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ESTUDO DO DIREITO

Perspetivas
. Perspetiva Estática e Perspetiva Dinâmica
. perspetiva dinâmica: o direito é tido como um conjunto de consequências jurídicas;
- facto jurídico: o facto que é relevante a nível jurídico (o que desencadeia uma
consequência jurídica) -> o direito é o seu criador (torna um brute fact num institucional fact).
. ato jurídico: voluntário e humano;
. facto jurídico stricto sensu: não humano e não voluntário;
- regra jurídica: é o significado da fonte jurídica - permite determinar a relevância jurídica
dos factos, ou seja, impulsiona o processo de formação de um facto bruto num facto institucional;
- consequência ou efeito jurídico: é o resultado da aplicação da regra a um facto jurídico;
. perspetiva estática: o direito é tido como um conjunto de regras;
- o direito é tomado em si mesmo, sem que se tenha em conta as consequências que
resultam da aplicação das regras jurídicas;
- as regras são estudadas, sem que se tenha em conta o âmbito da sua aplicação;
. estudo da disciplina: o direito em si mesmo, ou seja, a perspectiva estática;
. Perspetiva Objetiva e Perspetiva Subjetiva
. direito objetivo: várias vertentes - perspetiva a adotar;
- de ordenamento/sistema jurídico: varia de país para país;
- lei/fonte de direito: diz respeito à produção do direito;
- a regra jurídica: afirma uma regra em particular;
. instituto: conjunto de regras pertencentes à mesma realidade;
. direito subjetivo: refere-se ao sujeito e permite-lhe uma determinada forma de atuar; permite ao
sujeito deter a sua liberdade -> relaciona-se com a aplicação das regras e das consequências;

Disciplinas Jurídicas
. História do Direito: a evolução do Direito, vendo o direito como uma realidade cultural;
. Sociologia do Direito: procura entender a eficácia do direito e a relação entre o meio jurídico e a
sociedade; a relação entre o direito e as pessoas é inquestionável, pelo que o Direito observado e aplicado
é o direito eficaz;
. Filosofia do Direito: estuda as bases, os fundamentos e o fim do direito;
. corrente jusnaturalista: o direito é definido com base em critérios suprapositivos (moral e justiça)
e legitimiza-se através da conformidade entre os mesmos; não há divisão entre o dever ser e o ser - há um
direito natural, o seu valor associa-se ao direito em si;
. corrente positivista: o direito define-se com base em critérios jurídicos - há uma forte divisão
entre o ser e o dever ser; o valor distingue-se do direito em si mesmo;
. a definição de direito: é tudo aquilo que define direito;
. Teoria do Direito: tem o objetivo de construir o sistema do direito, procurando elaborar conceitos e
construir o sistema jurídico;
. forte ligação à prática: o conhecimento da teoria do direito é indispensável à aplicação do
mesmo;

A Ciência do Direito
. Objetivo: orientar a resolução de casos concretos;
. Quid Iuris? - De que forma se resolve o caso? Qual o direito que se aplica?
. Caracterização: é uma ciência social (trata a legislação e a aplicação) e uma ciência de normas (auxilia
na resolução dos factos);
. Ciência do Espírito: Whilhem Dilthey estabeleceu a diferença entre a compreensão e a explicação;
afirma que o Direito não pode ser explicado como a Natureza, mas sim compreendido;
. o Direito integra-se, assim, nas ciências do espírito
. as próprias decisões tomadas não são explicadas, mas sim justificadas;
. Funções
. resolução dos casos e formulação de teorias;
. sistematização - formula teorias e princípios coerentes à formação do sistema jurídico;
. orientação - formula modelos de decisão que evitam a constante discussão;
. crítica - chama à atenção para as lacunas do sistema, por forma às mesmas serem corrigidas;
. Construção
. âmbito da construção: formula proposições (descrevem princípios/regras) e teorias (modelos ou
hipóteses - uma teoria bem formulada resolve todos os casos por ela abrangidos);
. doutrina jurídica: diz respeito ao resultado das teorias e pretende auxiliar o aplicador de direito;
. Geografia
. o direito português inclui-se na família romano-germânica - é o resultado da reelaboração do
direito pela Pandectística alemã; o conhecimento da doutrina alemã é fundamental;

Ciências Auxiliares do Direito


. Direito Comparado: realiza uma comparação entre as várias formas jurídicas do Direito, distinguindo os
vários sistemas jurídicos;
. Política do Direito: tem a função de fazer corresponder o direito à realidade social, aos valores e ao
pensamento jurídico dominante;
. Ciência Económica: atende à realidade social, garantindo a distribuição de bens e serviços, pretendendo
ainda a utilização eficiente dos recursos e a maximização do bem-estar;

DELIMITAÇÃO DA ORDEM JURÍDICA


Ordem Social e Normatividade
Ser e Dever Ser - A Distinção
. ser: é descrito e serve-se de uma linguagem descritiva;
- domínio da razão teórica: orienta o conhecimento, por isso, a função é cognitiva;
- é existente: existe, porque simplesmente é;
- é verdade/falsidade: aquilo que “é” pode ser verdade ou falsidade; enquadra-se no campo da
verdade;
- inclui-se nas questões de facto: enuncia uma realidade, pelo que se pode contestar a sua
verdade/falsidade;
. dever ser: é prescrito (funciona como ordem/pedido/dever) e serve-se de uma linguagem prescritiva;
- domínio da razão prática: orienta a ação, por isso, a função é comunicativa;
- é vigente: vigora, no âmbito da normatividade (das normas - relaciona-se com o direito);
- é valido/inválido: segundo a teoria da correspondência da verdade, o dever ser não pode ser
considerado verdadeiro ou falso, porque não descreve nenhuma realidade, apenas exprime uma obrigação
- a obrigação/ordem poderá ser válida ou inválida;
- discurso indireto: no plano da descrição do dever ser fala-se de verdade/falsidade,
contudo não se poderá afirmar que o conteúdo seja verdade (aí estar-se-ia a entrar no domínio do dever
ser);
- inclui-se nas questões do direito - pode ser contestada a legalidade, mas nunca a veracidade;
- pode ser violado: o dever ser, ao impor-se como uma obrigação/norma a seguir, o sujeito pode
escolher segui-lo, ou poderá optar por violá-lo;

As Consequências da Distinção - Falácia Naturalista


. É impossível deduzir o dever ser do ser;
- KANT: a experiência proporciona conhecimento/verdade; as leis morais, contudo, não poderão ser
extraídas da experiência/natureza por ser altamente reprovável - o que se faz/é feito não traduz o que se
deve fazer;
- POINCARÉ: de premissas indicativas, obtém-se uma conclusão indicativa; logo, para se obter
uma conclusão imperativa, é necessário que uma premissa seja imperativa;
- MOORE: a extração dos valores através das suas propriedades naturais leva à falácia
naturalista;

A Importância do Querer para o Dever Ser


. O dever ser só existe devido às vontade: ele próprio traduz-se no querer; não há, de facto, dever ser sem
querer -> o dever ser e o querer de um povo geram as leis
- apesar de tudo, não basta um querer para que haja um dever ser: a História demonstra que o
querer de uma individualidade, que se refletiu nas opções totalitárias, conduz ao extremo da arbitrariedade
e trás graves consequências sociais;
- o querer que se traduz em dever ser tem, assim, grande compatibilidade com valores compatíveis
com ordens normativas;

Normatividade da Ordem Social


. Generalidades: as condutas sociais são orientadas por hábitos sociais e por regras de dever ser;
- hábitos ou usos: dissociados de qualquer consciência de dever ser;
- regras de dever ser: implicam aquilo que os sujeitos devem ou não fazer;
. Ordens Normativas: pertencem ao domínio do dever ser, porque impõe um comportamento, e importa
saber que podem ser morais, de trato social ou jurídicas;
- ordem moral: orienta no sentido da aplicação do bem e é subjetiva e individual, refletindo o
comportamento para com os outros; é relevante para a ordem jurídica, exigindo o respeito pelos bons
costumes;
- ordem de trato social: trata dos convencionalismos sociais, respeitantes à boa educação, à
cortesia, ao respeito, à simpatia; a sanção tem que ver com a reprovação social; é intersubjetiva;
- ordem jurídica: é intersubjetiva; o Estado intervém, dispõe o seu aparelho e faz com que estas
normas jurídicas sejam aplicadas e respeitadas; as sanções podem ser impostas pela força;
. Modelos de Interação Social
. o comportamento adotado tem que ver com a posição social;
. os indivíduos/relação individual: o comportamento individual influencia o sistema global e este
influencia o sistema global;
. grupos/instituições: os indivíduos interagem uns com os outros e criam grupos ou integram-se
numa instituição;
. os grupos: são criados pelos elementos e deles são dependentes; orientam um objetivo
comum dos constituintes e pressupõem uma integração de todos os membros, para a realização de ações
coletivas - são inter-individuais, pressupondo a integração;
. instituições: são independentes dos membros e desempenham várias funções sociais
(por exemplo, procriação - família); têm regras impostas e conferem um status aos elementos (permite
agir de uma certa forma) -> as normas dos grupos dependem dos elementos, enquanto as normas das
instituições se impõe aos membros - são supra-individuais;
- a função é a socialização e estabilização: atribuem um papel social a cada
membro, assim como asseguram o respeito por valores próprios, que tornam a conduta mais estável e
controlada;
-> Reflete o Institucionalismo: as instituições são pré-jurídicas e é o direito que retira delas as regras a
aplicar em sociedade;

