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Perspetivas
. Perspetiva Estática e Perspetiva Dinâmica
. perspetiva dinâmica: o direito é tido como um conjunto de consequências jurídicas;
- facto jurídico: o facto que é relevante a nível jurídico (o que desencadeia uma
consequência jurídica) -> o direito é o seu criador (torna um brute fact num institucional fact).
. ato jurídico: voluntário e humano;
. facto jurídico stricto sensu: não humano e não voluntário;
- regra jurídica: é o significado da fonte jurídica - permite determinar a relevância jurídica
dos factos, ou seja, impulsiona o processo de formação de um facto bruto num facto institucional;
- consequência ou efeito jurídico: é o resultado da aplicação da regra a um facto jurídico;
. perspetiva estática: o direito é tido como um conjunto de regras;
- o direito é tomado em si mesmo, sem que se tenha em conta as consequências que
resultam da aplicação das regras jurídicas;
- as regras são estudadas, sem que se tenha em conta o âmbito da sua aplicação;
. estudo da disciplina: o direito em si mesmo, ou seja, a perspectiva estática;
. Perspetiva Objetiva e Perspetiva Subjetiva
. direito objetivo: várias vertentes - perspetiva a adotar;
- de ordenamento/sistema jurídico: varia de país para país;
- lei/fonte de direito: diz respeito à produção do direito;
- a regra jurídica: afirma uma regra em particular;
. instituto: conjunto de regras pertencentes à mesma realidade;
. direito subjetivo: refere-se ao sujeito e permite-lhe uma determinada forma de atuar; permite ao
sujeito deter a sua liberdade -> relaciona-se com a aplicação das regras e das consequências;
Disciplinas Jurídicas
. História do Direito: a evolução do Direito, vendo o direito como uma realidade cultural;
. Sociologia do Direito: procura entender a eficácia do direito e a relação entre o meio jurídico e a
sociedade; a relação entre o direito e as pessoas é inquestionável, pelo que o Direito observado e aplicado
é o direito eficaz;
. Filosofia do Direito: estuda as bases, os fundamentos e o fim do direito;
. corrente jusnaturalista: o direito é definido com base em critérios suprapositivos (moral e justiça)
e legitimiza-se através da conformidade entre os mesmos; não há divisão entre o dever ser e o ser - há um
direito natural, o seu valor associa-se ao direito em si;
. corrente positivista: o direito define-se com base em critérios jurídicos - há uma forte divisão
entre o ser e o dever ser; o valor distingue-se do direito em si mesmo;
. a definição de direito: é tudo aquilo que define direito;
. Teoria do Direito: tem o objetivo de construir o sistema do direito, procurando elaborar conceitos e
construir o sistema jurídico;
. forte ligação à prática: o conhecimento da teoria do direito é indispensável à aplicação do
mesmo;
A Ciência do Direito
. Objetivo: orientar a resolução de casos concretos;
. Quid Iuris? - De que forma se resolve o caso? Qual o direito que se aplica?
. Caracterização: é uma ciência social (trata a legislação e a aplicação) e uma ciência de normas (auxilia
na resolução dos factos);
. Ciência do Espírito: Whilhem Dilthey estabeleceu a diferença entre a compreensão e a explicação;
afirma que o Direito não pode ser explicado como a Natureza, mas sim compreendido;
. o Direito integra-se, assim, nas ciências do espírito
. as próprias decisões tomadas não são explicadas, mas sim justificadas;
. Funções
. resolução dos casos e formulação de teorias;
. sistematização - formula teorias e princípios coerentes à formação do sistema jurídico;
. orientação - formula modelos de decisão que evitam a constante discussão;
. crítica - chama à atenção para as lacunas do sistema, por forma às mesmas serem corrigidas;
. Construção
. âmbito da construção: formula proposições (descrevem princípios/regras) e teorias (modelos ou
hipóteses - uma teoria bem formulada resolve todos os casos por ela abrangidos);
. doutrina jurídica: diz respeito ao resultado das teorias e pretende auxiliar o aplicador de direito;
. Geografia
. o direito português inclui-se na família romano-germânica - é o resultado da reelaboração do
direito pela Pandectística alemã; o conhecimento da doutrina alemã é fundamental;
Subsidiariedade do Direito
. Importância do Direito: é necessário, mas que relações orienta?
