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1. Parlamento Europeu
Composição:
Funções:
Orçamental:
Legislativa:
Outras competências;
1
Processo de decisão conjunta do Parlamento Europeu e do Conselho, ou seja, as duas instituições co
legislam. Este processo foi redenominado de processo legislativo ordinário.
2
Pessoa concreta, que a lei dá um conjunto amplo de poderes para que possa representar,
individualmente, o cidadão junto das instituições.
A contribuição dos Parlamentos Nacionais para o bom
funcionamento da União Europeia
3
Exclui a intervenção da União quando uma matéria pode ser regulamentada de modo eficaz pelos
Estados-Membros a nível central, regional ou local e confere legitimidade à União para exercer os seus
poderes quando os objetivos de uma ação não puderem ser realizados pelos Estados-Membros de modo
satisfatório. Por outras palavras, a célula mais próxima do problema é que o deve regular.
Procedimento de Cartão Amarelo: Pela primeira vez foi contemplada
no direito primário a possibilidade de os PN obrigarem ao reexame do
projeto do ato legislativo ainda que nos primeiros dois casos (Art. 7º, nº 1
e 2 do Protocolo nº 2, relativo à aplicação do pp da subsidiariedade e
proporcionalidade) seja o autor do ato a decidir se ele deve ser mantido
ou não.
2. Conselho Europeu
Composição:
O Conselho reúne-se, nos termos do Art. 15º do TUE, duas vezes por semestre
e é composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-Membros,
bem como pelo seu Presidente e pelo Presidente da Comissão, participando
ainda nos seus trabalhos o Alto Representante da União para os Negócios
Estrangeiros e a Política de Segurança.
Funções:
O Conselho Europeu tem por missão definir “as orientações gerais da política
externa e segurança comum”, incluindo matérias com “implicações no
domínio da defesa” (Art. 26º do TUE), bem como “as orientações estratégicas
da programação legislativa operacional no espaço de liberdade, segurança e
justiça” (Art. 68º do TFUE).
Pode ainda ser solicitada a intervenção do Conselho Europeu no domínio da
segurança social e da cooperação judiciária em matéria penal, sempre que
um membro do Conselho considere que o projeto de ato legislativo prejudica
aspetos fundamentais do seu ordenamento jurídico (Artigos 48º, 82º e 83º do
TFUE). Além disso, o Concelho Europeu avalia periodicamente as ameaças
(como ataques terroristas ou catástrofes naturais ou humanas) com que a
União se depara, além de participar nos processos de revisão dos Tratados (Art.
48º do TUE) e de adesão de novos Estados (Art. 49º do TUE).
Finalmente, compete ao Conselho estabelecer a lista de formações do
Conselho (Art. 263º do TFUE), fixar o sistema de rotação para a escolha dos
membros da Comissão (Art. 244º), nomear a Comissão Europeia (Art. 17º do
TUE) e a Comissão Executiva do Banco Central Europeu (Art. 283º do
TFUE), permitir que a regra de votação do Conselho por unanimidade em
certos casos passe a maioria qualificada (Art. 312º do TFUE), bem como
alterar o regime especial de associação aplicável a certos países e territórios
ultramarinas (Art. 335º do TFUE).
Composição:
O Conselho da União Europeia é composto, nos termos do Art. 16º do TUE, “por um
representante de cada Estado-Membro ao nível ministerial, com poderes para
vincular o Governo do respetivo Estado-Membro e exercer o direito de voto” e “reúne-
se por convocação do seu Presidente, de um dos seus membros ou da Comissão (Art.
237º do TFUE), sendo as reuniões quando versem sobre um ato legislativo.
O COREPER auxilia o Conselho no desempenho das suas tarefas (nos termos do Art.
240º, nº 1 do TFUE, cabe a um comité, composto pelos representantes permanentes dos
Governos dos Estados-Membros, a responsabilidade pela preparação dos trabalhos do
Conselho a execução dos mandatos que este lhe confia” e um Secretário-Geral (Art.
240º, nº 2 do TFUE) com competências para desempenhar tarefas sobretudo de índole
administrativa.
O Efeito Direto nasce no acórdão 26/62, Van Gend & Loos, e de forma simples há uma
sociedade holandesa q importa produtos químicos e que vê ser lhe aplicada uma taxa
aduaneira q na sua opinião não era possível em face das normas do Tratado.