A Ordem Social e a Ordem Jurídica


. O ser humano não foi concebido para ter uma vida isolada - precisa da sociedade, com quem estabelece
as demais relações;
. so há sociedade onde há direito e so há direito onde há sociedade: o direito é imprescindível para
garantir a compatibilização dos interesses e para o bom relacionamento entre os demais -> os interesses
egoístas, sem direito, tenderiam a prevalecer -> o Direito é essencial para garantir a boa vivência;
. Características do Direito
. é uma realidade humana: estabelece regras de conduta humana, logo os destinatários do Direito
são as pessoas, embora nem sempre tenha que ver com a relações com outras pessoas;
. é uma realidade social: a sociabilidade é inerente à pessoa que vive em sociedade, e a
sociedade exige o Direito, por forma a garantir a boa relação entre todos;
. é uma realidade cultural: é constituído através de orgãos competentes e através da própria
sociedade, pelo que poder-se-á traduzir na transmissão de convicções e valores às gerações seguintes;
. Normatividade do Direito
. ordem do dever ser: o direito pertence ao dever ser;
- mussen (must): as leis do ter de ser, que descrevem uma realidade inevitável e as
actualidades;
- sollen (ought): as leis do dever ser, no âmbito jurídico, que têm um valor apesar de não
corresponderem à actualidade e que pretendem a construção de um mundo melhor;
- Realismo Jurídico: correntes jusfilosóficas que procuram conduzir o direito ao ser, comparando a ciência
do Direito a uma ciência natural, em há uma relação de causa (violação da regra) a um efeito (sanção);
. Prevalência do Direito: a única norma que obtém do Estado a coercibilidade - aplicar as sanções pelo
meio da força -> o Direito prevalece sobre as várias ordens

Delimitação de uma Normatividade


. Normatividade e Natureza
- ordem normativa (mais importante) ⌿ lei natural
. lei natural: não pode ser violada; pode estar mal reformulada; são descritivas;
. lei normativa: pode ser cumprida ou violada (depende de um querer); podem ser
modificadas por um orgão competente; são prescritivas;
. Características
- ordem natural
. ordem de necessidade (relação causa-efeito);
. são gerais (não se referem a objetos singulares), universais (valem em todas as condições
de espaço e de tempo), valem mesmo submetidas a questões contrafactuais/irreais e não são violáveis (não
estão submetidas à vontade humana)
- ordem social/normativa
- ordem de liberdade (reflete a liberdade tendo em conta os outros e a liberdade de escolha
entre o cumprimento e a violação da norma - não é indiferente, pois da violação decorrem consequências);
- não se é obrigado a cumprir a norma - tem-se a obrigação de o fazer -> a escolha
pertence ao agente;
. Normatividade e Técnica
- ordem técnica: tem que ver com a obtenção de um resultado através de uma determinada ação ou
omissão (aquilo que é necessário fazer)
. ordem normativa: impõe um dever ser - violação ou cumprimento de uma regra, sendo que a
violação leva necessariamente a uma sanção - ought to (sollen)
. ordem técnica: adequação dos meios aos fins através da contingência e a racionalidade
instrumental - regida por regras descritivas (instruções) e regras tecnológicas (como atingir um
resultado); - must (mussen)
- confluência de ambas: sempre que haja o dever de obter um resultado - obrigação de meios;
. o respeito pelas regras é obrigatório -> o resultado poderá ser obtido ou não; caso as regras não
sejam cumpridas, há responsabilidade civil;

ORDEM JURÍDICA E DIREITO


Posição do Direito
Condicionantes do Direito
. Envolvente: deverá ser aplicado no ambiente social a que pertence, pois responde às exigências do
mesmo -> a complexidade das sociedades exige esta coerência;
. Natureza das Coisas: o Direito tem de estar conforme a Natureza das coisas - aspetos biológicos,
aspetos psicológicos e aspetos culturais (tempo, economia, vontades, etc.)

Subsidiariedade do Direito
. Importância do Direito: é necessário, mas que relações orienta?
- o direito respeita a subsidiariedade: não se sobrepõem em questões nas quais não seja
necessária a imposição de regras por orgãos do Estado;
. seguimento espontâneo da regra: não ha necessidade de existir uma regra jurídica;
- espaço livre do Direito: a área privada e a convivência social não precisam da intervenção do
Direito - a intervenção poderia levar à desintegração social;
. o Direito atua, apenas, nas áreas em que a ordem de trato social e a ordem moral não
atuem;
. este espaço livre é consequência da subsidiariedade do Direito: uma área que não é
abrangida pela ordem normativa, não contém regras normativas nem justificações de regras ->
responsabilidade civil em defender o espaço pessoal e o espaço livre do Direito;
- o Direito protege apenas os bens jurídicos - aquilo que é condição da vida e que o legislador tem
interesse em proteger de violações ou ameaças;

Favor Libertatis
. A conduta será sempre obrigatória, proibida ou permitida: a obrigação e proibição são impostas pelo
legislador, e tudo o que nelas não se inclui, é permitido;
. Regras permissivas: existem em abundância no direito privado, devido ao caracter social;
. a liberdade de alguém implica a restrição à liberdade a outrem - a atribuição de Direitos a uns,
representa a restrição desses direitos a outros;
- fundamentais para impor as restrições à liberdade de outrem;
. Aquilo que o Direito não regula nem comanda aplica o favor libertais -> liberdade;

Funções do Direito
Função Constitutiva
. O direito constitui-se a ele próprio: o direito cria as realidades jurídicas, que precisam da existência do
Direito para ser factos institucionais;
- conceitos jurídicos: só existem em função da existência do próprio Direito; validade, dever,
culpa, deligência, só existem em prol do próprio Direito;
- são auto-referenciais: referem-se a si mesmos, ou seja, não há nenhuma outra realidade
que os exemplifique; a realidade que existe é a que eles próprios criam;
. As razões/funções: o direito existe para orientar condutas (constituem razões para agir ou não agir) e
para fundamentar juízos e decisões jurídicas (constituem razões para julgar); -> o que se deve fazer e
como se deve julgar;

Função Política
. Dupla função: combate à anarquia e ao totalitarismo
- combate à anarquia: organiza o poder politico e determina os seus limites; embora a realidade
anárquica parece ideal, há necessidade de um conjunto de regras;
- combate ao totalitarismo: evitar a arbitrariedade das regras, definindo a separação dos poderes
e as competências respeitantes a cada ordem;

Função Social
. Comportamentos entre indivíduos: o que é proibido, obrigatório e permitido, tornando os
comportamentos mais expectáveis;
. Comportamentos entre indivíduos e sociedade: regula a contribuição da sociedade para os indivíduos
(educação) e dos indivíduos para a sociedade (impostos);

Função Pacificadora
. A função do direito é implementar a disciplina e evitar a violência, que é própria das sociedades;
- quanto maior for a confiança no direito, mais a sua capacidade pacificadora;

O Direito e a Moral
Critério de Distinção entre Moral e Direito
- Moral: lida com a interioridade
. a moral trata da intenção da ação - o Direito só intervém depois de realizada uma ação;
- Direito: lida com a exterioridade
. o direito trata da ação em si;
- Direito e Moral - Características
. o Direito tem em conta, também, a intenção da ação - uma vez que, um homicídio por negligência
não terá a mesma sentença que um homicídio intencional;
. para o Direito, nada há de relevante antes da exteriorização da intenção, pelo que a intenção só
por si não tem valor, mas esta não é excluída da equação;
. para a Moral, nada há de relevantes na ação, pelo que o que tem realmente valor é a intenção e a
exteriorização da mesma, numa ação;
- Relações que existem entre Direito e Moral
. os grandes problemas morais constituem, por vezes, grandes problemas jurídicos - há zonas de
Direito em conformidade com a moral e há zonas de não conformidade com a moral;
. as relações podem ser:
. coincidentes: coincidência da moral ao direito, que se converte numa relevância das
normas morais para as normas jurídicas;
- obrigações naturais: por vezes, atribui-se relevância jurídica a normas morais,
sem que estas sejam deveres jurídicos; não há sanção caso haja incumprimento, mas moralmente é correto
cumprir-se;
. não coincidentes: as regras jurídicas podem não coincidir com regras morais, vindo a ser
mesmo contrárias às normais morais;
- Relações que devem existir entre Direito e Moral
. nem tudo o que é Direito é moral, nem tudo é imoral
. principio da necessidade: o Direito só recebe as regras morais que sejam necessárias à
convivência social -> o que passa para o Direito é aquilo que causa danos sociais;
- há uma parte da moral que fica fora do Direito;
- Tese da Separação
. o direito pode considerar a moral irrelevante - não há qualquer posição;
. o direito pode permitir o que é moral e o que é imoral - é o indivíduo quem escolhe o
comportamento -> gera dilemas morais

