Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Programa:
Manual: Baptista Machado, Horster, Código Civil, Constituição + diplomas + alguns textos
complementares.
O que é o Direito?
Centra-se no
Perspetiva antropológica Ser humano
Esta realidade é constituída por interações sociais, onde cada pessoa tem o seu papel e age de
acordo com a sua função e posição.
1
Como já vimos, o homem é incapaz de levar uma existência isolada e portanto a nossa própria
identidade pessoal é produto da nossa inserção numa ordem institucional dentro da qual o
nosso eu ganha contornos, se define e se referência.
Todos os dias entramos em contacto com muitas normas jurídicas e observamos e praticamos
também muitas normas de conduta (hábitos alimentares, formas de saudar,…). Estas 2 não se
podem confundir.
A ordem social existente compreende portanto normas jurídicas e outras sendo o Direito
(ordem jurídica) parte integrante desta.
Sabe-se, também que as instituições contém elementos ordenadores decisivos das relações
humanas.
As relações sociais, por sua vez, só se podem classificar como tal na medida em que são
informadas por regras cujo significado transcende o individuo.
A realidade social é portanto uma realidade de ordem pois é cimentada por normas
que lhe dão coerência e estrutura interna.
Noção de instituição
Há ainda quem a defina como ‘ideia de obra ou empresa que se realiza e dura num
ambiente social’.
2
Institucionalização, por sua vez, deve ser entendida como o resultado da instituição e este
resultado destina-se a pôr por obra os valores institucionalizados.
Os papéis institucionalizados
A ordem institucional é representada e mediatizada, tal como uma peça de teatro. Por
exemplo, pense-se no individuo que julga num tribunal, desempenha o papel de juiz.
Uma sociedade para existir necessita de resolver certos problemas básicos e portanto as
principais funções ligadas às instituições são:
3
Função de integração (assegurar a necessária coordenação entre as diferentes
unidades do sistema social, sobretudo no que se refere à sua contribuição para a
organização e para o funcionamento do conjunto).
A conduta significativa (ou seja, toda a conduta humana) é uma conduta regida por regras
sendo estas regras de origem social.
Funções do Direito
- O direito é uma realidade cultural determinada no tempo (p.ex. antes a escravatura era
aceitável, hoje já não) e no espaço.
Função ordenadora
Visa criar ordem, regular a convivência social;
É necessário compatibilizar e aplanar as expectativas e os interesses divergentes
do homem, no fundo o direito confere estabilidade e conduta humana;
Acaba por proteger o mais fraco, ao mesmo tempo que ordena a sociedade, cria
segurança e justiça;
O direito olha para o individuo como ele é.
Função conformadora
O direito visa modelar os valores e a consciência jurídica dos indivíduos e da
sociedade e alterar os seus comportamentos erróneos. Isto é verificado na criação
de novas normas que tem de ser consideradas justas e incorporadas/adotadas na
vida da sociedade.
Aqui integra-se a função educativa, corretiva, formadora e modeladora.
Para realizar a ideia de direito, o direito olha para o indivíduo como ele deve ser,
julga como ele deve ser.
4
Direito VS Coação
Ideia de Direito (seu conjunto de normas) visa a justiça, sendo a sua ideia
representada por ela e não pela coação;
Mas para o Direito ser vigente, ou seja, eficaz socialmente, apesar de tudo necessita
da coação.
- Sabendo que o Direito é uma ordem de convivência humana com um sentido (que é a justiça)
deve ter-se a coação ou coercibilidade não como essência do direito nem como determinadora
do seu conteúdo.
A legitimidade da coação
Não faz Precisa facto de, se não existir a coação, as regras não serem
Direito VS Força
No nosso ordenamento jurídico apenas o Estado tem a força e só ele a pode usar.
Direito Para existir precisa dela, mas ela não faz parte Força
da sua essência.
Justiça VS Segurança
- Cabe ao Direito acrescentar à estabilidade ordenadora das instituições sociais uma segurança
ordenadora específica e própria a que se dá o nome de segurança jurídica.
- Segurança acaba por ser uma das exigências feitas ao Direito e representa uma tarefa oi
missão contida na própria ideia de Direito.
- Segurança jurídica: certeza dada pelo Estado às pessoas que existem regras.
6
o Gerais e abstratas;
o Incumprimento das regras implicam sanções;
Gera confiança, p.ex. passar cheque, depositar dinheiro nos bancos, compra de bilhetes de
comboio. Esta confiança baseia, por exemplo o comércio jurídico.
- Segurança, como valor inferior, é um valor que está ligado à utilidade, necessidades práticas
e às urgências da vida.
- A verdade é que uma justiça desacompanhada de segurança seria vazia de eficácia e não
passaria por isso de uma intenção.
- Por sua vez uma segurança sem justiça não passaria de uma situação de força.
- Muitas vezes a própria praticabilidade do direito pode exigir que a segurança prevaleça
sobre a justiça, como é o caso:
1. Maioridade aos 18 anos, no caso a responsabilidade, mas pode ser injusto isto porque
pode haver pessoas com 16 anos com responsabilidade da tal maioridade. Na
impossibilidade de verificar todas pessoas para ver quem tem realmente
responsabilidade de maioridade aplica-se esta regra pois ao fazer relação jurídica com
alguém com 18 anos sabemos que é responsável.
2. Normas que fixam prazos de prescrição e de caducidade.
7
3. Caso do caso julgado- valor da segurança pode prevalecer sobre o valor da justiça
devido a uma decisão injusta.
4. Usucapião- instituto que permite a aquisição de algo pela posse.
Ex: uso um terreno de outro durante 20 anos como se fosse meu, passo a ser
proprietário.
Por razões de estabilidade, segurança prevalece em relação à justiça, até porque,
seguindo a linha do exemplo anterior as gerações seguintes já acreditam que o terreno
seja da pessoa.
Para conseguir a segurança jurídica o legislador utiliza leis formuladas em termos claros e
precisos, que não deixam margem a ambiguidades de interpretação nem a lacunas- como é o
caso do ius strictum.
Quando não é possível a utilização do ius strictum, utiliza o legislador o ius aequum, se bem
que o tenta evitar por serem conceitos indeterminados e cláusulas gerais;
8
- O pp subordinado ao Estado de Direito surge historicamente por contraposição ao Estado
Absoluto no qual prevalecia a ‘Razão do Estado’ sobre os DLG dos cidadãos, mas hoje esse pp
exige a garantia da defesa dos DLG dos cidadãos contra o Estado e a defesa deles contra
poderes sociais de facto;
Direito VS Moral
- Moral: complexo de regras que também regem uma sociedade. Ela tem como objetivo a
evolução das pessoas.
Uma pessoa com moral é uma pessoa que segue as normas de conduta moralmente válidas.
Critérios de distinção
O direito limita-se a impor as regras mais básicas que visam assegurar a vida em sociedade
(existência de paz, liberdade e justiça);
Moral Direito
EXCEÇÃO
FALSO
Mas há regras que não sáo de conteúdo moral, ou seja, regras jurídicas neutras! Ex: regras de
trânsito, etc.
Direito Moral
9
Critério da heteronomia e coercibilidade do Direito:
o Este critério diz-nos que o Direito olha para o exterior da conduta, a moral olha para
o interior, exige uma intenção ou atitude interior do agente de adesão à norma
(adesão interna aos ditames da consciência ética, vivencia interior dos valores éticos,
apesar de o Direito ter por vezes em conta a personalidade da pessoa, aquando afeto
às circunstâncias externas. Assim a intenção é, por vezes, importante.
o Da mesma forma também para a moral, a vinculação exterior é tida em conta, por
exemplo, a intenção de matar é moralmente censurável.