- o direito respeita a subsidiariedade: não se sobrepõem em questões nas quais não seja
necessária a imposição de regras por orgãos do Estado;
. seguimento espontâneo da regra: não ha necessidade de existir uma regra jurídica;
- espaço livre do Direito: a área privada e a convivência social não precisam da intervenção do
Direito - a intervenção poderia levar à desintegração social;
. o Direito atua, apenas, nas áreas em que a ordem de trato social e a ordem moral não
atuem;
. este espaço livre é consequência da subsidiariedade do Direito: uma área que não é
abrangida pela ordem normativa, não contém regras normativas nem justificações de regras ->
responsabilidade civil em defender o espaço pessoal e o espaço livre do Direito;
- o Direito protege apenas os bens jurídicos - aquilo que é condição da vida e que o legislador tem
interesse em proteger de violações ou ameaças;
Favor Libertatis
. A conduta será sempre obrigatória, proibida ou permitida: a obrigação e proibição são impostas pelo
legislador, e tudo o que nelas não se inclui, é permitido;
. Regras permissivas: existem em abundância no direito privado, devido ao caracter social;
. a liberdade de alguém implica a restrição à liberdade a outrem - a atribuição de Direitos a uns,
representa a restrição desses direitos a outros;
- fundamentais para impor as restrições à liberdade de outrem;
. Aquilo que o Direito não regula nem comanda aplica o favor libertais -> liberdade;
Funções do Direito
Função Constitutiva
. O direito constitui-se a ele próprio: o direito cria as realidades jurídicas, que precisam da existência do
Direito para ser factos institucionais;
- conceitos jurídicos: só existem em função da existência do próprio Direito; validade, dever,
culpa, deligência, só existem em prol do próprio Direito;
- são auto-referenciais: referem-se a si mesmos, ou seja, não há nenhuma outra realidade
que os exemplifique; a realidade que existe é a que eles próprios criam;
. As razões/funções: o direito existe para orientar condutas (constituem razões para agir ou não agir) e
para fundamentar juízos e decisões jurídicas (constituem razões para julgar); -> o que se deve fazer e
como se deve julgar;
Função Política
. Dupla função: combate à anarquia e ao totalitarismo
- combate à anarquia: organiza o poder politico e determina os seus limites; embora a realidade
anárquica parece ideal, há necessidade de um conjunto de regras;
- combate ao totalitarismo: evitar a arbitrariedade das regras, definindo a separação dos poderes
e as competências respeitantes a cada ordem;
Função Social
. Comportamentos entre indivíduos: o que é proibido, obrigatório e permitido, tornando os
comportamentos mais expectáveis;
. Comportamentos entre indivíduos e sociedade: regula a contribuição da sociedade para os indivíduos
(educação) e dos indivíduos para a sociedade (impostos);
Função Pacificadora
. A função do direito é implementar a disciplina e evitar a violência, que é própria das sociedades;
- quanto maior for a confiança no direito, mais a sua capacidade pacificadora;
O Direito e a Moral
Critério de Distinção entre Moral e Direito
- Moral: lida com a interioridade
. a moral trata da intenção da ação - o Direito só intervém depois de realizada uma ação;
- Direito: lida com a exterioridade
. o direito trata da ação em si;
- Direito e Moral - Características
. o Direito tem em conta, também, a intenção da ação - uma vez que, um homicídio por negligência
não terá a mesma sentença que um homicídio intencional;
. para o Direito, nada há de relevante antes da exteriorização da intenção, pelo que a intenção só
por si não tem valor, mas esta não é excluída da equação;
. para a Moral, nada há de relevantes na ação, pelo que o que tem realmente valor é a intenção e a
exteriorização da mesma, numa ação;
- Relações que existem entre Direito e Moral