O Direito e a Justiça
. O Direito está automaticamente associado à justiça - serve a justiça;
- apesar disso, a justiça não é um valor absoluto do direito - o direito salvaguarda outros valores;
- Modalidades da Justiça
. Aristóteles (384-322 a. C.): propôs a diferente entre justiça cumulativa e distributiva;
- cumulativa (entre indivíduos): transações entre indivíduos (dar e receber), seguindo a
proporcionalidade aritmética (atingir-se o maior equilíbrio entre as partes);
- distributiva (entre comunidade e indivíduos): respeitante à distribuição dos bens,
seguindo um critério de igualdade ou desigualdade e o principio da proporcionalidade geométrica
(mais a quem precisa de mais e menos a quem precisa de menos);
- a justiça acaba sempre por causa desigualdade: a igualdade é para aqueles que são
iguais (tratamento igual do que é igual e desigual do que é desigual);
. S Tomás de Aquino: terceiro termo da justiça; a justiça legal
- é a justiça que orienta a realização do bem comum (a contribuição para a sociedade);
. obrigações a ter para se atingir o bem comum (podem coincidir com interesses
próprios ou não - exige ponderação e escolha);
. Justiça Social: é a junção entre a distributiva e a legal -> trata-se de fazer a repartição dos
deveres, direitos e encargos (justiça legal) por todos os membros da sociedade;
- são as relações entre particulares e Estado;
. Justiça Material
- tem por base critérios de adequação e de justificação;
- trata da resolução de casos concretos e não tem em vista, necessariamente, a
igualdade;

Direito e Democracia
. O poder político é fundamental para o Direito - é por eles criado, logo precisa de haver respeito pelos
direitos e deveres -> remete para a democracia
- a democracia legitima o direito - é o poder democrático que permite que o Direito respeite a
comunidade;
. Elementos da democracia: elementos normativos e funcionais;
- normativos: respeito pela liberdade, igualdade, autonomia - imperativos;
- funcionais: processo de decisão, que se baseia na vontade da maioria;

Direito e Estado
. Quem prevalece, Direito ou Estado?
. Há Direito fora do Estado?
- Estado de Direito
. o Estado subordina-se ao Direito: respeita os princípios impostos pela lei;
- há uma ligação forte com a democracia, pois só a democracia consegue aceitar a
prevalência do Direito sobre o poder político;
. supõe uma série de princípios: separação de poderes, atribuição de direitos, garantias
fundamentais, etc.;
- Paradoxo da Soberania
. o Estado subordina-se ao Direito -> o Direito é produzido pelo Estado -> o Estado subordina-se ao
Estado - o Estado está ao mesmo tempo fora e dentro do Direito
. questão: quem limita o poder do Estado, quando este atua fora do ordenamento jurídico?
- a democracia: não há solução jurídica, só a democracia poderá garantir que o Estado
respeite os valores a ela respeitantes;
- Direito Sem Estado
. nem todo o Direito é produzido pelo Estado - há direito que tem a fonte na sociedade, em
entidades supra-estaduais (internacional) e em entidades infra-estaduais (com ou sem base territorial);
. vigência do direito: nem todo o direito vigora no território de um Estado; pode vigorar a nível
internacional, estar limitada a determinadas regiões ou a certos grupos ou pessoas;

ORDEM JURÍDICA E IMPERATIVIDADE


Imperatividade do Direito
. A ordem jurídica impõe um dever ser e espera que os agentes actuem de acordo com esse dever ser;
- o respeito pela norma pode ser automático ou intencional;
- quando não é respeitado
. o Direito atribui um desvalor ao ato - atinge-o;
. o Direito aplica uma sanção ao autor - atinge o próprio agente;
Coação e Coercibilidade
. A imperatividade leva à cominação de uma sanção - o Direito é uma ordem coactiva -> coação
- aplicação da sanção - impõe-se a força para que haja o cumprimento de uma sanção ->
coercibilidade;
- imperatividade (prescrição de um dever ser) -> coacção (cominação de uma sanção ao agente
infrator) -> coercibilidade (aplicação da sanção ao agente infrator, através da força);

Desvalores Jurídicos
. Principais valores negativos: ilicitude e ilegalidade;
. Desvalor das condutas: ilicitude; desconformidade de uma conduta com uma regra jurídica, tendo o
agente acuado de forma voluntária - há responsabilidade civil;
. Desvalor dos atos jurídicos: ilegalidade; contrariedade de um ato jurídico à lei (que viola a lei),
- inexistência: o vicio que afeta o ato é tomado como tão grave que se considera que não existe
(não produz nenhum efeito jurídico);
- invalidade: desconformidade menos grave; comporta a nulidade (não produz efeitos jurídicos) e a
anulabilidade (enquanto não for determinada a anulabilidade, produz efeitos jurídicos);
- ineficácia: quando não é ineficaz (poderá estar por publicar);

Sanções Jurídicas
. É um meio a que o Direito recorre para impor o cumprimento ou evitar o incumprimento de uma regra
jurídica -> representa a reprovação da ordem jurídica
Fins das Sanções
- preventivo: procura-se evitar a prática do mesmo crime;
- repressivo: impor uma pena ao infrator;
- reparador: reconstituir uma situação que havia antes da violação da regra;
-> todas têm uma finalidade preventiva (são negativas, logo pretendem que a violação não se repita);
Regras Sancionatórias
. Uma regra impõe uma conduta e uma outra regra, autónoma, determina a reação contra essa violação
- são regras aplicáveis no caso de violação de uma regra de conduta;
- de uma regra sancionatória é possível aferir o uma regra de conduta;
- destinatário da regra de sancionatória: a quem pode praticar o comportamento e a quem tem
de aplicar a sanção;
- destinatário da regra de conduta: quem pode praticar o comportamento;
Desvalor Jurídico e Sanção
. Distinção entre ambos:
- desvalor jurídico: incide sobre condutas (ilicitude) ou atos jurídicos (ilegalidade);
- sanção: atinge o agente que violou o direito;
- pode haver conjugação - a nulidade poderá favorecer o agente, protegendo-o;
Delimitação das Sanções
- Há dois meios pelos quais o Direito pode orientar condutas: meios punitivos e meios premiais;
. premiais: atribuem recompensa aos que respeitam o direito -> pouco comuns, difíceis de aplicar;
pouco lógico, pois não há punição aos infratores;
. punitivos: imposição de desvantagem ou sofrimento ao infrator -> é mais fácil, prático e é o
mais comum;
Modalidade das Sanções
- Preventivas: prevenir a violação da regra;
- Compulsórias: levar o infrator a adotar o comportamento correto, depois da violação; sanção
pecuniária compensatória (pagamento por cada dia de atraso), direito de retenção (reter um bem em
situação de não cumprimento das partes);
- Reconstitutivas: reconstruir a situação que existiria se o agente não tivesse violado a regra (natural,
reposição do lesado na situação que existiria antes da infração);
- Compensatórias: colocar o lesado numa situação equivalente à que estava anteriormente (compensar
pelo que se perdeu); é fixado em dinheiro;
. existem danos não patrimoniais: sem expressão monetária;
- Punitivas: imposição de uma pena ao infrator da regra;

Atuação da Imperatividade

Imperatividade e Coação
. A imperatividade pode ser acompanhada de coação -> as sanções podem ter expressão física ou não ter
expressão física (por exemplo, uma sanção institucional);
. Lex imperfecta: a imperatividade não é acompanhada de coação -> não é acompanhada de sanção - há
um dever ser que não acompanhado de sanção em caso de violação (por exemplo, obrigações naturais);
. Soft law: a imperatividade é diminuída e não vem acompanhada de coação (sanção);
Coação e Coerção
. Coerção: suscetibilidade de, através do uso da força, aplicar uma sanção - implica um poder capaz;
. Funções da coerção:
. completar a coação - só atua quando o agente viola uma regra;
. a coerção pode ser necessária para aplicar uma sanção - quando há violação;
. a coerção pode ser desnecessária para aplicar uma sanção - há cumprimento voluntário;
. Finalidade da Coerção: aplicar uma sanção (preventiva ou compulsória) quando o agente tiver violado
uma regra jurídica;
Regras da Coerção
. é regulada por regras de conduta e regras de sanção;
. Coerção estadual: nas sociedades modernas, o poder de coerção pertence ao Estado (dispõe do
monopólio)
- problema: as regras de coerção podem ser violadas pelo agente que as deve impor - exige-se o
uso de coerção contra o agente coercivo -> a quem cabe exercer esse poder? o Estado pode exercer
coerção sobre si mesmo?
. Como exercer coerção sobre o orgão que dispõe do monopólio de coerção?