O Tribunal responde SIM PODE! Uma empresa pode invocar uma norma do Tratado
que tem como destinatário outro ou os EM, mesmo não sendo a empresa o beneficiário
óbvio ou evidente dos Tratados, nem parte dos Tratados
E ENTÃO PORQUÊ?
Art.30º do TFUE: Além disso, norma em causa contém uma proibição clara e
incondicional que é suscetível de produzir efeitos diretos, não precisa de mais
atos ou concretização e, nessa medida, em litígios particulares pode invocar-se a
violação deste artigo. Este acórdão vem estabelecer que as normas dos Tratados
podem ser invocadas por particulares contra os Estados nos TN. Uma norma que
não era pensada para ser aplicada a empresas pode ser aplicada por essas
empresas contra o Estado, trata-se do efeito direto (suscetibilidade de invocar
uma norma sem mais) vertical (contra o Estado) ou seja, o Estado visto em cima,
particular em baixo. Opõe-se o chamado efeito direto horizontal- a possibilidade
de uma norma ser invocada por um particular contra outro particular.
Houve um caso em que a política da empresa Sabena era que as hospedeiras tinham de
se reformar aos 40 anos e isto implicava uma diminuição em termos de rendimentos e
há uma norma no art. 57 TFUE que impede/proíbe a discriminação por género em
termos de pagamento. Uma hospedeira quer invocar essa norma contra a companhia de
aviação belga e, portanto, temos um particular (a hospedeira) a querer invocar uma
norma do tratado contra outro particular (a empresa belga de aviação). No fundo, temos
uma questão ainda mais intensa do que no acórdão Van Gend & Loos, pois neste temos
um do sujeito, que é o Estado, contra quem é invocada a norma do Tratado e ainda é
parte do Tratado. Aqui temos 2 particulares (uma hospedeira e uma empresa) nenhum
deles sendo parte do Tratado e havendo um deles a querer invocar a norma do Tratado
contra outro. O TJUE conclui que a norma é clara, precisa e incondicional e, por isso,
nada impede que a hospedeira a possa invocar contra a empresa belga.
As condições dos 2 acórdãos para que uma norma possa ter efeito direto é preciso
que seja clara, precisa, incondicional.
Incondicional: não está dependente de outros fatores para poder ser aplicada.
Estes requisitos não são absolutos! A norma em causa para ter efeito direto tem de ter
um conteúdo determinável para poder ser aplicada sem mais, não basta um pp como a
mais elevada proteção dos direitos de autor mas temos também de ter uma norma que
estabelece um prazo ou assim, algo que eu consiga perceber o melhor possível.
Não podem ter efeito direto as normas que estabelecem um intervalo de prazos, ela não
é clara, precisa e incondicional…. Cabe no fundo ao Estado aplicar esse valor.
Também é claro na jurisprudência que uma norma não tem de atribuir direitos aos
particulares para ter efeito direto. Ou seja, há outras que mesmo que não atribuem
direitos aos particulares podem ser consideradas precisas, claras, incondicionais e ter
efeito direto- Acórdão C8/81.
Neste sentido, o Acórdão C103/88 em que se diz que, tal como o juiz nacional, a
administração tem o dever de aplicar as disposições não aplicando as de direito nacional
que com elas não estejam em conformidade (parágrafo 33 do acórdão).
Qual o alcance? O que pode ter efeito direto? Pode ter efeito direto quer vertical quer
horizontal, as normas dos Tratados claras, precisas e incondicionais, mas também
algumas disposições de direito derivado, os regulamentos (têm aplicabilidade direta, isto
é, não precisam de nenhum ato de transposição, valem diretamente, mas também
reconheceu o Tribunal C-93/71 que os regulamentos podem ter efeito direto). Por outro
lado, as decisões também podem ter efeito direto (C-9/70 afirmam). Mais tarde também
se diz que os acordos internacionais celebrados pela União o podem ter (C-104/91 e C-
149/96).
E se a diretiva não tiver sido transposta ou bem transposta? No Caso Frundin, uma
senhora holandesa pertencia a uma igreja, esta no Reino Unido era vista como
organização terrorista e por isso a senhora não podia entrar no Reino Unido. No entanto,
há uma diretiva que diz que eu não posso impedir a entrada de alguém pelo simples
facto de pertencer a um grupo, mas sim a que me devo ater ao comportamento concreto
dessa pessoa para impedir a sua entrada.
