedade [...]” (p. 70)
“O domínio jusnaturalisticamente legitimado organiza a ameaça da violência e o uso do
poder em favor da sociedade política, ou seja, da fundação revolucionária.” (p. 70)
“[...] o direito reconstruído racionalmente não reproduz a experiência concreta do direito na
sociedade, criando uma distância entre a teoria e a práxis.” (p. 71)
“Na Antiguidade Clássica, o direito (jus) era um fenômeno de ordem sagrada [...]
conhecido mediante um saber de natureza ética, a prudência. Desde a Idade Média, nota-se
que, continuando a ter um caráter sagrado [...] adquire uma dimensão sagrada transcendente
com sua cristianização, o que possibilita o aparecimento de um saber prudencial já com
traços dogmáticos [...] tem origem divina e como tal deve ser recebido, aceito e interpretado
[...] (p. 71 e 72)
“Desde o Renascimento [...] passa a ser visto como uma reconstrução, pela razão, das
regras da convivência. Essa razão, sistemática, é pouco a pouco assimilada ao fenômeno do
estado moderno, aparecendo o direito como um regulador racional, supranacional, capaz de
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Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
operar, apesar das divergências nacionais e religiosas, em todas as circunstâncias. A crise
dessa racionalidade, no entanto, irá conduzir-nos [...] aparecimento de formulações
românticas sobre o direito, visto como fenômeno histórico, sujeito às contingências da
cultura de cada povo. (p. 72)
“A fixação do direito na forma escrita, ao mesmo tempo em que aumenta a segurança e a
precisão de seu entendimento, aguça também a consciência dos limites.” (p. 72)
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“Ora, a substituição do rei pela nação, conceito mais abstrato e, portanto, mais maleável,
permitiria a manutenção do caráter uno, indivisível, inalienável e imprescritível da
soberania (Constituição francesa de 1791) em perfeito acordo com o princípio da divisão
dos poderes [...]” (p. 73)
“[...] a neutralização política do Judiciário significará a canalização da produção do direito
para o endereço legislativo [...]” (p. 73)
“Para a consciência social do século XIX, a mutabilidade do direito passa a ser a usual [...]
Essa verdadeira institucionalização da mutabilidade do direito na cultura de então
corresponderá ao chamado fenômeno da positivação do direito [..] (p. 74)
“[...] direito positivo é não só aquele que é posto por decisão, mas, além disso, aquele cujas
premissas da decisão que o põem também são postas por decisão. A tese de que só existe
um direito, o positivo nos termos expostos, é o fundamento do chamado positivismo
jurídico, corrente dominante, em vários matizes, no século XIX.” (p. 74)
“A crítica dos pensadores iluministas e a necessidade de segurança da sociedade burguesa
passou, então, a exigir a valorização dos preceitos legais no julgamento dos fatos. Daí se
originou um respeito quase mítico pela lei [...]” (p. 74)
“[...] o direito reduzido ao legal fazia crescer a disponibilidade temporal sobre o direito,
cuja validade foi sendo percebida como algo maleável e, ao fim, manipulável [...]” (p. 75)
“[...] direito passa a ser concebido como poiesis, uma atividade que se exterioriza nas coisas
externas ao agente [...] por isso exige [...] um saber-fazer, para que um resultado seja
obtido. Deixa, pois, de ser concebido, como o fora desde a Antiguidade, como uma praxis,
FERRAZ JR., Tercio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito – Técnica, Decisão,
Dominação. São Paulo: Atlas, 1996.
Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
uma atividade que não tinha um adimplemento exterior a ela mesma e ao agente; ela não
visava senão ao bem agir (ético) do próprio agente [...]” (p. 75)
“A afirmação da historicidade do direito (como objeto e como ciência) foi uma resposta à
perplexidade gerada pela positivação.” (p. 76)
“[...] o direito surgia da convicção íntima e comum do povo, mas o modo pelo qual se
formava essa convicção absolutamente não lhe interessava. Assim, conseguiu ele uma
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simbiose entre o direito posto e o direito formado na consciência histórica, fazendo do
legislador seu máximo representante.” (p. 77)
“[...] aquilo que a razão representou para os jusnaturalistas passou a ser substituído pelo
fenômeno histórico.” (p. 78)
“A tarefa do jurista, que se torna então tipicamente dogmática [...] circunscreve-se cada vez
mais à teorização e sistematização da experiência jurídica, em termos de uma unificação
construtiva dos juízos normativos e do esclarecimento de seus fundamentos[...]” (p. 78)
“[...] redução de um caso dado à lei superior na hierarquia. Isso significa que as leis de
maior amplitude genérica contêm, logicamente, as outras na totalidade do sistema.” (p. 79)
“O sistema jurídico é necessariamente manifestação de uma unidade imanente, perfeita e
acabada, que a análise sistemática, realizada pela dogmática, faz mister explicitar.” (p. 79)”
“[...] pelo procedimento construtivo, as regras jurídicas são referidas a um princípio ou a
um pequeno número de princípios e daí deduzidas. Pelo dogma da subsunção [...] o
raciocínio jurídico se caracterizaria pelo estabelecimento tanto de uma premissa maior, a
qual conteria a diretiva legal genérica, quanto da premissa menor, que expressaria o caso
concreto, sendo a conclusão a manifestação do juízo concreto ou decisão.” (p. 80)
“[...] o desenvolvimento da dogmática no século XIX [...] passa a atribuir a seus conceitos
um caráter abstrato que lhe permite uma emancipação das necessidades cotidianas dos
interesses em jogo. Com isso tornou-se possível uma neutralização dos interesses concretos
“[...] (normas, conceitos e regras) passa a ser o material da ciência dogmática, que se
transforma numa elaboração de um material abstrato, num grau de abstração ainda maior, o
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Capítulo 2 - O DIREITO COMO OBJETO DE CONHECIMENTO: PERFIL HISTÓRICO
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que lhe dá, de um lado, certa independência e liberdade na manipulação do direito,
permitindo-lhe grande mobilidade [...]” (p. 80)
“[...] risco de um distanciamento progressivo da realidade, pois a ciência dogmática, sendo
abstração de abstração, vai preocupar-se de modo cada vez mais preponderante com a
função de suas próprias classificações, com a natureza jurídica de seus próprios conceitos
etc.” (p. 81)
“A ciência dogmática do direito constrói-se, assim, como um processo de subsunção
dominada por um esquematismo binário, que reduz os objetos jurídicos a duas
possibilidades: ou se trata disso ou se trata daquilo, construindo-se enormes redes paralelas
de seções.” (p. 81)
“[...]a ciência dogmática do direito [...] prevalecentemente liberal [...] encarando, por
consequência, o direito como regras dadas (pelo Estado, protetor e repressor), tende a
assumir o papel de conservadora daquelas regras, que, então, são por ela sistematizadas e
interpretadas. Essa postura teórica é denominada por Norberto Bobbio de teoria estrutural
do direito.” (p. 82)
“[...] a ciência dogmática do direito costuma encarar seu objeto, o direito posto e dado
previamente, como um conjunto compacto de normas, instituições e decisões que lhe
compete sistematizar, interpretar e direcionar, tendo em vista uma tarefa prática de solução
de possíveis conflitos que ocorram socialmente.” (p. 82)

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