Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Art. 53
Art. 64
Visto isso, vamos continuar a análise das fontes do DIP, iniciando a leitura do
art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. Essa é a norma
essencial quando se fala em fontes do direito internacional público. É
importante que se memorize este artigo, na medida em que ele é muito
cobrado em provas. Muitas questões são resolvidas apenas com o
conhecimento do art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. O
examinador tem muita criatividade em retirar perguntas desse artigo. Portanto,
é importante ler e reler esse artigo até conseguir declamá-lo com bastante
tranquilidade.
Atenção!
Atenção!
Segundo critério: de acordo com a vontade das partes, temos as fontes convencionais e não
convencionais. As fontes convencionais levam em consideração a vontade das partes, o
consentimento e a anuência (o exemplo principal que temos são os tratados).
As fontes não convencionais são aquelas que independem da anuência das partes
(praticamente todas as demais fontes são não convencionais, pois elas não se baseiam em
acordo de vontades).
4. Fontes em espécie
4.1. Tratados
O que é preciso saber, inicialmente, é que tratados são acordos escritos, concluídos
por pessoas internacionais e regidos pelo Direito Internacional.
(i) Conceito: o costume internacional é a prática geral e reiterada aceita como sendo Direito. O
próprio art. 38 já traz essa definição, quando afirma que costume é “uma prática geral
aceita como sendo direito”. Esse é o conceito de costume.
(ii) Elementos dentro desse conceito: é possível que sejam extraídos os elementos que
compõem o costume: elemento material ou objetivo e elemento psicológico ou subjetivo. O
elemento material ou objetivo nada mais é do que a prática geral e reiterada. Desse modo,
quando as pessoas internacionais, em sua generalidade, adotam uma prática e começam a
reiterar essa prática, esse é o elemento material ou objetivo. O elemento psicológico ou
subjetivo é a crença na obrigatoriedade dessa prática. Para ser costume é preciso ter esses
dois elementos.
(iii) Costume x Uso: quando falta o elemento subjetivo, não temos o costume, mas passamos
a ter o uso. O uso é exatamente um costume destituído do seu elemento psicológico ou
subjetivo. O uso é apenas uma prática geral e reiterada destituída da crença na sua
(iv) Teoria do objetor persistente ou persistent objector: essa teoria sustenta que a
pessoa internacional que se opuser expressamente a um costume desde a sua formação, não
está vinculada a ele. Sobre essa teoria, existem duas coisas a serem destacadas.
Embora essa teoria já tenha sido aplicada, atualmente, doutrina e jurisprudência não costumam
aceitá-la, isso porquanto prevalece hodiernamente a Teoria da Escola Objetivista – os sujeitos
internacionais são vinculados por normas que independem da sua vontade, não tendo a
objeção persistente o condão de liberá-las de obrigações impostas a todos os sujeitos
internacionais.
Segunda: a doutrina afirma que a teoria do objetor persistente não se aplica em caso de
normas de jus cogens – somente teria aplicabilidade sobre outras normas internacionais.
São normas dotadas de maior grau de generalidade e abstração, acolhidas pela grande maioria
das ordens jurídicas do mundo. É possível perceber que quando estamos falando em princípios
gerais de Direito, não estamos falando sobre princípios do Direito Internacional. Estamos
falando sobre princípios do direito interno, mas que são tão respeitados no mundo todo que
são considerados fonte do direito internacional. Se voltarmos ao art. 38 do Estatuto da Corte
Internacional de Justiça, veremos que se afirma expressamente que os princípios de direito
interno precisam ser reconhecidos pelas nações civilizadas.
Atenção!
Exemplos de princípios gerais de direito: pacta sunt servanda, coisa julgada, vedação ao
enriquecimento ilícito. Tais princípios são adotados por praticamente todas as ordens jurídicas
e, por isso, são considerados fontes do direito internacional. Por outro lado, temos como
exemplos de princípios do direito internacional: autodeterminação dos povos, não intervenção
nos negócios internos dos Estados (princípio da não intervenção), princípio da igualdade dos
Estados.
Concluindo, é muito importante que saibamos que o que está mencionado no art. 38 do
Estatuto da Corte Internacional de Justiça são princípios gerais de direito. Estes não se
confundem com os princípios gerais do direito, que são princípios do direito internacional.