O tribunal inglês pergunta ao TJUE, é saber se esta diretiva pode ou não ser aplicada ou
invocada pela senhora, por outras palavras, se a diretiva tem efeito direto. O tribunal diz
‘as diretivas têm caracter obrigatório e é preciso garantir o seu efeito útil; as diretivas
podem ser objeto de reenvio prejudicial nos termos do art.267º; o pp da cooperação leal
impõe que os EM tomem todas as medidas para garantir o respeito pelo DUE incluindo
as diretivas e, por isso, SIM!, desde que esteja em causa uma obrigação que seja clara,
precisa, incondicional, por sua natureza suscetível de produzir efeitos diretos – no caso
a norma poderia ser e portanto podia ter efeito direto.
Caso Rati “pode haver efeito direto antes de ter passado o prazo de transposição?’
– Uma diretiva fixa um prazo de transposição (que geralmente são 2 anos). Parágrafo 22
acrescenta um outro fundamento para o efeito direto das diretivas: ‘o EM tinha uma
obrigação de legislar, não legislou e não pode agora ter o benefício de não ter feito
aquilo que lhe competia’ – ARGUMENTO DE ABUSO DE DIREITO/
COMPORTAMENTO ABUSIVO – o Estado não transpôs a diretiva e não é por isso
que diretiva não vai ser aplicada porque senão era beneficiado pelo incumprimento do
Direito da UE.
Sintetizando: Acórdão Van Gend & Loos vem dizer que as diretivas podem ter efeito
direto desde que se trate de uma obrigação incondicional e suficientemente precisa
(p.13). O acórdão Ratti vem dizer SIM, mas além disso é preciso que já tenha passado o
prazo (p. 43 e 44). E isto é assim porque carácter obrigatório das diretivas, pp da
cooperação leal, o argumento do reenvio prejudicial e o abuso de direito.
Caso Comissão contra Bélgica: ‘é preciso transpor se diretiva tem efeito direto?’ O
Tribunal diz “SIM”, o efeito direto não é suficiente, a transposição tem de acontecer!
Caso Comissão contra Alemanha: ‘e o facto de a diretiva estar a ser respeitada e esta
nunca ter sido violada, basta?’ “NÃO”, é preciso uma transposição informativa dando
nota que o direito nacional já respeita o conteúdo da diretiva e como é que o faz.
NOTA: Há algo enganoso no p. 44 do acórdão Ratti que diz que a transposição tem de
ocorrer a um prazo, se o prazo já passou pode haver efeito direto, antes disso os EM
continuam livres na matéria. Ora não é bem assim, porque o acórdão Vallonin C-129/96
vem fixar aquilo que é uma proibição de medidas retrogradas/retrocesso… O caso é que
há uma fixação por parte de uma diretiva relativa a resíduos de montantes máximos e
determinadas regras, há um prazo de transposição, a legislação belga era já protetora
bastante, mas eles aproveitam e dizem que iam ficar mais restringidos daqui a 2 anos e
logo decidem poluir tudo o que podem porque dali a 2 anos tinham a diretiva para
transpor. E portanto, o sentido que a publicação da diretiva tem antes de passar o prazo
de transposição acaba por ir contra o objetivo da diretiva, dessa forma! E o TJUE diz no
p.45: ‘resulta da aplicação conjugada dos Artigos 4, nº 3 TUE e 288 do TFUE que além
da própria diretiva os EM apesar de não estarem obrigados de adotar medidas da
diretiva antes de expirar do prazo da transposição, devem abster-se durante esse prazo
de adotar disposições suscetíveis de comprometer o resultado prescrito por essas
diretivas- PROIBIÇÃO DE MEDIDAS RETRÓGADAS. Uma diretiva é publicada,
imediatamente os Estados ficam impedidos de adotar medidas que ponham em causa os
objetivos fundamentais da diretiva e são obrigados a transpor no prazo fixado. Não
transpondo, se a norma em causa for clara, precisa, incondicional, a diretiva pode ter
efeito direto.
“Efeito direto de que espécie?” – Efeito direto vertical, em todos estes casos, particular
invocar a norma de uma diretiva que seja clara, precisa, inconstitucional, cujo prazo já
passou, contra o Estado.
Isso é admitido!