ORDEM JURÍDICA E TUTELA JURÍDICA


. Tutela jurídica: situação que necessitam de ser acauteladas de violação e solucionadas se violadas;
Concretização dos Meios de Tutela Jurídica - Meios
. Autotutela: realização do direito pelo próprio ofendido - fazer justiça com as próprias mãos; não se recorre
a entidades competentes;
. Heterotutela: resolução dos conflitos através dos orgãos competentes (tribunais) - predomina nas
sociedades modernas;
- existem tribunais arbitrais: situações subjectivas, em que as partes resolvem o litígio por
convenção arbitral ou por convenção necessária apresentada pelo referido tribunal;
- predominância da heterotutela: evitar exageros por parte do ofendido e garantir a justiça -> tornou-
se ilegal recorrer à força;
Meios de Autotutela
- Acção direta: é geral, torna licito o recurso à força com o fim de assegurar um direito próprio;
- principio de proporcionalidade: se não for proporcional à agressão, há excesso - aplica-se a
qualquer meio de autotutela;
. Legitima Defesa: reagir contra agressão alheia (desde que não seja possível fazê-lo
pelos meios normais e sendo o prejuízo não superior ao resultante da agressão);
. Estado de Necessidade: evitar a consumação ou aumento de um dano; não pressupõe
agressão, mas sim destruição com o fim de remover ou diminuir o perigo;
- agressivo: destruir uma coisa para remover perigo;
- defensivo: danifica a própria coisa (origem) que cria o perigo;
- estado de necessidade desculpante: não respeita a proporcionalidade; é ilícito
mas o agente não assume a culpa;
. Direito de Resistência: resistir à ofensa dos direitos, garantias e deveres e repelir pela
força a agressão aos mesmos;

REGIME DAS FONTES DO DIREITO


Comparação Jurídica
. Direito Comparado: consiste na comparação de verias ordens jurídicas ou institutos jurídicos, que permite
apurar as diferenças existentes entre direitos e institutos jurídicos;
- macrocomparação: incide sobre ordens jurídicas na globalidade (distinguir sistemas de direito);
- microcomparação: incide sobre institutos jurídicos (diferenças e semelhanças entre os mesmos -
casamento, responsabilidade, sucessão);
- caracteresticas: permite conhecer o direito estrangeiro e facilitar o ordenamento jurídico a que se
pertence;
. Critérios de Classificação: por forma a determinar os vários sistemas de direito, e para identificarmos o
que pertence a cada sistema, recorremos às fontes do direito;
- existem direitos tradicionais (muçulmano, hebraico, hindu) e direitos modernos (sistema
ocidental e sistema comunista)
. sistema ocidental: subsistema romano-germânico (civil law) e subsistema anglo-
americano ou de (common law);
Sistema Romano-Germânico
. Formação: é de base romanística, ou seja, a base é o direito romano;
- épocas da receção do Direito Romano: Alta Idade Média, Renascido e Época Humanista e
Pandectística Alemã (a mais próxima da atualidade);
- expansão do sistema: colonização e eventos históricos;
. Características: a LEI é a principal fonte do Direito, o costume e a jurisprudência são fontes secundárias;
o Direito é tido como um sistema;
. Codificação: a sistematização levou ao movimento de codificação;
- código: sistema ordenado de regras jurídicas respeitantes a determinada matéria;
. O Direito Público e o Direito Privado: distinção antiga e de grande relevância para o sistema romano-
germânico; três critérios de distinção;
- critério do interesse: o direito público respeita a interesses públicos e o direito privado respeita a
interesses privados (grande dificuldade de distinção entre ambos os interesses);
- critério da qualidade sujeitos: o direito público supõe sujeitos públicos e o direito privado supõe
sujeitos privados (os sujeitos públicos também podem actuar como sujeitos privados);
- critério da posição dos sujeitos: no direito público, os sujeitos públicos atuam dotados de
poderes de soberania (ius imperii) e no direito privado há uma posição, ainda que exercida por sujeitos
públicos, de paridade - critério mais comum;

Sistema de Common Law


. Formação: o common law surgiu sob o desígnio de direito comum ao povos das Ilhas Britânicas;
- insuficiência na resolução de casos concretos: criou-se a equity, paralela à common law,
pretendia resolver os casos que o primeiro não resolvia;
- expansão: a colonização como causa principal;
. Características: a jurisprudência é a principal fonte de Direito, uma vez que se baseia na regra do
precedente - o precedente fixado pelos tribunais superiores na decisão de casos concretos é vinculativo
quando os tribunais inferiores se deparam com situações semelhantes;
- outras: também existem leis e há uma menor preocupação com a sistematização do direito e com
o caracter geral das regras jurídicas, havendo uma maior contribuição prática;

Sistema Muçulmano
. Formação: a fonte é religiosa (grande ligação ao Mundo religioso);
. Características: as fontes religiosas são o Corão, a Suna (tradições) e o Idjma (opinião dos juriscônsules);

DELIMITAÇÃO DAS FONTES DO DIREITO


Delimitação Positiva
. Noção de Fonte de Direito: proposta por Cícero - modos de revelação de critérios normativos de decisão
de casos concretos (revelação de regras jurídicas);
- formação: extremamente relevante, pois condiciona a regra jurídica;
. condiciona a qualidade do critério de decisão (podem existir defeitos na fonte);
. a formação das fontes é essencial à formação do sistema jurídico -> as fontes derivam de
uma fonte superior; exceção, nem todas as fontes derivam de outras fontes -> a fonte originária,
normalmente a Constituição, não deriva de outra fonte;
- linguagem das fontes: as fontes têm uma linguagem performativa ou ilocutória, não enunciam
nada, mas sim constroem uma realidade jurídica (a personalidade jurídica é uma realidade jurídica, criada
por uma fonte, e que sem ela não existiria);
. não podem ser qualificadas como verdadeiras ou falsas;

Enquadramento
. Funções do Estado: com base na estrutura tripartida, surgem as funções legislativa, executiva e
jurisdicional e, em cada uma delas, é possível a formação de fontes do Direito.
- o poder legislativo pode criar leis e o poder administrativo pode criar regulamentos -> são fontes
do Direito;
- o poderes jurisdicional (Tribunais) aplica as leis na resolução de casos concretos -> não é fonte
de Direito;

Espécies de Fontes
. Intencionais e Não Intencionais
- intencionais: ou voluntárias, têm origem no ato normativo que implica competência legislativa do
orgão para elaborar a lei;
- não intencionais: têm origem num ato não voluntário, como o costume;
. Mediatas e Imediatas
- imediatas: são fontes por si próprias e não necessitam de uma outra fonte que as qualifique;
- mediatas: dependem das fontes imediatas para as qualificar;
. Internas ou Externas
- internas: fontes internas de um ordenamento têm origem nesse ordenamento;
- externas: fontes externas de um ordenamento têm origem noutra ordem jurídica e vigoram nesse
ordenamento (quando um sistema é subordinado);
. Simples e Complexas
- simples: provêm de um único ato normativo;
- complexas: constituídas por um facto originário e um facto posterior; pode ser por novação (a
regra mantém, mas altera-se o facto normativo) ou por interpretação autêntica (a interpretação é realizada
por uma outra forte de hierarquia igual ou superior);