. os grandes problemas morais constituem, por vezes, grandes problemas jurídicos - há zonas de
Direito em conformidade com a moral e há zonas de não conformidade com a moral;
. as relações podem ser:
. coincidentes: coincidência da moral ao direito, que se converte numa relevância das
normas morais para as normas jurídicas;
- obrigações naturais: por vezes, atribui-se relevância jurídica a normas morais,
sem que estas sejam deveres jurídicos; não há sanção caso haja incumprimento, mas moralmente é correto
cumprir-se;
. não coincidentes: as regras jurídicas podem não coincidir com regras morais, vindo a ser
mesmo contrárias às normais morais;
- Relações que devem existir entre Direito e Moral
. nem tudo o que é Direito é moral, nem tudo é imoral
. principio da necessidade: o Direito só recebe as regras morais que sejam necessárias à
convivência social -> o que passa para o Direito é aquilo que causa danos sociais;
- há uma parte da moral que fica fora do Direito;
- Tese da Separação
. o direito pode considerar a moral irrelevante - não há qualquer posição;
. o direito pode permitir o que é moral e o que é imoral - é o indivíduo quem escolhe o
comportamento -> gera dilemas morais
O Direito e a Justiça
. O Direito está automaticamente associado à justiça - serve a justiça;
- apesar disso, a justiça não é um valor absoluto do direito - o direito salvaguarda outros valores;
- Modalidades da Justiça
. Aristóteles (384-322 a. C.): propôs a diferente entre justiça cumulativa e distributiva;
- cumulativa (entre indivíduos): transações entre indivíduos (dar e receber), seguindo a
proporcionalidade aritmética (atingir-se o maior equilíbrio entre as partes);
- distributiva (entre comunidade e indivíduos): respeitante à distribuição dos bens,
seguindo um critério de igualdade ou desigualdade e o principio da proporcionalidade geométrica
(mais a quem precisa de mais e menos a quem precisa de menos);
- a justiça acaba sempre por causa desigualdade: a igualdade é para aqueles que são
iguais (tratamento igual do que é igual e desigual do que é desigual);
. S Tomás de Aquino: terceiro termo da justiça; a justiça legal
- é a justiça que orienta a realização do bem comum (a contribuição para a sociedade);
. obrigações a ter para se atingir o bem comum (podem coincidir com interesses
próprios ou não - exige ponderação e escolha);
. Justiça Social: é a junção entre a distributiva e a legal -> trata-se de fazer a repartição dos
deveres, direitos e encargos (justiça legal) por todos os membros da sociedade;
- são as relações entre particulares e Estado;
. Justiça Material
- tem por base critérios de adequação e de justificação;
- trata da resolução de casos concretos e não tem em vista, necessariamente, a
igualdade;
Direito e Democracia
. O poder político é fundamental para o Direito - é por eles criado, logo precisa de haver respeito pelos
direitos e deveres -> remete para a democracia
- a democracia legitima o direito - é o poder democrático que permite que o Direito respeite a
comunidade;
. Elementos da democracia: elementos normativos e funcionais;
- normativos: respeito pela liberdade, igualdade, autonomia - imperativos;
- funcionais: processo de decisão, que se baseia na vontade da maioria;
Direito e Estado
. Quem prevalece, Direito ou Estado?
. Há Direito fora do Estado?
- Estado de Direito
. o Estado subordina-se ao Direito: respeita os princípios impostos pela lei;
- há uma ligação forte com a democracia, pois só a democracia consegue aceitar a
prevalência do Direito sobre o poder político;
. supõe uma série de princípios: separação de poderes, atribuição de direitos, garantias
fundamentais, etc.;
- Paradoxo da Soberania
. o Estado subordina-se ao Direito -> o Direito é produzido pelo Estado -> o Estado subordina-se ao
Estado - o Estado está ao mesmo tempo fora e dentro do Direito
. questão: quem limita o poder do Estado, quando este atua fora do ordenamento jurídico?
