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PRIMEIRA SEBENTA
E daqui temos:
Critica: definição de DI que reenvia aos seus sujeitos sendo determinados por referência ao
DI. Eu só sei quem são os sujeitos do direito internacional quando sei quem são os seus
sujeitos, estamos a relacionar dois conceitos sem definir nenhum deles.
c. Silva Cunha: conjunto de normas jurídicas que regem as relações entre todos
os componentes da sociedade internacional.
Critica: demasiado extensas, relações entre tais componentes podem ser regidas pelo
direito interno. Não é sempre necessário recorrer a este direito, há outros, como o interno
que o podem tutelar. Ex: Rede ferroviária portuguesa e rede ferroviária espanhola, pode
ser regulado em sentido estrito pelo direito internacional, mas Portugal e Espanha podem
achar que nem vale a pena fazer um tratado e só fazem um contrato definindo que o
direito aplicável não é o internacional, mas sim um terceiro (ex: o direito português).
Critica:
o Exemplo clássico para facilitar a distinção dado por Afonso Queiró: É o do Estado
assolado por uma catástrofe natural e a precisar de ajuda.
- Segundo a moral internacional, por razões de solidariedade devem auxilia-lo mas se não o
fizerem não estão a violar nenhuma norma de direito internacional.
- Este último aspeto, de violação de uma norma de moral internacional (que é diferente da
norma de direito internacional que não acarreta responsabilidade internacional do Estado
violador) parece tratar-se de um critério distintivo.
o De qualquer modo, isto já é um exemplo que se desaplica, pois caso isso acontecesse
acabaria por haver algum tipo de obrigação para que o Estado tivesse de ajudar que,
caso não o fizesse resultaria em sanção.
o Se a violação das normas jurídicas implica reações tuteladas pela ordem jurídica, as
regras morais só fazem apelo ao juízo éticos dos envolvidos, decorrendo a sua força
do reconhecimento voluntário de que é agir de forma correta.
o Mas a verdade é que quer o direito internacional quer a moral internacional aspiram à
promoção de fins comunitários e portanto acabam por se complementar porque a
verdade é que quanto mais alargado for o conjunto de regras e de princípios ético-
morais aceites comunitariamente, tanto maior será o cumprimento do direito
internacional.
- Partindo do pp que o Direito Internacional Público é aquele que entre outras coisas regula as
relações entre os Estados…
- Primeira questão: há direito efetivo e genuíno numa sociedade de Estados que estabelecem
a sua relação com base em poderes e que consequentemente defendem os próprios
interesses?
- Não é despropositado afirmar que, para se falar em Direito é necessária a existência de uma
comunidade, de um mínimo de relações entre os seus membros e que essas relações sejam
regidas por certas regras de comportamento em alguma medida vinculativa.
- A efetividade do direito internacional não pode ser aferida por padrões que não os seus.
- Dentro de cada ordem jurídica existem violações (o que não implica que não haja o
ordenamento) e em situações limites é o direito que se capitula (especialmente se se tratar de
direito interno).
Objeções:
2. Tem que ver com a função legitimante do direito internacional- Estados procuram
no direito internacional arrimo para os seus comportamentos.
- Mosler: o direito internacional deve ser analisado sob o ponto de vista de uma sociedade
internacional como comunidade jurídica.
- A sociedade internacional implica uma comunidade jurídica que regula as relações dos seus
membros uns com os outros e com as instituições nacionais através de regras, princípios e
máximas de conduta.
- Sociedade internacional será uma comunidade jurídica na medida em que seja capaz de
viver de acordo com regras jurídicas e o direito internacional será o meio para regular os
acontecimentos da vida internacional.
Mas:
- Logo, apenas a apresentação destas objeções pode-se dizer que o direito internacional é o
direito da comunidade histórica e concreta.
- Problema: Nesse caso não haveria base de sustentação- a sociedade internacional existe
enquanto existem Estados.
Até pelo que vem sendo dito não se afigura crucial remontar o nascimento da
sociedade internacional ao séc. V.
Escolha recai pelo séc. XVI, momento em que se entende ter surgido o Estado
Moderno, partindo do pressuposto que a componente primeira da sociedade
internacional são os Estados.
- É a Jean Bodin que se atribui a primeira teorização clara da soberania como elemento
essencial do Estado.
A sua construção teórica foi influenciada pela situação política de então, na qual se
redefiniam as estruturas do poder vigente.
A França ainda se debatia entre os senhores feudais e poder eclesiástico e o do
monarca.
A soberania servia para legitimar o poder titulado do Rei, simbolizava o Estado e
unificava o Governo.
A seguir soberania é considerada como elemento fundamental do Estado e inerente à
noção da comunidade política.
A forma mais importante de expressão desse poder supremo consistia na capacidade
legislativa, sem que o soberano estivesse vinculado às leis que emanou.