Delimitação Positiva
. O que não é fonte da normatividade portuguesa
. Doutrina: é o trabalho dos juristas e tem como resultado a solução para um problema;
- não é relevante como fonte de Direito, mas é importante para o conhecer;
. Jurisprudência: é o resultado da atividade decisória dos tribais na resolução dos casos concretos;
- em alguns sistemas é fonte de Direito e torna-se base para a resolução de outros casos;
- no Direito português não é fonte de Direito;
- papel importante: papel informador, alargando o conhecimento do Direito; permite a adaptação
da lei à evolução dos tempos (dar um novo significado à lei desatualizada);
- concretização de conceitos indeterminados: conceitos como a justa causa, bom pai de família;
. Jurisprudência Constante: a jurisprudência constante resulta da observância dos modelos de decisão
estabelecidos pelos tribunais e aplicá-los a casos análogos (evitar discrepâncias);
- principio de confiança e igualdade
. Jurisprudência Uniformizada: evita decisões contraditórias sobre o mesmo problema de direito (verifica-
se uma decisão contraditória quando a solução em casos semelhantes é diferentes);
- principios de confiança e igualdade

MODALIDADES DAS FONTES DO DIREITO


Fontes Externas
. Direito internacional: tem diversas fontes - direito internacional comum e convencional
- comum: o costume internacional e os princípios reconhecidos pelas nações civilizadas (integram
o direito português);
- convencional: constituído por convenções internacionais e outros instrumentos de união
legislativa que vigoram nos Estados (integram o direito português);
. Direito Europeu: os Estados-membros (como Portugal) recebem normas do direito europeu;
- tipologias
- direito europeu originário: os tratados que estão na origem da União;
- direito europeu derivado: proveniente dos orgãos/instituições europeias;
- princípios: da subsidiariedade (intervém o orgão mais próximo), do primado (prevalece o direito
europeu) e do efeito (os efeitos imediatos devem ser respeitados pelos Estados-membros);
- fontes: regulamentos (gerais e obrigatórios), diretivas (ditam o resultado; os meios para decisão
dos Estados) e as decisões (obrigatórias);

Fontes Internas Imediatas


- São a lei, normas corporativas e o costume
. Lei: qualquer enunciado linguistico cujo resultado seja regra jurídica
- sentido material: enunciado linguistico cujo resultado seja regra jurídica;
. caso especial: lei interpretativa, cuja aplicação depende da interpretação;
- sentido formal: implica que seja emanado de orgão com competência legislativa, ou seja, que
seja ato legislativo;
. orgãos com competência: AR, Governo, ALR
. leis em sentido formal: leis constitucionais, leis da AR (orgânicas ou reforçadas),
decretos de lei do governo, decretos legislativos regionais;
- relação: podem ser leis em sentido formal e em sentido material; ou leis só em sentido material;
- ato normativo: a lei está-lhe subjacente; pode ser legislativo (orgão com competência legislativa,
produz lei em sentido formal) ou regulamentar (competência administrativa, resultando em regulamento);
- atos legislativos: originam leis em sentido formal (leis da AR, decretos de lei do Governo,
decretos legislativos regionais);
- atos regulamentares: podem provir do Governo ou de outras entidades (portarias,
despachos normativos, resoluções do Conselho de Ministros);
- atos atípicos: decretos do PR, resoluções da AR, etc.
- âmbito territorial: podem ser centrais, regionais ou locais;
. centrais: vigoram em todo o território nacional;
. regionais: emanadas de órgãos legislativos das Regiões Autónomas;
. locais: produzidas pelas autarquias locais;
. Normas corporativas: provêm de orgãos infra-estaduais (ordem dos advogados, por exemplo);
- noção: ditadas por orgãos de diferentes categorias (culturais, económicas ou profissionais) e que
determinam as suas atribuições, estatutos e regulamentos;
. estão subordinadas à lei (não a podem contrariar)
. Características da Lei: abstrata e geral ou concreta individual ou coletiva;
- caracter abstrato: refere uma pluralidade indeterminada de situações; há várias graus de
abstração;
- caracter geral: pluralidade indeterminada de destinatários; não é essencial da lei;
. pode ser falsamente genérica (afirma-se geral, mas é individual) ou falsamente
individual (afirma-se individual, mas é geral);
- importância da generalidade e da abstração: permitem a aplicação a casos idênticos, o que
garante igualdade dos cidadãos perante a lei e justiça;
- conjugação: lei que é abstrata é geral; já a lei concreta pode ser geral ou individual;
. Costume: é uma prática social reiterada com condição de jurisdicidade;
- elemento fáctico (prática social reiterada);
- elemento normativo (convicção de jurisdicidade - há obrigação moral, mas não há sanção
jurídica em caso de incumprimento);
- formação do costume: um comportamento torna-se habitual, uma mera repetição de uma
conduta, que leva a uma ideia de obrigatoriedade (o comportamento passa a pertencer a uma ordem
normativa, do trato social) -> passa a ter convicção de jurisdicidade;
. o desaparecimento resulta do fim do uso ou do fim da convicção social;
- modalidades do costume: em relação à lei;
. secundum legem: segundo a lei, em coincidência; função declarativa;
. praeter legem: complementa a lei e vai atém daquilo que a lei dispõe; acrescenta algo à
lei; forma uma nova fonte de direito;
. contra legem: contraria a lei e implica a cessação da vigência da lei; é admissível um
costume que é inválido perante a lei;
- costume e desuso: o costume contra legem é diferente do desuso; a primeira é uma regra
consuetudinária contra a lei; a segunda é a não aplicação da lei;
- relevância legal: o costume é fonte de direito no ordenamento jurídico português;
. é mais fácil o costume cessar a vigência da lei do que o oposto;
. mesmo quando a lei diga que o costume não é fonte imediata do direito, este continua a
ser fonte do mesmo -> o costume tem legitimidade fora do direito, não depende do legislador
. a lei é projectada sobre o futuro, logo tem relevância nas sociedade modernas, que
necessitam de um acompanhamento das suas evoluções;
. o costume é projectado sobre o passado, logo tem relevância nas sociedades com
tradição;
- costume jurisprudencial: resulta da repetição constante de decisões dos tribunais na resolução
de casos concretos, funcionando como a convicção da comunidade (a decisão é a aplicável aos casos);

Fontes Internas Mediatas


- Uso, jurisprudência vinculativa e fontes privadas -> a jurisdicidade depende da lei
. Usos: é a pratica social reiterada do costume;
- condições de relevância: se não forem contrários aos princípios da boa fé, são juridicamente
relevantes sempre que a lei o determine;
. Jurisprudência Normativa: os acordos com força obrigatória geral são fonte de direito;
- acordãos admitidos: do TC que declaram inconstitucionaliade, dos tribunais administrativos que
declaram a ilegalidade de regras administrativas (regulamentos), entre outros;
- valor negativo: impede que de determinada fonte seja retirada uma regra jurídica;
. Fontes de Direito Privado: resultam da autonomia privada; só o são se tiverem eficácia externa, ou seja,
puderem ser invocadas e opostas a terceiros;
VICISSITUDES DAS FONTES DO DIREITO
Desvalores do acto normativo
. A lei emana de um ato normativo (é o resultado do processo legislativo) que pode ter valor negativo
. Inexistência: o vicio é de tal modo grave, que não possível afirmar a existência do ato;
- exemplos: falta de assinatura do PR quando assim é exigida;
- pode ser declarada por qualquer orgão normativo e verificada por qualquer orgão de aplicação do
direito;
. Invalidade: comporta a nulidade e a anulabilidade
- nulidade: é mais grave e impede a produção de efeitos, podendo ser declarada e aplicada por
qualquer orgão de aplicação; exemplo: inconstitucionalidade da lei;
- anulabilidade: é menos grave a impede a produção de efeitos depois de anulado o acto;
exemplo: o regulamento foi elaborada com base numa delegação de poderes que não existe (só depois de
reportada é que é anulada;
. Ineficácia: é válido mas não é eficaz, correspondendo aos atos ainda não publicados;

Publicação das fontes


. Regime da publicação
- necessidade: é a condição de conhecimento dos destinatários; permite conhecer os actos
normativos;
- publicação oficial: é realizada em jornais oficiais; em Portugal, pelo Diário da República, por via
eletrónica;
- Lei 74/98 - lei formulária
- formas de publicação: as fontes a publicar encontram-se no art. 119º, nº1, a) a h) da CRP; o art.
8º, nº2 da CRP impõe a publicação de convenções internacionais; quando a lei assim o exige, as
deliberações dos orgãos autárquicos devem ser públicos em regime diferente;
- efeitos da publicação: a publicação é a condição de eficácia da lei, pois só no momento se torna
obrigatória;
. Publicação e disponibilização
- a data de disponibilização do Diário da República, por norma, não coincide com a disponibilização
online pelo sítio da Internet da Imprensa Nacional-Casa da Moeda;
. Rectificação da publicação
- rectificações admissíveis: lapsos gramaticais, ortografia, divergências materiais entre o texto
original e o texto de qualquer diploma, erros de cálculo (art. 5º, nº1, L 74/98).
- limite temporal: até 60 dias pois a publicação (art. 5º, nº2, L74/98).
- retroatividade da ratificação: a lei retificada tem eficácia retroativa;
. Valia do texto rectificado: há sempre duas hipoteses;
- se a rectificação for anterior à entrada em vigor da lei, não há que considerar os efeitos (porque
não os há);
- se a rectificação for posterior à entrada em vigor da lei, há que considerar os possíveis efeitos da
lei -> solução: recorrer à eficácia retroativa; por analogia, recorrer ao regime estabelecidas para aplicação
das leis interpretavas (art. 13º, nº1, CC).
- responsabilidade penal: tem em conta dois princípios fundamentais;
. ninguém pode sofrer pena mais grave do que as previstas no momento da conduto ou dos
respetivos pressupostos;
. aplicação retroativa do regime mais favorável ao indivíduo;
. Ignorantia iuris: a ignorância ou a má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem
isenta o indivíduo das sanções; (art. 6º do CC - artigo exige o conhecimento do artigo e não pode ser
desculpado com a ignorância)