- a democracia: não há solução jurídica, só a democracia poderá garantir que o Estado
respeite os valores a ela respeitantes;
- Direito Sem Estado
. nem todo o Direito é produzido pelo Estado - há direito que tem a fonte na sociedade, em
entidades supra-estaduais (internacional) e em entidades infra-estaduais (com ou sem base territorial);
. vigência do direito: nem todo o direito vigora no território de um Estado; pode vigorar a nível
internacional, estar limitada a determinadas regiões ou a certos grupos ou pessoas;
Desvalores Jurídicos
. Principais valores negativos: ilicitude e ilegalidade;
. Desvalor das condutas: ilicitude; desconformidade de uma conduta com uma regra jurídica, tendo o
agente acuado de forma voluntária - há responsabilidade civil;
. Desvalor dos atos jurídicos: ilegalidade; contrariedade de um ato jurídico à lei (que viola a lei),
- inexistência: o vicio que afeta o ato é tomado como tão grave que se considera que não existe
(não produz nenhum efeito jurídico);
- invalidade: desconformidade menos grave; comporta a nulidade (não produz efeitos jurídicos) e a
anulabilidade (enquanto não for determinada a anulabilidade, produz efeitos jurídicos);
- ineficácia: quando não é ineficaz (poderá estar por publicar);
Sanções Jurídicas
. É um meio a que o Direito recorre para impor o cumprimento ou evitar o incumprimento de uma regra
jurídica -> representa a reprovação da ordem jurídica
Fins das Sanções
- preventivo: procura-se evitar a prática do mesmo crime;
- repressivo: impor uma pena ao infrator;
- reparador: reconstituir uma situação que havia antes da violação da regra;
-> todas têm uma finalidade preventiva (são negativas, logo pretendem que a violação não se repita);
Regras Sancionatórias
. Uma regra impõe uma conduta e uma outra regra, autónoma, determina a reação contra essa violação
- são regras aplicáveis no caso de violação de uma regra de conduta;
- de uma regra sancionatória é possível aferir o uma regra de conduta;
- destinatário da regra de sancionatória: a quem pode praticar o comportamento e a quem tem
de aplicar a sanção;
- destinatário da regra de conduta: quem pode praticar o comportamento;
Desvalor Jurídico e Sanção
. Distinção entre ambos:
- desvalor jurídico: incide sobre condutas (ilicitude) ou atos jurídicos (ilegalidade);
- sanção: atinge o agente que violou o direito;
- pode haver conjugação - a nulidade poderá favorecer o agente, protegendo-o;
Delimitação das Sanções
- Há dois meios pelos quais o Direito pode orientar condutas: meios punitivos e meios premiais;
. premiais: atribuem recompensa aos que respeitam o direito -> pouco comuns, difíceis de aplicar;
pouco lógico, pois não há punição aos infratores;
. punitivos: imposição de desvantagem ou sofrimento ao infrator -> é mais fácil, prático e é o
mais comum;
Modalidade das Sanções
- Preventivas: prevenir a violação da regra;
- Compulsórias: levar o infrator a adotar o comportamento correto, depois da violação; sanção
pecuniária compensatória (pagamento por cada dia de atraso), direito de retenção (reter um bem em
situação de não cumprimento das partes);
- Reconstitutivas: reconstruir a situação que existiria se o agente não tivesse violado a regra (natural,
reposição do lesado na situação que existiria antes da infração);
- Compensatórias: colocar o lesado numa situação equivalente à que estava anteriormente (compensar
pelo que se perdeu); é fixado em dinheiro;
. existem danos não patrimoniais: sem expressão monetária;
- Punitivas: imposição de uma pena ao infrator da regra;
Atuação da Imperatividade
Imperatividade e Coação
. A imperatividade pode ser acompanhada de coação -> as sanções podem ter expressão física ou não ter
expressão física (por exemplo, uma sanção institucional);
. Lex imperfecta: a imperatividade não é acompanhada de coação -> não é acompanhada de sanção - há