Na verdade o Direito assenta numa vinculação heterónoma, que se impõe de fora aos
indivíduos, e não numa simples vinculação autónoma ou autovinculação subjetivamente
assente na consciência de cada um.
Critério da exterioridade:
O Direito só olha para a conduta exterior, ou seja, não à atitude interna da consciência do
agente, a moral para a conduta interior.
No entanto deve referir-se que muitas vezes o Direito se preocupa com a intenção e com a
NENHUM DOS CRITÉRIOS NOS LEVAM A DISTINGUIR MAS LEVA-NOS À APROXIMAÇÃO. O que devemos
personalidade do agente, na medida em que uma e outra se possam revelar e comprovar
fazer para melhor compreender a distinção é ter presente que na racionalidade jurídica tem um lugar
através de manifestações externas (como acontece no Direito Penal).
O que podemos concluir
decisivo a noçãoé de tutela de interesses juridicamente tutelados de modo que apenas será juridicamente
relevante aquela conduta que afete os interesses (ou bens) juridicamente tutelados, os lese ou os ponha
em perigo.
10
Justiça é um valor moral mas nem sempre a conseguimos atingir.
São costumes, tradições, que visam estabelecer uma boa relação entre
USOS SOCIAIS
as pessoas, acaba por tornar a convivência mais agradável.
No entanto os usos relacionam-se com o Direito, por exemplo, quando vou a um café e peço
sempre o mesmo, já nem dizendo o que quero, acaba por ser um contrato de compra e venda,
relacionado com o Direito.
11
Subjetivo: Poderes, faculdades e posições atribuídas a pessoas em concreto em
situações concretas porque se aplicam as regras de direito objetivo. À titularidade de
um direito subjetivo corresponde uma obrigação ou estado de sujeição por parte de
outra ou outras pessoas.
Segundo este critério será o direito público um ramo do direito que emana normas de
carácter público e o direito privado um ramo do direito que emana normas de carácter
privado.
Objeção: Isto não é verdade, ou pelo menos não o é a 100%, uma vez que por exemplo,
no caso de uma escritura pública quando alguém compra uma casa há interesses
particulares em fazer a escritura mas também interesses públicos, no caso, de o
contrato ficar registado. Assim este fica em segurança e sabemos que os contratos
ficarão registados ou se houver uma mulher que tem um filho deduza-se e o regista
estamos perante um interesse privado mas apesar disso também é de interesse
público.
Deste critério a única coisa que podemos deduzir é que o direito público controla
maioritariamente os assuntos públicos e o direito privado controla maioritariamente
os assuntos privados, no entanto, mesmo assim, continuamos a não conseguir
distinguir com clareza cada interesse em cada situação.
Este critério, portanto, não serve para distinguir o direito público do direito privado!
12
Critério da posição relativa dos sujeitos (que pode ser de supremacia, subordinação,
supra-ordenação e infra-ordenação)
Este critério, portanto, não serve para distinguir o direito público do direito privado!
Segundo este critério devemos olhar para a posição na qual o sujeito interfere, ou seja,
segundo ele:
Este critério acaba por ser o melhor para distinguir o direito público do direito privado!
Caracteriza-se pelo facto de nas relações por ele reguladas se Regula relações jurídicas entre as partes que
verificar o exercício de um poder de autoridade (publica aparecem em posições de igualdade/paridade.
potestas).
Regulam então as relações entre particulares ou
Seriam então deste âmbito normas que regulam a entre particulares e entres públicos quando estes
organização e a atividade do Estado e de outros entes não estejam investidos de poderes de autoridade.
públicos menores (autarquias regionais e locais), as relações
Ex: quando o Estado arrenda prédio para nele
destes entes entre si no exercício dos poderes que lhe 13
instalar um serviço.
competem e as relações dos entes públicos revestidos de
poder de autoridade com particulares (estas últimas relações
Pp da legalidade Pp da autonomia e princípio da igualdade
A B
Supre
mo
Tribu
nal de Segundo o C.P.L.,
Justiç
a Relação
Tribunal da L.O.S.J., lei 62/2013,
ROFTJ, decreto-lei
Tribunal de 1ª instância
49/2014.
14
Apreciam todos os processos a menos que a lei determine
que os processos são da competência de outros tribunais.
o Tribunais de 1ª instância:
Competência genérica
Associam litígios a territórios.
Comarca
Em função de diferentes divisões (civil,
Competência
criminal, trabalho, família, comércio,
especializada
execução).
- Os juízes são juízes desembargadores que julgam em coletivo e decidem por acórdão.
- Competência genérica;
- Os juízes são juízes conselheiros que julgam em coletivo e decidem por acórdão.
Para recorrer é preciso que o processo tenha um dado valor (art. 44) que se chama alçada.
15
- 1ª Instância- 5000 euros.
Não passando estes valores não se podem recorrer.
- 2ª Instância- 30000 euros.
Supr
emo ETAF; CPTA,
Tribu
nal
Admi
LOSJ
nistr Só existe no Norte, Centro e Sul.
Tribunal Central
ativo
Administrativo
Direito Público:
Direito da União Europeia: direito que, de forma direta ou indireta se torna parte do
direito dos EM. Tem ordem jurídica própria e regras diferentes das do direito dos EM.
16
Direito Constitucional/Político: ocupa-se da organização do Estado e das grandes
linhas de organização dos entes públicos menores, dos órgãos de soberania e da
repartição dos poderes entre eles. Diz-nos, assim, quais são os pp fundamentais do
ordenamento jurídico e direitos fundamentais dos cidadãos e fixa as traves mestras
do ordenamento jurídico fundamental. A Constituição= lei fundamental, apesar de
haver normas constitucionais em sentido material não contidas na Constituição (as
que estão são formais).
Direito Penal: Constituído pelo complexo de normas que regulam os crimes e as penas
e as medidas de segurança a que estão sujeitos os infratores cuja perigosidade
subsiste para além do cumprimento da pena ou aqueles que, sendo inimputáveis, são
tendencialmente socialmente perigosos. No fundo regula os crimes, ou seja,
determina os pressupostos da aplicação das sanções criminais (penas e medidas de
segurança).
17
Direito Processual: Complexo de normas que regulam o processo, ou seja, o conjunto
de atos realizados pelos tribunais e pelos particulares que perante eles atuam ou
litigam durante o exercício da ação jurisdicional.
Banco de Portugal;
Poderes reguladores e
Entidade reguladora dos serviços energéticos;
sancionam os vários
Entidade reguladora da água e dos resíduos;
operadores de um dado
Entidade reguladora da saúde;
mercado.
Entidade reguladora da comunicação social;
Direito Privado:
Direito das Sucessões: Regula os bens e obrigações de alguém que faleceu (mortis
causa). O que herda designa-se heredirate agitur.
Parte Geral- Regras que se aplicam a qualquer situação jurídica do Direito Privado;
1. Direito das Obrigações- regula o tráfica de bens e serviços e a reparação dos danos e
têm por instituição fundamental o contrato como forma por excelência de expressão
de autonomia privada.
2. Direito das Coisas- instituição central é a propriedade.
3. Direito da Família- Regula a constituição da família e as várias relações familiares. Ex:
casamento, adoção, parentesco.
4. Direito das Sucessões- regula a sucessão por morte nos bens do defunto.
18
Direito do Trabalho (deriva do Direito Civil): Regula as relações entre empregado e
trabalhador (art. 1152 CC).
Direito dos Seguros: Regula os atos de seguro- relação jurídica do contrato de seguros.