Entrada em Vigor da Lei


. Momento: pode estar conformo o art. 5º, nº2, ou pode ser fixado pela própria lei;
. Vacatio legis: é o tempo compreendido entre a publicação da lei e a entrada em vigor da mesma;
- prazos de vacatio: caso a lei não o determinada, a entrada em vigor é no quinto dia após a sua
publicação no Diário da República e começa a ser contado no dia seguinte ao da publicação (às 0h);
- contagem do prazo: a contagem varia consoante a medida fixada;
. dias: conta-se a partir do dia seguinte ao da publicação;
. semanas/meses/anos: terminam às 24h do dia que corresponda, dentro da ultima
semana, mês ou ano a essa data (art. 279º, al. c), para evitar o risco de não haver correspondência do dia;
. Vigência imediata: o art. 2º exclui a hipótese de entrar em vigência no dia da publicação;
- exceções: provenientes de orgãos de hierarquia superiores, sendo exemplos o estado de sítio e
o estado de emergência ou a autorização ao PR de declarar guerra ou fazer a paz;
. Proteção de interesses: o prazo do vacatio legis só começa a contar a partir do dia da disponibilização no
Diário da República;
- a lei nunca pode ser obrigatória antes de ter sido disponibilizada ao publico;
- factos intermédios: os factos de ocorrem entre o prazo de publicação e o prazo de
disponibilização ficam sujeitos ao regime anterior a lei que será disponibilizada;
. caso de responsabilidade penal: aplica-se o principio da retroatividade mais favorável
ao arguido;

VICISSITUDES DA VIGÊNCIA DA LEI


. Três tipos de vicissitudes: impedimento à vigência, suspensão da vigência e cessação da vigência;
. Impedimento à vigência: quando se reúnem antecedentes que impedem a vigência;
- é publicada uma outra lei sobre a mesma matéria;
- a lei posterior entra em vigor antes ou ao mesmo tempo que a lei anterior;
-> principio cronológico: a ultima lei representa a ultima posição do legislador, logo prevalece;
. Suspensão da vigência: a lei é suspensa sempre que se considere que é inconveniente, mas entende-se
que a lei continua a ser justificada e que pode retomar vigência;
- suspensão temporária: a lei é suspenda durante um tempo, acabando por retomar vigência;
- suspensão indefinida: não há data prevista de voltar a vigorar;
. Cessação da Vigência
- caducidade: termo do prazo de vigência ou desaparecimento dos seus pressupostos;
- revogação: declarada pelo legislador, através de ato expresso ou tácito;
- declaração de inconstitucionalidade: a lei é inconstitucional ou ilegal;
- formação de um costume contra legem: costume contrário à lei;
. Caducidade da Lei: acontece quando a lei se destina a ser temporária e estabelece um prazo limite;
- esse prazo pode ser cronológico ou não cronológico (vacinação de uma doença que deixa de
existir);
- falta de pressupostos: quando a previsão da lei deixa de ser preenchida (uma pensão atribuída
aos inválidos de uma guerra deixa de existir quando se dá a morte do ultimo beneficiário);
. Revogação da Lei: a cessação da vigência é determinada por outra lei - uma lei revogatória;
- duas leis: a lei revogada e a lei revogatória - a lei revogada em de estar em vigor e a lei revogaria
só procede à cessação da vigência quando entra em vigor;
- modalidades:
. forma: expressa (declaração do legislador) ou tácita (incompatibilidade com nova lei, é
sempre substitutiva);
. efeitos: substitutiva (substitui-se por novo regime) ou simples (limita-se a revogar e não
estabelece um novo regime);
. objeto: individualizada (apenas uma lei ou algumas regras jurídicas) ou global (recai sobre
um instituto jurídico ou um ramo do direito);
. âmbito: total (a lei anterior é revogada no seu todo) ou parcial (são apenas revogadas
algumas regras da lei);
. eficácia temporal: retroativa (revogada a partir do inicio de vigência da lei revogada) ou
não retroativa (a partir da lei revogatória) -> por norma, não tem eficácia retroativa
- revogação tácita: resolve conflitos entre leis (prevalece a posterior, prevalece a de hierarquia
superior e prevalece a de fonte especial);
. a lei posterior só pode revogar a lei anterior quando ambas forem gerais ou especiais, ou
quando a lei anterior for geral e a lei posterior especial (vice versa não é possível porque o regime da lei
geral pode não justificar a cessação do regime da lei especial;
- efeitos: pode alargar o âmbito de aplicação de outra lei - caso seja revogada uma lei especial, o
âmbito da lei geral torna-se mais obriga a que a lei revogada deixa de ser aplicada em casos concretos -
levante o problema da aplicação da lei no tempo (sobrevigência da lei antiga);
- implica apenas a restrição do seu âmbito de aplicação (passaria a ser aplicada apenas às
situações que já existiam durante a sua vigência);
- regra da não repristinação: a lei revogatória pode ser revogada por lei posterior ou pela lei
revogada (a primeira - por exemplo, se houver contestação a um novo regime da lei);
- hierarquia: a lei revogatória tem de ter uma hierarquia igual ou superior à lei revogada/suspensa;
HIERARQUIA DAS FONTES
Relações de Hierarquia
. Fontes e Regras: O sistema jurídico comporta fontes de hierarquia mais alta e fontes de hierarquia
mais baixa;
- a hierarquia é relativa: resulta sempre da comparação entre duas fontes;
- a vinculação não é hierárquica: não há fontes mais ou menos vinculativas;
. Determinação da hierarquia
- mais alta: aquelas que afastam qualquer fonte;
- intermédia: aquelas que prevalecem sobre algumas fontes, mas que são afastadas por outras;
- mais baixa: aquelas que são afastadas por qualquer fonte;
. Relevancia da Hierarquia: para o que é a hierarquia relevante?
- para analisar a se a revogação ou a interpretação autêntica são admissíveis: só podem ser
feitas por fontes de hierarquia superior ou igual;
- para definir os conteúdos permitidos a um fonte;

Hierarquia dinamica
. Analisa a relação entre a fonte que fundamenta a produção de outra fonte e a fonte que é produzida;
- cadeia da subordinação: a fonte produzida deve ser conforme a fonte que permite a sua
produção;
- uma fonte pode autorizar a produção de uma fonte por outra fonte;
. exemplo: uma lei da AR autoriza o Governo, através de um decreto-lei, a aumentar uma
taxa de impostos;
- uma fonte fundamenta a produção de outra fonte;
. exemplo: um decreto-lei do Governo sobre transportes fundamenta que um ministro
possa elaborar uma portaria sobre o respetivo tarifário;
. Resultados da análise
- uma fonte produzida nunca pode ser de hierarquia superior à fonte de produção
- relação hierarquia: Constituição -> Acto Legislativo -> Acto Regulamentar
- uma fonte de produção não pode transmitir à fonte produzida a sua própria hierarquia;
. exemplo: uma portaria que tem como fonte um acto legislativo tem a mesma hierarquia que uma
portaria que tem como fonte um acto regulamentar;
. Fontes Externas: podem ser fontes de direito internacional ou fontes de direito europeu;
- fontes de direito internacional: são recebidas pelo ordenamento jurídico, sem necessidade de
ser incorporado;
- fontes de direito europeu: são recebidas pelo ordenamento jurídico e dispõem de uma posição
de primado (prevalecem a regulamentação europeia);
. Fontes Internas: fala-se em lei, regulamento, actos legislativos, actos regulamentares, costume e normas
corporativas;
- lei vs. regulamento: os atos legislativos (lei) prevalecem sobre atos regulamentares
(regulamento);
- actos legislativos: há leis constitucionais (com a hierarquia superior), leis não constitucionais (as
de valor reforçado prevalecem sobre as ordinárias), leis da Assembleia da República e os decretos
legislativos regionais (subordinam-se ao estatuto da região);
- actos regulamentares: podem ser hierarquizados por vários critérios - os mais solenes
prevalecem; os emitidos por orgãos superiores prevalecem; os emitidos por orgãos com competências
mais vastas prevalecem;
- lei e costume: estão no mesmo nível de hierarquia, o que justifica a possibilidade de cessação do
costume pela lei ou vice versa;
- normas corporativas: estão sujeitas aos atos legislativos em geral;
- fontes mediatas: os acórdãos de inconstitucionalidade e ilegalidade prevalecem sobre a própria
regra; os usos têm uma hierarquia inferior à lei; as fontes privadas são inferiores às fontes legais;