um dever ser que não acompanhado de sanção em caso de violação (por exemplo, obrigações naturais);
. Soft law: a imperatividade é diminuída e não vem acompanhada de coação (sanção);
Coação e Coerção
. Coerção: suscetibilidade de, através do uso da força, aplicar uma sanção - implica um poder capaz;
. Funções da coerção:
. completar a coação - só atua quando o agente viola uma regra;
. a coerção pode ser necessária para aplicar uma sanção - quando há violação;
. a coerção pode ser desnecessária para aplicar uma sanção - há cumprimento voluntário;
. Finalidade da Coerção: aplicar uma sanção (preventiva ou compulsória) quando o agente tiver violado
uma regra jurídica;
Regras da Coerção
. é regulada por regras de conduta e regras de sanção;
. Coerção estadual: nas sociedades modernas, o poder de coerção pertence ao Estado (dispõe do
monopólio)
- problema: as regras de coerção podem ser violadas pelo agente que as deve impor - exige-se o
uso de coerção contra o agente coercivo -> a quem cabe exercer esse poder? o Estado pode exercer
coerção sobre si mesmo?
. Como exercer coerção sobre o orgão que dispõe do monopólio de coerção?
Sistema Muçulmano
. Formação: a fonte é religiosa (grande ligação ao Mundo religioso);
. Características: as fontes religiosas são o Corão, a Suna (tradições) e o Idjma (opinião dos juriscônsules);
Enquadramento
. Funções do Estado: com base na estrutura tripartida, surgem as funções legislativa, executiva e
jurisdicional e, em cada uma delas, é possível a formação de fontes do Direito.
- o poder legislativo pode criar leis e o poder administrativo pode criar regulamentos -> são fontes
do Direito;
- o poderes jurisdicional (Tribunais) aplica as leis na resolução de casos concretos -> não é fonte
de Direito;
Espécies de Fontes
. Intencionais e Não Intencionais
- intencionais: ou voluntárias, têm origem no ato normativo que implica competência legislativa do
orgão para elaborar a lei;
- não intencionais: têm origem num ato não voluntário, como o costume;
. Mediatas e Imediatas
- imediatas: são fontes por si próprias e não necessitam de uma outra fonte que as qualifique;
- mediatas: dependem das fontes imediatas para as qualificar;
. Internas ou Externas
- internas: fontes internas de um ordenamento têm origem nesse ordenamento;
- externas: fontes externas de um ordenamento têm origem noutra ordem jurídica e vigoram nesse
ordenamento (quando um sistema é subordinado);
. Simples e Complexas
- simples: provêm de um único ato normativo;
- complexas: constituídas por um facto originário e um facto posterior; pode ser por novação (a
regra mantém, mas altera-se o facto normativo) ou por interpretação autêntica (a interpretação é realizada
por uma outra forte de hierarquia igual ou superior);
Delimitação Positiva
. O que não é fonte da normatividade portuguesa
. Doutrina: é o trabalho dos juristas e tem como resultado a solução para um problema;
- não é relevante como fonte de Direito, mas é importante para o conhecer;
. Jurisprudência: é o resultado da atividade decisória dos tribais na resolução dos casos concretos;
- em alguns sistemas é fonte de Direito e torna-se base para a resolução de outros casos;
- no Direito português não é fonte de Direito;
- papel importante: papel informador, alargando o conhecimento do Direito; permite a adaptação
da lei à evolução dos tempos (dar um novo significado à lei desatualizada);
- concretização de conceitos indeterminados: conceitos como a justa causa, bom pai de família;
. Jurisprudência Constante: a jurisprudência constante resulta da observância dos modelos de decisão
estabelecidos pelos tribunais e aplicá-los a casos análogos (evitar discrepâncias);
- principio de confiança e igualdade
. Jurisprudência Uniformizada: evita decisões contraditórias sobre o mesmo problema de direito (verifica-
se uma decisão contraditória quando a solução em casos semelhantes é diferentes);