Norma jurídica
Imperatividade: As normas se não forem cumpridas podem ser impostas pela força
mas há normas em que nada é imposto… apenas é dada uma vantagem, poder,
20
faculdade que o destinatário pode escolher exercer ou não. Ex: art. 1229- não tem
imperatividade.
Generalidade: Uma norma não deve ter um destinatário apenas mas sim todos em
geral. É geral a norma que se refere a todos os cidadãos mas individual a que se refere
apenas a X.
Abstração: Fixa um número abstrato de casos (não concretos). Estas situações a que se
aplicam pode do passado ou do futuro. Para termos um preceito abstrato temos de ter
a abstração.
Uma norma pode ter vários destinatários mas não ser geral (ex: presidente chama
todos ao país). Ter vários destinatários= ser plural!
As normas que se referem aos cargos, p.ex. do 1º Ministro, são gerais mas não plurais
(pois não podemos aplica-las a várias pessoas ao mesmo tempo mas destina-se a um
cargo).
INCONSTITUCIONAL
Breve introdução:
- Atos normativos: são os atos que produzem leis ou normas jurídicas (atos criados de direito
objetivo, atos legislativos) e que se acham também previstos e regulados por outras normas
que se referem ao processo de formação das leis.
21
Evento juridicamente relevante suscetível de produzir efeitos no direito.
FACTO JURÍDICO
Os efeitos traduz-se na constituição, modificação e extinção de uma situação
jurídica (=situação de alguém perante o direito).
Bilaterais Unilaterais
Hipótese legal prevê factos de relevância jurídica que podem ser um dos 3.
Estatuição- consequência jurídica que vai produzir efeitos jurídicos (que implica
atribuição de direito subjetivo).
Direito subjetivo:
22
(Definição corrente)- Lei atribui a alguém a possibilidade de alguém satisfazer o seu
interesse ou o interesse alheio bem como lhe são atribuídos mecanismo para os
satisfazer. Ex: quando alguém vende algo tem de receber o dinheiro). Ex: direito de
propriedade, personalidade…
Direito subjetivo ato de autoridade pública produzir determinados efeitos jurídicos que inevitavelmente
dito.
(+ forte que o direito natural) É um poder enquadrado no direito. Realiza-se por um ato livre de vontade
Poder enquadrado no direito- poder do titular do direito- ato unilateral- não precisa da vontade de outro. Só de
jurídico de livremente exigir quando a per si- alguém sozinho pode exercer e produzir efeitos associados ao
obrigação cabe a outra pessoa direito potestativo. O titular exerce o direito através do tribunal- integrado
~ na autoridade pública- há determinados direitos potestativos que o titular
(obrigação civil). Ex: quando A não paga
a B, se este for a tribunal este desse direito precisa de decisão judicial para produzir o efeito a que a
a. Direitos de domínio: são direitos absolutos, tutelados contra qualquer terceiro que
impeça ou perturbe a concretização desses direitos (eficácia erga omnes).
b. Direitos de crédito: são direitos relativos, impõe-se a determinadas pessoas-
devedores (a quem os credores podem exigir uma dada conduta, prestação). Este tipo
de direito tem mera eficácia inter-pares ou seja, só produz efeitos entre pares
(credor/devedor).
Poder exercido no interesse de outrém (ex: art. 1378- poder parental) – devem fazê-lo por interesse
de outro (no caso, dos filhos). Outro exemplo disto é a pessoa coletiva que precisam de uma pessoa
Existem
singular para 3 categorias
falar em nome desta,denão
direitos potestativos:
por sua vantagem mas sim para vantagem da sociedade.
23
a. Direitos potestativos constitutivos : o efeito produzido é a constituição de uma relação
jurídica nova. Ex: art. 1550- servidão de passagem;
b. Direitos potestativos modificativos: o efeito produzido é a alteração de uma relação
jurídica já existente. Ex: art. 1568;
c. Direitos potestativos extintivos: o efeito jurídico é a eliminação de uma relação
jurídica já existente. Ex: art. 1773,3- divórcio sem consentimento;
24
Relação jurídica
Sujeito ativo A B Sujeito passivo
Sujeito jurídico e os direitos de personalidade
Relações: pode ser entre pessoas singulares e coletivas (Estados, BP). As pessoas coletivas tem
órgãos- representação orgânica- quem cumpre os direitos e obrigações da pessoa coletiva.
Capacidade jurídica/capacidade de gozo direitos (art. 67): Aptidão para ser titular de
direitos de obrigações (circuito maior ou menor de relações jurídicas).
25
Capacidade do exercício do direito/capacidade negocial: idónea idade para atuar
juridicamente adquirindo e exercendo direitos por ato próprio e voluntária com
efeitos jurídicos. No fundo é o poder de atuar juridicamente e adquire-se (art. 122) no
nascimento com capacidade jurídica mas só a podem exercer quando são maiores de
idade mas são de antemão titulares de direitos e de obrigações.
Capacidade delitual: Idónea idade para a pessoa responder por um delito, que
praticou. Trata-se da capacidade de ser sujeito a uma responsabilidade civil (por
danos causados a património ou a pessoa) e penal.
- Art. 488 CC- Nesta o legislador não estabelece uma - Art. 19 CP- ‘os menores de 16 anos são
idade ‘a partir da qual’ mas sim uma idade máxima inimputáveis’.
para ser inimputável (presumivelmente). Mas em
caso concreto pode provar-se que um menor de 7
anos sabia o que estava a fazer. Isto implica uma
avaliação (porque é só uma presunção).
26
-
- Normas regionais: aplicam-se numa dada região, não em todo o território, decreto-lei.
27
3º Critério: Critério do âmbito da validade pessoal
- Normas gerais (ou de direito-regra): estabelecem as regras gerais para um dado setor que
regulam, no fundo o regime geral.
- Normas excecionais: Limitam-se a uma parte restrita daquele setor de relações ou factos,
consagrando neste setor restrito, por razões privativas dele, um regime oposto ao regime
regra. Ex: art. 219 CC.
Relativamente ao art. 11 CC- não podemos fazer aplicação analógica destas normas ou seja,
para se ter uma norma excecional para efeitos deste artigo será necessário verificar se está
presente um ius singulare= regime oposto ao regime regra e diretamente determinado por
razões ao tipo de casos que a norma excecional contempla.
- Normas de direito comum- Regulam regime regra em determinada matéria. Ex: Direito Civil;
- Normas de direito especial- Não são opostas ao direito comum mas são dirigidas para um
dado grupo de pessoas relacionadas com uma matéria de direito comum (não é específica). É
por isso diferente do direito comum, não oposta. Ex: Direito excecional é, p.ex. Direito do
Trabalho (art. 1636).
- Leis mais que perfeitas- Leis cuja violação implica nulidade do ato e pena, por isso
duplamente protegidas. Ex: contrato pelo qual o pai negoceia com outrem os ‘favores’ de uma
filha: negócio nulo, art. 280,2 e passível de sanção penal- art. 405. Também a usura, art. 284
CC.
- Leis perfeitas- Leis cuja violação implica a nulidade do ato mas não tem associado uma
sanção penal (pena). Ex: negócio contrário aos bons costumes ou à ordem pública, caso do
compromisso de um cônjuge, perante outro, confessar certas violações dos deveres conjugais.
28
- Leis menos do que perfeitas- Normas cuja violação importa uma pena, mas não a nulidade
do ato. Ex: se alguém for ao supermercado depois da hora de funcionamento não se anula o
contrato mas pode haver uma sanção ao comerciante.
- Leis imperfeitas- Normas cuja violação não é sancionada Ex: as leis dos órgãos de soberania,
PR não cumpre o disposto do art. 198,3 CRP.
