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Capitulo I Aula: 3 e 4 Bibliografia e material de

apoio
Noções Fundamentais. Disposições Genéricas
SOUSA. Marcelo Rebelo
Introdução ao estudo do
Direito-LEX

Conceito de Direito
Direito é um conjunto de normas jurídicas que regula o comportamento humano numa determinada
sociedade e numa determinada época Direito regula alguns comportamentos, não todos

Direito está sempre referido a uma dada sociedade não há Direito sem sociedade ( ubi homo ibi
societas)

O objectivo do Direito

O Direito tem fim último na implantação de uma certa ordem, tendendo a uma certa organização
social isto é o Direito tem como fim ultimo o estabelecimento da paz jurídica.

Normas

podem resultar da repetitividade de certos comportamentos (consuetudinárias ) ou decorrer do


exercício do poder (legais ) Tanto na linguagem jurídica como na linguagem corrente se usa o
conceito de Direito em vários sentidos , umas vezes reveste um sentido subjectivo sinónimo de
poder ou faculdade (tenho o direito de receber o livro que comprei )

outras vezes tem um sentido objectivo sinónimo de regra ou de um conjunto de regras (quando se
diz que determinada conduta é punida pelo Direito penal )

Direito positivo
estamos em Direito positivo nos dois sentidos, objectivo e subjectivo, que é o Direito posto em
vigor

Estamos no dominio da legalidade !!

Direito suprapositivo

por exemplo quando se protesta contra certas regras e se diz “não há direito “ Neste

caso estamos a fazer referência a um sistema de valores que as normas do

Direito positivo deveriam, segundo a nossa concepção do mundo , respeitar e consagrar.

Estamos no domínio da legitimidade

Acção ilegal quando ela contraria a legalidade vigente

Acção arbitrária

quando os órgãos do poder, fazem tábua rasa da legalidade e do poder discricionário que lhes foi
concedido

sistema normativo

que a norma seja positiva ou suprapositiva, ética ou jurídica, é sempre a norma que

nos aparece como base e centro de referência, daí que o Direito é um sistema de normas ou
normativo

Logo podemos afirmar que Direito é um conjunto de normas jurídicas reguladoras de certos
comportamentos humanos numa determinada sociedade num determinado momento histórico

Ora, Sistema normativo é o mesmo que dizer ordem normativa que equivale em dizer norma, o
que seria uma ordem normativa e quantas ordens ou tipo de ordens existem?

Na verdade temos muitas ordens normativas que passamos a citar.


• Normas costumeiras ou consuetudinárias, também chamadas ordem normativa costumeira,
ou ainda, direito consuetudinário.

• Normas morais, também chamadas ordem normativa moral;

• Normas religiosas, também chamadas ordem normativa religiosa;

• Normas de trato social, também chamadas ordem normativa de trato social;

Mas a ordem que nos interessa são as normas jurídicas, que formam a ordem normativa jurídica.

Diz-se ordens normativas ao, sistemas de regras sociais que constituem a componente deôntica
ou normativa da ordem social, intervindo todas elas na regulação das relações sociais, do que se
infere que as relações sociais são, por conseguinte, reguladas por uma pluralidade de sistemas de
normas, nomeadamente, ordens normativas costumeira, moral, natural, religiosa, de trato social e
jurídica. Nasce desta coexistência de sistemas normativos o conceito de pluralismo jurídico

As características da ordem jurídica são, assim, as seguintes :

• A necessidade;

• A normatividade;

• A alteridade;

• A vinculatividade ou imperatividade;

• A coercibilidade;

• A exterioridade;

• A estatalidade ou estadualidade;

• A heteromania.

Dizer que a ordem jurídica é uma ordem necessária significa que a ordem jurídica existe por
exigência da sociabilidade humana, pois, não pode o homem viver sem regras, sem ordem, sem
disciplina. As regras ou normas são, pois, necessárias, no sentido de que são imprescindíveis na
vida social do homem.
Dizer que a ordem jurídica é normativa significa que a ordem jurídica, enquanto ordem ética, é um
sistema de regras, é constituída por normas e tem conteúdo normativo.

O conceito de alteridade, que é uma característia da ordem jurídica, traduz a ideia de que o Direito
não tem relevância para cada indivíduo tomado de per sí, não tem sentido para o homem isolado.
Ele disciplina a conduta do homem que interage, que comunica, que produz e consome em
sociedade, que convive. A dimensão social do homem é o fundamento último da existência da
ordem jurídica.

A vinculatividade ou imperatividade, significa que a ordem jurídica transcende o domínio do ser


para o do dever ser. Ela não se limita a descrever comportamentos ou a valorá-los, positiva ou
negativamente, ela orienta o homem para uma certa conduta. E porque vincula os seus destinatários
a uma certa conduta, a ordem jurídica é uma ordem ética, e como tal, impõe o dever ser.

A sua aplicação é incondicional e categórica, os seus destinatários não têm a liberdade de escolher
entre observá-la ou não observá-la, o que comprova a ideia de que a ordem jurídica é dotada de
imperatividade. Mas será isso verdade? Não há uniformidade de entendimento.

A coercibilidade também caracteriza a ordem jurídica. A coercibilidade não é coacção nem se


confunde com ela, pois, aquela é a susceptibilidade de aplicação do Direito pela força, é a
possibilidade de aplicação de uma sanção a quem violar uma ou mais regras jurídicas. Ela implica
o uso da força, ou para impedir a violação de um direito, ou para reprimir uma violação em curso
ou já consumada.

Há quem defenda que a coercibilidade não caracteriza cada regra jurídica tomada de per se, porque
há regras jurídicas sem ela, como é o caso de grande parte das leis de família.

A coercibilidade não se confunde com uma sanção, aquela é tão só a susceptibilidade de aplicação
desta. E quando é que ela é uma susceptibilidade de aplicação coerciva das regras: nos meios de
tutela preventiva que visam evitar a violação dessas regras.

Uma outra dimensão característica da ordem normativa jurídica é a exterioridade, que significa
que a ordem jurídica disciplina comportamentos que se manifestam exteriormente, através de
actos, embora não ignore totalmente a intenção. As ideias de alguém que não chegam a ser
traduzidas em actos não podem ser punidas pelo Direito porque não preenchem o requisito da
exterioridade.

É também característica da ordem jurídica a estatalidade ou estadualidade, uma característica que


não é também de consenso.

O pluralismo jurídico nega a existência do monopólio do Estado na produção do Direito. Ele


entende que para além das ordens jurídicas estaduais, que são sistemas normativos dos Estados,
existem também ordens jurídicas supra-estaduais, como é o caso do Direito Canónico e o do
Direito Internacional Público.

Nós somos pela ideia de que a ordem jurídica é estadual, constituindo o Direito Canónico e o do
Direito Internacional Público excepções à regra, sabido que não há regra sem excepção e a
excepção confirma a regra.

Como outra característica da ordem jurídica temos a heteronomia, a qual contrapõe-se à autonomia
da Moral. Dizer que a moral é autónoma é dizer que a sua definição passa pelo crivo da consciência
do sujeito. O Direito ou ordem jurídica, pelo contrário, é heterónomo, e, a sua origem é exterior à
consciência do destinatário, ele decorre da sociabilidade, que é algo objectivo ou seja segundo o
kant heteromania é a sujeição do individuo à vontade de terceiros ou uma colectividade se opondo
deste modo ao conceito de autonomia onde o ente possui arbítrio e pode expressar a sua vontade
livremente.

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