- principios de confiança e igualdade
Hierarquia dinamica
. Analisa a relação entre a fonte que fundamenta a produção de outra fonte e a fonte que é produzida;
- cadeia da subordinação: a fonte produzida deve ser conforme a fonte que permite a sua
produção;
- uma fonte pode autorizar a produção de uma fonte por outra fonte;
. exemplo: uma lei da AR autoriza o Governo, através de um decreto-lei, a aumentar uma
taxa de impostos;
- uma fonte fundamenta a produção de outra fonte;
. exemplo: um decreto-lei do Governo sobre transportes fundamenta que um ministro
possa elaborar uma portaria sobre o respetivo tarifário;
. Resultados da análise
- uma fonte produzida nunca pode ser de hierarquia superior à fonte de produção
- relação hierarquia: Constituição -> Acto Legislativo -> Acto Regulamentar
- uma fonte de produção não pode transmitir à fonte produzida a sua própria hierarquia;
. exemplo: uma portaria que tem como fonte um acto legislativo tem a mesma hierarquia que uma
portaria que tem como fonte um acto regulamentar;
. Fontes Externas: podem ser fontes de direito internacional ou fontes de direito europeu;
- fontes de direito internacional: são recebidas pelo ordenamento jurídico, sem necessidade de
ser incorporado;
- fontes de direito europeu: são recebidas pelo ordenamento jurídico e dispõem de uma posição
de primado (prevalecem a regulamentação europeia);
. Fontes Internas: fala-se em lei, regulamento, actos legislativos, actos regulamentares, costume e normas
corporativas;
- lei vs. regulamento: os atos legislativos (lei) prevalecem sobre atos regulamentares
(regulamento);
- actos legislativos: há leis constitucionais (com a hierarquia superior), leis não constitucionais (as
de valor reforçado prevalecem sobre as ordinárias), leis da Assembleia da República e os decretos
legislativos regionais (subordinam-se ao estatuto da região);
- actos regulamentares: podem ser hierarquizados por vários critérios - os mais solenes
prevalecem; os emitidos por orgãos superiores prevalecem; os emitidos por orgãos com competências
mais vastas prevalecem;
- lei e costume: estão no mesmo nível de hierarquia, o que justifica a possibilidade de cessação do
costume pela lei ou vice versa;
- normas corporativas: estão sujeitas aos atos legislativos em geral;
- fontes mediatas: os acórdãos de inconstitucionalidade e ilegalidade prevalecem sobre a própria
regra; os usos têm uma hierarquia inferior à lei; as fontes privadas são inferiores às fontes legais;
Debilitação da Hierarquia
. Concretização substitutiva: ocorre quando uma fonte aceita ser substituída por outra inferior;
- acontece com princípios programáticos: dispostos na Constituição e especificados em lei
ordinárias;
- acontece quando a fonte remete para outra fonte (nos termos da lei);
. Regime da debilitação
- este regime de concretização é recorrente e concretiza-se em regras constitucionais
debilitadas, uma vez que só podem ser aplicadas em conjunto com a lei ordinária que as completa;
- também se verifica nas fontes ordinárias, que só se concretizam através de outra fonte inferior;
Modificação da Hierarquia
- Conteúdo: tem relevância na modificação da hierarquia dinâmica da fonte;
. exceções: a hierarquia da lei constitucional e da jurisprudência não dependem do seu conteúdo,
logo este não possui capacidade para lhes alterar a hierarquia;
. o costume tem a sua hierarquia definida pelo seu conteúdo;
- Limites da modificação: há limites na modificação da hierarquia;
. uma fonte não pode subir de hierarquia quando o conteúdo não lhe pertença;
. uma fonte não pode descer de hierarquia quando ocorre a deslegalização (possua conteúdo que
não corresponda à sua hierarquia normal, logo inferior);
- Resultados da modificação
. diferenciação: pode levar a concluir que fontes que possuam a mesma hierarquia, possuam
hierarquias diferentes (lei ordinária e lei de valor reforçado), que uma das fontes deve prevalecer atendendo