- Normas não autónomas- Não tem todo o sentido completo e só o adquirem através da
remissão para outras normas, ex: normas remissivas (falta estatuição,…)
- Não são normas jurídicas mas sim proposições jurídicas que não são normas. Ex: art. 213 ss.
- No fundo a lei classifica dada realidade. Ex: ‘Algo consumível é algo que com o tempo se
destrói’.
Definições legais
Codificação
- Um Código é uma lei em sentido material que contém a disciplina fundamental de um ramo
do Direito.
- Na hierarquia das leis tens força própria da lei que o aprova ou na qual está contida.
- Formalmente esta lei pode ser tanto uma lei da AR com um decreto-lei do Governo ou
qualquer outro diploma.
29
Desvantagens do Código: rigidez e falta de adaptação à realidade, no fundo é um sistema
deserto.
Referências: Cód. Civil Francês (1904), Cód. De Seabra (1867), Cód. Civil Português (origem
germânica), de 1966.
Compilação
Consolidação
NOTA: A lei assume a forma de um estatuto. Ex: Estatuto da ordem dos advogados ou estatuto
dos benefícios fiscais.
Leis orgânicas
- Ex: Lei Orgânica do Ministério das Finanças, Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais…
Estatuto
- Quando a lei regula de uma maneira unitária e sistemática uma matéria que não tem a
dignidade, amplitude, amplitude ou a estabilidade para justificar a designação de código.
- Ex: As leis que regulam por forma sistemática e unitária determinada atividade, carreira ou
profissão, Estatuto dos Comerciantes…
Microcódigos
- Há materiais que estão reguladas nos códigos que são monumentos legislativos destinadas a
longa duração, acabam sempre ou quase sempre por ser objeto de leis várias que lhe
introduzem alterações, estas leis quando não sejam integradas nos códigos a que introduzem
alterações, são estas.
Sistema anglo-saxónico: É o sistema que não assenta em nenhum Código. Não existe nenhum
Código, existe é uma vinculação assente na jurisprudência.
30
Técnicas legislativas
- São formas de elaborar as normas jurídicas que permitem ganhar eficiência no momento
presente e não permitem a rigidez.
Partes Gerais:
- Evitam repetições;
- Fixa os pp gerais que se aplicam a várias situações, evitando que ao longo do Código
se tenham de repetir os pp gerais (ex: art. 874- livro das obrigações).
- Dá respostas a um catálogo de questões preliminares cuja solução afeta e é
extensível a todas as regulamentações particulares que a lei vai estabelecer.
- ‘Partes gerais’= compêndios de pré-decisões, de decisões fixadas antes de se tomar
posição perante questões particulares.
- As disposições contidas nestas tem um domínio ou campo de aplicação vasto.
Remissões:
- Evitar repetições de normas;
- Normas indiretas ou remissivas são aquelas em que o legislador, em vez de regular
diretamente a questão de direito em causa, lhe manda aplicar outras normas do seu
sistema jurídico, contidas no mesmo ou noutro diploma legal (remissão intra-
sistemática). Exatamente porque não regulam diretamente a questão de direito, tais
normas também são designadas por normas indiretas.
- Normalmente, a remissão vai dirigida à estatuição da norma a que se remete.
- Ex: art. 678 remete-se.
Remissões em cadeia,;
Remissões à 2ª potência- art. 433, para o art, 289, este para o art. 1269;
Remissões muito ampla, ex: 913,1 Código Comercial remete para o Código
Civil;
Remissões que são a extensão do regime de certo instituto a outro, ex: 939 e
art. 1156.
31
NOTA: As normas remissivas utilizam quase sempre a expressão ‘com as necessárias
adaptações’ ou ‘com as adaptações devidas’- Mutatis mutandis= adaptar o que tem de ser
adaptado. Isto acontece porque os casos regulados não são iguais mas sim casos análogos.
Fixões legais:
- Assimilação fáticas de realidades factuais para o efeito de se sujeitar ao mesmo
regime jurídico- determinado facto igual já há um regime jurídico (art. 805/22 CC, art.
275/2 CC).
- Funcionam como remissões implícitas: em vez de remeterem para normas
determinadas que regulam determinados factos ou situações, o legislador estabelece
que o facto ou situação a regular é ou se considera igual àquele facto ou situação para
a qual já se acha estabelecido um regime na lei.
- A prática jurídica encontra em tais ‘equiparações’ ou na extensão da hipótese legal a
factos não diretamente abrangidos pela sua letra mas abrangidos pelo seu espírito ou
intenção normativa (interpretação extensiva ou interpretação teleológica) o meio de
descobrir o regime jurídico de novos factos ou de dar satisfação a novas necessidades
sociais de regulamentação.
- A verdade é que nos sistemas mais modernos é mais comum o legislador recorrer a
remissões expressas do que a esta técnica.
- Exemplo de ficções legais: art. 805,2,c- o legislador estabelece que, se o próprio
devedor impedir a interpelação, se considera interpelado na data em que
normalmente o teria sido + art. 275,2- ‘se a verificação da condição for impedida,
contras as regras da boa fé, por aquele a quem prejudica (…)’
Definições legais:
- Exemplos de definições legais: art. 202 a 212, noção e classificações de coisa, art.
216- benfeitorias, noção e classificação.
- Os enunciados legais que se limitam a estabelecer definições e classificações não são
normas autónomas completas: contém apenas partes de normas que hão-de integrar
outras disposições legais, resultando dessa combinação uma norma completa.
- A definição legal tem carácter prescritivo, o legislador não está na mesma posição
que o naturalista ao estabelecer as suas definições. A definição do legislador, mesmo
que incompleta ou imperfeita, não é como uma simples noção provisória e revisível de
uma realidade que se pretende categorizar: ela compreende sempre uma vontade ou
32
intenção normativa, uma decisão- por isso que o legislador ao dar de certa situação de
facto uma definição, o que faz antes é formular a sua resposta a uma questão
normativa. Ex: porventura podemos chegar à conclusão de que é insuficiente, por ser
demasiado restritiva, a definição de credor (art. 813) mas não podemos negar que essa
noção foi estabelecida tendo em vista todas as consequências jurídicas constantes nos
art, 814 a 816.
Presunções legais:
- Art. 314- ‘as ilações que a lei ou o julgador tira de um facto conhecido para firmar um
facto desconhecido’ + art. 350,1 ‘quem tem a favor a presunção legal escusa de provar o
facto a que ela conduz’.
- Quando não ‘contamos a história’ do que se passou ao tribunal dá-se isto sendo que aqui
é o réu que tem de provar que o facto não é verdadeiro.
- Relação com o regime do ónus da prova- art. 342: ao que invoca um direito cabe fazer
prova dos factos constituídos do direito invocado; ao que alega factos impeditivos,
modificativos, extintivos do direito invocado cabe fazer prova de tais factos.
33
- Exemplos: art. 441, 491.
Conceitos determinados
Conceitos indeterminados
34
Regulamentação casuística
- Enumerações taxativas (fechadas) pois identificam-se todos os casos – art. 1682-3 e 1051.
Vantagens: como foi referido trazem maior segurança jurídica (até porque algumas
normas são imposições, como por exemplo no caso do direito penal e do direito fiscal);
Cláusulas gerais
Vantagens: mais fácil de evitar lacunas devido à amplitude, adaptam o Direito a um caso
concreto;
Desvantagem: alguma insegurança jurídica, mas p.ex. no direito penal não se usam porque
não lidam bem com a insegurança.
35
- Em regra os agentes do Estado estão sujeitos ao pp da legalidade, ou seja, os seus
atos tem de ser conforme a lei.