Debilitação da Hierarquia
. Concretização substitutiva: ocorre quando uma fonte aceita ser substituída por outra inferior;
- acontece com princípios programáticos: dispostos na Constituição e especificados em lei
ordinárias;
- acontece quando a fonte remete para outra fonte (nos termos da lei);
. Regime da debilitação
- este regime de concretização é recorrente e concretiza-se em regras constitucionais
debilitadas, uma vez que só podem ser aplicadas em conjunto com a lei ordinária que as completa;
- também se verifica nas fontes ordinárias, que só se concretizam através de outra fonte inferior;

Modificação da Hierarquia
- Conteúdo: tem relevância na modificação da hierarquia dinâmica da fonte;
. exceções: a hierarquia da lei constitucional e da jurisprudência não dependem do seu conteúdo,
logo este não possui capacidade para lhes alterar a hierarquia;
. o costume tem a sua hierarquia definida pelo seu conteúdo;
- Limites da modificação: há limites na modificação da hierarquia;
. uma fonte não pode subir de hierarquia quando o conteúdo não lhe pertença;
. uma fonte não pode descer de hierarquia quando ocorre a deslegalização (possua conteúdo que
não corresponda à sua hierarquia normal, logo inferior);
- Resultados da modificação
. diferenciação: pode levar a concluir que fontes que possuam a mesma hierarquia, possuam
hierarquias diferentes (lei ordinária e lei de valor reforçado), que uma das fontes deve prevalecer atendendo
ao conteúdo (lei revogatória sobre a lei revogada) e que há fontes superiores porque estabelecem limites a
outras (superior pelo seu conteúdo);
. equiparação: o conteúdo das fontes pode levar a uma equiparação da hierarquia, permitindo-se
que uma outra fonte de hierarquia inferior interprete a superior; uma ato legislativo não pode permitir a uma
regulamento a sua interpretação, no entanto um ato legislativo superior pode permitir a interpretação por um
ato legislativo de hierarquia inferior (também vale para atos regulamentares e para a revogação);

Espécies de invalidadas
- Invalidade Originária: uma fonte pode ser inválida devido ao conteúdo ser incompatível com a fonte de
produção e de lhe faltar fonte de produção, logo a validade da fonte, depende sempre de outra fonte;
. exemplo: é inválido (por falta de regra de produção e por inconstitucionalidade) um decreto
legislativo regional legislar sobre a organização da defesa;

CARACTERIZAÇÃO DA REGRA JURÍDICA


Fontes e Regras Jurídicas
- Das fontes revelam-se regras jurídicas (são o significado normativo das fontes);
. chega-se a regra através da interpretação (permite descobrir o significado);
- Regras e proposições
. regras: expressam uma conduta, de efeito obrigatório, permitido ou proibido; o domínio do dever
ser, logo não podem ser verdadeiras ou falsas, mas sim válidas ou inválidas;
. proposições: são descrições dos significados normativos (das regras), podem ser verdadeiras
ou falsas, podendo esta ser confirmada através da regra;
- Descrição e prescrição
. as regras são prescritas - têm competência comunicativa; são próprias da razão prática e uma
lógica deôntica (própria do dever sr);
. as proposições são meramente descritivas (não pretendem impor prescrições a outrem); são
próprias da razão teórica e um caracter epistémico;
- Diferenças lógicas
. as relações entre a conduta e as regras baseiam-se na lógica deôntica
- operadores: comando (o, obligatory), proibição (F, forbidden) e permissão (P, permitted)
. há uma ligação com a lógica modal: a necessidade corresponde ao comando, a impossibilidade
corresponde à proibição e a possibilidade corresponde à permissão;
- Lógica das regras
. lógica dedutiva aristotélica: a conclusão do silogismo é verdadeira se as premissas foram
verdadeiras -> não é transponível para as regras, porque estas não são verdadeiras nem falsas;
. paradoxo de Jorgensen: ou se entende que não há uma lógica para as regras, ou se entende
que há uma lógica, que exige o abandono dos seus valores de verdade ou falsidade;
- solução: segunda alternativa, abandonando-se a verdade e a falsidade, a procurando por
valores de consistência e de implicação
- regras de inconsistência: quando, de duas regras, ao cumprir-se uma, viola-se a outra;
- regras de implicação: quando, de duas regras, ao cumprir-se uma, cumpre-se a outra;
. relações a quando de efeitos jurídicos
- relações de inconsistência: quando os efeitos de duas regras não são compatíveis;
- relações de implicação: quando não é possível verificar o efeito de uma sem verificar o
efeito da outra;
Estrutura da Regra
- Elementos: a previsão e estatuição;
. previsão: condições com que ele é aplicada;
. estatuição: consequências que decorrem da aplicação;
- operador deôntico: o que mostra o que a regra pretende transmitir (neustico);
- objeto: estabelece a relação da regra com o que se vai constituir ou evitar (frástico);
- Características dos Elementos
. previsão: é representativa e constitutiva (constrói um facto);
. estatuição: é prescrita e regulativa (regula o facto construido pela previsão);
- Previsão
. elemento objectivo: o facto ou situação que constitui a regra;
. elemento subjectivo: o destinatário da regra;
. funções: define as condições em que a regra é aplicada e a quem é aplicada; por isso, é
representativa, pois representa uma realidade que é imaginada como possível, e constitutiva, pois
constrói uma realidade;
. modalidades: pode ser aberta (quando admite a subsunção a casos análogas) e fechada (quando
enuncia todos os casos que a ela são subsumíveis)
- Operador Deôntico
. pode ser um comando (O), uma proibição (F) ou uma permissão (P) -> são defensíveis entre si
- comando: a obrigação de p, pode ser definido como a proibição de não p ou como a não
permissão de p;
- proibição: a proibição de p, pode ser definida como a obrigação de não p ou como a
permissão de não p;
- permissão: a permissão de p, pode ser definida como a não obrigação de não p;
. tripartição: o operador pode referir-se a um dever fazer (ought to do), próprio das regras de
conduta, ou a um dever ser (ought to be), próprio das regras de efeitos jurídicos, ou a ought to make
(regras que se referem a poderes);
. relações deônticas
- comando implica a permissão (o que é obrigatório é permitido);
- proibição implica a não permissão (o que é proibido não é permitido);
- a permissão é inconsistente com a proibição e a proibição é inconsistente com a
permissão (a mesma situação não pode ser permitida e proibida -> seria inconsistente;
. dualidade da permissão
- quando há obrigação, há permissão, mas o agente não tem escolha;
- quando há permissão, o agente tem escolha, logo não está proibido nem obrigado (é uma
permissão forte ou alternativa);
- Objeto: o que é definido como obrigatório, proibido ou definido é o objeto da regra jurídica, pode ser uma
conduta, um poder ou um efeito;
. condutas e poderes: as regras de poder não exigem condutas; as regras de poder atribuem o
poder, para que as condutas possam vir a ser válidas; a violação das regras de poder tem como
consequência o desvalor do ato ou uma sanção para o agente;
. efeitos jurídicos: impõem estados de coisas, produzindo-se os efeitos sempre que estejam
verificadas certas condições;
- Previsão e Estatuição: a estatuição (modo como algo é regulado) é condicionada pela previsão (refere-
se ao que é regulado);
. a previsão indica uma categoria de factos, na qual os factos se irão encaixar;
. a estatuição define a consequência que decorre do facto verificado;
- Análise das relações
. não há relação de causalidade: ZITELMANN atribui uma causalidade natural à relação entre a
previsão e a estatuição; há uma relação causal entre os factos e o dever ser; quando A é, B também é;
- não se aplica porque as relações de causalidade natural apenas se aplicam à natureza
(as relações só têm uma causa e não se pode atribuir mais do que um efeito);
- no Direito um efeito pode ter vários fundamentos e pode ser produzido várias vezes;
. fundamentos duplos: um contrato pode ser nulo porque é simulado e porque a
sua celebração não respeitou a forma legalmente prevista;
. efeitos duplos:
. há relação de imputação: KELSEN nega a causalidade natural e fala numa relação de
imputação, ou seja, quando A é, B deve ser;
. há relação de implicação normativa: se ocorrer o facto ou a situação representada na previsão,
então aplica-se o dever ser previsto na estatuição;
Caráter Hipotéticas
- Regras hipotéticas: a generalidade das regras é hipotética, porque contém previsões;
. significa que a aplicação da regra depende da situação que constitui a sua previsão -> são
aplicadas quando se verifique o quadro previsto na regra;
. se for verificada a previsão, aplica-se o efeito jurídico;
- Categoria dos factos: a aplicação das regras depende se os factos for praticado de forma voluntário ou
se for não voluntário;
. factos voluntários: a aplicação da regra só se verifica se o acto for praticado;
. factos não voluntários: o efeito jurídico opera for força da lei, independentemente de haver acto
ou não; por exemplo, o caso da maioridade;
- Legal defeasibility: ocorre quando os efeitos jurídicos deixam de estar preenchidos se em conjunto
estiverem presentes outras condições, capazes de derrotar a regra (de modo a não a aplicar);
. exemplo: A tem de pagar x a B; pode negar (não houve empréstimo); pode confirmar (houve
empréstimo), mas derrotar a regra (já paguei);
. não se põe em causa a aplicação da regra, mas alega-se um facto que derrota a regra;