Apesar disto o monarca, ao estar acima da lei ainda estava obrigado à lei divina, pela
lei de razão, elas leis comuns a todas as nações e pelas leis de governo ‘leis
fundamentais do reino’.
A soberania servia, então, como um pp essencial do direito interno destinado a
ordenar a sociedade política.
Limites que lhe são impostos: leis naturais e as leis divinas.
Visão jusnaturalista do poder estadual.
Abre-se caminho para a teorização e abordagem doutrinal moderna do direito
internacional.
- Hoje tem-se a ‘doutrina clássica do direito internacional’ que tem por um lado ‘jus naturae’
e por outro o ‘jus gentium’. Cada uma destas noções se presta ao enquadramento do
conteúdo e à reafirmação da juridicidade daquele complexo normativo que vinha sendo
formando no âmbito da comunidade internacional, uma ‘sociedade de entes soberanos’.
Recusa o arbítrio que a noção pode comportar e por isso ia de arrepio às doutrinas do
início do séc. XVI que proclamavam que o poder soberano apenas estava limitado às
suas possibilidades materiais.
Para ele a soberania do Estado podia manifestar-se, também, por ex. na manifestação
deste contra a ingerência, nos assuntos internos e internacionais, de qualquer
autoridade ou potência estrangeira.
Defende que os Estados não tem o direito de se separar uns dos outros e que o
direito da sociedade e de comunicação é um direito que é portanto primeiro,
conatural ao homem, superior a qualquer outro e portanto ele não pode opor-se às
relações humanas e ao comércio internacional que delas decorre.
- Direito das gentes independente da vontade dos Estados.
- Estado sujeito à lei objetiva internacional.
- Se um Estado abusar da sua soberania e não se conformar com as prescrições
do direito natural os outros Estados lesados podem recorrer à guerra servindo
esta como instrumento de garantia de direitos e punição ao Estado infrator.
- A paz de Vestefália põe fim à guerra dos 30 anos, constitui uma evolução da sociedade e do
direito internacional.
- Os principais Estados vencedores, França e Suécia criam uma nova ordem política e uma
nova ordem territorial que irá perdurar até às guerras da Revolução Francesa (Bonaparte).
- Por outro lado os Estados europeus e pan-europeus formavam uma sociedade de Estados
extremamente homogénea porque eram cristãos e porque partilhavam a mesma matriz
cultural.
- Relativamente aos outros Estados europeus e aos Estados do globo não cristãos a situação é
diferente pois estes meio que viviam à margem’ da sociedade internacional e portanto a sua
contribuição e intervenção para o desenvolvimento daquela foi reduzido.
Grewe: durante mais ou menos 3 séc. (finais do séc. XVI ao séc. XVIII) os Estados
europeus e alguns países da Ásia (ex: Pérsia, Birmânia, Sião) tinham contatos mais ou
menos estreitos, assentem no pp da paridade. No entanto, a partir da Revolução
Industrial a tendência foi a de os Estados Europeus, numa política expansionista,
dominarem aqueles Estados por via de conquista, ou, ao menos, submeterem-nos à
sua influência. Daqui sucede que a sociedade que fora internacional torna-se aos
poucos uma comunidade europeia de raiz e para se voltar a tornar internacional foi
preciso um processo de descolonização, que se iniciou este século.
Aspetos principais desta tese, que, ainda que não concordemos com ela, são
indiscutíveis:
a- Desde a sua formação, a sociedade internacional nunca foi só constituída por
Estados Europeus, antes integrando nações ou aglomerados humanos;
b- No entanto, devido a uma pluralidade de fatores (históricos, culturais, políticos e
económicos) os Estados europeus assumiram, na sociedade internacional uma
posição de preponderância;
c- Daqui se partiu para uma construção jurídica, de fonte europeia, em que se
afirmava a superioridade dos Estados destes continentes aos restantes.
- Em finais do séc. XIX, o domínio dos Estados europeus atingiu a sua expansão máxima.
- As relações entre os Estados ‘ocidentais’ e entre estes e todos os restantes eram regidas por
regras indiferenciadas:
O Congresso de Viena
- O modo geral dos Estados europeus era homogéneo quanto aos Estados ou territórios não-
europeus mas isso não quer dizer:
- Muitos Tratados até aqui referiam-se à disciplina da guerra e aos aspetos dela… E isto não é
ao acaso pois estas eram, na verdade, as principais preocupações do Direito Internacional
nesta fase histórica da sua evolução;
- Mas é no séc. XVII e séc. XVIII que surgem projetos de paz perpétua ou de organização
internacional;
- O ‘sonho da paz pelo direito’ teve um sucesso considerável neste período, e a ele se deve
o lançamento das sementes que mais tarde irão culminar na constituição da Sociedade das
Nações, em 1919, e mais tarde nas Nações Unidas.