- Noutros casos vigora o pp da oportunidade, exercendo o órgão um verdadeiro
‘poder discricionário’. Assim acontece quando o legislador, para viabilizar uma
adaptação acertada e oportuna da decisão às particularidades do caso concreto e
orientações políticas do Governo ou da administração, se limita a autorizar o órgão ou
agente a adotar certas condutas, a conceder ou a degenerar autorizações, indicando
apenas o escopo ou finalidade da decisão a adotar mas sem vincular o órgão ou agente
a uma obrigação determinada.
Tutela jurídica
As normas jurídicas tem como característica a coercibilidade, ou seja, se não forem cumpridas
tem de ser usada a força. Tem portanto o aparelho do Estado que lhe dá consistência prática.
36
a- Tutela preventiva
Medidas destinadas a impedir a violação das normas, a prevenir e evitar a
inobservância das normas são medidas preventivas;
No fundo ocorre antes de ocorrer a violação;
Estas medidas aplicam-se no âmbito do Direito Penal aos imputáveis perigosos-
medidas de segurança;
Também são medidas preventivas as que proíbem a prática de dada atividade ou o
exercício de uma profissão aos que tenham sido condenados por determinados
delitos.
Ex: Autoridade públicas que fiscalizam e limitam certas atividades mediante
autorizações prévias; providências cautelares (que são medidas que visam evitar a
ocorrência de uma lesão grave e dificilmente reparável enquanto não há decisão
para um litigio); ASAE; arresto…
b- Tutela compulsória
Medidas a atuar a quem violou as regras para ser obrigado a pagar, ou seja, pós-
violação;
Compelir- tentar que se tenha a atitude correta e constranger.
Ex: Direito de retenção- art. 810 CC - quando uma pessoa pode exercer poder
sobre uma coisa ou um animal recusando-se a entregar a outra enquanto não for
cumprida a obrigação (a lei aqui no fundo coloca nas mãos de um particular a força
para fazer respeitar o Direito) + exceção de não cumprimento.
c- Tutela reconstitutiva
Trata-se de repor algo;
Atua depois da violação e visa a reparação de danos , ou seja, colocar um sujeito
lesado pela prática de uma conduta desconforme à ordem jurídica na situação em
que ele estaria se não tivesse sofrido o dano;
Aqui entra o âmbito da responsabilidade civil do art. 562.
37
Coloca o objeto lesado no mesmo estado que estava antes da ocorrência do
facto danoso;
Reconstituição que se prefere;
Art. 566?
Art. 566,1.
Quando:
1. É injusto que o devedor reponha o estado natural do objeto;
2. Não é possível a reconstituição natural;
3. Reconstituição natural não repara todos os danos;
Compensação monetária, no fundo entrega de uma soma pecuniária que
restitua à vítima a situação patrimonial que seria se não tivesse havido o facto;
Tutela compensatória- compensação- art. 496 CC.
Ex: Indemnização em caso de perda de viagem.
Danos não patrimoniais: danos que não são reparáveis, dores, desgosto,
danos morais. Como não se podem retirar, atribui-se uma quantia em dinheiro
para os compensar.
38
c.5- Recusa de efeitos jurídicos do ato (ineficácia dos atos jurídicos)
A invalidade subdivide-se:
Nulidade Anulabilidade
Temos um ato nulo quando não chega a produzir nenhum Ato que é válido e que produz os efeitos jurídicos a
efeito jurídico. Pode ser invocada a todo o tempo por que se destina mas como sofre de um vício uma das
qualquer interessado e pode ser declarado oficiosamente, partes pode pedir a sua anulação dentro do prazo de
ou seja, ninguém precisa de pedir ao tribunal para 1 ano. O tribunal não pode pedir oficiosamente.
analisar). O ato é válido a titulo precário porque (apenas e só)
- Artigo 286. se algum dos interessados quiser cessar, este acaba.
- Artigo 257.
39
- Normalmente é um tipo de tutela proibida mas há exceções onde é permitido recorrer à
tutela privada: quando não é possível recorrer à titula pública.
- Os direitos subjetivos dos particulares estão garantidos contra a violação por parte de outros
particulares e contra a violação por parte da Administração pública.
- Os meios de tutela postos à disposição dos particulares funcionam também como meios de
tutela do direito objetivo.
Tutela Administrativa
- Administração tem essencialmente uma função ativa de realização de fins coletivos e, quando
falamos da tutela administrativa, por contraposição à tutela judicial, destacam-se duas coisas:
40
Tutela dos direitos do Estado quando este pretende fazer valer contra a
resistência dos particulares ou quando pretende impor a estes a observância de
leis, regulamentos ou providências concretas em que se contêm planos ou
programas gerais da Administração para a disciplina das atividades económicas,
para as construções e organização do território, para a defesa do ambiente, defesa
da saúde pública, etc. – A administração recorre à autotutela dos seus direitos, ou
seja, exerce-os pelos seus próprios meios e coercivamente sem ter de recorrer aos
tribunais! As decisões administrativas definitivas e executórias gozam de a
administração gozam de uma força, até certo ponto, semelhante à das sentenças
dos tribunais, podendo a administração executar essas decisões por meio coercivo
ou adotando medidas compulsivas sem ter de recorrer previamente aos tribunais
para fazer declarar e tutelar os seus direitos– Privilégio execução prévia (ao
contrário dos particulares).
Noutros casos, porém o Estado tem de recorrer a tribunais para exercer certos dos
seus direitos, como o direito de punir, que não pode exercer sem pedir ao tribunal
a condenação do arguido.
41
administrativos definitivos e executórios (art. 269-2 CRP). Aqui já será uma tutela
judicial.
Tutela Judiciária
42
PR
Legitimidade democrática direta
AR
Legitimidade democrática indireta Garantem a
Governo –
Tribunais -- Vinculação à lei Respeito pelos seus deveres estatuários legitimidade
democrática
Porque a AR e o Governo têm poder legislativo, logo os O cargo dos juízes vem acompanhado de um estatuto
tribunais apenas aplicam a lei que foi criada pelos (conjunto de deveres e pp que temos de respeitar)
representantes eleitos do povo.
Pp da imparcialidade- determinam que os juízes deve decidir
No fundo portanto os tribunais funcionam em nome do como um terceiro ‘supra partes’ = de forma livre e sem ligação
povo. às partes, não podendo ser influenciado por razões
económicas, políticas… No fundo devem apenas ter em conta a
Artigo 8,1 CC
lei, o Direito.- art. 267,2. São igualmente obrigados a uma
A ordem jurídica contém uma ideia de que a administram
dedicação exclusiva (art. 216,3).
em nome do povo.
Pp da independência- art. 208 CRP porque não estão sujeitos
a diretivas de nenhum órgão. Pp da irresponsabilidade dos
juízes- art. 216-2 CRP. Pp da inamobilidade- art. 216,1 CRP, ou
seja, os juízes não se podem deslocar de tribunal em tribunal.
Tribunais judiciais:
- Tem-se o STJ, o Tribunal da Relação e o Tribunal de Primeira Instância (pode ser de
Comarca- há 23 ou de Comarca Territorial Alargada).
- O STJ e o Tribunal da Relação reapreciam em âmbito de recurso.
- O STJ divide-se na secção civil, secção criminal e secção social.
- A alçada para o STJ é de 30.000 euros e para a Relação de 5000, no entanto apenas
em matéria civil pois em matéria criminal há sempre possibilidade de recurso.
43
- Ação declarativa: Apenas se pretende que o tribunal, de uma situação concreta
constate algo.
o Simples apreciação;
o Condenação;
o Constitutiva.
- Ação executiva: Ação coerciva do Direito quando não é cumprida a sentença anterior
(declarativa).