ao conteúdo (lei revogatória sobre a lei revogada) e que há fontes superiores porque estabelecem limites a
outras (superior pelo seu conteúdo);
. equiparação: o conteúdo das fontes pode levar a uma equiparação da hierarquia, permitindo-se
que uma outra fonte de hierarquia inferior interprete a superior; uma ato legislativo não pode permitir a uma
regulamento a sua interpretação, no entanto um ato legislativo superior pode permitir a interpretação por um
ato legislativo de hierarquia inferior (também vale para atos regulamentares e para a revogação);
Espécies de invalidadas
- Invalidade Originária: uma fonte pode ser inválida devido ao conteúdo ser incompatível com a fonte de
produção e de lhe faltar fonte de produção, logo a validade da fonte, depende sempre de outra fonte;
. exemplo: é inválido (por falta de regra de produção e por inconstitucionalidade) um decreto
legislativo regional legislar sobre a organização da defesa;
Análise do Imperativismo
- Orientação imperativista: todas as regras jurídicas são imperativos, dado que impõe uma obrigação;
. causa uma distorção na interpretação do direito: o direito de propriedade, segundo a orientação
imperativista seria um dever (de os não proprietários não violarem o direito do proprietário) e não o direito
(uso da coisa);
. não nos preocupamos com o que não podemos fazer com um direito, mas sim o poderes que este nos
concede;
. as regras que atribuem poderes para a produção e a revogação do direito e as regras que definem os
desvaleres jurídicos não são regras imperativas;
Critério do Âmbito
- Regras específicas: definem um regime próprio para as situações previstas nas regras gerais, ou seja,
têm um âmbito mais limitado;
. regras especiais: podem delimitar o âmbito de aplicação em função da matéria, das pessoas e do
território;
. especialidade material: regulam uma situação que se insere na regra geral; por exemplo, a regra da
punição do infanticídio é especial perante a regra que pune o homicídio;
. especialidade pessoal: podem ser comuns (aplicam-se à generalidade das pessoas) ou
particulares (aplicam-se a certas categorias de pessoas; exemplo, regra relativa aos estudantes de um
faculdade);
. especialidade territorial: podem ser nacionais (aplicam-se a todo o território, apenas têm origem em
orgãos centrais do Estado), regionais (aplicam-se nas regiões autónomas, têm origem nos orgãos próprios
ou nos orgãos centrais) ou locais (apenas em certas zonas do país, podem ser produzidas pelos orgãos
centrais ou pelas autarquias locais);
- Regras Excepcionais: definem um regime jurídico contrário aquele que consta na lei geral (contrariam o
regime geral);
. fundamentos sisteméticos: decorrem dos princípios jurídicos, ou seja, a regra geral baseiam-se num
regime e a regra excepcional baseia-se num outro princípio;
. fundamentos pragmáticos: correspondem a razões práticas; estabelecem uma mera exceção; é
exemplo o estacionamento em locais de cargas e descargas durante um determinado período do dia;
Regimes Próprios
- Revogação: a lei geral (posterior) não revoga a lei especial (anterior), excepto se essa for a intenção do
legislador (artigo 7º, nº3, CC);
. a lei especial contém um regime que foi definido para circunstâncias especiais não previstas na lei
geral;
. exceção: no caso de vir explicito que na nova lei geral já se incluem em situações da lei especial,
havendo assim revogação;
- Derrogação: a lei especial (posterior) derroga a lei geral (anterior); a lei especial só se aplica em casos
especiais e a lei geral aplica-se em todos os outros;
- Prova: o conteúdo e a existência do direito local devem ser provados pela parte que o invoca (artigo
348º, nº1, CC), sendo uma exceção ao principio de que o tribunal conhece toda a matéria oficiosamente;
. há dificuldades para os tribunais conhecerem todo o direito local;