Caso Marshall “então e o efeito direto horizontal das diretivas é possível?” Há uma
senhora que trabalha num hospital e por ter 62 anos é obrigada a reformar-se por ser
mulher, pois os homens são obrigados a reformar-se só a partir dos 65 anos. Ela
considera que isto viola uma diretiva relativa à igualdade de tratamento em razão do
sexo e, portanto, invoca o efeito direto da diretiva. Discute-se neste caso se as diretivas
podem ou não ter efeito direto horizontal. Resposta do TJUE é: NÃO PODEM!
Porque:
3º Argumento: Este argumento hoje em dia já não faz sentido, porque antes do Tratado
de Lisboa as diretivas não eram publicadas eram notificadas e agora SÃO! E, portanto,
o argumento que era a segurança jurídica, desapareceu.
Mas neste acórdão p.48 diz que ‘uma diretiva não pode por si só criar obrigações na
esfera jurídica de um particular e uma disposição de uma diretiva não pode ser invocada
enquanto tal contra tal pessoa’. Há um argumento mais forte, p.22do acórdão Ratti que é
o argumento de que o fundamento do efeito direto é o comportamento abusivo do
Estado que estava obrigado a transpor e não transpôs. Ora, o particular não tinha de
transpor, logo não tem comportamento abusivo.
1) O que quer então dizer Estado neste contexto? Quanto + amplo for o Conselho
de Estado menos situações se deixam de fora! No acórdão Marshall, o Tribunal
considerou que aquela entidade era uma autoridade pública e, portanto, apesar
de ter negado o efeito direto horizontal da diretiva, a senhora Marshall ganhou a
causa por que se considerou que ali a autoridade era Estado.
P. 18 e 20 define Estado de forma ampla: diz que é um organismo que seja qual for a
sua natureza jurídica foi encarregado por um ato duma autoridade pública de prestar sob
controlo desta um serviço de interesse público e que disponha para esse efeito de
poderes especiais que exorbitem das normas aplicáveis às relações entre particulares.
No fundo, estabelece-se um conceito alargado de Estado de tal forma que quase
qualquer relação com o poder público ou quaisquer poderes que não sejam poderes
normais, que não sejam poderes de direito privado, a existência destes é suficiente para
se considerar que estamos perante Estado.
- Efeito de exclusão: o Tribunal diz “o conteúdo de uma diretiva pode não ter efeito
direto horizontal, mas, não obstante, deve ser tido em conta especialmente quando
expressa um pp geral e pode afastar a aplicação de uma norma nacional que seja
contrária a esse pp geral contido na diretiva”. Ou seja, o que acontece é a
inaplicabilidade do Direito Nacional contrário ao DUE incluindo aquele que está vertido
numa diretiva, e portanto isto é mais uma expressão do primado – O efeito de exclusão
é dizer-se “a diretiva pode não conferir direitos ou faculdades que um particular possa
invocar contra outro particular por não ter efeito direto horizontal mas, não obstante,
não é relevante e pode ser tido em conta como qualquer DUE deve ser tido em conta ao
abrigo do pp do primado. Caso Cucu
- Efeito direto em situações triangulares: Caso Delena Wells- há uma senhora que
tem litígio contra as autoridades do Reino Unido, por causa da exploração de uma
pedreira. A exploração foi retomada sem ter havido um estudo de impacto ambiental
como impunha uma diretiva. Diz a senhora que a exploração da mina é ilegal porque
não se pediu um estudo de impacto ambiental como impunha uma diretiva. O que se
discute é ‘se ela pode invocar isto contra o Estado, vai estar a conseguir, de forma
triangular, atingir negativamente quem explora a pedreira, e será que isto é compatível
com a negação do efeito direto horizontal feita no Acórdão Marshall? TJUE responde
(p. 57) “simples repercussões negativas sobre direitos de terceiros mesmo que certas,
não justificam que se negue ao particular a possibilidade de invocar as disposições de
uma diretiva contra o EM em causa”. Ou seja, ela invoca a diretiva contra o Estado
(e.d.v) e isso afeta negativamente terceiros que não são Estado, mas é irrelevante.
Em suma:
- Há efeito direto numa diretiva se a norma que quero invocar for clara, precisa,
incondicional e já tiver passado o prazo de transposição.
- Posso invocar o conteúdo dessa norma contra o Estado, não contra outros particulares.