Fontes do Direito
- Podemos ter fontes formais por oposição àqueles factos ou poderes sociais de facto que
casualmente originaram e influíram o processo de produção normativa e que são designadas
de fontes materiais.
- As fontes podem ser voluntárias e não voluntárias também. Fontes voluntárias pressupõe
um ato explicito de criação normativa.
44
Fontes não voluntárias: pps fundamentais de direito e o costume.
Lei
2. Leis em sentido formal- Qualquer diploma emanado pela AR (mas cuidado porque a
AR emana deliberações que assumem a forma de lei, segundo o art. 169,2 CRP mas
também emana outras que assumem a forma de moção e de resolução!)
- Leis em sentido material e formal- CRP, leis de revisão constitucional, leis ordinárias da
AR.
- Exceção: Não são fontes de direito as leis ordinárias meramente formais, como as que
conferem ao Governo a autorizações legislativas, autorizam o Governo a certas situações.
- Pps jurídicos que, porque são exigências feitas a todo e qualquer ordenamento jurídico se
este quer ser coerente com a sua própria pretensão de legitimidade e validade.
45
- São pps universais de direito por imporem exigências a todo e qualquer ordenamento.
- Além dos pps universais há os pps gerais do ordenamento interno e esses são
particularmente importantes no domínio da interpretação e da integração do
ordenamento jurídico.
Doutrina:
Costume:
- Art. 4- Os tribunais podem recorrer à equidade quando haja disposição legal que o
permita, quando exista acordo das partes e a relação jurídica não seja indisponível, ou
ainda quando as partes tenham convenciado o recurso à equidade numa cláusula
compromissória.
- A nossa lei não reconhece o costume como fonte imediata de direito: quer ao costume
como prática social constante acompanha da convicção da juridicidade quer ao costume
jurisprudencial. Admite apenas que os usos tenham relevância jurídica quando a lei para
eles remeta ou seja, como fontes mediatas de direito.
46
uma regra geral e abstrata obrigatória, caucionada pela consciência jurídica da
comunidade.
Jurisprudência:
- Não é fonte de direito porque não vincula para o futuro. Só é fonte de Direito no caso
em que as decisões remetem para as decisões de outros tribunais- precedente
vinculativo- não acontece no nosso ordenamento (Common Law);
- A nossa lei não reconhece a jurisprudência como fonte imediata de direito exceto nas
decisões dos tribunais, que tem força vinculativa, nos limites do ‘caso julgado’ apesar de
elas não ficaram a vincular outros tribunais;
- Mas os tribunais têm intervenção criadora no direito do caso concreto que decidem?-
Reconhece-se que a jurisprudência, no domínio das cláusulas gerais e dos conceitos
indeterminados e no domínio do desenvolvimento do direito praeter legem (lacunas)
assume o papel de um ‘legislador complementar’. Esta atividade jurisprudencial, na
medida em que ao longo do tempo vai explicitando uma ‘consciência jurídica geral’
contribui para a formação de normas que, por virem a ser positivadas por via legislativa ou
por via consuetudinária (costume jurisprudencial), podem vir a tornar-se verdadeiras
normas gerais e abstratas juridicamente vinculantes.
Assento:
- Artigo 2- reconhece ao poder judicial a competência para, nos casos declarados na lei fixar
por meio de assentos doutrina com força obrigatória geral.
47
- No fundo é uma fonte interpretativa que se limita a fixar o sentido de certas normas de
alcance ambíguo ou de uma fonte inovadora se tem de preencher uma lacuna do sistema
jurídico.
- Desapareceram em 1995 porque eram supostamente inconstitucionais (art. 112 CRP)- STJ
estaria a exercer o poder legislativo.
- Cumpriam a função de regulação (Tribunais decidem agora de forma diferente e isso não
é bom), deveria haver uma posição conforme.
a. Visão potestativa
TESE REJEITADA
b. Visão naturalista/supra-positiva
A validade das normas jurídicas não se funda na vontade do legislador.
Há fontes do Direito que não estão positivadas.
Os pp não são naturais e já existem.
TESE ACEITE
48
Hierarquia das fontes e das normas
1. Pp fundamentais do Direito.
2. Constituição.
3. Decretos presidenciais a declarar o estado de sitio/de emergência de acordo com a
Constituição (durante o período da sua vigência).
4. Normas constitucionais.
5. Leis ordinárias (estão por ordem decrescente de importância: (+) leis da AR e d.l. do
Governo e do CR; decretos-lei regulamentar e simples; portarias e despachos
normativos; regulamentos locais);
6. Direito Internacional.
49
o Dentro das normas constitucionais ainda temos as normas constitucionais
mediatas- é o caso das normas de Direito Internacional e pps gerais de direito
comum às nações civilizadas e normas de direito internacional convencional a que
se refere os números 1 e 2 da CRP.
o Ao lado das normas constitucionais encontram-se os Regulamentos
comunitários.
Conflito de normas
- Critério da superioridade.
- Num mesmo facto ou situação concreta têm atinências com dois ou mais ordenamentos
jurídicos com esferas territoriais de aplicação diferente.
- Quando, no mesmo ordenamento jurídico encontramos duas normas diferentes entre si.
- Quando duas ou mais normas se propõe a resolver ‘a mesma questão de direito’ no domínio
da mesma legislação e dentro do mesmo contexto teleológico, estabeleçam para casos
idênticos ou para casos juridicamente equiparáveis consequências jurídicas diferentes.
- Art. 5,2 CRP: ‘entre a aplicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar
ou, na falta de fixação, o que for determinado em legislação especial’.
50
- Este período corresponde ao período de vacatio legis e destina-se a possibilitar o
conhecimento da lei pelos seus destinatários.
Superveniência de um facto produzido e previsto pela Pressupõe sempre a entrada de uma nova lei.
lei que se destina a ter uma vigência temporária OU
a realidade que é abordada pela lei desaparece em Revogação expressa Revogação tácita
termos definitivos.
Quando essa lei nova diz Resulta da
expressamente que revoga incompatibilidade entre as
a lei anterior. posições da lei nova e da
NOTA: Apesar de só se preverem estas duas formas, a caducidade e a revogação, deve saber-
se que o desusuo e costume contrário também levariam à cessação da vigência da lei.
51
Interpretação e integração da lei
O texto tem muitos sentidos e comporta muitas vezes expressões ambíguas e obscuras e
mesmo quando aparentemente claro à primeira leitura, a sua aplicação aos casos concretos da
vida fazem surgir dificuldades de interpretação insuspeitadas e imprevisíveis.
- Atividade do jurista: fixar o sentido e o alcance do texto com que deve valer. De entre os
sentidos possíveis, na verdade há que eleger um.
- Hermenêutica jurídica: Deve fixar-se então um sentido decisivo da lei que garanta uma
uniformidade de soluções e para isto deve fixar um conjunto de diretivas ou critérios que
devem orientar a atividade do intérprete por forma a evitar o casuísmo e o arbítrio de cada
julgador, incompatíveis com as necessidades da vida social, incompatíveis com a segurança
jurídica. É a este conjunto de diretivas para interpretar a lei que se chama hermenêutica
jurídica.
- Interpretação autêntica: O órgão competente que cria uma lei tem também a competência
para a interpretar, modificar, suspender ou revogar. O órgão que a editou, quando surge uma
dúvida acerca do sentido ou alcance da norma, tem a competência para interpretar através de
uma nova lei.
- Leis interpretativas: leis que apenas se destinam a fixar o sentido com que deve valer uma lei
anterior (art. 13- ‘A lei interpretativa integra-se na lei interpretativa’).