- Estes autores tiveram mérito visto no sentido que insistiram na necessidade de organizar,
institucionalizar as relações entre os Estados independentes, tendo como objetivo o
aprofundamento das solidariedades naturais dos membros da sociedade internacional,
que teria como reverso a diminuição das hipóteses e conflitos bélicos.
- Desde o início do séc. XIX até 1914 que as tendências detetáveis nos dois séculos
anteriores continuaram a solidificar-se acrescidas de algumas alterações de maior
importância internacional;
1. Limitar o direito dos Estados de recorrer à guerra para resolução dos seus
diferendos e isso acabou por levar a uma aceitação de que havia casos em que
o uso à força poderia ser sancionado.
- Gradual expansão dos setores da vida comunitária, cobertos pelo direito internacional.
Proteção das minorias, incluído nos Tratados que puseram fim ao conflito 1914/1918
e que encontra o seu fundamento nos reajustes territoriais realizados pelas potências
vencedoras;
Proteção internacional de certas categorias de indivíduos, qual seja o caso dos
trabalhadores, nas convenções elaboradas pela OIT.
Após 1945. A sociedade internacional dos nossos dias- A influência da Segunda Guerra
Mundial no mundo pós 1945
- A guerra reduziu a influência dos países europeus, diminuindo a sua capacidade de governo
do mundo colonial o que fez lançar os sedimentos para o processo de descolonização que
varreu a sociedade internacional nos anos 60 e para o desenvolvimento das lutas de libertação
nacional;
- 3 Situações que se destacaram, no último meio século, então pela importância que tiveram
nas relações internacionais, e por terem provocado profundas mutações no ordenamento
jurídico internacional:
- Depois de 1945, o maior desafio que se deparava às potências coloniais, talvez não fosse a
hipótese de perda das suas colónias, antes a ameaça de uma revolução social que pusesse em
causa os seus interesses;
- Em alguns casos a descolonização veio dar-se mais cedo do que o previsto, sobretudo
naqueles em que o país colonizador, mais do prevenir um processo de acessão à
independência, procurou influenciar os seus termos (caso da retirada britânica da Índia);
- O declínio do sistema colonial teve ainda outras consequências, como a criação de fissuras na
unidade do bloco ocidental.
- Os Estados Unidos viam com bons olhos o acesso à independência do Terceiro Mundo: não
só por acreditarem na ilegitimidade do domínio colonial mas também porque este processo
lhes fornecia uma excelente oportunidade de penetração em novos mercados e o acréscimo
da influência política em vastas zonas do globo;
Porém a estratégia colonial nunca terá sido o eixo central da política externa
americana e, no que se refere a Cuba e às Filipinas tratou-se mais do aproveitamento
da decadência do império colonial espanhol do que da afirmação de um desígnio
colonizador;
Após a II Guerra Mundial, o presidente Truman respeitou as promessas do seu país e
proclamou a independência das Filipinas em 1946, acompanhada de um auxílio
económico significativo para a reconstrução do arquipélago;
A ambiguidade da política americana revelava-se então na ilusão de pretender
continuar ou perpetuar relações de domínio colonial (em Cuba e nas Filipinas o
domínio económico americano era tão completo que a consequência não podia ser
outra senão a dependência política total) - antecipavam-se relações tipicamente
neocoloniais que dificultaram as relações entre as ex-colónias e os vários países
europeus.
- Durante décadas, apesar da perda das suas colónias, a maior parte dos países industrializados
do ocidente continua ainda em posição privilegiada para exercer influência sobre a evolução
de muitos países do Terceiro Mundo, minimizando, assim, os efeitos da descolonização;
- Tratou-se então de um processo que deu o acesso à condição estadual e garantiu a muitos
países a independência política mas não os libertou de mecanismos de dependência
económica que perduram até hoje;
Este processo não se conclui sem vários conflitos entre as comunidades ético-
religiosas… E a primeira guerra indo-paquistanesa que teve por base a disputa de
Cachemira;
- Nas Índias orientais ou Índias holandesas, a luta nacionalista e uma tentativa de reconquista
mal sucedida levam os holandeses a aceitar a independência da Indonésia em 1949.
Inicialmente constitui-se uma União holando-indonésia, dissolvida a 1954.
Esta solução era, no entanto, ilusória, e não impediu um conflito entre a França e
os nacionalistas do Vietname, apoiados pelo bloco comunista.