Trata-se do conjunto de decisões reiteradas dos tribunais internacionais. Aqui há uma questão
importante: A jurisprudência internacional vincula as normas jurídicas internacionais? Em outras
palavras: o fato de se ter decisões reiteradas vincula as pessoas internacionais?
Não. Por esse motivo, pode-se afirmar que a jurisprudência internacional não é uma genuína
fonte do Direito Internacional, sendo apenas um meio persuasivo. No entanto, não chega a ser
uma fonte, pois da jurisprudência internacional não saem normas jurídicas.
Assim, não estaríamos diante de uma fonte do Direito, nos termos do conceito que estudamos.
Desse modo, jurisprudência, que é entendida como o conjunto das decisões reiteradas dos
Tribunais, não pode ser considerada uma fonte do direito internacional, a despeito de estar
prevista no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional.
Ainda, importante ater-se de que a doutrina internacionalista entende ser a jurisprudência das
Cortes internas relevante ao direito internacional, estando incluídas na referência do art. 38.
4.5. Doutrina
A doutrina é o conjunto das opiniões dos estudiosos do direito. Será que doutrina, apesar de
prevista no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, é fonte do direito internacional
público?
Para boa parte dos doutrinadores, a doutrina não é fonte do direito internacional público,
porquanto da doutrina não emanam normas jurídicas – a doutrina tem apenas uma força
persuasiva. Por isso, diante de uma questão objetiva, é necessário verificar, inicialmente, se o
que o examinador quer saber é se o candidato sabe que a doutrina se encontra mencionada no
art. 38. Se o leitor perceber que o examinador quer isso, deve-se dizer que doutrina é fonte.
Agora, se perceber que o examinador quer saber se o candidato tem conhecimento de que os
autores não consideram a doutrina uma fonte do direito internacional público, então é possível
afirmar que a doutrina não é fonte. Logo, irá depender desse sentimento que o candidato terá
na hora em que for resolver a questão. O importante é saber o seguinte: a doutrina é
mencionada no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça como fonte auxiliar, mas a
própria doutrina afirma que não se trata de fonte do direito internacional público, tendo em vista
que não há produção de normas jurídicas.
4.6. Equidade
4.7. Analogia
Trata-se de uma fonte que também é bastante polêmica. Analogia é a aplicação a um caso
concreto de uma norma que foi feita para regular outro caso. Aplica-se uma norma que, a
princípio não regeria uma determinada situação, a um caso análogo. A analogia pode ser
resumida no seguinte raciocínio: não existe uma norma para o caso, mas aplica-se uma norma
que rege outro caso semelhante.
Apesar de alguns autores citarem a analogia como fonte do direito internacional público, a
maioria da doutrina entende que, tecnicamente, a analogia não é fonte do direito internacional
público – também seria um mecanismo integrativo de lacunas, pois a técnica é utilizada quando
inexiste norma capaz de regular um caso. A analogia não é um meio pelo qual as normas
jurídicas entram na ordem jurídica. Analogia é um raciocínio; é um mecanismo de integração
de lacunas.
Aqui, sim, estamos diante de uma verdadeira fonte do direito internacional. O que são atos
unilaterais dos Estados? São manifestações de vontade dos Estados que geram efeitos
jurídicos. Portanto, emanam normas jurídicas desses atos unilaterais e, por essa razão, os atos
unilaterais dos Estados podem ser considerados fonte do Direito. Os atos unilaterais dos
Estados podem ser expressos ou tácitos.
Expressos são aqueles manifestados verbalmente, seja pela forma oral ou escrita. Os atos
tácitos, por outro lado, são aqueles que decorrem do comportamento dos Estados. São
exemplos de atos unilaterais dos Estados: promessa, reserva, renúncia, denúncia,
reconhecimento de Estado e reconhecimento de governo.
Dessa maneira, tem-se como exemplo uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Também existem atos das ORGs (Organizações Internacionais), que
são chamados de decisões e produzem efeitos para os Estados. Essas decisões também
constituem fonte do Direito Internacional.
Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas
em provas de concursos públicos.
A autoria dos e-books não se atribui aos professores de videoaulas e podcasts.
Todos os direitos reservados.