52
A querela dos métodos
- Ao lado desta alternativa, contrapõe-se estas duas, que respondem à questão ‘deve
prevalecer a rigidez da lei ou o dinamismo e a fluidez da vida na sua evolução?
53
2. Certeza do direito: a determinação da ‘vontade histórica’ dá maiores garantias de
segurança aos destinatários das normas e promove a uniformidade de soluções.
Contra o argumento dos ‘objetivistas’ de que não é possível determinar a vontade histórica
do legislador os subjetivistas respondem que tal circunstância pode até facilitar a descoberta
do sentido com que a lei foi querida e votada, dada a existência de relatórios, atas onde ficam
a constar os debates, os pareceres, os comentários, as críticas, projetos, propostas
alternativas. Em todo o caso permaneceria válido o dever de obediência à ‘vontade’ real do
legislador sempre que a sua descoberta fosse possível.
A orientação subjetivista moderada exige no entanto que essa vontade se reflita no texto
legal, ainda que minimamente (teoria da alusão).
O subjetivismo extremo, por sua vez, considera que o mens legislatoris é determinante
mesmo quando nos conduza para além do texto.
- Subdivide-se em 3 elementos:
54
Igualmente o esclarecimento da ratio legis revela a ‘valoração’ ou ponderação dos
diversos interesses que a norma regula e, portanto, o peso relativo desses interesses, a
opção entre eles traduzida pela solução que a norma exprime.
Histórico: todos os materiais que estão relacionados com a história daquela norma:
a. A histórica evolutiva do instituto da figura ou do regime jurídica em causa: as mais
das vezes a norma é produto de uma evolução histórica de certo regime jurídico,
pelo que o conhecimento dessa evolução é suscetível de lançar luz sobre o sentido
da norma;
b. As chamadas ‘fontes da lei’ ou seja os textos legais ou doutrinais que inspiraram o
legislador na elaboração da lei. Aqui devem ser tomadas em conta não só as
principais das obras doutrinárias, nacionais ou estrangeiras que serviram de
inspiração à fórmula normativa mas também as leis de outros países.
c. Os trabalhos preparatórios- ou seja, os estudos prévios, anteprojetos…
55
Gramatical (texto/letra da lei);
- Na falta de elementos que façam eleger um sentido então deve optar-se pelo sentido que
melhor e mais imediatamente corresponde ao significado natural das expressões verbais
utilizadas.
- Tem 2 funções:
Positiva: Nos casos onde só há um sentido, esse será o sentido da lei com a ressalva
de se poder concluir com base noutras normas que a redação do texto atraiçoou o
pensamento do legislador.
Nos casos em que há mais do que um sentido então dá-se mais apoio a um dos
possíveis sentidos.
Negativa: Eliminar sentidos que não tem qualquer apoio/fundamento no texto da lei.
Resultado da interpretação
Declarativa: Nesta o intérprete limita-se a eleger um dos sentidos que o texto direta e
claramente comporta, por ser esse aquele que corresponde ao pensamento legislativo.
56
o Argumento da identidade de razão
Se a lei contempla certas situações para as quais estabelece um regime jurídico, então essa
solução deve ser aplicada a outras situações que, por razões mais fortes, devem ser aplicadas.
Enunciativa: o intérprete deduz de uma norma um conceito ou norma que não está
expresso, estando apenas virtualmente contido.
o Argumento a maiori àd minus
Se a lei permite mais então a lei também proíbe menos. Ex: se um individuo pode alienar
determinados bens também pode onerá-los.
Se a lei proíbe menos então a lei também proíbe mais. Ex: proíbe onerar certos bens, também
proíbe aliená-los.
Deduz-se de um certo caso um principio-regra de sentido oposto para os casos não abrangidos
pela norma excecional. Assim, a partir de uma norma excecional deduz-se a contrario que os
casos que ela não contempla na sua hipótese seguem um regime oposto, que será um regime-
regra.
- A este propósito o art. 11 proíbe a aplicação analógica das normas excecionais, mas não a sua
interpretação.
Este argumento apenas tem força plena quando se consiga mostrar a existência de uma
implicação intensiva (ou replicação) entre a hipótese e a estatuição- quando se mostre pois,
que a consequência jurídica se produz quando se verifique a hipótese e que tal consequência
só se produz quando se verifique tal hipótese. Assim sucede quando a hipótese lega é
constituída por uma enumeração.
57
Posição do Código Civil
Ministro da Justiça Antunes Varela indica-nos, num texto, como fazer, começando-o a
dizer que a interpretação não deve cingir-se à letra mas reconstituir a partir dela o
‘pensamento legislativo’. Contrapõe-se a letra (texto) e espírito (pensamento) da lei,
declarando-se que a atividade interpretativa deve- como não podia deixar de ser-
procurar este a partir daquela.
58
A letra (enunciado linguisto) é assim o ponto de partida mas também exerce uma
função de um limite (art. 9,2).
A letra ainda exerce uma terceira função: a de dar um mais forte apoio àquela das
interpretações possíveis que melhor condiga com o significado natural e correto das
expressões utilizadas. Com efeito, nos termos do art. 9,3 o intérprete presumirá que o
legislador ‘soube exprimir o seu pensamento em termos adequados’. Só quando
razões ponderosas, baseadas noutros subsídios interpretativos, conduzem à conclusão
de que não é o sentido mais natural e direto da letra que deve ser acolhido, deve o
intérprete preferi-lo.
Integração da lei
- Nenhum legislador consegue regular todas as relações que existem na sociedade, quer
porque há situações imprevisíveis, quer por distração quer porque não quer ainda criar
normas jurídicas para essas situações (ex: aplicações de transporte) porque ainda não tinham
consciência das consequências.
- Embora tais situações da vida careçam de regulamentação jurídica e devam ser reguladas, a
verdade é que exorbitando elas da previsão do legislador, terão de ser decididas pelo julgador
de acordo com os processos de integração das leis.
Por isso que o comando direto da lei só cobre o que da norma se deduz e não já aquelas
inferências que o intérprete faça, a partir das normas postas para resolver casos não previstos,
fundar-se diretamente nos comandos normativos, mas em argumentos e inferências
metodológicas menos estritamente vinculados a tais comandos. Passar-se-ia assim do plano da
estrita aplicação do Direito secundum legem para o plano da indagação e aplicação do Direito
praeter legem.
- Para definir a linha divisória entre estes 2 planos temos dois critérios diferentes:
Segundo uns autores a indagação do direito praeter legem inicia-se no extremo limite
que separa a interpretação extensiva da aplicação analógica. A primeira limitar.se-ia a
entender a aplicação da norma a casos não previstos pela sua letra mas
compreendidos pelo seu espírito ao passo que a segunda leva a aplicar a norma
mesmo a situações que nem sequer já são abrangidas no seu ‘espírito’;
Segundo outros entra-se no domínio da indagação e aplicação do Direito praeter
legem logo que a situação a regular não seja suscetível de ser abrangida por qualquer
59
interpretação da norma com uma correspondência, ainda que mínima, no enunciado
ou fórmula verbal da mesma norma (teoria da alusão).
Resumindo,
- Art. 8,1 CC- Proibição de non liquet, o tribunal não pode abster-se de julgar por não haver
normas, estabelece-se a obrigação de julgar. (Com remissão para o art. 3,2 Estatuto dos
Magistrados Judiciais).
- Existe uma lacuna quando a lei (dentro dos limites de uma interpretação ainda possível) e o
direito consuetudinário não contém uma regulamentação exigida ou postulada pela ordem
jurídica global- ou melhor, não contém a resposta a uma questão jurídica.