Análise do Imperativismo
- Orientação imperativista: todas as regras jurídicas são imperativos, dado que impõe uma obrigação;
. causa uma distorção na interpretação do direito: o direito de propriedade, segundo a orientação
imperativista seria um dever (de os não proprietários não violarem o direito do proprietário) e não o direito
(uso da coisa);
. não nos preocupamos com o que não podemos fazer com um direito, mas sim o poderes que este nos
concede;
. as regras que atribuem poderes para a produção e a revogação do direito e as regras que definem os
desvaleres jurídicos não são regras imperativas;

MODALIDADES DE REGRAS JURÍDICAS


Critério do Objeto
- Regras primárias: são as que regulam condutas, atribuem poderes ou produzem efeitos jurídicos;
. regras regulatórias: respeitam a condutas ou ao exercício de um poder e são violadas sempre que
alguém realiza uma conta proibida ou que exerce um poder de que não dispõe;
. regras constitutivas: respeitam efeitos jurídicos, logo não podem ser violadas; por exemplo, a
produção do efeito da maioridade;
- Regras secundárias: incidem sobre outras regras;
. regras de produção: relativas à produção de outras regras;
. regras revogatórias: sobre a revogação de outras regras;
. regras interpretativas: sobre a interpretação de outras regras;
. regras de conflitos: sobre a resolução dos conflitos da aplicação da lei no espaço e no tempo;

Critério do Âmbito
- Regras específicas: definem um regime próprio para as situações previstas nas regras gerais, ou seja,
têm um âmbito mais limitado;
. regras especiais: podem delimitar o âmbito de aplicação em função da matéria, das pessoas e do
território;
. especialidade material: regulam uma situação que se insere na regra geral; por exemplo, a regra da
punição do infanticídio é especial perante a regra que pune o homicídio;
. especialidade pessoal: podem ser comuns (aplicam-se à generalidade das pessoas) ou
particulares (aplicam-se a certas categorias de pessoas; exemplo, regra relativa aos estudantes de um
faculdade);
. especialidade territorial: podem ser nacionais (aplicam-se a todo o território, apenas têm origem em
orgãos centrais do Estado), regionais (aplicam-se nas regiões autónomas, têm origem nos orgãos próprios
ou nos orgãos centrais) ou locais (apenas em certas zonas do país, podem ser produzidas pelos orgãos
centrais ou pelas autarquias locais);
- Regras Excepcionais: definem um regime jurídico contrário aquele que consta na lei geral (contrariam o
regime geral);
. fundamentos sisteméticos: decorrem dos princípios jurídicos, ou seja, a regra geral baseiam-se num
regime e a regra excepcional baseia-se num outro princípio;
. fundamentos pragmáticos: correspondem a razões práticas; estabelecem uma mera exceção; é
exemplo o estacionamento em locais de cargas e descargas durante um determinado período do dia;
Regimes Próprios
- Revogação: a lei geral (posterior) não revoga a lei especial (anterior), excepto se essa for a intenção do
legislador (artigo 7º, nº3, CC);
. a lei especial contém um regime que foi definido para circunstâncias especiais não previstas na lei
geral;
. exceção: no caso de vir explicito que na nova lei geral já se incluem em situações da lei especial,
havendo assim revogação;
- Derrogação: a lei especial (posterior) derroga a lei geral (anterior); a lei especial só se aplica em casos
especiais e a lei geral aplica-se em todos os outros;
- Prova: o conteúdo e a existência do direito local devem ser provados pela parte que o invoca (artigo
348º, nº1, CC), sendo uma exceção ao principio de que o tribunal conhece toda a matéria oficiosamente;
. há dificuldades para os tribunais conhecerem todo o direito local;
. restrição: não se aplica a todo o direito local; só aquele que emana de orgãos locais;
- Critério da disponibilidade
. Regras Injuntivas: as regras são injuntivas sempre que não possam ser afastadas pelas partes, ou
seja, são aplicadas mesmo que haja manifestação de vontade contrária;
. Regras supletivas: serão regimes aplicados apenas quando os interessados nada tenham disposto
sobre a matéria ou não tenham disposto sobre toda a matéria - eventualmente poderão regular o negócio
jurídico de forma diferente;
. Critério de Qualificação: classificação de regras como supletivas ou injuntivas
- qualificação do legislador: são injuntivas as que o legislador não permitem que sejam
afastadas; são supletivas ou dispositivas aquelas cuja aplicação seja ressalvada pela falta de disposição
das partes em contrário;
- valoração da norma: são injuntivas as regras essenciais a um certo regime e as que protegem
interesses que a parte não pode afectar;

Critério da Vinculação
- Dizem respeito à vinculação dos resultados
. regras de resultado: definem um resultado que deve ser alcançado ou evitado, não permitindo a
opção;
. regras técnicas: definem o meio a ser utilizado para se atingir um determinado fim, caso o agente o
pretenda obter;
- criam um ónus: uma situação subjectiva que se caracteriza por impor um comportamento a
quem quiser obter um resultado;

Espécies de Regras
- Regras definitórias: explicação de um significado de uma palavra ou de um enunciado;
. duas componentes: o que a palavra/enunciado e o que é a expressão que define a palavra;
. definição: pode ser de dicionário (explica o significado de uma palavra ou expressão numa língua) ou
estipulava (o significado usado num certo contexto).
. função: as regras definitórias contêm definições estipulavas de conceitos, que fixem um conceito
jurídico, logo são insusceptíveis de ser verdadeiras ou falsas;
. importância: determinam em que termos algo vale como regra jurídica; asseguram que o conceito
seja interpretado de acordo com a definição, o que se afigura como fundamental quando a definição é
diferente da linguagem do quotidiano;
- Regras de remissão: equiparam duas situações distintas, sendo que o regime de uma está previsto para
o regime da outra;
. justificação: não se define um regime legal, mas sim remete-se para outro já existente, pelo que tem
de haver analogia entre os dois regimes; não há nenhuma situação de igualdade;
. muitas vezes são acompanhadas por com as necessárias adaptações;
- Regras de presunção: artigo 349 CC; a lei ou o julgador retira de um facto conhecido, um facto
desconhecido;
. estabelece-se uma relação de implicação: um facto conhecido implica outro facto (presumido);
. presunções ilidíveis: quando se pode provar o contrário da presunção;
. presunções inilidíveis: não admitem a prova do contrário (o facto presumido não pode ser posto em
causa);
. importância: permite que aquele que tem a seu favor a presunção (possuir algo), não precisa de
justificar o facto a que ele conduz (ter o direito de propriedade);
- Ficções Legais: são meras ficções que o direito constrói e que não se passou; opera-se através do
como se;
. relação de equiparação: estabelecem uma equiparação entre realidades distintas; as presunções
iniludíveis também se baseiam na relação entre um facto conhecido e um facto presumido (não podem ser
contrariadas);
- Regras de conflitos: destina-se a resolver conflitos no espaço e no tempo, determinando qual a regra
aplicada para regular a situação de conflito;
- Regras auto-referenciais: ocorrem quando se referem a eles próprias, incluem-se na classe das regras
a que elas próprias se referem;
. artigo 6, CC: a ignorância não pode ser justificação do incumprimento da lei, assim como também não
pode ser alegado o desconhecimento do artigo 6º;
. artigo 9º, CC: estabelece o critérios de interpretação da lei, que se aplicam ao próprio do artigo 9º;

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