Depois da derrota de Dien Bien Piu a França reconhece a independência a estes 3
territórios;
- Relativamente à África:
- Um aspeto mais importante deste arrumar ideológico prende-se com o facto de, em cada
grupo, os Estados estarem mais facilmente dispostos a aceitar limitações dos respetivos
atributos soberanos;
- A pertença a sistemas diferentes teve ainda outra consequência- o papel privilegiado que, no
plano das relações entre países ideologicamente opostos, era reconhecido à disciplina
convencional, quanto mais nítidas fossem as diferenças ideológicas, mais destacado era o
carácter ‘contratual’ dos acordos estipulados;
- Mesmo na fase de maior tensão entre o bloco ocidental e o bloco comunista não se parece
ter verificado o desaparecimento de um sistema internacional comum.
- A alteração que, na esfera das relações internacionais, importou ter-se tornado absurda a
hipótese de uma guerra total, do tipo da que conheceu o Mundo em 1939. A arma nuclear
limitou o uso da força internacional. Deu-se a proibição do recurso à guerra e à interdição do
uso da força nas relações internacionais e hoje isto é consensual entre os Estados;
- Revela-se com alguma crueza certos aspetos das relações internacionais já percetíveis desde
a Segunda Guerra Mundial:
- No sistema internacional não deixa de ser significativo o gradual protagonismo que começa a
reconhecer-se ao Homem, como último sujeito das relações internacionais e embrionária
aceitação de uma conceção humanistas das relações internacionais. Do ponto de vista político
é sintomático que a configuração do Estado comece a ser associada aos conceitos de Paz e de
respeito pelos Direitos do Homem.
SEGUNDA SEBENTA
- Oque são?
São as entidades com personalidade jurídica internacional, ou seja, dotadas de
capacidade de ser titulares de direitos e obrigações reconhecidos pelo direito
internacional.
Esta noção é comum a todos os sistemas de direito, e assimila-se à possibilidade de ser
destinatário direto das regras de um dado sistema jurídico.
- A doutrina diferencia:
- A utilidade destas distinções varia e algumas delas pecam pela excessiva abstração, por
exemplo, relativamente à linha divisória que separa os sujeitos de direitos e sujeitos de
deveres, Silva Cunha defende que, sendo regra a de que os sujeitos de direito internacional são
simultaneamente sujeitos de direitos e de deveres ‘pode suceder que haja entidades a quem
diretamente o direito internacional atribua ou só direitos ou só imponha obrigações’.
- Boa parte das considerações aplicáveis aos sistemas jurídicos internos podem transpor-se
para o plano internacional.
- Personalidade jurídica é então um estatuto que o sistema jurídico pode conferir, recusar ou
retirar a qualquer entidade. Há diferenças entre capacidade jurídica e direitos e obrigações
efetivos. Ela pode ser atribuída a entidades diferenciadas, as quais podem ser titulares de
conjuntos de direitos e de obrigações que se não identificam. Ter personalidade jurídica não
corresponde sempre a possuir direitos e obrigações.
- Com esta definição salienta-se o estatuto jurídico específico dos sujeitos de direito
internacional- a capacidade de ser titular de direitos e de ser obrigado pelo sistema
normativo internacional.
NOTA: Os direitos e os deveres que se falam são aqueles que são reconhecidos pelo direito
internacional e não por qualquer outro ordenamento jurídico. Para efeitos de personalidade
jurídica internacional são irrelevantes as regras do direito interno estadual. A mesma entidade,
no entanto, pode ter personalidade jurídica em várias ordens normativas.
- Também não é possível fundar a personalidade jurídica internacional de uma dada entidade
num instrumento jurídico que apenas se pronuncie sobre a personalidade jurídica interna ou
estadual dessa entidade.
Sentido da titularidade de direitos e obrigações jurídicos
- Perante direitos e obrigações jurídicas, o sujeito deve ser o destinatário direto e real desses
direitos e obrigações.
- O direito internacional deverá ter uma intenção moral de atribuir direitos e obrigações.
- TIJ foi questionado sobre a capacidade de organização para apresentar uma reclamação
internacional contra um Estado não-membro (no caso, Israel), pelos danos sofridos por um
dos agentes n exercício das suas funções.
- TIJ diz que uma larga maioria de membros da comunidade internacional tem o poder, de
acordo com o direito internacional, de criar uma entidade que possuísse personalidade
internacional jurídica objetiva- e não reconhecida apenas por eles- bem como a capacidade
para apresentar reclamações internacionais.
- Critica a isto centra-se no artigo 34 da Convenção de Viena sobre o direito dos tratados, no
qual é referido que um tratado não cria nem obrigações nem direitos para Estados terceiros
sem o seu consentimento.
Índices de personalidade
- Quando a personalidade jurídica internacional não tiver sido expressa ou implicitamente
acordada por uma regra de direito ou em relação a partes num diferendo, por consentimento,
reconhecimento, assentimento tácito, será de indagar se uma entidade possui de facto direitos
ou deveres em virtude de uma norma de direito internacional.