Espécies de lacunas
Temos 3 camadas:
60
Lacunas de 1º nível/nível das normas: Situações em que uma norma não pode ser
aplicada porque falta uma determinação (outra norma). Ex: art. 89/2- lei geral
tributária.
Resolução:
1. Recurso à analogia com uma norma existente no sistema (art. 10,1 CC).
2. Se não houver norma que regule um caso análogo então partimos para o art.
10,3 CC e tiramos todos os partidos possíveis dos pps gerais constituintes do
sistema ou dos pps jurídicos supralegais para elaboração de uma norma ad hoc.
- Se os pp e valores não existirem e estiverem incluídas nas normas estamos perante lacunas
do Direito. Ex: proteção dos direitos dos animais.
61
Resolução:
1. Art. 1.
2. Art. 10,3.
- O domínio das lacunas- que é o domínio do praeter legem- situa-se entre a interpretação da
lei e a completude do sistema.
- Nos termos do art. 1 do CC o julgador deve aplicar (por analogia) aos casos omissos as
normas que diretamente contemplem casos análogos e só na hipótese de não encontrar no
sistema uma norma aplicável a casos análogos é que deve proceder de acordo com o nº3 do
mesmo artigo.
- Recurso á analogia é o primeiro meio de preenchimento das lacunas justifica-se por razões
de coerência normativa ou de justiça relativa (pp da igualdade: casos semelhantes ou conflitos
de interesses semelhantes devem ter um tratamento semelhante). No fundo, igualmente
acresce certeza do direito.
62
Função do recurso a uma norma ‘ad hoc’ elaborada pelo julgador dentro do espirito do
sistema: art. 10,3.
- O legislador incumbe o intérprete a elaborar e formular uma ‘norma’, isto é, uma regra geral
e abstrata que contemple o tipo de casos em que se integre o caso omisso.
- Essa norma só se aplica no caso sub judice, sem que de modo algum adquira carácter
vinculante para futuros casos.
Novos resultados
- As leis sucedem-se no tempo e por força do pp ‘a lei posterior derroga a lei anterior’ (art. 7)
esta sucessão de leis não gera um conflito real de normas aplicáveis. No entanto verificam-se
conflitos de leis no tempo.
- Há factos e situações que, tendo-se verificado antes da entrada em vigor da lei nova tendem
a continuar no futuro ou a projetar-se nele.
- Só no séc. XVIII o problema dos conflitos de lei no tempo surgiu com um novo e decisivo
interesse, em ligação com a proteção dos direitos fundamentais e a segurança jurídica deste
contra o poder.
Exemplo: Imagine-se que uma lei anterior não considerada crime uma determinada conduta,
mas uma nova considera, deitar beatas para o chão=crime agora.
63
Graus de retroatividade
Ex: se uma LN viesse reduzir a taxa legal de juro máximo e estabelecesse a sua aplicação
retroativa em termos de obrigar a restituir os próprios juros vencidos sob a LA.
Grau retroatividade normal: lei nova aplica-se às situações existentes aquando da sua
entrada em vigor mas respeita os efeitos já produzidos ao abrigo da lei antiga. (art.
12,1).
Ex: se a LN viesse estabelecer um prazo mínimo mais longo para os arrendamentos rurais e
mandasse aplicar esse prazo aos contratos em curso no momento do seu IV.
A retroatividade e a CRP
- Várias constituições dos fins do séc. XVIII deram ao pp da não retroatividade da lei um valor
de pp constitucional.
- Esta posição inspirou-se na ideia da defesa dos direitos subjetivos dos indivíduos contra o
arbítrio do poder do Estado.
64
Em matéria de lei penal incriminadora, de lei que venha a instituir novas penas ou
medidas de segurança, ou venha a agravar as penas ou medidas de segurança
anteriores, é constitucionalmente proibida a retroatividade (art. 29,1,3,4 da CRP).
Nesta matéria o pp da retroatividade in mitius (art. 6,b CP): aplicam-se
‘retroativamente as leis penais de conteúdo mais favorável ao arguido’ (art. 29,4).
Tem havido uma tendência para alargar este pp a outros domínios (ressalva aos
direitos de terceiros).
Carácter formal: aquelas que se limitam a determinar qual das leis, a LA ou a LN, é
aplicável a determinadas situações.
Carácter material: aqueles que estabelecem uma regulamentação própria, não
coincidente nem com a LA nem com a LN, para certas situações que se encontram na
fronteira entre as duas leis.
Destinam-se, em regra, a adaptar o regime da LN a situações existentes no momento
da sua entrada em vigor.
Por vezes estas disposições são mesmo necessária para estabelecer a transição entre
os dois regimes, relativamente a situações jurídicas até então configuradas e regidas
pela LA ou então para alargar os benefícios da LN.
- A maior parte das vezes o legislador nada diz sobre a lei a aplicar a situações em que se
suscita um problema de leis no tempo e aqui o jurista é remetido para o art. 12.
- Não está nada no Código estabelecido sobre o pp da retroatividade da lei para outros ramos
do Direito e portanto cabe à lei e à jurisprudência apurar um critério racional e preciso que
permita definir a retroatividade, ou seja, que permita desenhar com nitidez a linha de confins
que separa o âmbito de aplicabilidade da LN e da LA.
65
- Para o problema da definição do conceito de retroatividade há 2 doutrinas:
Doutrina dos direitos adquiridos: para esta seria retroativa toda a lei que violasse os
direitos já constituídos (adquiridos).
Para esta a LN deveria respeitar os direitos adquiridos sob pena da retroatividade.
Doutrina do facto passado: para esta seria retroativa toda que se aplicasse a factos
passados antes da sua entrada em vigor.
Para esta a LN não se aplicaria a factos passados e aos seus efeitos (só se aplica a
factos futuros) sob pena de retroatividade.
- A doutrina dos direitos adquiridos foi sendo posta de lado pelos autores modernos por
causa da sua imprecisão, já a segunda, complementada com o chamado pp da aplicação
imediata da LN às situações em curso no momento da sua entrada em vigor e é a que hoje
tende a predominar em toda a parte.
- A doutrina do facto passado inspira o art. 12 do nosso CC e é neste artigo + art. 13 (leis
interpretativas) e art. 297 (alteração de prazos) que se fixam os critérios aplicáveis em todos os
ramos do direito (excepção ao direito penal).
o Art. 12,1 CC- diz que a lei só dispõe para o futuro, quando não lhe seja atribuída
eficácia retroativa pelo legislador e que, mesmo que nesta última hipótese, se
presumem ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se destina a
regular. Ex: juros do passado.
o Art. 12,2 CC- distingue dois tipos de leis ou normas:
1. As que dispõe sobre os requisitos de validade (substancial ou formal) de quaisquer
factos ou sobre os efeitos de qualquer facto (1ªparte); - SÓ SE APLICAM A FACTOS
NOVOS!
66
NOTA: A Constituição não consagrou o pp, apenas refere a retroatividade quanto a matérias
específicas.
Igualmente, quando entra uma lei nova ela não pode ter efeitos passados (art. 103-3 e 282-
3)- leis não podem então ofender caso julgado.
Fora destas proibições o legislador pode dar retroatividade às leis. Ele pode prever e na própria
lei tentar introduzir normas que resolvam conflitos de leis no tempo- disposições transitórias
(normas que o legislador faz dentro da lei nova para solucionar problemas).
Doutrina dos Direitos Adquiridos- retroativa, toda a lei que viola os direitos adquiridos
no passado. A lei nova não pode desrespeitar os direitos constituídos no passado.
- Muito imprecisa!
Doutrina do facto passado- uma lei é retroativa quando se aplica a factos passados
desde o seu inico de vigência.
67