. restrição: não se aplica a todo o direito local; só aquele que emana de orgãos locais;
- Critério da disponibilidade
. Regras Injuntivas: as regras são injuntivas sempre que não possam ser afastadas pelas partes, ou
seja, são aplicadas mesmo que haja manifestação de vontade contrária;
. Regras supletivas: serão regimes aplicados apenas quando os interessados nada tenham disposto
sobre a matéria ou não tenham disposto sobre toda a matéria - eventualmente poderão regular o negócio
jurídico de forma diferente;
. Critério de Qualificação: classificação de regras como supletivas ou injuntivas
- qualificação do legislador: são injuntivas as que o legislador não permitem que sejam
afastadas; são supletivas ou dispositivas aquelas cuja aplicação seja ressalvada pela falta de disposição
das partes em contrário;
- valoração da norma: são injuntivas as regras essenciais a um certo regime e as que protegem
interesses que a parte não pode afectar;
Critério da Vinculação
- Dizem respeito à vinculação dos resultados
. regras de resultado: definem um resultado que deve ser alcançado ou evitado, não permitindo a
opção;
. regras técnicas: definem o meio a ser utilizado para se atingir um determinado fim, caso o agente o
pretenda obter;
- criam um ónus: uma situação subjectiva que se caracteriza por impor um comportamento a
quem quiser obter um resultado;
Espécies de Regras
- Regras definitórias: explicação de um significado de uma palavra ou de um enunciado;
. duas componentes: o que a palavra/enunciado e o que é a expressão que define a palavra;
. definição: pode ser de dicionário (explica o significado de uma palavra ou expressão numa língua) ou
estipulava (o significado usado num certo contexto).
. função: as regras definitórias contêm definições estipulavas de conceitos, que fixem um conceito
jurídico, logo são insusceptíveis de ser verdadeiras ou falsas;
. importância: determinam em que termos algo vale como regra jurídica; asseguram que o conceito
seja interpretado de acordo com a definição, o que se afigura como fundamental quando a definição é
diferente da linguagem do quotidiano;
- Regras de remissão: equiparam duas situações distintas, sendo que o regime de uma está previsto para
o regime da outra;
. justificação: não se define um regime legal, mas sim remete-se para outro já existente, pelo que tem
de haver analogia entre os dois regimes; não há nenhuma situação de igualdade;
. muitas vezes são acompanhadas por com as necessárias adaptações;
- Regras de presunção: artigo 349 CC; a lei ou o julgador retira de um facto conhecido, um facto
desconhecido;
. estabelece-se uma relação de implicação: um facto conhecido implica outro facto (presumido);
. presunções ilidíveis: quando se pode provar o contrário da presunção;
. presunções inilidíveis: não admitem a prova do contrário (o facto presumido não pode ser posto em
causa);
. importância: permite que aquele que tem a seu favor a presunção (possuir algo), não precisa de
justificar o facto a que ele conduz (ter o direito de propriedade);
- Ficções Legais: são meras ficções que o direito constrói e que não se passou; opera-se através do
como se;
. relação de equiparação: estabelecem uma equiparação entre realidades distintas; as presunções
iniludíveis também se baseiam na relação entre um facto conhecido e um facto presumido (não podem ser
contrariadas);
- Regras de conflitos: destina-se a resolver conflitos no espaço e no tempo, determinando qual a regra
aplicada para regular a situação de conflito;
- Regras auto-referenciais: ocorrem quando se referem a eles próprias, incluem-se na classe das regras
a que elas próprias se referem;
. artigo 6, CC: a ignorância não pode ser justificação do incumprimento da lei, assim como também não
pode ser alegado o desconhecimento do artigo 6º;
. artigo 9º, CC: estabelece o critérios de interpretação da lei, que se aplicam ao próprio do artigo 9º;