Última questão: “E o Estado pode invocar o conteúdo de uma diretiva contra o
particular?” – Já passou o prazo de transposição, a diretiva contém uma norma clara,
precisa e incondicional, que o Estado não transpôs e agora quer invocar o conteúdo
dessa norma que ele não transpôs contra o particular. E a resposta é NÃO– Efeito
diretivo vertical invertido – p.42 Ratti “se o fundamento do efeito direto das diretivas é
o comportamento abusivo (o Estado não se poder prevalecer do incumprimento da
obrigação de transpor) por maioria de razão não pode haver efeito direto vertical
invertido”. E, por isso, as diretivas não podem ter efeito direto vertical invertido nem
horizontal. Só efeito direto vertical ascendente! – Permitem a um particular invocar
o conteúdo da norma, sem ter sido transposta, contra o Estado nos tribunais
nacionais em seu favor.
Conclusão: Temos então uma conjugação entre primado e efeito direto baseados na
existência de uma nova ordem jurídica. O DUE é um complexo normativo que se
integra e que é inseparável da vida jurídica de cada EM e que atribui direitos à esfera
jurídica dos particulares e que eles podem invocar. É assim com os Tratados que têm
efeito direto vertical e horizontal, desde que as normas em causa sejam claras, precisas e
incondicionais; é assim com os regulamentos que tem aplicabilidade direta e efeito
direto; é assim com as decisões que podem ter efeito direto; com as convenções
internacionais que podem ter efeito direto e com as diretivas ,que apenas em
determinadas circunstancias (isto é, serem normas claras, precisas, incondicionais, ter
passado o prazo de transposição e estarmos perante um particular que quer invocar o
conteúdo da norma contra o Estado), também podem ter efeito direto.
Princípio da Interpretação Conforme ou Efeito Indireto
Todos o sistema jurídico de direito nacional tem que ser livre, interpretado e
aplicado tendo em conta todo o sistema de direito da unia europeia, porque na
visão do TJUE não há dois sistemas, mas uma única ordem jurídica que é
integrada. Ou seja, o sistema jurídico nacional dos EM é diferente entre si mas
de todos eles faz parte como comum o Direito da EU.
Os tribunais são Órgãos do Estado, a diretiva obriga os Estados e como tal, pelo
Art.288º do TFUE os tribunais são obrigados a tomar todas as medidas
necessárias para dar efetividade às diretivas, nomeadamente lendo as normas
nacionais que as transpõem, à luz do que consta das diretivas. E isto também
decorre do pp da cooperação leal do Art.4º, nº 3 do TUE.
A ideia de tutela jurisdicional efetiva. Reforçado no Acórdão C- 432/05 Unibet-
a ideia de que a cada direito deve corresponder uma ação e, portanto, se a
diretiva prevê determinados direitos, os tribunais devem fazer dentro dos limites
do possível para dar efetividade ao direito que a diretiva prevê).
A garantia da plena eficácia de direito da UE. Devemos o mais possível tomar as
medidas necessárias para que o direito da EU valha, se aplique na sua maior
extensão possível.
Ao contrário do efeito direto, não se exige que a norma seja clara, precisa e
incondicional. Isto é, uma norma de uma diretiva que contenha um
princípio/uma formulação inespecífica, desde que ela possa extrair algum
sentido útil e condicionar o resultado de uma interpretação pode e deve ser tida
em conta.
Apesar de não se exigir que a norma da diretiva seja clara, precisa e
incondicional, exige-se que o prazo de transposição já tenha passado.
Diz-se ainda que são só estes os requisitos, este é um direito que resulta diretamente do
DUE e, portanto, não há necessidade de condenação prévia do Estado numa ação por
incumprimento, no caso até existia, mas não era necessário. Também se diz, no
parágrafo 42, que o tribunal competente para estas ações é o Tribunal Nacional (a
responsabilidade por violação do DUE efetiva-se nos tribunais desse mesmo Estado).
Que a regra de direito violada tenha como objetivo conferir direitos aos particulares
Necessidade do seu conteúdo ser determinável , uma ideia muito próxima de que
a norma tenha de ser clara, precisa e condicional para o efeito direto das
diretivas.
Que a violação seja suficientemente caracterizada
Aponta para a gravidade (parágrafo 55 (a violação suficientemente caracterizada
é manifesta e grave) e 56 (para vermos se uma violação do DUE é ou não
suficientemente caracterizada temos que olhar para o grau de clareza e de
precisão da regra violada; o âmbito da margem da apreciação que a regra violada
deixa às autoridades nacionais ou europeias; caráter intencional ou involuntário
do incumprimento verificado ou do prejuízo causado; o caráter desculpável ou
não do eventual erro de direito; as atitudes eventualmente adotada por uma
instituição europeia terem podido contribuir para a omissão, adoção ou
manutenção de medidas práticas contrárias ao Direito da União Europeia)
Que haja um nexo de causalidade direto entre a violação da obrigação e o prejuízo
sofrido
Apresenta dificuldades, isto é, quando não se consegue dizer que o prejuízo
resulta da violação do DUE (por exemplo: recente prende-se com a extensão de
uma pista do aeroporto de Viana, na Áustria, e essa extensão foi feita com
omissão do estudo do impacto ambiental, mas não se pode depreender que esta
ausência seja consequência direta do dano).
Mas fica claro, no parágrafo 66 do acórdão Brasserie du Pêcheur que estas três
condições (que a norma confira direitos aos particulares; que a violação seja
suficientemente caracterizada e que haja um nexo de causalidade entre a norma violada
e os prejuízos sofridos) são necessárias e suficientes para instituir um direito ou obter a
reparação.
Também se diz, por exemplo, no caso Almelo (C- 470/04) que a incerteza em torno do
direito, ou uma jurisprudência muito recente do tribunal de justiça da EU, são fatores
que afastam uma violação do DUE que possa ser considerada uma violação grave, uma
violação suficientemente caracterizada.
Neste acórdão estava em causa um professor catedrático que tinha sido prejudicado por
uma decisão tomada pelos tribunais austríacos que além do mais tinham retirado um
pedido de reenvio na matéria. O tribunal diz que o Princípio Da Responsabilidade Do
Estado Por Violação Do DUE é válido para qualquer violação do DUE por qualquer
Estado Membro, independentemente da entidade do Estado Membro, cuja ação ou
omissão está na origem do incumprimento (parágrafo 31). Coisa que são os
fundamentos para dizer que sim. Este é um princípio aceite pela maioria dos EM. Em
matéria de Direito Internacional Publico, o Estado deve ser considerado na sua unida
não diferenciando entre funções, a eficácia das normas do DUE e o Primado e a defesa
dos direitos dos particulares impõem que a resposta seja afirmativa – que haja
responsabilidade do estado por decisões que os seus tribunais tomam se forem
contrárias ao DUE.
A autoridade do caso julgado não é posto em causa, porque o objeto deste processo
não é alterar a decisão do 1º, mas sim tratar essa decisão como danos e é claro que
no caso C- 168/15 que só as decisões transitadas em julgado é que são suscetíveis de
levantar o problema da responsabilidade civil do Estado no exercício da função
jurisdicional, só aí é que o dano se consolida.
A independência do juiz – o tribunal de justiça responde no parágrafo 42 que o
objeto não era a responsabilidade pessoal do juiz que tomou uma decisão danosa e
violadora do DUE, mas sim do Estado que o juiz representa no exercício da função
jurisdicional.
Há uma dificuldade prática que diz é o tribunal, no parágrafo 45,46 – o referido
princípio, o Princípio Da Responsabilidade Civil Do Estado Por Violação Do DUE,
não pode ser comprometido pela inexistência do órgão competente. É à ordem
jurídica de cada Estado Membro compete designar os órgãos jurisdicionais
competentes e regular as modalidades processuais das ações judiciais destinadas a
assegurar a plena proteção dos direitos conferidos pelo DUE.
Na verdade, a ideia é os Estados são obrigados a ter um sistema efetivo que garanta a
possibilidade de obter ressarcimento pelos danos causados por violação do DUE. Os
seus contornos concretos não são matéria do DUE desde que não se comprometa a sua
efetividade e assim, o tribunal de justiça já veio dizer no acórdão Traghetti C- 173/03
que o DUE não admite que se limitam a responsabilidade do estado em casos de dolo ou
culpa grave, tal como não admite o que está previsto na lei 67/2007, 31 de dezembro em
Portugal, que no artigo 13º, nº2 exija a prévia revogação da decisão para haver a
responsabilidade do estado pela exercício da função jurisdicional. Isto é inaplicável
quando esteja em causa a violação do DUE, como aliás confirmou o tribunal de justiça
em 2015, no acórdão silva e brito no parágrafo 51.
Uma última nota para dar conta que existem críticas à própria existência deste princípio.
Sendo elas de duas naturezas: